domingo, 30 de maio de 2010

IMPUNIDADE: ATÉ QUANDO?

Acredito que muitos de nós estão orando semelhantemente ao profeta Jeremias que disse...

"Tu és justo, SENHOR, quando apresento uma causa diante de ti. Contudo, eu gostaria de discutir contigo sobre a tua justiça. Por que o caminho dos ímpios prospera? Por que todos os traidores vivem sem problemas?" (Jr 12:1; NVI).

O profeta estava estarrecido com a impunidade que verificava em sua época e não desejava acusar Deus de injusto, mas encontrar respostas às suas inquietações e estava certo que poderia encontrá-las com o Todo-Poderoso.

Jó também estava inquieto com a situação de tantas pessoas ímpias que não buscam a Deus, que acreditam que não precisam Dele e muitos deles passam a vida na prosperidade, aparentemente sem ser punidos:

"Por que vivem os ímpios? Por que chegam à velhice e aumentam seu poder? (...) Seus lares estão seguros e livres do medo; a vara de Deus não os vem ferir (...) Os ímpios passam a vida na prosperidade e descem à sepultura em paz. Contudo, dizem eles a Deus: 'Deixa-nos! Não queremos conhecer os teus caminhos. Que é o Todo-poderoso, para que o sirvamos?: Que vantagem temos em orar a Deus?" (Jó 21:7,9,13-15; comparem com 22:17-18).

Com certeza, todos estamos questionando a negligência dos ímpios em relação a Deus e clamando como os salmistas:

"Em sua presunção o ímpio não o busca; não há lugar para Deus em nenhum de seus planos." (Sl 10:4);

"Deus justo, que sondas as mentes e os corações, dá fim à maldade dos ímpios e ao justo dá segurança." (Sl 7:9)

Mas, a situação não mudou depois de séculos e séculos após a vida destes personagens bíblicos: a impunidade ainda é uma preocupante realidade nos dias atuais. Quantas pessoas desonestas, criminosas e corruptas passam anos e anos aumentando o seu patrimônio, livres de punição, incólumes e ignorando o quanto precisam se arrepender e buscar a Deus. Mas eles certamente não querem conhecer a vontade de Deus, pois sabem que ela é contrária aos seus objetivos gananciosos e maléficos.

A maioria das notícias que temos recebido através dos meios de comunicação não é animadora: políticos corruptos que se apropriam ilicitamente do dinheiro do povo, pais que maltratam seus filhos, mulheres abusadas sexualmente, esposas cruelmente espancadas por seus maridos, assaltos, roubos, assassinatos, sequestros, inocentes mortos por balas perdidas, cidades dominadas pelo tráfico de drogas, mortes em acidentes devido a motoristas imprudentes, guerras civis que ocorreram na Europa, América Central e África e o genocídio étnico destes conflitos que levaram a população restante a morrer de fome e doenças, sem mencionarmos as vidas inocentes perdidas em atentados terroristas.

Milhões de pessoas foram injustiçadas ou perderam suas vidas em tantas atrocidades históricas, como a sangrenta inquisição em séculos passados, a violenta, injusta e opressora escravidão dos povos de pela negra, a fúria preconceituosa do nazismo, o holocausto nuclear nas cidades de Hiroshima e Nagasaki e os regimes ditatoriais e assassinos de governantes como Saddam Hussein.

Agora questionamos: Quantos destes crimes tiveram solução? Pouquíssimos culpados foram julgados e presos. Muitas vezes nenhum deles. A justiça humana falhou em muitos destes casos. Será que existe alguma esperança de que a justiça será feita? Até quando a humanidade terá que conviver com tamanha impunidade? Um clima de insegurança e vingança paira no ar. Muitos questionam: “Onde Deus está em tudo isso? Será que Ele nos abandonou?”.

Por outro lado, um antigo ditado popular afirma que “Deus tarda, mas não falha”. Onde está a verdade, afinal? Nós, cristãos, não podemos simplesmente aceitar toda esta injustiça sem buscar solução na Palavra de Deus, como se a nossa fé e o nosso testemunho escorressem como óleo pelos nossos dedos.

A Bíblia afirma:

“Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.” (Ec 8:11; ARA).

Como sempre a Bíblia tem razão. Já que não é executada logo a sentença contra a iniquidade humana, os homens estão inclinados a cometer os seus delitos continuadamente. Existe até mesmo um ditado popular bastante conhecido no nosso país que diz que “aqui tudo acaba em pizza”, referindo-se à impunidade. Mas, com Deus isso não é verdade. Com Deus nada "acaba em pizza". Ele é justo. Sua justiça é a justiça perfeita.

Notem que a Bíblia não está afirmando que Deus ignora o que acontece, ela ensina que existe uma sentença decretada por Deus contra a iniquidade, mas, ela ainda não foi executada por Ele (vv. 12-13). Essa é uma boa notícia de Deus para nós: no lugar da justiça, tem reinado a maldade (Ec 5:8; 7:7; 8:9b), mas Ele julgará o perverso no tempo determinado (vejam Jó 24:1-25; 31:2-3; Pv 11:31; Ec 3:15-16; 4:1; Is 5:18-23; 10:1-4; 2Pe 2:9).

"Pois Deus vê o caminho dos homens; ele enxerga cada um dos seus passos. Não há sombra densa o bastante, onde os que fazem o mal possam esconder-se. Deus não precisa de maior tempo para examinar os homens e levá-los à sua presença para julgamento. Sem depender de investigações, ele destrói os poderosos e coloca outros em seu lugar." (Jó 34:21-24; NVI).

Mesmo que tenhamos que aguardar o juízo final sabemos que todas as pessoas estão ao alcance dos olhos divinos (Pv 15:3,11; Hb 4:13) e todas as atitudes que o ser humano “semeia” aqui nesta vida, sejam boas ou más, delas ele “colhe” resultados no futuro (Pv 12:14; Gl 6:7-10).

Muitos criminosos, por exemplo, pagam por seus crimes aqui mesmo na Terra, pois, Deus usa as autoridades humanas para puní-los (Rm 13:1-5; 1Pe 2:13-15). Alguns crimes, porém, ainda estão ocultos e somente posteriormente serão manifestos (1Tm 5:24; cf. Ec 12:14; Mt 10:26; Lc 12:2-3).

Mesmo os crimes já julgados e condenados pela justiça humana, bem como aqueles que permanecerem impunes serão revelados e julgados por Deus.

Hoje nós vemos a história de forma incompleta, como que através de um vidro embaçado. Mas, temos que ter fé, atentando para a eternidade e não para o que temos visto (2Co 4:8-18; 5:1-10), sabendo que todas as injustiças, sem exceção, serão reparadas uma a uma, quando cada ser humano de todas as nações e de todas as eras for julgado por cada uma de suas atitudes e receberá a recompensa devida no fim dos tempos (Ec 11:9; Rm 14:10-12; 2Co 5:10; Jd 15; Ap 20:11-13).

É importante salientar que não estamos mencionando quem vai para o Céu ou para o inferno, mas a retribuição que cada um receberá de Deus conforme as suas atitudes, seja crente ou não crente. Com o Senhor Jesus Cristo, o Rei dos reis, está a recompensa conforme as obras de cada um (Ap 2:23b; 22:11-12; cf Is 40:10). Não podemos, porém, afirmar com precisão quais serão estas recompensas, pois, a Bíblia não entra em detalhes sobre este assunto.

Devido a tudo o que observamos, não devemos alimentar desejos vingativos em nossos corações, pois, a vingança não é nossa, ela pertence a Deus (Dt 32:35a; cf. Rm 12:17-21; Ap 6:9-11).

