O primeiro relato é do pastor Edison Queiroz. Em seu livro “O vaso quebrado”, ele nos conta sua experiência diante da morte de suas duas filhas gêmeas que tinham acabado de nascer:
“Eu me lembro sempre das minhas meninas gêmeas, que morreram alguns dias depois do parto. Para a Rutinha e para mim foi um quebrantar de Deus tremendo. As meninas estavam no hospital, aquela cena horrível, as criancinhas recém-nascidas dentro daquela caixinha com uma luzinha para icterícia, um carbono sobre os olhos para não estragar a visão, aquela respiração horrível, tanto é que, quando eu olhei, eu disse: ‘Senhor Deus, leve!’. Temos a tendência de ver o diabo nas coisas, e eu me lembro que uma pessoa da família veio ver os bebês e saiu chorando e dizendo: ‘Mas que diabo, também!’ Eu retruquei: ‘Não diga isso, quem é Satanás para pôr a mão nas minhas filhas? Ele não tem esse direito! É Deus’. ‘Como, é Deus?’. ‘É Deus’. As duas morreram, e foi Deus. O dia em que eu achar que o diabo tem poder para tirar a vida, é melhor eu adorar o diabo que a Deus. Foi Deus, que é o dono da vida, que controla tudo. O diabo quer matar, roubar e destruir, mas ele precisa primeiro pedir permissão a Deus, não vai fazendo tudo que quer e bem entende. Ali foi Deus quebrantando a mim e a Rutinha, preparando-nos para a obra missionária.” (pp. 25-26).
Melvin Tinker, bispo anglicano, em seu livro “Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas?” relata a história de Mary Craig, que descreveu o seu sofrimento pelo fato de dois de seus quatro filhos terem nascido com anormalidades, um com síndrome de Hohler e o outro com a síndrome de Down:
“Em vista da evidência, não creio que qualquer sofrimento seja em última análise inútil ou absurdo, embora muitas vezes tenhamos dificuldade para continuar convencendo-nos disto. A princípio reagimos com incredulidade, ira e desespero. Todavia, o valor do sofrimento não está na dor sofrida, mas no que o sofredor faz com ela. É no sofrimento que descobrimos as coisas que realmente importam; é no sofrimento que descobrimos a nós mesmos” (p. 28).
Outro relato importante deste último livro traz uma perspectiva semelhante com a que acabamos de ver. O falecido professor Sir Norman Anderson viu o seu filho, Hugo, morrer de câncer aos 21 anos depois de uma brilhante carreira na Universidade de Cambridge. Tinker relata o testemunho de Anderson:
“As pessoas sempre costumavam perguntar-me por que foi permitido que um rapaz tão promissor em com tamanho entusiasmo pela vida morresse tão jovem. A única resposta para isto, ambos sentimos, é que não nos cabe saber. A pergunta vital a ser feita a Deus nesses casos não é ‘Por que permitistes isso?’ (para o que, penso eu, Ele raramente se digna a dar uma resposta), mas ‘O que queres ensinar-me por meio disto?’” (pp. 28-29).
Tinker, mais adiante, nos traz mais um relato comovente e edificante:
“Assim também, quando as coisas são tiradas de nós, é que temos de exercer fé. É então que revelamos nossa verdadeira condição espiritual e, como diz Pedro [1 Pe 4:12-19], temos de agir bem, ou seja, reagir de maneira cristã quando surgem problemas. Um exemplo comovente disto foi dado pelo pastor californiano John McCarthur numa conferência que assisti há alguns anos. Ele nos contou sobre alguns amigos seus, um ministro e sua família, que trabalhavam numa pequena igreja em Utah, a fim que ganhar mórmons para Cristo. Certo dia essa família telefonou para McCarthur e disse que gostaria de visitar a igreja dele e matricular suas duas lindas filhas adolescentes na faculdade bíblica. Levariam dois estudantes de intercâmbio italianos também, porque queriam que se convertessem. O pai, a mãe, o filho, as duas adolescentes e os dois italianos entraram então na caminhonete e chegaram no sábado. Estavam entusiasmados com a perspectiva do domingo porque queriam ver uma grande congregação – que no caso da igreja de McCarthur era de alguns milhares, com um grande coral e tudo. Eles chegaram e tiveram um maravilhoso período de confraternização e bênção. Foi pura alegria. Mas, na volta para casa, por alguma razão inexplicável, o pai entrou depressa demais num cruzamento, depois do sinal vermelho, exatamente quando um enorme caminhão descia uma ladeira. O caminhão bateu no lado da caminhonete a toda velocidade. As duas meninas foram atiradas pela janela de trás do carro contra o meio-fio e morreram instantaneamente. O filho e os dois italianos foram levados para a U.T.I. com vários ferimentos internos graves. O carro quase foi cortado ao meio e incendiou-se, mas os pais sobreviveram milagrosamente. O que começara como um dia de extrema alegria terminara num holocausto. No momento em que McCarthur chegou ao hospital, foi ver o pai e lhe disse: ‘John, no que está pensando?’. Em meio às lágrimas, este respondeu: ‘Fico pensando que talvez seja um sonho e vou acordar, mas sei que não é verdade’. E continuou: ‘Meu segundo pensamento é: Deus não é mesmo bom? Ele poupou esses dois rapazes italianos não-salvos e levou minhas duas meninas cristãs’. Ele sabia que suas filhas estavam na presença de Deus; esse homem levava a Bíblia a sério – a sua fé era real. A seguir, porém, ele disse: ‘Queria que minhas filhas conhecessem uma igreja grande, mas não pensava que seria uma tão grande assim. Queria que elas ouvissem um grande coro, mas não pensava que seria dos anjos.’” (pp. 112-113).
