domingo, 27 de junho de 2010

A PACIÊNCIA E A VITÓRIA DE JÓ (PARTE 02)

Vamos continuar hoje, estudando a história de Jó e analisando tantas ricas lições que ela pode nos trazer. Na última postagem, nós encerramos nossas considerações justamente quando tudo e todos no universo, a sociedade, a esposa, os amigos e inclusive o próprio Deus pareciam estar contra Jó. Vamos prosseguir:

Logo em seguida, depois do diálogo de Jó com os quatro "amigos" dele, surge no diálogo um outro amigo. Na verdade, o verdadeiro amigo de Jó: o próprio Deus, que em meio à uma tempestade surgiu para falar com Jó (Jó 38:1), momento pelo qual Jó tanto aguardava, acreditando presunçosamente talvez que seus argumentos teriam alguma chance contra os argumentos do Todo-poderoso, pois chegou a dizer que, em sua defesa, falaria de seu comportamento íntegro e a acusasão de Deus contra ele, ele a usaria como se fosse uma corôa e se aproximaria de Deus como um príncipe !! (Jó 31:36-37). A avidez de Jó em se defender em sua retidão diante de Deus chegou à beira da arrogância aqui, mas...

"Deus responde enchendo Jó de perguntas de retórica, diante de cada uma da quais Jó precisa reconhecer-se ignorante. Deus nada diz a respeito dos sofrimentos de Jó, nem fala coisa alguma a respeito do problema dele no tocante à justiça divina. Jó não recebe documento de acusações formais, nem veredicto de inocência. Mas, o que é mais importante, Deus não o humilha nem o condena - o que certamente teria acontecido se os conselheiros tivesssem razão [...]" (Comentário da Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional, p. 857).

Deus, portanto, responde a Jó, dizendo que ele falava sobre Deus sem conhecimento correto, como um simples homem e que lhe faria perguntas (Jó 38:1). As perguntas que Deus faz a Jó, sobre os grandes feitos da criação, tanto dos animais, do homem, mas também de todo o gigantesco espaço sideral, por exemplo (Jó cap. 38 e 39), trazem à discussão, a supremacia, a soberania e a eternidade de Deus sobre a limitada fragilidade humana e revelam uma verdade a Jó, consequentemente: Já que Deus é tão tremendamente poderoso e soberano para ter feito tudo isso, determinado cada coisa da criação e as controlar, sem sombra de dúvida, Deus estava também no controle dos acontecimentos da vida de Jó. Deus ainda disse a Jó:

"Aquele que contende com o Todo-poderoso poderá repreendê-lo? Que responda a Deus quem o acusa!" (Jó 40:1-2).

Neste momento Jó emocionalmente deve ter ficado do tamanho comparável ao de uma formida tamanha a pequenez que sentiu diante de Deus e ao perceber que não existe como discutir com Deus e de alguma forma repreendê-lo por alguma atitude Sua. Por tudo isso, então, Jó responde:

"Sou indigno; como posso responder-te? Ponho a mão sobre a minha boca. Falei uma vez, mas não tenho resposta; sim, duas vezes, mas não direi mais nada." (Jó 40:4-5).

Deus, então, do meio da tempestade, chama a Jó mais uma vez "simples homem" (Jó 40:6-7) e lança mais perguntas:

"Você vai pôr em dúvida a minha justiça? Vai condenar-me para justificar-se? Seu braço é como o de Deus, e sua voz pode trovejar como a dele? Adorne-se, então, de esplendor e glória, e vista-se de majestade e honra." (Jó 40:8-10).

Será que Jó, mesmo diante do Seu poderoso braço, diante da Sua voz poderosa como trovão, diante da grandeza da sabedoria de Deus e de Sua soberania, esplendor e glóra sobre a Criação, desejaria ainda justificar-se diante de Deus a ponto de indicar a Deus como culpado de sua tragédia? Jó nem disse mais nada e Deus ainda mais uma vez lhe fez perguntas como se Jó pudesse ter a capacidade de dominar os homens orgulhosos e ou ainda dominar os grandes e poderosos animais que Ele criou, sendo que tudo na criação lhe pertence (Jó 40:11:-24; 41:1-34). Então, Jó, esmagado em seu orgulho presunçoso, admitindo que falou precipitadamente sobre coisas das quais não tinha entendimento, arrependido de ter sido presunçoso e diante da santidade e soberania de Deus, se rende a Ele em uma tão querida e conhecida declaração:

"Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum de seus planos pode ser frustrado. Tu perguntaste: 'Quem é este que obscurece o meu conselho sem conhecimento?' Certo é que falei de coisas que eu não entendia, coisas tão maravilhosas que eu não poderia saber. Tu disseste: 'Agora escute, e eu falarei; vou fazer-lhe perguntas, e você me responderá'. Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza." (Jó 42:1-6).

Mas, então, depois de Deus ter mostrado a Jó o devido lugar dele em seu relacionamento com Deus e Seus propósitos, veio a reviravolta total na história de Jó. Deus disse a Elifaz, um dos "amigos" de Jó:

"Estou indignado com você e com os seus dois amigos, pois vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó. Vão agora até meu servo Jó, levem sete novilhos e sete carneiros, e com eles apresentem holocaustos em favor de vocês; eu aceitarei a oração dele e não lhes farei o que vocês merecem pela loucura que cometeram. Vocês não falaram o que é certo a meu respeito, como fez meu servo Jó." (Jó 7b-8).

Impressionante! Deus não estava irado com Jó e nem tinha enviado aquelas tragédias em sinal que não o amava. Pelo contrário, diante de Elifaz, Bildade e Zofar, disse que ele erraram e Jó falou corretamente, ele era o "seu servo". Deus tetemunhou de Jó contra eles, defendeu a sua integridade e ainda por cima fez com que Jó intercedessse por eles a Deus pelos seus erros e Deus aceitou a oração de Jó, o Seu servo (Jó 42:9).

Mas quem imagina que a história terminou, contemple agora o final triunfante:

"Depois que Jó orou por seus amigos, o SENHOR o tornou novamente próspero e lhe deu em dobro tudo o que tinha antes. Todos os seus irmãos e irmãs, e todos os que o haviam conhecido anteriormente vieram comer com ele em sua casa. Eles o consolaram e o confortaram por todas as suas tribulações que o SENHOR tinha trazido sobre ele, e cada um lhe deu uma peça de prata e um anel de ouro. O SENHOR abençoou o final da vida de Jó mais do que o início. Ele teve catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de boi e mil jumentos. Também teve ainda sete filhos e três filhas." (Jó 42:10-13).