Entretanto, não devemos nos acomodar com a impunidade, mas, confiar em Deus, clamar a Ele por paciência, consolo e justiça para as nossas vidas e a de todos aqueles que têm sido injustiçados (Mt 5:4,6,10-12; 11:28-30) e com uma vida piedosa (1Tm 4:7b-8; 2Pe 1:5-7) e de testemunho (Mt 5:13-16; 1Pe 2:11-17), procurarmos melhorar a nossa sociedade, orarmos pelas autoridades constituídas e obedecê-las (Rm 13:1-8; 1Tm 2:1-4; Tt 3:1) e mostrar ao mundo que Deus é justo e não abandonou a humanidade (Sl 145:10-20; At 10:34;35; 14:14-17).

sábado, 29 de maio de 2010

UMA QUESTÃO DE ÉTICA

“Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas cousas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.” (1Tm 6:9-11).

Em um artigo intitulado “Fundamentos da ética cristã”, o pastor presbiteriano Rev. Augustus Nicodemus Lopes afirmou:

"As decisões que tomamos são invariavelmente influenciadas pelo horizonte do nosso próprio mundo individual e social. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos ser certo ou errado. É isso que chamamos de ética.” (fonte: http://www.ipb.org.br/).

Quando falamos em ética, portanto, estamos tratando de um padrão de conduta que nos dá a base necessária para tomarmos decisões. O problema é que cada indivíduo ou grupo social pode assumir uma modalidade de ética em sua vida.

Muitas pessoas, por exemplo, valorizam demasiadamente as escolhas que buscam apenas aquilo que é agradável e prazeroso para o ser humano, o que acarreta atitudes egoístas e materialistas, como a famosa antiga frase imediatista e fatalista grega: “Comamos e bebamos porque amanhã morreremos” (1Co 15:32).

Muitas outras pessoas buscam uma decisão que seja útil para o maior número de indivíduos e enfatizam apenas o resultado, em detrimento do princípio moral envolvido em tal decisão. Pensamentos deste tipo de ética são: “O certo é o que for útil” e “O fim justifica os meios”.

Muitos também apregoam que tudo na vida é relativo, que não existe certo e errado definidos e conseqüentemente tudo é permitido. Por fim, muitas outras pessoas defendem o domínio da lei da selva ou da lei do mais forte (como algumas regras da teoria da evolução), onde o mais forte e mais preparado é que tem que vencer, os fracos, mentalmente atrasados, enfermos e idosos não têm espaço dentro da evolução da humanidade.

Influenciada por estes tipos de éticas não cristãs, a nossa sociedade está se deteriorando a cada dia. A legalização do aborto e da eutanásia, o preconceito contra idosos, mulheres, negros, índios, deficientes físicos e mentais e pobres são evidências destas filosofias de vida pecaminosas. Se um homem não está feliz no casamento, por exemplo, é permitido que ele traia sua esposa com outra mulher para ser feliz.

Os ativistas homossexuais mais ardorosos afirmam que o importante é amar, independente da preferência sexual. Muitos dos nossos governantes saqueiam os cofres públicos sem qualquer escrúpulo, numa atitude materialista, egocêntrica e corrupta. O importante para grande parte de nossa sociedade é ser feliz, independente de qual o meio empregado para tal.

Não podemos deixar de citar as éticas religiosas, onde encontramos uma vasta lista de doutrinas e filosofias, entre elas, as éticas religiosas não cristãs, que dirigem as seitas e religiões pagãs há milênios, com suas heresias e a ética religiosa genuinamente cristã, baseada nos eternos valores morais bíblicos, os quais dirigem todas as pessoas salvas pelo Senhor Jesus Cristo e transformadas pelo Seu Espírito.

Entretanto, qual será o tipo de ética que tem conduzido o nosso comportamento? Será ela embasada nas Escrituras ou algum dos outros tipos de ética (citados anteriormente). Ou ainda, não estaríamos sendo conduzidos por uma ética mesclada, pseudo-cristã, ora com características bíblicas, ora com características mundanas? (1Rs 18:21; Tg 1:6-8; Ap 3:15-19). Será que não estamos seguindo o exemplo deste mundo corrompido que age muitas vezes sem ética para que todas as situações conspiram a seu favor?

Devemos refletir como tem sido a participação da Igreja de Cristo neste contexto extremamente corrupto em que vivemos, principalmente em nosso país. Até que ponto estamos firmes, testemunhando do genuíno evangelho de Cristo? (2Ts 2:15). A sociedade em geral está cada vez mais mergulhando em um estado de falência no sentido moral (1Tm 6:9-10; 2Tm 3:12-15), ela está cega espiritualmente e não possui condições de sair desta condição sozinha (Mt 13:19; 2Co 4:4; 2Tm 2:24-26; Tt 3:11).

Onde estaria a resposta para esta situação caótica? No evangelho salvador e transformador de Jesus. E como a sociedade pode conhecer a Jesus Cristo? Através da Igreja dEle que foi chamada a pregar a Sua salvação (Rm 10:12-17; 2Pe 2:9).

A solução para a crise brasileira, portanto, seja ela moral, espiritual ou financeira, está em uma só palavra: avivamento.

Avivamento é, entre outras coisas, quando a Igreja de Cristo assume uma postura ética genuinamente cristã (2Tm 2:15). Apenas com uma Igreja avivada, que vive o que prega, que leva o evangelho à todos que ainda não conhecem a salvação, acarretando em milhares de conversões (At 2:37-47), segundo a vontade de Deus (Jo 16:8-11), o nosso país poderá finalmente se tornar uma nação justa, pois estará entregue nas mãos do governante supremo, o Rei dos reis.

domingo, 23 de maio de 2010

O "PAI DAS LUZES"

Muitos evangélicos acreditam que a santificação é se isolar de qualquer manifestação artística, cultural ou intelectual dos não crentes, para não se contaminarem espiritualmente, acreditando que alguns estilos musicais, o sexo, os filmes, a televisão, entre outras coisas, são do diabo. Mas, na verdade, o diabo é o pai da mentira e um dos seus objetivos é distorcer as verdades divinas (Gn 3:1-7; Jo 8:44). Por outro lado, até que ponto podemos ter contato com a cultura secular sem cometer pecado?

Sabemos que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26-27), mas, com a desobediência de Adão e Eva, ele perdeu a semelhança moral que tinha com Deus, sua impecabilidade. A sua essência tornou-se pecaminosa (Mc 7:21-23). A sua semelhança natural, ou seja, intelecto, emoções e vontade, o homem a detém (cf. 1Co 6:12; 1Ts 5:21).

O apóstolo Paulo afirmou que mesmo as pessoas não salvas possuem uma moralidade inata, gravada em seus corações (Rm 2:13-15; cf. Lc 10:30-37; At 17:24-28) e Tiago afirmou que “toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança” (Tg 1:17).

Portanto, Deus é a origem de toda luz, seja física, moral, espiritual ou intelectual. Toda a criatividade humana, as habilidades e o intelecto humanos vêm de Deus. Tudo o que Ele criou é bom, as capacidades benignas inerentes ao ser humano não vêm de nós mesmos, pecadores, mas do perfeito Deus Criador (1Tm 4:4-5; Gn 1:31; Jo 3:27; At 10:9-16,28; Hb 3:4), que nos dotou de inteligência e criatividade (Gn 4:20-22; 1Rs 4:29-34; Ec 2:26; 3:13; 4:4a; comparem com Ex 31:3-6; Jz 6:34).

É importante salientar que não estão sendo tratados aqui os dons espirituais, que são dados por Deus quando uma pessoa se converte a Cristo, por meio do Espírito Santo, para a edificação da Igreja (Rm 12:4-8; 1Co 12; Ef 4:1-16), estamos tratando dos dons e talentos naturais, inerentes a todos os seres humanos.

Infelizmente, o ser humano tem usado as capacidades recebidas de Deus para objetivos imorais e destrutivos: Deus criou o casamento, a família, o sexo, a música, a natureza, a Igreja, entre tantas outras obras, mas o homem os têm deturpado. Ele tem utilizado sua inteligência para a guerra, para trabalhar apenas por dinheiro e sucesso, para realizar abortos, para afirmar que somos uma evolução dos macacos, usando os elementos da natureza como entorpecentes e, querendo ser igual a Deus, está tentando clonar outro ser humano (Ec 7:29).