No site da “Obra Missionária Chamada da Meia Noite” (Mt 25:6), temos um artigo chamado ”Luto – Consolo”, o qual traz várias considerações importantes a respeito do luto e da conduta que devemos ter diante dessa realidade:
“Pergunta: "Há um ano morreu nosso querido pai, que era um filho de Deus, com mais de 70 anos. Nossa mãe é também uma filha de Deus. Ambos eram muito ligados entre si. Desde que meu pai faleceu, após longa enfermidade, a nossa mãe não tem conseguido superar isso. Primeiro ela procurou pôr a culpa nos médicos, depois em si mesma. Ela continua indo ao cemitério quase diariamente e lá passa longo tempo ao lado da sepultura do pai. Por este e outros motivos estamos cada vez mais preocupados com ela. Como podemos ajudá-la? Resposta: Quanto mais feliz foi ou é um matrimônio, tanto mais dolorosa é a despedida, a separação! Isto também vale para pais que perderam um filho amado e para filhos que têm de entregar seu pai ou sua mãe. Tristeza não é pecado. O Senhor Jesus também chorou junto à sepultura do seu amigo Lázaro (Jo 11.35-36). Luto e tristeza fazem parte da última despedida, pois não somos robôs insensíveis, mas pessoas que têm uma alma. Da superação de uma perda tão grande faz parte, quase sempre, o questionamento de muitas coisas. Mas, em meio à maior dor, os filhos de Deus deveriam ter em mente o seguinte: Em última análise, ninguém morre de alguma enfermidade, de acidente ou por qualquer outra razão, mas pela vontade de Deus. Em outras palavras: somente o Senhor determina quando uma vida chega ao fim, pois está escrito: "Nas tuas mãos, estão os meus dias" (Sl 31.15). Por favor, leia também Salmo 139.16, Salmo 90.5 e Eclesiastes 3.1-8. Nós – e também nossos entes queridos – não estamos entregues à própria sorte, mas estamos nas mãos do Deus vivo! Na verdade, desde a queda no pecado, a morte faz parte da vida, mas somente o Senhor determina a hora do fim da nossa existência. Em seguida, seria importante chamar a atenção da sua mãe para 2 Coríntios 1.3ss. Deus é um Deus de ‘toda consolação’, que consola os Seus, mas Ele somente pode fazê-lo se o quisermos! Por este motivo, pessoas enlutadas sempre deveriam ter em mente não confundir o luto por um ente querido com auto-compaixão, pois a auto-compaixão sempre é destrutiva e não tem promessa de consolo. A disposição de receber o consolo de Deus se manifesta no fato de aceitarmos os caminhos de Deus, mesmo que não os entendamos! Deus não espera que reprimamos as nossas lágrimas, Ele espera que digamos: ‘Senhor, o teu caminho é santo (conf. Sl 77.14), e por isso me submeto à Tua vontade e ao Teu desígnio’. Quem faz isto sinceramente se aquieta interiormente e recebe o consolo e a ajuda de Deus! Aquele, porém, que se rebela contra a vontade de Deus e, consciente ou inconscientemente, tenta ultrapassar os limites entre os vivos e os mortos, tendo ‘contato’ com algum falecido após a sua morte (por exemplo, falando com ele), não somente se torna culpado diante de Deus, que estabeleceu estes limites, mas prejudica seriamente a si mesmo (depressões, influência oculta, etc.). Que o Senhor lhe dê muita graça para falar com sua mãe com muita sabedoria e amor – e que ela se volte para o ‘Deus de toda consolação’ e seja consolada ricamente! Este desejo sincero se estende, de todo o coração, aos leitores desta revista que estão enlutados!” (Elsbeth Vetsch, fevereiro de 1999; http://www.chamada.com.br/).
Devemos ter a certeza de os nossos entes queridos que morreram em Cristo estão no melhor lugar do universo e aguardarmos o dia feliz quando os veremos novamente.
O Espírito Santo é o nosso Consolador (Jo 14:16-17,25-26; 16:7). Ele habita em cada um de nós, cristãos (Rm 5:5), nos capacita (At 1:5-8), nos fortalece (Gl 5:5,16-18). O Espírito de Deus pode nos dar direcionamento (At 13:1-4; Gl 5:16-18) e nos ensinar (Is 40:13; Jo 14:25-27).
Recordemos as palavras do apóstolo Paulo (1Co 15:55-58) que nos exortam a trabalhar com perseverança e dedicação na obra de Deus, pois a morte foi derrotada por Jesus. Ele está vivo. Paulo declarou (vv. 55-58):
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Um texto muito bom... e o tema é desafiador.
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