Deus restaurou a riqueza de Jó. Melhor, lhe deu tudo em dobro do que possuía antes das tragédias. Se Jó era rico, agora se tornou muito mais rico e acreditamos que evidentemente, implicitamente no texto, está incluída a saúde de Jó que deve ter sido devolvida em dobro também. E mais: Os irmãos e irmãs de Jó vieram cear com ele e o consolar de todas as suas tribulações e ainda o presentearam, parentes que talvez o tivessem também abandonado no início das tragédias. E para terminar com um final mais do que feliz, Deus deu a Jó exatamente 7 filhos e 3 filhas (aliás, as mulheres mais belas daquela terra), em substituição aos dez filhos que Jó perdera (que provavelmente, devido à sua imensa fé, esperava reencontrar no Céu). E Jó ainda viveu muitos anos desfrutando de muita saúde, da família e de riqueza até os 140 anos, algo digno dos patriarcas como Abraão, Isaque e Jacó (Jó 42:15-16; comparem com Gn 50:23; êx 6:16).

Deus transforma uma aparente tragédia em triunfo. O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu programa televisivo "Verdade e Vida" na mensagem intitulada "Transformando tragédias em triunfo" considerou em relação ao que devemos fazer, a nossa parte diante de uma aparente tragédia:

"Muitas vezes você sofre não porque você erra, mas porque você não transige. Você é pereguido não porque você está na contra-mão dos princípios de Deus, mas exatamente porque você não negocia os absolutos de Deus na sua vida."

Mesmo que seja de difícil assimilação, é um preceito bíblico: aqueles que querem viver piedosamente e seguir a Cristo fatalmente serão pereguidos (2Tm 3:11-12; comparem com Mt 13:21; 24:9; Jo 5:16; At 11:19; Rm 8:35), não por praticarem o mau, mas justamente por se esforçarem a permanecerem íntegro e retos diante de Deus e da sociedade (1Pe 2:13-17), todos passarão por muitas lutas justamente por fazerem o bem e darem bom tetemunho (1Pe 2:19-21; 3:13-14; 4:12-16,19), mas Deus é a nossa testemunha (2Co 11:11,31) no momento oportuno os confirmará, os fortalecerá e os reerguerá (1Pe 5:10) .

Foi o caso de José no Egito e de Jó e evidentemente com Jesus (o que veremos nas próximas postagens). Nenhum deles negociou os padrões santos de conduta de Deus, mas todos eles sofreram muito, tiveram muitas provações, mas todos eles triunfaram pelo poder de Deus.

Na história de Jó, logo no início vemos que Satanás estava rodeando a Terra (Jó 1:7; 2:2), certamente tentando encontrar comportamentos pecaminosos para acusar as pessoas diante de Deus (1Pe 5:8-9) e em dois momentos foi se reunir com os anjos de Deus, na presença de Deus, frente a frente (Jó 1:6; 2:1) e, mesmo Deus tetemunhando da integridade e retidão de Jó, como em nenhuma outra pessoa e que não havia motivos para Jó receber algum castigo de Dele (Jó 1:8; 2:3), Satanás acusou Jó de ser íntegro e fiel a Deus devido à prosperidade que Deus o havia dado (Jó 1:9) e desafiou a Deus a permitir grande aflições na vida de Jó, inclusive na saúde, e Jó, segundo Satanás, certamente perderia sua integridade e fidelidade e blasfemaria diante de Deus (Jó 1:11; 2:4).

E como tudo está no controle absoluto e soberano de Deus, o Senhor permitiu a Satanás (que, por sua vez, fez tudo por vontade própria, Jó 2:7) a tocar na vida de Jó, primeiramente nos bens e na família (Jó 1:12) e depois na saúde (Jó 2:6). E todo o restante da história nós já relatamos aqui, todos nós conhecemos a aparente derrota e a esmagadora vitória de Jó no final. Satanás perdeu a "aposta", pois Jó se manteve íntegro, mesmo que amargurado com as provações, e Deus, que manteve o controle da situação todo o tempo, honrou a Jó no final, em uma impresionante reviravolta.

As "cortinas da eternidade" muitas vezes (ou quase sempre) estão fechadas aos nossos olhos mortais e terrenos. Mas no caso do livro de Jó, Deus permitiu que fosse revelado aos futuros leitores, mas não a Jó, o que estava acontecendo no Céu, ao redor do Seu trono de glória e poder. Ele revelou até mesmo este plano de provar a vida de Jó, que para muitas pessoas pode soar estranho diante do amor e da justiça divinos, um plano que para muitos pode fazer de Deus um "carrasco injusto". Mas sabemos que os atributos de Deus jamais podem ser manchados.

À despeito de toda esta discussão, Jó pode ter se sentido um "mais que derrotado" no início, mas Deus o tornou "mais que vencedor" no final (Jó 42:12a).

sábado, 26 de junho de 2010

A PACIÊNCIA E A VITÓRIA DE JÓ (PARTE 01)

Homem íntegro e justo, habitava na terra de Uz (território a leste do rio Jordão), participava dos negócios mais importantes e das causas jurídicas mais relevantes da cidade, ele era temente a Deus e evitava fazer o mal, era um homem piedoso, ele era elogiado e respeitado em suas opiniões e conselhos pelos jovens e idosos, ele era pai amoroso e dedicado de 7 filhos e 3 filhas, pelos quais contantemente intercedia a Deus em favor de cada um deles, um homem extremamente rico, o mais rico de todo o oriente, dono de 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 500 juntas de bois, 500 jumentos e uma quantidade considerável de empregados (Jó 1:1-4; 29:7-13,21,25; 30:25; 31:21).

Este era Jó, um personagem real, de carne e osso, que passou por uma duríssima provação, um momento de sua vida tão angustiante que o fez acreditar que seria melhor morrer ou nem mesmo ter nascido. Será que Jó se considerava um "mais que derrotado" ou um "mais que vencedor"? E mais: Será que ele foi um "mais que derrotado" ou um "mais que vencedor"?

Bem, certo dia quando os filhos de Jó estavam em um banquete na casa do irmão mais velho, um mensageiro, único sobrevivente da tragédia que iria relatar, trouxe a Jó uma trágica notícia: enquanto os bois de Jó aravam a terra e ali por perto os seus jumentos pastavam, um grupo de sabeus (provavelmente da Arábia do Sul: Sabá), os atacaram e os levaram a todos e assassinaram os seus empregados que trabalhavam naquele lugar, com exceção dele (Jó 1:13-16a). E antes mesmo deste empregado sobrevivente terminar o seu relato, outro mensageiro chegou com outra trágica notícia: segundo ele "fogo de Deus caiu do céu" (um raio: cf. Nm 11:1; 1Rs 18:38; 2Rs 1:12) e queimou completamente todas as ovelhas e os empregados, exceto ele, que também conseguiu escapar (Jó 1:16b).

Como alguns pessimistas e fatalistas afirmam: "Desgraça pouca é bobagem", as tragédias na vida de Jó não pararam ali. Quando aquele segundo empregado ainda relatava o episódio trágico que presenciou a Jó, chegou um terceiro empregado com mais uma notícia desastrosa: três bandos de caldeus atacaram os camelos e os levaram e também assassinaram os empregados, com exceção dele (Jó 1:17).