Sabemos que o pecado vêm da cobiça e da livre escolha humanas, muitas vezes influenciadas por astúcias e ensinamentos diabólicos (Dt 30:11-18; Jo 3:36; Ef 6:11-12; Tg 1:13-16; 4:17; 1Pe 4:8). Contudo, mesmo o ser humano ainda perdido em seus pecados e sem a salvação é usado por Deus. Ele usou a prostituta Raabe (Hb 11:31) e o rei Ciro da Pérsia (Ed 1:1-11) para libertar o povo judeu em duas situações e, mesmo sem ser cristão, o sábio mestre da lei Gamalieu mostrou seu conhecimento sobre o poder de Deus (At 5:29-42).

Existem expressões verdadeiras além dos “muros” do cristianismo. O apóstolo Paulo reconheceu que, apesar de não crentes, alguns poetas do seu tempo expressaram a verdade (At 17:27-29; 1Co 15:33; Tt 1:10-13; comparem as citações extra-bíblicas verdadeiras em Judas 9 e 14 e ainda 2Pe 2:22). Os não crentes podem, inclusive, aproveitar melhor as oportunidades do que os cristãos (Lc 16:8).

Se condenássemos uma expressão cultural simplesmente por ser secular, não poderíamos, por exemplo, consultar um dicionário, estudar livros escolares, ler jornal, revista, literatura universal, não poderíamos cantar o hino nacional e nem ouvir música clássica, seríamos proibidos de usar quaisquer roupas produzidas em nosso país e nem assistir televisão ou ir ao cinema.

Não podemos nos esquecer também que existem expressões culturais e intelectuais de boa e de má qualidade em qualquer setor da sociedade. Até mesmo na cultura evangélica existem músicas, livros, filmes, entre outros, que jamais deveriam ter sido elaborados, devido ao seu conteúdo discutível. Nós, cristãos, não somos melhores do que os não crentes, pois toda a humanidade está debaixo do domínio do pecado, mas, somos diferentes, pois somos salvos pela graça de Deus, através da fé em Cristo (Rm 3:21-24).

"O ouvido prova as palavras como a língua prova o alimento. Tratemos de discernir juntos o que é certo e de aprender o que é bom." (Jó 34:3-4).

Não devemos, portanto, nos isolar do mundo, mas, vivendo nele, testemunhar de Jesus aos que estão se perdendo sem salvação (Mt 5:11-16). Santificação é separar-se do pecado e não dos pecadores (Jo 17:15-17). No entanto, devemos ter o discernimento cristão suficiente para analisar todas as situações e aprovar apenas aquelas que são edificantes (Fp 1:9-10; 1Ts 5:21; Tt 2:6), para mantermos a nossa mente sempre pura (Fp 4:8).

Devemos usar a nossa liberdade cristã de maneira sábia e responsável (Gl 5:13; 1Co 10:23; 6:12), buscar a direção de Deus na tomada de decisões (Cl 3:15; 1Jo 2:20,27) e fazermos tudo para a glória de Deus e em nome de Jesus (1Co 10:31; Cl 3:17).

Portanto, toda a glória e honra ao nosso Deus, o Pai das luzes, o Criador da criatividade.

sábado, 22 de maio de 2010

CONCUPISCÊNCIAS PECAMINOSAS

O ser humano está sempre querendo mais e mais e parece que nunca o que temos é o suficiente. Existe uma cobiça insaciável dentro do coração humano, pois, “os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv 27:20b; cf Ec 4:8). O problema da cobiça começou na “queda” do homem (Gn 3:6), onde a Bíblia afirma que:

“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu”.

Segundo as observações de Charles C. Ryrie na Bíblia Anotada (pp. 10-11), podemos visualizar três áreas de auto-engano que estão nas mesmas categorias de tentação encontradas em 1º João 2:16. Vamos, então, ver esta passagem:

“Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.

Concupiscência é, conforme o Dicionário Novo Aurélio:

“Desejo intenso de bens ou gozos materiais.” (p. 522).

Comparando as passagens de Gênesis, sobre a “queda do homem” e de 1º João sobre os prazeres do mundo, podemos traçar um paralelo entre três áreas nas quais o ser humano está propenso a cair em tentação: desejo carnal, desejo dos olhos e soberba.

Neste estudo vamos enfatizar apenas o desejo carnal e o desejo dos olhos. Ao comerem do fruto proibido, Adão e Eva perceberam um senso forte de culpa:

“Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira, e fizeram cintas para si.” (Gn 3:7).

Percebemos nesta passagem que eles, ao perceberem sua nudez, prepararam cintas (!?), inutilmente, com folhas de figueira na tentativa de esconder-se, mas logo adiante (v.21) Deus providenciou vestimentas de peles para os cobrir. Essa passagem nos mostra que Deus não deseja que o ser humano exponha o seu corpo, pois as cintas não foram suficientes, sendo necessário, portanto, preparar roupas.

Atualmente a humanidade sofre de um grave problema devido à cobiça da carne: a pornografia e a sensualidade lasciva que se espalha até mesmo dentro de igrejas e que tem o poder de destruir relacionamentos e até lares inteiros, pois podem levar a comportamentos destrutivos como o egocentrismo, o adultério e a prostituição (Pv 5:18-20; 6:27-35; 1Co 10:24).

Esta cobiça da carne, apesar de ser distinta, está na verdade intimamente ligada à cobiça dos olhos. Devemos evitar colocar alguma coisa impura diante de nossos olhos, algo que poderá fazer-nos cair em pecado (Sl 101:1-3) e nem cobiçar algo de propriedade de nosso próximo (Ex 20:17).

Em Mateus 6:21-23, Cristo nos ensina que devemos tomar cuidado com os nossos desejos, pois a nossa mente se firmará naquilo em que mais tivermos consideração (v. 21). Em seguida Cristo afirma que nossos olhos servem como luz para o nosso corpo. Se utilizarmos a nossa visão para desejar o bem, nosso corpo será luminoso, do contrário, estaremos em trevas (vv. 22 e 23). O Mestre Jesus também nos ensina que o homem pode adulterar apenas em olhar com uma intenção pecaminosa para uma mulher e que devemos nos esforçar para que sirvamos a Deus com os nossos olhos em santificação (Mt 5:27-29).

Paulo recomenda em sua primeira epístola a Timóteo, capítulo 2, nos versículos de 8 a 10, inspirado pelo Espírito Santo, quais devem ser algumas das atitudes de homens e mulheres. Aos homens primeiro:

“Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade.” (v. 8).

Em seguida Paulo fala às mulheres:

“Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas)” (vv. 9-10).

Este ensino bíblico não proíbe absolutamente o uso de jóias, mas ele quer ensinar que as mulheres devem dar prioridade para uma vida cristã piedosa, sempre usando a modéstia e o bom senso com suas vestimentas e não a ostentação, a vaidade exagerada ou a lascívia (sensualidade). Deus deseja que homens e mulheres tenham atitudes dignas e piedosas e não desejos lascivos (2Co 12:21; Gl 5:19-21; Cl 2:20-23; 3:1-7).

Tanto homens como mulheres devem evitar não só vestimentas que não edificam, mas, o contato com qualquer tipo de material que promova a sensualidade e a lascívia, ainda mais neste contexto atual onde o mundo secular, que só almeja o retorno financeiro e o sucesso, cada vez mais procura atrair principalmente os jovens a estes tipos de material impróprio. Não somente jovens, mas, adultos já numa idade considerada avançada e até mesmo crianças convivem com o drama do vício que tal material provoca, muitas vezes sem as pessoas perceberem inicialmente.

É preciso buscar com fé e perseverança a força necessária que só o Senhor Jesus Cristo pode dar para a libertação do poder escravizador destes pecados (Jo 8:31-36; 1Co 10:12-13).

domingo, 16 de maio de 2010

UM VENENO MORTÍFERO

A Bíblia afirma que palavras agradáveis têm o poder semelhante ao mel para a nossa alma e são saudáveis ao nosso corpo, inclusive (Pv 16:24).