Agora imaginemos a situação de Jó, um homem que atualmente poderia ser considerado milhonário, de uma hora para outra perdeu senão toda, mas praticamente toda a sua riqueza, que naquela época era considerada através de rebanhos. Sem falar em praticamente todos os seus empregados também, assassinados. Não é uma grande tragédia? Quem não ficaria completamente arrasado, frustrado e revoltado com tamanha devastação na área financeira, humana e material?

Quantos de nós não enfrentam situações semelhantes? Algum tipo de acidente natural ou de outro tipo ou uma crise financeira já lhe subtraiu todo ou quase todo o seu patrimônio? Ou será que você foi assaltado e levaram muitos dos seus bens como dinheiro, joias, aparelhos eletrônicos e veículos? Ou ainda: Você já imaginou em uma mesma hora perder toda a sua empresa e os seus empregados em uma tragédia natural, por exemplo? Por mais que seja realmente muito, muito dolorosa essa situação, para aqueles que mantém o seu coração no tesouro material e não espiritual (Mt 6:19-21), isso é sinal de que a vida já pode terminar, sua razão de existir se foi. Será que Jó se considerava um "mais que derrotado" ou um "mais que vencedor"? Certamente Jó tinha algo muito mais importante na vida do que seus bens: sua família evidentemente.

Mas, infelizmente as tragédias na vida de Jó não atingiram apenas a área material financeira, mas para piorar ainda mais a história, sua família foi trágica e mortalmente afetada por um acidente natural. Quando aquele terceiro empregado mensageiro ainda lhe contava uma tragédia, um último empregado surgiu com a pior notícia que Jó poderia ouvir de alguém: justamente naquele banquete que mencionamos anteriormente, ocasião quando os irmãos de Jó estavam na casa do irmão mais velho, um vento muito forte, um furacão vindo do deserto atingiu fortemente a casa que estavam e ela desabou em cima de todos, sendo que nenhum dos filhos de Jó sobreviveu. Depois de todas aquelas péssimas notícias que já havia recebido, Jó acabara de saber que perdeu seus 10 filhos na mesma hora. Dez filhos!!! Você já imaginou isso? Não é muito difícil de imaginar algo tão trágico assim, pois em nosso país e no exterior ocorrem tragédias constantemente que ceifam inúmeras vidas diariamente, são pais que perdem seus filhos em deslizamentos de terra, em enchentes, terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, acidentes de carro, assaltos à mão armada, entre tantos outros. Mas Jó perdeu todos os seus dez filhos de uma vez só, três filhas e sete filhos. Será que Jó se considerava um "mais que derrotado" ou um "mais que vencedor"?

Qual seria a nossa reação diante de tamanha tragédia? Uns certamente desmaiariam, outros entrariam imediatamente em estado de choque ou em pânico, outros perderiam a sanidade mental tamanho o impacto da notícia, outros ainda se revoltariam contra Deus e certamente blasfemariam.

Até aquele momento, Jó se manteve firme e em silêncio diante das demais tragédias, mas ao ouvir a notícia em relação aos seus filhos, levantou-se, rasgou o manto e rapou a cabeça (costumeiro sinal de luto: Gn 37:34; Is 15:2) e...

"Então prostrou-se , rosto em terra, em adoração, e disse: Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O SENHOR o deu, o SENHOR o levou; louvado seja o nome do SENHOR." (v. 21; vejam o contexto em Jó 1:20b-21).

Impressionante!! Jó não blasfemou, não pecou em nada do que disse, ele não culpou a Deus de nada do que tinha acontecido (Jó 1:22).

É um exemplo muito, muito difícil de ser seguido. Diante da tragédia de proporções inimagináveis, Jó se prostrou, louvou e adorou a Deus, ciente de que tudo o que ele havia recebido na vida vinha de Deus e que Ele tinha o direito de levá-los. E ainda mais: do jeito que ele nasceu, ele morreria, ou seja, sem nada, nem mesmo as próprias roupas. Em outras palavras, os bens materiais eram passageiros para Jó, mesmo sendo muito rico. E de certa forma, acreditamos que Jó no íntimo imaginava que, mesmo depois de todas as catástrofes, ele ainda tinha um bem muito importante: sua saúde. Mas isso não durou por muito tempo...

Algum tempo depois, sem saber como e nem de onde, o piedoso e íntegro Jó, quando esperava receber de volta o bem, recebeu o mal, quando ele procurava a luz, vieram as trevas (Jó 30:24-27), pois ele foi acometido de feridas terríveis da sola dos pés ao alto da cabeça e então sentado entre as cinzas, mais um símbolismo para o luto, Jó com um caco de louça se raspava tamanho foi estrago na sua pele (Jó 2:7-8). Que cena chocante, aterrorizante!! Diante desta cena, vendo o seu marido sofrendo de uma forma tão horrível, a esposa de Jó, que graças a Deus não tinha sido vítima de nenhuma daquelas tragédias, mas estava ao lado de Jó, em vez de ajudá-lo com palavras sensatas e tentar consolá-lo (por mais difícil que fosse essa tarefa diante de tamanha catástrofe), ao invés disso, disse:


"Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus e morra!" (Jó 2:9)

A eposa insensata de Jó aparentemente sabia que todos que amaldiçoam a Deus recebem a pena de morte (cf. Lv 24:10-16) e talvez por isso desejava que Jó agindo desta forma, provocasse Deus a decretar um golpe fatal, já que só havia sobrado a vida para Jó, mas destruida pela enfermidade e ainda diante de todas aquelas tragédias materiais e da perda dos filhos. Mas, Jó respondeu:

"...você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?" (Jó 2:10a).

Por mais impressionante que seja, Jó realmente ainda preservava a sua integridade e temor a Deus. Como que um complemento àquela declaração anterior dele, ele afirmou que Deus está no controle das situações da nossa vida. Ele pode permitir o bem ou o mal. Não, não o mal no sentido de malignidade, pois em Deus o mal e a injustiça não habitam (Jó 34:10-12; Sl 5:4). Mas aqui "mal" significa circunstâncias ruins em nossa vida, mas que visam uma correção ou instrução. Jó sabia que Deus tinha lhe proporcionado toda aquela prosperidade da qual desfrutou, mas que soberanamente a levou embora. Jó sabia que os seres humanos já nascem com o tempo de vida determinado por Deus (Jó 14:5), que eles não têm uma vida muito longa e através dela passam muitas dificuldades (Jó 14:1), ele sabia que tinha sido a mão de Deus que tinha realizado tudo aquilo, com algum propósito bom, pois Dele vem o fôlego de vida de todos os seres humanos e a Ele pertencem a sabedoria e o poder (Jó 12:9-13; 19:6,21; 26:6-14; 28:12-13,20-24,28; 30:18).

E mais uma vez...por incrível que pareça...

"Em tudo isso Jó não pecou com seus lábios." (Jó 2:10b; cf 1:22).

Mas Jó não contava "apenas" com a sua esposa, ele possuía amigos que, sabendo das tragédias que o afligiram, combinaram de juntos visitá-lo em sinal de solidariedade e também para consolá-lo (Jó 2:11), mas quando o viram, a cena foi tão impactante, tão chocante, que eles mal puderam reconhecer o próprio amigo de tão desfigurado que Jó estava e por isso, começaram a chorar em alta voz (Jó 2:12) e o sofrimento de seu amigo Jó era tão intenso, tão angustiante que os três amigos se assentaram com ele durante sete dias e não lhe dirigiram nenhuma palavra em respeito ao seu sofrimento (Jó 2:13).

Para termos uma ideia do quanto Jó foi afetado pela misteriosa doença e seus sintomas horríveis, vamos nos orientar pelo comentário da Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional), que realizou um apanhado de todos os sintomas pelos quais Jó passou em sua doença:


"Fica incerta a natureza exata da doença de Jó, mas seus sintomas eram úlceras purulentas e dolorosas que cobriam o corpo todo (7.5), pesadelos (7.14), crostas de feridas que se enegreciam e se descascavam (30.28,30), desfiguração e aparência repulsiva (2.12; 19.19), mau hálito (19.17), magreza excessiva (17.7; 19.20), febre (30.30) e dores de dia e de noite (30.17). Feridas terríveis. Ou 'feridas purulentas', conforme o hebraico é traduzido em Êx 9.9; Lv 13.18; 2Rs 20.7." (pp. 813-814).

Portanto, Jó estava vivenciando a mais profunda dor, prostração, frustração, zombaria e abandono (Jó 3:24-26; 7:7,15-16; 10:20; 16:6; 19:13-14,17,21; 30:1,15-16), ao ponto de desejar nem ter nascido (Jó 3:10-11,16; 10:18).

Mas, infelizmente, a tragédia iria piorar ainda mais. Jó passaria ainda por outro grande problema: Apesar de serem amigos de Jó, Elifaz, Bildade e Zofar, mesmo sendo sinceros, mesmo reconhecendo a vida piedosa e de integridade que Jó cultivava (Jó 4:3-6; 12:4), mesmo afirmando muitas coisas corretas com relação a Deus e a vida humana (Jó 4:17; 5:6-11,17-19; 20:20; 22:21-30; 25:1-6; 33:14-18; 34:10-15; 36:15, 18-19,22-26; 37:5,23), estavam equivocados quando tentaram consolar o amigo, pois insistentemente o acusavam de ter cometido algum pecado e, consequentemente, todas aquelas tragédias eram sinais da justiça divina, eram um castigo de Deus e, portanto, Jó deveria se arrepender, pedir perdão a Deus e ser absolvido da sua culpa (Jó 4:8; 6:14-15,25-26,29; 8:3-6; 11:13-16; 13:4-5,9-10; 19:28; 33:32). Ainda além disso, seus "amigos" se consideravam muito mais sábios que ele (Jó 15:7-10; 18:1-2; 19:4-6). Realmente a situação que já estava insustentável, ficou pior, pois é justamente nestes momentos de tribulações que mais precisamos dos amigos, dos verdadeiros amigos.

Mas Jó, como percebemos na leitura da história, naquele contexto, era inocente, ele não havia pecado (Jó 6:10,24,28-30; 7:20; 10:6, 14-15; 13:18-22; 16:17; 31:1-4). Logicamente ele não era perfeito (Jó 7:21), mas não acreditamos (e o texto não sugere) que ele tinha uma vida de pecado tão devassa que merecesse um castigo tão avassalador. Jó, no entanto, pretendia discutir frente a frente com Deus em relação a causa do seu sofrimento, defender a sua inocência, pois Deus, para ele, era a sua testemunha e o seu advogado ao mesmo tempo, Aquele que lhe daria segurança (Jó 13:3,15,18-22; 16:19-21; 17:3; 23:1-5; 31:1-4,9-15, 23-28), Aquele que é o Deus vivo, o seu Redentor, ao qual estava ansioso para contemplar, mesmo que morresse (Jó 19:25-27).


Jó não havia perdido sua fé e sua crença no poder e na santidade de Deus, mesmo depois de tudo o que passou, e reconhecia que argumentar com Deus sobre o que Ele faz ou deixa de fazer é impossível (Jó 9:2-4, 10-20, 27-34; 10:12; 23:13-14). Mas Jó se queixava amargamente a Deus sobre sua situação (Jó 23:1-2), defendendo que sempre foi fiel ao Senhor (Jó 23:12-12) e que enquanto vivesse, lutaria para manter a sua retidão, sua integridade, sua consciência limpa (Jó 27:1-6), mas ao mesmo tempo, estava sofrendo com os discursos (segundo ele mesmo) absurdos, inúteis, falsos e insistentes dos seus "amigos" maus consoladores (Jó 16:1-3; 21:34) e ainda contestava a impunidade que contemplava na vida dos ímpios, aqueles que se afastam dos caminhos de Deus (Jó 21:7,13-15), porque, segundo Jó, Deus não os castigava (Jó 21:9). Mas, Jó sabia que Deus contemplava tudo o que os ímpios estavam fazendo de perverso e que Ele poderia dar-lhes o castigo devido no momento certo (Jó 24:22-25; 27:8-10; 31:2-4; comparem com as afirmações de Eliú em 34:19-30).

Mas apareceu no diálogo um quarto "amigo", Eliú, mais jovem que todos, que havia se calado até aquele momento em atitude de respeito aos mais idosos, mas não resistiu em se calar ao ver que os outros três amigos não tinham mais nenhum argumento para refutar a Jó, que eles não conseguiram demonstrar que Jó estava errado, e solicitou que também tivesse a permissão de opinar, desejando ser imparcial e sem bajulação (Jó 32:1-22) e com coração íntegro e sincero, crendo que também era criado pelo Espírito de Deus e estava em igualdade com Jó diante do Criador (Jó 33:1-6). Mas, infelizmente, Eliú também estava equivocado como os outros amigos de Jó, pois estava indignado com a presunção de Jó em justificar-se diante de Deus (Jó 33:8-9). Eliú também considerava Jó culpado (Jó 33:12).

E agora? Diante de tantas adversidades, como Jó poderia sair vitorioso daquela situação? Parecia que o mundo inteiro estava conspirando contra ele. Ele havia perdido quase todos os seus bens e seus empregados, perdeu todos os seus filhos, foi acometido de uma doença avassaladora com sintomas dolorosamente indescritíveis, não suportava mais nem viver, a sua esposa aparentemente não estava ajudando muito, os seus amigos estavam contra ele e, para piorar, Deus parecia não estar ouvindo suas queixas. Será que Jó se considerava um "mais que derrotado" ou um "mais que vencedor"?