A Palavra de Deus também afirma que devemos expressar sabedoria ao falar e ter o discernimento do que é mais agradável ao ouvido das pessoas (Pv 10:31-32; 15:2,4,26; 22:11; 16:24; Ef 6:19; 1Co 15:33).

O apóstolo Paulo, em conformidade com estes ensinos de Salomão, também afirmou que as palavras só devem sair de nossa boca se tiverem o intuito de trazer edificação aos nossos ouvintes, de acordo com a necessidade do momento (Ef 4:29).

Mas, Salomão trouxe outros ensinamentos com respeito ao nosso vocabulário. Ele afirmou que há um momento determinado para todas as coisas e propósitos (Ec 3:1), inclusive um momento certo para falar e outro para ficar em silêncio (Ec 3:7). Seus sábios e inspirados provérbios nos ensinam que devemos moderar os lábios (Pv 10:19), que uma pessoa que fala excessivamente traz um efeito no ouvinte semelhante à pontas de espada (Pv 12:18) e o que guarda a sua própria boca conserva a sua alma, mas o que muito a abre traz ruína para si (Pv 13:3).

Como podemos concluir, segundo a Bíblia, palavras agradáveis evitam distúrbios emocionais que podem acarretar problemas de ordem física também.

Distante destes ensinamentos bíblicos, porém, a nossa sociedade tem se deparado com a triste realidade de conviver com clinicas psiquiátricas repletas de pacientes com problemas de relacionamento, muitos deles, entre outros, traumatizados por um tratamento desumano recebido. Uma parcela significativa dessas pessoas é composta por filhos cujos pais jamais os elogiaram e apenas lançaram sobre eles palavras de rejeição. Uma triste realidade.

Infelizmente, até mesmo no meio cristão, em alguns casos, seja na família ou na igreja, encontramos conflitos e dissabores devido ao uso inadequado das palavras. Quantas vezes expressamos palavras da forma errada e no momento errado?! Quantas vezes expressamos a verdade, sim, mas, sem qualquer critério?!

É evidente que devemos sempre buscar a verdade, mas ela deve ser dita com amor e no momento adequado (Pv 15:23; Zc 8:16; Ef 4:15,29; Cl 3:8-14). Devemos também demonstrar sabedoria com nossas palavras (Sl 37:30-31; Pv 12:18; 15:7; 16:21,23; 18:7; 20:15) e evitar um vocabulário imoral e maledicente (Lv 19:16; Sl 1:1-3; Pv 3:29; Ef 4:31-32; 5:3-4; Cl 3:8; 1Pe 3:10-11).

No livro de Tiago aprendemos que se alguém imagina ser religioso, mas não sabe usar a língua adequadamente, ou seja, não domina as suas palavras, a sua religião é vã (Tg 1:26). Ele também afirmou que quem é capaz de dominar sua língua, é capaz de dominar todo o seu corpo e possui maturidade espiritual (Tg 3:1-4), pois a língua, mesmo sendo um pequeno órgão, pode acarretar terríveis estragos, pois ela é como um fogo, onde uma simples palavra maldosa pode ser como uma pequena fagulha que inceideia toda uma floresta, ou seja, o curso de nossa vida, sendo que a própria língua é incendiada pelo inferno, a língua é um mundo de iniquidade, um mal incontrolável e é carregada de veneno mortífero (vv. 5-8; cf. NVI).

Em seguida, Tiago também afirmou sobre a língua:

"Com ela bendizemos ao Senhor e Pai; também com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus: de uma boca procede bênção e maldição.” (vv. 9-10a; cf. Pv 15:4).

Essa afirmação de Tiago infelizmente é uma realidade, inclusive no meio evangélico.

Muitos de nós usamos as palavras para louvar a Deus, mas, por outro lado, a mesma língua que louva a Deus, também é capaz de falar mal de pessoas que foram, da mesma forma que nós, feitas à imagem dEle (Tg 4:11-12).

Mas, em seguida, Tiago nos exorta: “Meus irmãos, não é conveniente que estas cousas sejam assim” (v. 10b) e faz a seguinte reflexão: “Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso?” (v. 11).

Não devemos ter uma atitude dividida, nossa boca não deve exprimir palavras de bênção e maldição ao mesmo tempo, ela não pode ser como uma fonte doce e amarga. Mesmo que estejamos passando por um momento de provação ou de perseguição, devemos buscar uma atitude de mansidão, evitando a ira (Tg 1:19). Nestes casos, não devemos nos esquecer que uma resposta branda tem a capacidade de desviar a ira (Pv 15:1), que também devemos saber ouvir e responder na hora certa (Pv 18:13) e esperar em Deus (Sl 38:12-15; 39:1-2; 119:41-42), pois devemos, como cristãos, fazer tudo o que tiver ao nosso alcance para termos paz com todos (Rm 12:14,18; 1Tm 2:1-4; Hb 12:14; 1Pe 3:10-11).

Para termos um vocabulário adequado, devemos principalmente manter a mente pura, em santificação ao Senhor, pois nós falamos daquilo que ela contém, a nossa boca fala daquilo que o nosso coração (mente) está cheio. É do nosso enganoso coração que surge todo tipo de intenção pecaminosa (Pv 20:5; Jr 17:9; Mt 5:8; 12:33-37; Mc 7:20-23; Lc 6:45; Ef 4:23; Fp 4:8; Hb 9:12-14).

Ele, o nosso coração, já é naturalmente pecaminoso, automaticamente inclinado a pecar. Portanto, devemos induzí-lo a seguir o caminho correto, enchendo-o com os mandamentos do Senhor (Sl 119:9,11,105,112).

sábado, 15 de maio de 2010

DETERMINAR OU SUPLICAR?

Em João 14:11-14, Cristo afirmou que se crermos nEle, faremos grandes coisas (v. 12) e se pedirmos algo em Seu nome, o pedido será atendido com o propósito de Deus ser glorificado em Seu Filho, ou seja, no próprio Jesus Cristo:

“E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu o farei." (vv. 13-14).

Essa afirmação do Senhor, todavia, não pode ser considerada apenas como se fosse uma fórmula mágica para inserirmos o Seu Santo Nome no fim de nossas orações. Apenas usar esta expressão não é garantia de que tudo o que pedimos nos será concedido.

O que Cristo ensinou é que, devido ao fato de que Ele voltaria para o Céu, junto do Pai (v. 12), os discípulos permaneceriam na Terra dando continuidade na obra da Igreja e orariam pelas mesmas coisas que Cristo desejaria ver realizadas aqui se Ele estivesse pessoalmente entre eles. Seria como se os apóstolos tivessem recebido uma procuração de Jesus autorizando a eles pedirem a Deus em favor de Seu Reino na Terra. Antes de subir ao Céu, portanto, Cristo mostrou que a vontade de Deus está acima da nossa. Em Sua maravilhosa oração sacerdotal registrada no capítulo 17 do evangelho de João, podemos observar a intimidade e o respeito mútuo que existe entre Deus Pai e Deus Filho.

Jesus, mesmo com Seus atributos divinos, em nenhum momento de Sua oração demonstrou arrogância e pretensão. Muito pelo contrário, Ele disse: “Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal” (v. 15); e “Não rogo somente por estes...” (v. 20).

Ele não deu ordens ao Pai, Ele pediu, Ele rogou (comparem com Lc 22:39-46). Muitos de nós em nossas orações acreditamos que podemos determinar o que Deus deve fazer ou não. Muitas pessoas acreditam que se elas determinarem um acontecimento aqui na Terra, Deus, no Céu, confirmará o desejo delas.

Há alguns anos atrás (e acredito que até hoje), por exemplo, muitos evangélicos oravam assim:

“Senhor, nós ligamos aqui na Terra que os milagres irão acontecer entre nós, para que isso seja ligado também no Céu. Nós determinamos, então, que o Senhor vai fazer esses milagres.”