O desfecho desta história todos ou quase todos já conhecem....

domingo, 20 de junho de 2010

JOSÉ DO EGITO: MAIS QUE DERROTADO OU MAIS QUE VENCEDOR? (PARTE 02)

E tal era o plano que Deus tinha não apenas para José e seus irmãos ou seu pai Jacó, mas para todo o Israel como nação (e é evidente, visando séculos na frente, o nascimento de Cristo no contexto da nação de Israel), que em sonho disse a Jacó, quando este se dirigia ao Egito para rever seu amado filho José, que não tivesse medo porque estaria o acompanhando na viagem e faria de Israel uma grande nação (Gn 46:1-4).

Após o reencontro emocionante de Jacó com José (Gn 46:28-29), após o estabelecimento de Jacó no Egito (Gn 47:1-11), após José administrar sabiamente o restante dos anos de fome em toda a terra (Gn 47:13-26), após Jacó, próximo de sua morte, pedir para José que não o sepultasse no Egito, mas em Canaã (Gn 47:27-31) e após Jacó abençoar José e seus filhos Manassés e Efraim (Gn 48) e de abençoar todos os seus filhos (Gn 49:1-28) e de morrer e de passar o tempo de luto como de costume (Gn 49:29-33; 50:1-16), após estes acontecimentos, concluímos lembrando que José, ainda usando de suas atribuições administrativas no governo egípcio, perdoou seus irmãos em um momento mais do que emocionante. Diante de seus irmãos que temiam a vingança de José e lhe suplicaram perdão e estavam prostrados, concretizando, assim, o sonho que José tivera, ele fez mais uma linda declaração de fé nos planos de Deus e de dependência Dele:

"José, porém, lhes disse: 'Não tenham medo. Estaria eu no lugar de Deus? Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos. Por isso, não tenham medo. Eu sustentarei vocês e seus filhos'. E assim os tranquilizou e lhe falou amavelmente." (Gn 50:19-21) [grifo nosso].

Maravilhosa lição de vida: José estava ciente de que Deus controlou toda aquela situação difícil pela qual ele passou e mesmo com os planos malignos de seus irmãos, Deus os utilizou para transformá-los em algo bom, benéfico para a vida de José e ainda visando a salvação de muitas vidas no mundo diante da gigantesca seca que lhe sobreveio. E José manteve seu temor a Deus e seu testemunho tão preservados, mesmo diante de tamanha adversidade, que não permitiu que seu coração ficasse cheio de ódio, sentimento de vingança ou mágoa, mas cheio de amabilidade conseguiu falar com seus irmãos, os perdoou e ainda promoteu cuidar, sustentar todos eles e suas famílias. Será que José e sentia um "mais que um derrotado" ou um "mais que um vencedor"?

Deus transforma uma aparente tragédia em triunfo. Mais uma vez relatando as edificantes palavras do Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu programa televisivo "Verdade e Vida" na mensagem intitulada "Transformando tragédias em triunfo", vemos que ele considerou em relação ao que devemos fazer, a nossa parte diante de uma aparente tragédia. Especificamente aludindo ao comportamento de José no Egito, ele afirmou:

"Nós não podemos administrar aquilo que as pessoas nos fazem e nem mesmo as circunstâncias que acontecem e nos atingem, mas nós podemos escolher a atitude que vamos ter em relação à essas questões, ou seja, é possível transformar até mesmo tragédias em triunfo. Essa é uma questão magnífica que vamos partilhar com você [...] examinando a vida de José, um homem que foi injustiçado na família, no trabalho, mas olhou para a vida na perspectiva de Deus e triunfou diante das tragédias."

Você tem sofrido uma injustiça dentro da própria família? É uma situação de animosidade, de inveja, de rivalidade, seja, por exemplo, entre pai e filho(a) ou vice-versa ou entre marido e esposa e vice-versa? Ou você foi injustiçado no trabalho, por um colega ou pelo patrão? Será que por conta de alguns destes conflitos, você está aguardando uma decisão judicial que está demorando? Será que é um problema na área social do nosso país, por exemplo, o descaso das autoridades ou algum tipo de violência?

Como temos visto até aqui (e continuaremos nas próximas postagens), por mais difícil e incompreensível que seja uma situação pela qual estejamos passando, devemos confiar em Deus e agir de acordo com a Sua Palavra, pois Ele pode transformar essa situação completamente adversa em uma grande vitória.

Que grande lição de vida a de José não é mesmo? E que grande reviravolta na história!! Baseados no que asseveramos na postagem anterior, percebemos claramente que Deus transformou as calamidades da vida de José não apenas visando o bem do próprio José, mas também o de sua família, de um país inteiro e de todas as nações da época. E além de tudo, preservou a nação de Israel, pois tinha um propósito mais do que especial para ela: fazer nascer de um de seus descendentes a Jesus, o salvador da humanidade.

Afinal, Deus não possui uma visão limitada, Seus pensamentos e planos vão mais altos, vão muito mais além do que imaginamos. Em muitas situações, quando Ele planeja conceder a vitória a alguém, Ele está tendo um objetivo, um propósito não apenas local, em um contexto individual ou familiar, por exemplo, mas inclusive social, globalizado (é o que veremos posteriormente com respeito ao Senhor Jesus).

Não é verdade que quando, depois de passarmos por uma grande tribulação e recebermos a vitória do Senhor, muitas vezes nossa família, nossos amigos e a igreja também são impactados e edificados? E com o nosso testemunho, pessoas não crentes, seja na família, na escola, no trabalho, etc., podem contemplar a ação amorosa, soberana, providencial e poderosa de Deus e crerem no evangelho.

sábado, 19 de junho de 2010

JOSÉ DO EGITO: MAIS QUE DERROTADO OU MAIS QUE VENCEDOR? (PARTE 01)



Já no início da história da humanidade´, podemos extrair um dos melhores exemplos do que desejamos destacar nestes artigos. Quem não conhece a incrível e emocionante história de José? Ele era o filho querido (e preferido) de Jacó (Gn 37:3). Ele foi traído pelos seus próprios irmãos, que planejaram matá-lo primeiramente (Gn 37:18) e por puro ódio e ciúme, resolveram vendê-lo para uma caravana de ismaelitas que estava indo para o Egito (Gn 37:4-5,11,25-27), e estes, por sua vez, o venderam a Potifar, capitão da guarda e oficial do Faraó (Gn 37:36). À despeito de tudo isso, Deus honrou a José, lhe deu prosperidade e permitiu que ele morasse com Potifar (Gn 39:1-2), que ao ver que tudo o que José realizava prosperava o elevou à administrador de seus bens (Gn 39:3-4). Percebam até aqui a ação providencial de Deus sobre José depois das provações pelas quais ele passou. Deus até mesmo abençoou Potifar por causa de José (Gn 39:5).