Esse é um exemplo de falha na interpretação das Escrituras, mais precisamente da passagem de Mateus 18:18, que diz:

“Em verdade vos digo que tudo o ligardes na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado no céu.”

Nos versículos anteriores, Cristo disse aos discípulos:

"Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüilo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.” (Mt 18:15-17).

O que Cristo ensinou aos discípulos é como deve ser realizada a disciplina na igreja. No caso de um irmão que tiver cometido um erro contra outro irmão, se este irmão faltoso não possuir disposição para o arrependimento e a reconciliação, mesmo depois de exortado em particular, por duas ou mais pessoas e mesmo depois de o caso ter sido levado aos irmãos da igreja, ele deve ser excluído da membresia (vv. 15-17).

Cristo, então, transmitiu aos apóstolos a autoridade de incluir ou excluir pessoas da comunhão da igreja em nome dEle. Assim, todos aqueles que os apóstolos incluíssem no rol de membros (“tudo o que ligardes na terra”), já teria sido antes arrolado no céu (“terá sido ligado no céu”) e todos aqueles que eles excluíssem da igreja (“tudo o que desligardes na terra”), já teria sido antes desarrolado no Céu (“terá sido desligado no céu”). Comparem com o que Cristo afirmou a Pedro (Mateus 16:19).

Sempre de Deus é que partiria a ação e não dos apóstolos. Em seguida, Jesus afirmou:

"Em verdade também vos digo que, se dois entre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (vv. 19-20).

Isso está de acordo com a passagem do evangelho de João que vimos anteriormente: o pedido será concedido, pois será feito em nome de Jesus, ou seja, estaremos pedindo algo no lugar de Cristo aqui na Terra, em conformidade com a Sua vontade.

Alguns segmentos evangélicos dos dias atuais poderiam se lembrar de alguns preceitos sobre a soberania de Deus (Sl 115:3). Algumas pessoas parecem que por uma questão de conveniência dão ênfase apenas ao Seu ilimitado poder (Is 43:13; Lc 18:27), se empenhando em campanhas de cura, prosperidade e milagres, marcando o dia e a hora exatos quando Deus, dizem, irá operar. Como se fosse uma “soberania agendada” e não livre.

Aprendamos todos nós com o Mestre Jesus. Nós devemos suplicar, rogar, pedir a Deus, assumindo a nossa posição de filhos amados, que têm um Pai bondoso e Todo-Poderoso, mas, que também é Soberano. Sim, Ele opera milagres e traz prosperidade, mas com quem Ele quer, quando Ele quer e da forma que Ele achar melhor (vejam Rm 15:32a; 1Co 4:19; 16:7).

domingo, 9 de maio de 2010

A TRÍADE VIRTUOSA: FÉ, ESPERANÇA E AMOR (PARTE 02)

"Agora, pois, permanecem a , a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o amor.” (1ª Coríntios 13:13; ARA; grifos nossos)

Retornando a este tão conhecido texto de Paulo aos coríntios, verificamos que o interessante é que o apóstolo, inspirado por Deus, atribuía uma importância tão grande a estas três virtudes (fé, esperança e amor) que ele ressaltou a dinâmica existente entre elas na vida cristã também em outras de suas epístolas e não somente aos coríntios. Observemos como as três virtudes conjuntamente atuam na vida dos cristãos:

“Recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa , da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo.” (1ª Tessalonicenses 1:3; ARA; grifos nossos).

Vejam mais uma vez aqui a tríade de virtudes: a operosidade da fé, ou seja, uma fé que reflete em atitudes, em prática. A abnegação do amor, ou seja, um amor que faz com que nos doemos ao próximo sem, no entanto, pensarmos em nós mesmos. E a firmeza da esperança em Cristo, uma esperança que não vacila diante das dificuldades do cotidiano. Mais ao final desta epístola aos tessalonicenses, Paulo afirmou:

“Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da e amor, e tomando como capacete a esperança da salvação.” (1ª Tessalonicenses 5:8; ARA; grifos nossos).

A fé e o amor, portanto, servem juntos como uma couraça e a nossa esperança de salvação em Cristo como um capacete para que em nosso cotidiano vivamos de maneira sóbria diante das dificuldades e diante dos ataques do maligno (comparem com Efésios 6:11-18).

Já aos gálatas, Paulo afirmou:

“Porque, nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da . Porque em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão, tem algum valor, mas a fé que atua pelo amor.” (Gálatas 5:5-6; ARA; grifos nossos).

Aqui Paulo assevera que a nossa esperança em Cristo, que nos justifica pelo Seu sacrifício na cruz, provém da fé nEle. Observemos a fé e a esperança juntos, a fé que produz a justificação, na qual está a nossa esperança (“...de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus...”, 1ª Pedro 1:21b).

Mas, a fé também atua mais uma vez aqui conjuntamente com o amor. Segundo Paulo, a fé que produz a nossa justificação diante de Deus, ela atua através ou pelo amor. É como vimos em 1ª Tessalonicenses 5:8, a fé e o amor atuam como uma couraça para as nossas vidas.

E por fim, aos romanos, Paulo asseverou que...

“...justificados, pois, mediante a , temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriemos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Romanos 5:1-5; ARA; grifos nossos).

Mais uma vez Paulo menciona a fé em Deus que nos torna justos diante dEle, que nos traz paz para com Ele e nos dá acesso direto a Deus por meio de Jesus Cristo, este Deus cuja a excelsa glória deve nos trazer esperança, esperança que é resultado de um processo permitido por Deus em nossas provações cotidianas, depois de vermos produzida em nós a perseverança e a experiência. Uma esperança que não nos desaponta, não nos engana, pois o amor de Deus, como afirmamos anteriormente, é derramando em nosso viver pelo Seu Espírito, que está em nós.

Mas o apóstolo Pedro também relatou a operação da tríade virtuosa (mesmo que implicitamente):

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a , para salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (1ª Pedro 1:3-5; ARA; grifos nossos).

Encontramos aqui claramente a esperança e a fé. Mas, e o amor? Se interpretarmos esta passagem com o auxílio de outra passagem de Paulo, descobriremos que o amor está presente, sim, nesta declaração de Pedro (implicitamente), pois ele mencionou a "misericórdia" de Deus pela Ele nos regenerou:

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo – pela graça sois salvos.” (Efésios 2:4-5; ARA).

Observamos que Paulo declara que Deus Pai é rico em misericórdia devido ao Seu grande amor por nós, pelo qual nos deu vida em Cristo. O que corrobora com o que Pedro disse: Deus Pai segundo a sua muita misericórdia nos deu nova vida mediante a ressurreição de Cristo. Portanto, implicitamente Pedro tratou naquela passagem do amor de Deus, quando mencionou ser Ele muito misericordioso.

A imensa misericórdia de Deus é reflexo exato do Seu imensurável amor. Da mesma forma, quando sentimos misericórdia por alguém, este é um reflexo do amor que estamos sentindo por aquela pessoa.

Bem, Pedro, então, afirmou que devido à misericórdia do Pai, reflexo do Seu amor por nós, Ele nos trouxe uma viva esperança com a ressurreição de Cristo, herdando nós, assim, uma vida perfeita no Céu, que é reservada pelo poder de Deus, mediante a nossa fé.

Quantas ligações, quantos vínculos edificantes podem ser desfrutados entre a fé, a esperança e o amor, não é mesmo? As três virtudes atuando em harmonia e nos aperfeiçoando por meio da ação sobrenatural de Deus em nosso viver. Mas, o amor continua sendo a maior das três virtudes. É como podemos observar na figura abaixo:

Vamos analisar um exemplo prático da atuação das três virtudes?

"E eis que uma mulher, que durante doze anos vinha padecendo de uma hemorragia, veio por trás de dele e lhe tocou na orla da veste; porque dizia consigo mesma: Se seu apenas lhe tocar a veste, ficarei curada. E Jesus, voltando-se, e vendo-a disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. E desde aquele instante a mulher ficou sã.” (Mateus 9:20-22; ARA).


Esta mulher sofrida dizia a si mesma que se ao menos tocasse nas vestes do Mestre, ela seria curada. Que tremenda fé, uma fé que alimentou uma esperança inabalável em alcançar o seu objetivo de encontrar-se com Jesus. E ela o alcançou, sua fé a salvou, uma fé prática, operosa, que a lançou em direção do Senhor com uma esperança firme, esperança que encontrou o amor abnegado de Cristo, que a curou imediatamente (compare com o que observamos anteriormente sobre 1ª Tessalonicenses 1:3).

No AT também encontramos um exemplo prático da tríade virtuosa, mas aqui, o salmista não usou a palavra fé, mas confiança em Deus, que não deixa de ser um sinônimo para fé, pois confiar em Deus é acreditar em alguém que não se vê e ainda poder ter a certeza (pois Ele é sempre fiel) daquilo que se espera em Deus:

"Nossa esperança está no SENHOR; ele é o nosso auxílio e a nossa proteção. Nele se alegra o nosso coração, pois confiamos no seu santo nome. Esteja sobre nós o teu amor, SENHOR, como está em ti a nossa esperança." (Sl 33:20-22; NVI; comparem com Ef 3:12 que equivale a confiança à fé).

Mas, por que o amor é maior que as outras duas virtudes, a fé e a esperança?

O amor é eterno, pois, Deus é amor e só o amor permanecerá entre nós no fim dos tempos, visto que não precisaremos de fé no Céu, pois, estaremos frente a frente, diante do Autor e Consumador na nossa fé (Hebreus 12:2), Jesus, um encontro aguardado e esperado por anos, décadas.


Aleluia! Com este encontro, juntamente com a fé, a esperança na promessa da vida eterna (1ª João 2:25) também terá encontrado o seu fim, pois não precisaremos esperar mais nada, não precisaremos de nada, pois seremos eternamente satisfeitos e felizes pela presença santa, excelsa e indescritível do nosso Deus, em um lugar sem choro, sem luto, sem dor (Apocalipse 21:3-5).

Com tudo isto, o que resta é o amor, o amor emanando do coração de Deus, refletido eternamente na Igreja triunfante, entre os salvos e redimidos pelo sangue do Cordeiro (Apocalipse 19:7-9), Cristo Jesus e devolvido a Deus por nós em eterna gratidão, adoração e devoção.

A esperança e a fé não são virtudes de Deus, não fazem parte da Sua essência, são virtudes dadas a nós por Deus, por causa da Sua imensa misericórdia (uma virtude, ou melhor, atributo de Deus) com que nos amou.

Deus não possui fé e esperança, pois Ele é Deus, Ele é perfeito, Ele não precisa ter fé em ninguém e nem esperar por ninguém para salvá-Lo de nada, e nem esperar por nenhum acontecimento, pois Deus não está vinculado aos poderes do tempo como nós estamos, Ele é eterno, Ele está no início, no meio e no fim de todas as coisas, Ele está no passado, no presente e no futuro. Agora, o amor, sim, é virtude (ou atributo) de Deus.

Por isso, o amor é eterno, ele é a essência do Ser de Deus. Além de tudo, o amor é o vínculo perfeito ou vínculo da perfeição para a unidade do Corpo de Cristo, a Igreja (Cl 3:12).

Por isso, juntamente com todas as outras virtudes (qualidades ou atributos) de Deus, como eternidade, imutabilidade, onisciência, misericórdia, bondade, justiça, soberania e perfeição, por exemplo, o amor de Deus deve ser proclamado àqueles que ainda não o conhecem, pois somos “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus”. E com que propósito? A fim de proclamarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (1ª Pedro 2:9).

Aleluia!! Que Deus nos abençoe. Amém.
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Links complementares ao nosso estudo:

sábado, 8 de maio de 2010

A TRÍADE VIRTUOSA: FÉ, ESPERANÇA E AMOR (PARTE 01)

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o amor” (1ª Coríntios 13:13).

Este é certamente um dos versículos mais conhecidos da Bíblia. Aqui, Paulo encerra sua explanação sobre o amor, antes de falar sobre os dons espirituais (Capítulo 14), destacando uma espécie de tríade de virtudes: a fé, a esperança e o amor, ressaltando porém, a superioridade do amor sobre as outras duas virtudes.

Virtudes? Não apenas virtudes, mas, podemos classificar estes três como dons de Deus, sem os quais não podemos viver adequadamente a carreira cristã. Aliás, ninguém, cristão ou não, consegue viver sem fé, sem esperança e sem amor.

“Virtude é uma qualidade moral particular. É ‘uma disposição habitual e firme para fazer o bem’ (CCIC, n. 377). Para S. Gregório de Nissa, ‘o fim de uma vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus’. A virtude na doutrina cristã: Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si tornando virtuosa a própria vida. No Cristianismo, existem 2 categorias de virtudes: - as virtudes humanas que ‘são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas’. Elas regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta humana segundo a razão e a fé. ‘Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos’, os cristãos acreditam que estas virtudes ‘são purificadas e elevadas pela graça divina’ (CCIC, n. 378). - as virtudes teologais, cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio Deus. Os cristãos acreditam que elas são infundidas no homem com a graça santificante, e que elas tornam os homens capazes de viver em relação com a Santíssima Trindade. Elas fundamentam e animam ‘o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas’. Para os cristãos, elas são ‘o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano’ (CCIC, n. 384). As virtudes teologais são três: fé, esperança e caridade. Entre as virtudes humanas são constantemente destacadas as virtudes cardeais: a prudência, considerada a virtude-mãe por ser instrumental e a base de todas as outras virtudes humanas; a justiça, uma ‘constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido’ (CCIC, n. 381); a fortaleza que ‘assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem’ (CCIC, n. 382); e a temperança que pode ser descrita como sendo a prudência aplicada aos prazeres. Estas quatro virtudes são consideradas as principais por serem os apoios à volta dos quais giram as demais virtudes humanas. A doutrina cristã destaca também constantemente as 3 virtudes teologais: a fé que consiste na confiança e na entrega livre do Homem a Deus, na aceitação e no acreditar das verdades reveladas por Ele e na conseqüente realização livre da vontade divina; a esperança que consiste no desejo e espera vigilante da vinda da vida eterna e do Reino de Deus prometidos por Jesus Cristo; e por fim, a caridade que, sendo considerada a mais importante e o fundamento de todas as virtudes e o «o vínculo da perfeição» (Col 3,14), consiste no amor ‘a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus’ (CCIC, n. 388)” (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Virtude).

Observemos nas Escrituras Sagradas, o porque destas três virtudes serem tão importantes e porque o amor é o mais importante das três:

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1); “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6); “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Romanos 1:17; comparem com Habacuque 2:4 e Gálatas 3:11); “E assim, a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17).

Depois de todos estes versículos, nem é necessário muita consideração sobre a importância da fé, não é mesmo? Vejam, acreditamos no mundo sobrenatural, nos milagres de Deus por meio da fé, vivemos pelo que não vemos e não pelo que vemos (2ª Coríntios 4:18; 5:7), a nossa fé é a vitória que vence o mundo (1ª João 5:4) e sem esta fé não podemos agradar a Deus. Sem fé não podemos viver, vivemos por ela, pois as obras (sempre justas) de Deus, isto é, Sua justiça, se revelam em Sua Palavra de fé em fé. E esta fé que pode gratuitamente nos salvar só é obtida pela pregação da Palavra de Cristo (comparem com Atos 3:16; Efésios 2:8).

Que tremenda responsabilidade daqueles que pregam a Palavra, ou seja, um dever de todos nós, cristãos: levar a Palavra de Deus para que ela gere a fé nos corações incrédulos.