Mas logo surgiu uma nova provação para José, pois a mulher de Potifar se sentiu atraída por José, que realmente era muito atraente segundo a Bíblia (Gn 39:6), e o convidava insistentemente a manter relações sexuais com ela, cometer adultério com ela contra Potifar, mas José se manteve firme em seu compromisso com Potifar e principalmente em seu temor a Deus e fugiu da presença daquela mulher (Gn 39:6-10). Mas, diante de uma perversa conspiração contra José tramada por ela para incriminá-lo injustamente como se ele a tivesse assediado, ele foi aprisionado junto com os prisioneiros do rei (Gn 39:11:20). José nos deu aqui um grande exemplo, mesmo sendo ainda muito jovem, um adolescente, com certeza cheio de vida e na fase quando os hormônios masculinos produzem um forte desejo sexual, ele era tão temente a Deus que preferiu, mesmo diante de uma injusta puniçao, ir para a cadeia do que entristecer ao seu Deus com aquele pecado.

Que situação complicada não é mesmo? Depois da assenção e prosperidade de José no Egito, mesmo ele dando um grande testemunho de sua fé em Deus, ele foi injustamente aprisionado. Por que Deus teria permitido mais essa provação? Mas...

"...o SENHOR estava com ele [José] e o tratou com bondade, concedendo-lhe a simpatia do carcereiro." (Gn 39:21). [citação entre colchetes de nossa parte]

Deus tocou no coração do carceireiro para que o mesmo nutrisse simpatia por José a tal ponto que José se tornou responsável por todos os prisioneiros e pela administração da prisão (Gn 39:21-23).


Percebam mais uma vez o propósito de Deus por detrás das situações adversas. Deus não permitiu sem propósitos aquela injustiça com José cometida pela mulher de Potifar e mesmo na prisão José mais uma vez foi elevado por Deus a um alto posto e ainda o usou para interpretar os sonhos que o chefe dos copeiros e do chefe dos padeiros tiveram, dois oficiais do faraó que foram presos na mesma prisão que José estava administrando devido a terem ofendido o faraó (Gn 40:1-18). A concretização dos sonhos foi que, após ambos os oficiais terem sido reapresentados ao faraó, no dia do seu aniversário, o chefe dos copeiros foi restaurado à sua posição e o chefe dos padeiros foi enforcado (Gn 40:20). Mas, José, mesmo tendo pedido ao chefe dos copeiros para que, quando o mesmo tivesse retornado ao seu alto posto, intercedesse por ele junto ao faraó, pois estava sendo injustiçado, foi esquecido pelo chefe dos copeiros, ou seja, mais uma vez foi injustiçado (Gn 40:23).

Pior ainda, lendo o relato de Gênesis 41:1-46, essas injustiças ainda demoraram dois anos para serem reparadas. José, portanto, ficou mofando na cadeia mais dois anos. Impressionante não é mesmo? Mas Deus foi injusto? Por que Ele deixaria um filho Seu na cadeia mais dois anos, alguém tão zeloso e que já tinha dado provas incontestáveis de seu temor a Ele?

O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu programa televisivo "Verdade e Vida" na mensagem intitulada "Transformando tragédias em triunfo" considerou muito sabiamente especificamente sobre mais essa situação injusta pela qual José enfrentou:

"Você poderia perguntar: 'Mas onde está Deus, que deixa um filho seu inocente padecendo na prisão injustamente ?' Aqui está um princípio maravilhoso: Sabe por que Deus não tirou José da prisão quando ele queria sair da prisão? Porque se José tivesse saído da prisão quando ele queria sair de lá, o máximo que ele teria sido era um bom lavador de copos no palácio de faraó. Naqueles dois anos, Deus estava construindo a rampa do palácio para que ele [José] saísse da prisão e fosse para o palácio ser governador do Egito. Quando você pensa que Deus está longe, distante ou indiferente, na verdade Deus está trabalhando no turno da noite preparando algo maior e melhor para você." [citação entre colchete de nossa parte]


Portanto, voltando ao texto sagrado, vemos que esta última injustiça cometida contra José só foi reparada justamente depois que o faraó teve dois sonhos, que os magos e sábios do Egito não puderam interpretar, mas o chefe dos copeiros, reconhecendo que errou, mencionou ao faraó o que José fez por ele na prisão, o que fez com que o faraó ordenasse que trouxessem José à sua presença, ocasião quando José, pelo poder de Deus, interpretou os sonhos do faraó, revelando os propósitos de Deus para com o Egito naqueles próximos anos e ainda trouxe sábios conselhos ao faraó de como ele deveria agir para com a fome que castigaria a sua nação, o que fez com que o faraó, percebendo que José estava sendo usado por Deus, o elevasse ao comando do palácio e de todo o povo egípcio, sendo o segundo em comando em toda aquela nação, lhe concedeu todas as honrarias de seu alto posto e ainda lhe deu por mulher Azenate, filha de um de seus sacerdotes (Gn 41:37-46; comparem com At 7:9-10).


E, por fim, sem mencionar em detalhes toda a questão que envolveu o relacionamento de José com seus irmãos já no Egito na época da grande seca, mesmo que eles ainda não soubessem quem ele era (Gn 42, 43 e 44), mas acreditavam que ele estava sendo usado por Deus para castigá-los justamente por tudo o que eles tinham feito contra ele (Gn 42:21), vemos que finalmente José não suportou mais esconder a verdade e se revelou a seus irmãos de forma extremamente emotiva (Gn 45:1-4). E ao contrário do que muitos de nós talvez gostariam que acontecesse, ele não se vingou de seus irmãos. Pelo contrário, em uma declaração tranquilizadora e de uma fé incrível nos propósitos divinos, ele disse:

"Agora, não se aflijam nem se recriminem por terem me vendido para cá, pois foi para salvar vidas que Deus me enviou adiante de vocês. Já houve dois anos de fome na terra, e nos próximos cinco anos não haverá cultivo nem colheita. Mas Deus me enviou à frente de vocês para lhes preservar um remanescente nesta terra e para salvar-lhes a vida com grande livramento. Assim, não foram vocês que me mandaram para cá, mas sim o próprio Deus. Ele me tornou ministro do faraó, e me fez administrador de todo o palácio e governador de todo o Egito." (Gn 45:5-8).

domingo, 6 de junho de 2010

A TRISTEZA QUE SE TRANSFORMA EM ALEGRIA

Os sofrimentos do apóstolo Paulo, por exemplo, redundaram na expansão do evangelho de Cristo. Mesmo com a prisão de Paulo, Deus usou esta situação para tornar possível a propagação da Sua Palavra de salvação. E aqui com este contexto, devemos ainda compreender que Deus proporciona essa reviravolta para o bem em nossa vida, muitas vezes não apenas visando apenas nós mesmos, mas as pessoas que nos cercam e o mundo inclusive, pois os demais crentes, com a prisão de Paulo, motivados no Senhor (percebam Deus agindo e não o acaso) se sentiram ainda mais determinados e ousados em evangelizar:

"Quero que saiba irmãos, que aquilo que me aconteceu tem, ao contrário, servido para o progresso do evangelho. Como resultado, tornou-se evidente a toda a guarda do palácio e a todos os demais que estou na prisão por causa de Cristo. E os irmãos, em sua maioria, motivados no Senhor pela minha prisão, estão anunciando a palavra com maior determinação e destemor." (Fp 1:12-14);

"De fato, continuarei a alegrar-me, pois sei que o que aconteceu resultará em minha libertação, graças às orações de vocês e ao auxílio do Espírito de Jesus Cristo." (Fp 1:19).