E a esperança? Ora,

“Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara, não duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera” (Romanos 4:18-21).

O que dizer depois de um versículo como este? O patriarca hebreu Abraão suportou com esperança uma situação que para muitos seria desesperadora e sem esperanças. Ele “esperou contra a esperança”. Diante da promessa do Todo-Poderoso que ele seria pai de muitas nações, mesmo ele não podendo ter filhos, não perdeu a fé (e, assim, retornamos à fé neste momento). Aliás, a fé no sobrenatural (desculpem-nos a redundância) nos proporciona esperança, a esperança, por exemplo, de que Cristo ressuscitou e um dia voltará para nos buscar e estaremos para sempre com Ele, pois...

“...se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1ª Coríntios 15:19).

Quando Cristo se manifestar do Céu em Sua segunda vinda, seremos transformados em Sua semelhança e é nesta esperança que nos santificamos nesta vida (1ª João 3:2-3).

Paciente, benigno, não ciumento, não soberbo, se porta convenientemente, não se alegra com injustiças, mas com a verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e é eterno (1ª Coríntios 13:4-8). Quem não conhece este trecho das Escrituras Sagradas? Estas palavras de Paulo já foram tema de incontáveis sermões, livros e canções.

É, este é o AMOR. O amor é parte integrante do “Fruto do Espírito” (Gálatas 5:22-23), um reflexo comportamental daqueles que seguem a Cristo e, conseqüentemente, foram revestidos com o Espírito Santo.

O amor é o resumo, o cumprimento da lei de Deus (Mateus 22:37-40; Romanos 13:10; Gálatas 5:14).

O amor deve ser intenso entre os irmãos em Cristo, pois tem a capacidade de apagar (e não esconder) uma multidão de pecados (1ª Pedro 4:8). O próprio Deus é amor (1ª João 4:8,16), o amor é a Sua essência, é dEle que procede o amor (1ª João 4:7).

Hoje nós podemos sentir amor porque Deus nos amou primeiro (1ª João 4:19). Ele derrama o Seu amor em nossos corações por meio do Espírito Santo (Romanos 5:5) e prova o Seu próprio amor para conosco pois Cristo morreu por nós, mesmo sendo pecadores (Romanos 5:8; 1ª João 4:9).

Portanto, como Deus é amor e é perfeito (2ª Samuel 22:31; Jó 11:7), o amor é o vínculo da perfeição (Colossenses 3:14). É praticando o amor para com Deus e o nosso próximo que juntos prosseguimos nos aperfeiçoando até chegarmos à perfeição no Céu.

O amor verdadeiro é tão pregado e ansiado pela sociedade moderna, mas, tão pouco praticado! Nunca vimos tantas demonstrações de ausência de amor, até mesmo dentro das famílias, muitas totalmente destroçadas pelo egoísmo e pelo ódio.

domingo, 2 de maio de 2010

NOSSO ANIVERSÁRIO DE CASAMENTO: UM TESTEMUNHO

Era o dia 12 de novembro de 2001 e eu estava com um número de telefone na mão e uma incerteza no coração diante do desconhecido: se haveria um resultado positivo ou negativo com este telefonema. O número de telefone em questão era justamente o da Elda, minha esposa, que nessa época eu nem conhecia ainda, mas era o aniversário dela e eu consegui o número dela e tomei coragem e liguei e conversamos mesmo que timidamente.

Meses depois, no dia 27 de janeiro de 2002 começamos a namorar, em 24 de agosto do mesmo ano ficamos noivos e em 03 de maio de 2003 nos casamos. Resumindo, do dia que falei pela primeira vez com ela até o dia do nosso casamento se passou no máximo um ano e meio!! Pois é, realmente foi rápido, mas sabíamos e sentíamos que estávamos destinados um para o outro desde a eternidade pelo santo decreto de Deus. Fomos apanhados por uma paixão arrasadora que depois se transformou em um amor maduro e forte.

O que não sabíamos é que Deus, em Sua santa e justa soberania, permitiria em nossa vida conjugal, inúmeras e grandes provações, momentos e épocas realmente muito difíceis. E, na prática, percebemos o quanto foram valiosos e sérios os votos que fizemos no altar naquele dia feliz há sete anos atrás.

O namoro e noivado foram tempos de muita novidade e felicidade e os preparativos para a cerimônia de casamento e a própria cerimônia e a festa também foram bênçãos seguidas de bênçãos, só alegria, mas como todos aqueles que estão casados já há algum tempo bem sabem, o desafio não é se casar, mas permanecer casado. Não, não estou afirmando que é mais fácil se separar diante das dificuldades que surgem. O que estou afirmando é que o grande e saboroso desafio é continuar a cada dia amando e sendo fiel à mesma pessoa, mesmo diante das tribulações.

Enfrentamos juntos, entre outras provações na família, a minha quase total esterilidade e impossibilidade de ter filhos, a síndrome do pânico a qual fui acometido e ela também além desta síndrome, também passou por depressão. Passamos ambos pelo desemprego e profunda crise financeira e nos últimos meses passei pelo câncer colo-retal que, depois de radioterapia e quimioterapia e graças a uma bem sucedida cirurgia foi estirpado totalmente.

Encaramos tudo isso juntos, mas com a poderosa mão do Senhor Jesus nos sustentando e orientando e é claro que tivemos muitos e muitos momentos de alegria, aliás, na grande maioria das vezes. Mas, o que queremos destacar é como é desafiador e compensatório exercitar o altruísmo, lutando contra o nosso egoísmo, e pensar em primeiro lugar no cônjuge.

Nós todos somos falhos pecadores e apenas com a direção e força do Senhor, nos moldando, podemos ter êxito no casamento.

sábado, 1 de maio de 2010

REFLETINDO SOBRE A FALÊNCIA E A RESTAURAÇÃO DA FAMÍLIA

Sábado, dia 15 de maio, será celebrado o Dia Internacional da Família. Já estamos no que costumamos denominar na Igreja Presbiteriana do Brasil de "o mês do lar", mas o tempo está passando rapidamente e a cada dia que passa, infelizmente, a família, do ponto de vista bíblico, está se desestruturando, fora e dentro da igreja evangélica em todo o mundo, infelizmente.

Não desejamos aqui repetir todos os ensinamentos bíblicos com os quais já estamos (ou deveríamos estar) mais do que preparados para desempenharmos nossos papéis dentro do contexto familiar, ensinamentos que são propagados com firmeza e zelo na Escola Bíblica Dominical (para aquelas igrejas que ainda a possuem ou possuem uma forma diferente de escola bíblica) e são expostos à exaustão nas centenas e centenas de livros, palestras e cursos que temos disponíveis no mercado evangélico atualmente para a nossa edificação familiar.

Os ensinamentos aos quais aludimos são por exemplo: os filhos honrarem pai e mãe, os pais educarem seus filhos mesmo que tenham que castigá-los com "boas palmadas" desde a infância (o que a sociedade moderna já repeliu), mas não levarem seus filhos à ira, bem como o amor abnegado e sacrificial do marido pela esposa, a submissão co-participativa da esposa para com o marido, a união inseparável do casamento, regada com muito altruísmo (e não egoísmo), companheirismo, perdão constante e compreensão, entre tantos outros preceitos.

Nem vamos entrar na questão da violência doméstica, tão propagada pela mídia: filhos assassinando seus próprios pais, pais assassinando ou abandonando seus filhos, etc. Nos limitaremos à esfera do contexto familiar cristão evangélico atual.

Nossa intenção é tão somente a de alertar a cada um de nós sobre o perigoso e desastroso descaso que vem ocorrendo durante muitas gerações à respeito de princípios elementares do cristianismo, como a família, que é a célula primordial da Igreja. O descaso e a falta de transmissão adequada dos preceitos bíblicos durante várias gerações, as quais paulatinamente tem se esquecido de Deus, se amoldando aos padrões de conduta seculares, certamente contribuíram muito para este quadro de desgaste do modelo bíblico familiar que, por sua vez, é uma triste realidade presente em vários lares cristãos, inclusive.