Pelo fato de Deus ter o poder de reverter um estado de calamidade e desespero que estejamos passando em bênçãos, existe um preceito bíblico que dá o alicerce para este atributo de Deus:

Para podermos amadurecer emocional e espiritualmente primeiramente em nossa vida vêm as lágrimas, as tristezas, "semeamos" nesta vida com o nosso choro mas depois vêm o riso, vem a alegria, a vitória.

"Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão. Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes." (Sl 126:5-6).

"Cantem louvores ao SENHOR, vocês, os seus fiéis; louvem o seu santo nome. Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria." (Sl 30:4-5; comparem com Jr 31:16).

"Digo-lhes que certamente vocês chorarão e se lamentarão, mas o mundo se alegrará. Vocês se entristecerão, mas a tristeza de vocês se transformará em alegria. Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão e ninguém lhes tirará essa alegria." (Jo 16:20 e 22; comparem com Jo 15:11 - "alegria completa" e Jo 17:13 - "plenitude da minha alegria").

Justamente porque Deus está no controle das situações adversas e não qualquer outro ser ou o acaso, verdade a qual muitas vezes nos esquecemos e nos vemos ansiosos e sem saída, por essa verdade é que Deus permite a tristeza para nos aperfeiçoar, nos disciplinar, como seus filhos legítimos, pois não somos ilegítimos e recebemos a disciplina para o nosso bem, como um treinamento corretivo e instrutivo, para sermos participantes da santidade divina, para sermos exercitados e produzirmos resultados justos (fruto de justiça). Isso só pode nos transmitir tranquilidade, segurança e não desespero, pois sabemos que a adversidade está sendo direcionada pelo nosso Pai Celestial amoroso e justo.

"Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filihos. Ora, qual o filho que não é disciplinado por seu pai? Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos [...] Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados." (Hb 12:7-8,10-11).

Ademais, quando sentimos a tristeza segundo o mundo, ela é tão destrutiva e visando a destruição que pode produzir morte, mas a tristeza que sentimos de acordo com a vontade de Deus, sob o Seu controle, produz salvação, produz edificação.

"Mesmo que a minha carta lhes tenha causado tristeza, não me arrependo. É verdade que a princípio me arrependi, pois percebi que a minha carta os entristeceu, ainda que por pouco tempo. Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava, e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa. A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte." (2Co 7:8-10).

Assim, em nossa vida, com estes preceitos bem firmados em nossa alma, constantemente poderemos louvar a Deus agradecendo alegremente pelas vitórias, mesmo depois de passarmos momentos de lamento, de choro, depois de uma luta angustiante, assim como o salmista declarou:

"Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria, para que meu coração cante louvores a ti e não se cale. SENHOR, meu Deus, eu te darei graças para sempre." (Sl 30:11-12).

Depois de todas essas considerações, questionamos: Será que somos "mais que derrotados" ou "mais que vencedores"? Depende da situação na qual estamos? Ou mesmo enquanto estamos ainda sofrendo as agruras da vida podemos nos declarar mais que vencedores? É o que vamos concluir até o final deste estudo.

sábado, 5 de junho de 2010

DERROTAS QUE SE TRANSFORMAM EM VITÓRIAS

INTRODUÇÃO

Existe uma história que está sendo transmitida pela internet via e-mail que não sabemos ao certo se é verídica ou é uma parábola (o mais provável), mas, independentemente disso, acreditamos ser bastante interessante para iniciarmos o nosso estudo, pois demonstra uma das maneiras como Deus age em nossa vida e como muitas vezes não temos o discernimento para reconhecer a ação Dele diante dos nossos olhos:

"Um rapaz pediu a Jesus um emprego, e uma mulher que o amasse muito. No dia seguinte, abriu o jornal e tinha um anúncio de emprego. Ele foi, viu a fila muito grande e disse: eles são melhores do que eu, e foi embora. No caminho, um garoto lhe deu uma rosa... no ônibus ele, chateado, jogou a rosa fora. Ao chegar em casa, o rapaz briga com Jesus: '...É assim que me tratas?...É assim que me amas?' E vai dormir. Em sonho Jesus lhe diz: "O emprego era seu, mas você não confiou e desistiu antes mesmo de lutar; aquela rosa foi eu que te dei... inspirei aquela criança a lhe dar!!! O amor da sua vida, estava sentada ao seu lado... em vez de você dar a rosa a ela, você a jogou fora'. Você entendeu como Jesus age na sua vida? Ele abre as portas e te mostra o caminho, mas a tua fé é tão pouca que desiste no primeiro obstáculo. Não desista... confie que Jesus pode agir na sua vida. Os obstáculos existem para ver até onde vai a tua fé."

Interessante não é mesmo? Pois então, você está passando por uma situação muito difícil, um problema que parece não ter solução? É o desemprego, uma enfermidade em você ou na família ou um relacionamento familiar problemático ou um problema financeiro? Saiba que Deus, mesmo que muitos não acreditem, está no controle da situação e pode mudá-la para melhor, muito melhor. Por mais difícil que seja a sua situação, para Deus não existe nada demasiadamente difícil (Jr 32:27). Para Ele tudo é possível. O que é impossível para nós, para Ele é perfeitamente possível (Lc 1:37; 18:27).


Você já ouviu falar do Deus que transforma tragédias em triunfo? Do Deus que muda uma situação de aparente maldição em uma situação de pura bênção? Daquele que muda o nosso pranto em riso? Este é o nosso único, santo, justo e soberano Deus. Ele certamente está realizando a Sua parte nesta tribulação pela qual você está passando, mesmo que muitas vezes você não esteja percebendo, pois muitas vezes Deus opera atrás das "cortinas da eternidade", Ele fala com os seres humanos em um momento de uma maneira e em outro momento de outra maneira, mesmo que não estejamos percebendo (Jó 33:14), e em muitas dessas vezes os seus planos não são revelados (foi o que aconteceu com Jó, por exemplo, e veremos mais adiante em nosso estudo).

COMO AGIR DIANTE DA TRIBULAÇÃO?

Mas e a nossa parte? O que devemos fazer? É tão difícil agir de maneira positiva e otimista quando uma situação está nos machucando, nos humilhando, nos desanimando, nos sufocando não é mesmo? É difícil imaginarmos uma direção ou uma saída para a situação. Quantas vezes muitos de nós rogam, clamam, imploram a Deus por uma solução, mas parece que Ele não se importa ou que está muito ocupado com outras questões e está demorando muito para nos atender?

Muitas pessoas nestas situações se revoltam contra Deus e murmuram, muitas delas devem estar tão "afundadas" nas suas vidas corridas e de agenda lotada e sem tempo para Deus e em sua dependência viciante da tecnologia e do materialismo, das coisas aqui da Terra, que devem imaginar equivocadamente que quando oramos a Deus é como se precisássemos "entrar na fila do atendimento divino" ou como se fosse a conexão com a "internet celestial" dizendo: "foram detectados problemas com o servidor divino, por favor, ore mais tarde"! Ridículo, não existe isso. Deus é onipresente, onisciente e onipotente, Ele ouve ao mesmo tempo todas as orações sinceras que são feitas à Ele e já sabe o teor das orações mesmo antes de serem feitas.

Essa situação de "demora de Deus" é apenas aparência, pois nós olhamos a vida de uma forma meramente humana, limitada e falha e Deus a conduz soberanamente de outra forma na eternidade. Costumamos considerar a Deus do nosso ponto de vista distorcido e limitado, tentando dizer o que Deus "tem" que fazer ou não e quando fazer, tentando, assim, limitar alguém que é ilimitado e soberano. E não poucas vezes, muitos acabam criando o seu próprio deus, não conhecem o verdadeiro Deus ou não querem aceitá-lo. Precisamos aprender mais sobre a maneira de Deus agir para, pelo menos tentarmos, andar em maior sincronia com os Seus pensamentos, que são mais elevados que os nossos (Is 55:6-9). Sem comunhão com Deus e a Sua Palavra, nossa visão da vida fica embaçada, não conseguimos entender o que está acontecendo conosco. Devemos sempre olhar para todas as circunstâncias com os "olhos da fé".

Bem, ao olhar para as páginas das Escrituras Sagradas, que nos ensinam quem Deus é e como Ele age, podemos aprender que a nossa parte para conseguirmos suportar as situações adversas e atravessarmos todo este caminho de tribulação pode ser dividida em três atitudes básicas:

01) Depositar nossa total confiança em Deus;

02) Aprendermos a viver diariamente na dependência Dele; e

03) Tranquilizarmos o nosso coração face ao Seu poder.

Vamos desenvolver com mais detalhes estes três itens mencionados acima:

01) Devemos confiar Nele integralmente porque, apesar de não sabermos, Ele sabe o motivo e o propósito pelos quais estamos passando por essa tribulação. Deus é o nosso melhor amigo (Jo 15:14-15) e não deseja contar este segredo para nós para o nosso bem, do contrário não cresceríamos e amadureceríamos na fé. Não seria assim que faríamos com um amigo que sabe de um segredo que nos envolve também, mas dissesse: "Eu não posso te contar agora, mas confie em mim, é para o seu bem, se você souber de tudo agora, seu aprendizado será prejudicado"? Devemos confiar em Deus, pois o nosso melhor amigo faz tudo em nossa vida visando o nosso bem, um fim proveitoso (Rm 8:28), mesmo que não consigamos compreender os seus propósitos muitas vezes. Confiar integralmente em Deus é uma grande bênção, mas é um aprendizado diário de difícil assimilação, não por culpa de Deus, mas por culpa de nossa personalidade desconfiada e que gosta de controlar todas as situações.

02) Devemos aprender a viver na dependência Dele, pois só Ele pode nos fortalecer e nos capaciitar a sobreviver a este período de aflição. A nossa suficiência vem Dele (2Co 3:5), sem Ele nada podemos fazer (Jo 15:5) e é Ele que efetua em nós tanto o querer quanto o realizar segundo a Sua boa vontade (Fp 1:13). Isso tudo significa que devemos nos colocar em nosso devido lugar em nosso relacionamento com Deus, ou seja, total submissão à vontade Dele, nos humilhar debaixo de Sua potente mão, pois no momento oportuno Ele nos erguerá novamente do momento de fraqueza que estivermos passando (1Pe 5:6,10).

03) Devemos tranquilizar o nosso coração, pois Deus é todo-poderoso. A nossa tribulação está totalmente no controle Dele. Isso nos trás alívio e segurança. Já imaginou se os nossos problemas não estivessem no controle de Deus, mas dependessem da sorte ou do acaso? Ou ainda pior: e se os nossos problemas e aflições estivessem nas mãos do diabo? Sem comentários. Mas, Deus é amoroso e não enviaria uma provação em nossa vida se Ele não fosse soberano e todo-poderoso para nos livrar dela no momento que Ele determinasse. Deus não envia uma provação que seja mais forte do que nossas próprias forças, mas juntamente com a provação envia o alívio para podermos suportar estes momentos (1Co 10:13)

Um dos mais respeitados pastores e escritores da atualidade na igreja evangélica brasileira, o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu programa televisivo "Verdade e Vida", sabiamente afirmou sobre as provações em sua edificante mensagem intitulada "Transformando tragédias em triunfo". Vejamos algumas de suas declarações:


"É possível nós transformamos, pela graça de Deus, tragédias em triunfo. Nem sempre as circuntâncias difíceis e adversas que acontecem conosco são coisas aleatórias e nem muito menos podemos dizer que elas são fruto de um fatalismo, de um determinismo ou mesmo de uma coincidência. Nós acreditamos piamente na providência divina, para nós não existe o acaso. A nossa vida não é guiada pelos astros, nem por composições químicas do nosso cérebro, nem muito menos por um determinismo da natureza. Cremos sim, que o Deus soberano e bom está no controle da nossa vida [...] O que eu estou dizendo é que Deus é poderoso para transformar tragédias em triunfo, que Deus é poderoso para transformar lágrimas em fontes de consolo e transformar desertos em mananciais, perdas aparentes em ganhos maiores. Na verdade, Deus é poderoso para transformar as situações dolorosas da nossa vida em trampolins para nós alcançarmos vitórias maiores."

Por todas essas razões que vimos até aqui, dentre outras, podemos assegurar tranquilamente que Deus tem o poder de reverter um estado de calamidade e desespero que estejamos passando em paz e bênçãos, em vitória.

Vocês desejam ver alguns exemplos bíblicos na prática e não apenas os preceitos teóricos? Vamos ver, então, alguns exemplos nestas partes do nosso estudo de como Deus age, mesmo com as situações adversas, visando um final feliz, um resultado benéfico.