Não é preciso estudar muito para reconhecer que Satanás está por trás de tudo isso, auxiliado é claro pela natureza pecaminosa do ser humano. O ser humano já é por natureza egocêntrico, Satanás "apenas" dá um bom empurrão na situação para que ela piore ainda mais. Qual é a estratégia dele? É evidente: destruindo ou desestruturando as famílias, ele destrói ou desestrutura totalmente uma igreja ou pelo menos a deixa em "ruínas", mesmo que paulatinamente. Qual o propósito Dele? Fazer com que a igreja se desvie das verdades bíblicas e se mundanize com conceitos meramente humanos e o materialismo. Assim, indiretamente Satanás estará recebendo de certa forma o louvor, pois ele é o dominador deste mundo corrompido e desviando de Deus a glória devida somente a Ele. Satanás quer toda a glória para si desde o começo, por isso ele "caiu" de sua alta posição e foi expulso do Céu, pois toda a glória é devida somente a Deus.

Bem, voltando ao assunto principal, percebemos que muitos pais não repassam mais as tradições cristãs e a importância de se ter uma comunhão com Deus e Sua Palavra aos seus filhos como há décadas atrás era comum e era realizada com dedicação e perseverança. Era muito comum, há muitos anos, os pais unirem os filhos à mesa para realizarem o saudoso "culto doméstico" e em comunhão uns com os outros compartilharem verdades sobre Deus e a comunhão com Ele e Sua Palavra e orarem juntos. Será ainda possível nos dia de hoje existir essa cena em pelo menos alguns lares cristãos? Esperamos em Deus que sim. E acerca desta triste e alarmante realidade David J. Merkh, em seu livro ?101 idéias criativas para o culto doméstico? (p.11), sabiamente alertou:

"(...) Qualquer pessoa que tenha experimentado um período de amnésia conhece a sensação desconcertante de acordar de repente e perceber que uma parte de sua vida foi apagada da memória. Que tragédia! Contudo, uma tragédia ainda maior persegue hoje inúmeras famílias cristãs. Acreditando-se vencedoras, descobrem que estão prestes a perder a batalha pela preservação da lembrança mais preciosa do nosso legado espiritual. A amnésia espiritual apaga das nossas mentes a lembrança de Deus. Identificamos um padrão que parece se repetir com certa freqüência entre as famílias crentes: A primeira geração conheceu a Deus. A segunda geração conheceu fatos acerca de Deus. A terceira geração não conheceu a Deus (...)?" [vejam Dt 6:10-12].

É evidentemte que a sociedade mudou muito nas últimas décadas e a velocidade e qualidade dos relacionamentos e vínculos afetivos foram "sugados" para a esteira desta tendência. Vivemos em uma sociedade imediatista e egocêntrica, onde os relacionamentos não precisam mais ser tão profundos, mas são instantâneos e muitas vezes descartáveis. As pessoas, mesmo em meio à uma multidão ou com um acesso ilimitado à internet, através da qual podem ter acesso ao mundo todo, se sentem solitárias, vazias. As pessoas estão muito próximas geograficamente, mas muito distantes afetivamente.

E infelizmente a família evangélica, não só no Brasil, mas no exterior, tem sofrido com estes sintomas da vida moderna ("moderno" nem sempre significa "ideal"). Os pais conversam pouco com seus filhos e os filhos se afastam cada vez mais dos pais, se isolam. Cada membro da família possui seus próprios afazeres, sua agenda "apertada", ninguém tem mais tempo para ninguém muitas vezes. Muitos pais cristãos, inclusive lideres evangélicos, não se importam mais qual será a decisão dos filhos sobre qual religião seguir, se eles estão usando roupas adequadas, se dão importância a temas como virgindade, drogas e até mesmo a preferência sexual. E isso é sério demais.

No futuro, os pais colherão frutos amargos devido ao seu descaso no passado. Transmitir ensinamentos bíblicos então nem pensar, os pais não têm mais tempo, deixam para que a Escola Bíblica Dominical ensine (e geralmente os professores são excelentes), mas os filhos, por falta de exemplo na família, acham a igreja um lugar enfadonho, chato, triste, uma perda de tempo e geralmente a frequentam para exercitar sua sociabilidade com seus colegas e amigos, o que é bom, mas é muito pouco. Geralmente os jovens e adolescentes "precisam" ser atraídos para a Igreja através de muito "show gospel", danças, "baladas gospel", etc, reuniões de oração, jejum, estudos bíblicos e gincanas bíblicas foram "tiradas do cardápio", o "apetite da galera" mudou com o tempo. Mas, devemos orar a Deus e auxiliá-los para que eles tenham "fome espiritual" pela Palavra de Deus, que sejam quebrantados pelo Espírito Santo de Deus, reconheçam a sua pequenez, caminhem pelo caminho da verdade e tenham prazer em estudar a Bíblia na igreja e principalmente em casa.

Acredito que os prezados irmãos já devem ter verificado essa cena, senão em suas igrejas, mas em outras: geração após geração de jovens cada vez mais imaturos na fé, não sabem praticamente nada sobre a Bíblia, não possuem temor a Deus e reverência ao adentrar no templo (no modo de falar e de vestir). As saudosas gincanas bíblicas são "peças empoeiradas no museu eclesiástico" (mas devem ser resgatadas de lá urgentemente).

O problema não é que os jovens se esqueceram de Deus, a questão é que parece que eles nem aprenderam quem Ele é, que não foram ensinados sobre Ele pelos pais, muitos dos quais mostraram um testemunho tão ruim aos filhos que destruiram qualquer chance dos mesmos buscarem ler a Bíblia ou irem a igreja, pois não viram seus pais praticarem o que pregavam, se é que pregavam realmente, pois muitas vezes os pais nem amor um pelo outro demonstram mais há muito tempo e o divórcio parece uma alternativa mais do que atraente (mesmo nos lares "evangélicos"). Temos que ponderar evidentemente que muitos e muitos pais ensinam sim as verdades bíblicas e dão exemplo e testemunho cristão, mas o fascínio que o mundo atual e corrompido exerce sobre os adolescentes e jovens acaba "roubando a semente da Palavra plantada no coração deles" e eles acabam se desviando do caminho da verdade.

A culpa é de quem afinal? De Deus? É evidente que não. Ou do diabo? Ou da liderança da igreja? Dos pais? Dos filhos? Da sociedade corrompida na qual vivemos? Não, não vamos indicar culpados. Na verdade, com exceção de Deus, é lógico, cada um pode ter uma parcela de culpa em tudo isso, mas podemos mudar esse quadro, agora com a participação de Deus, é lógico, e com muita oração, perseverança e preparo bíblico.

Felizmente, temos tido a impressão que a situação está aos poucos sendo revertida, muitos jovens e adolescentes atualmente parecem estar sendo chamados para uma geração que não apenas canta, toca, dança e pula, mas principalmente com mais interesse pela Palavra de Deus e pelo Deus da Palavra. Que realmente seja assim. Amém.

Seja qual for a situação em que a minha ou a sua família estiver vivenciando, seja entre marido e mulher ou com relação aos filhos, não nos esqueçamos: Há esperança de restauração e reedificação da família em Jesus Cristo. A família é criação de Deus, é instituição divina, é a célula essencial de outra instituição divina: a Igreja. Deus, portanto, tem sempre um plano para a família.

É preciso, por exemplo, repensar no modelo doméstico de culto, mesmo com tanta correria diária. É preciso contextualizar a reunião devocional doméstica, mas não "modernizar" os preceitos bíblicos que são imutáveis. Ou então outras diversas soluções. De qualquer forma, sem sombra de dúvida, é preciso muito discernimento e jogo de cintura para manter a família cristã ao mesmo tempo inserida neste mundo corrompido e ao mesmo tempo incontaminada, alicerçada no modelo bíblico e nos propósitos divinos para a família.

Busquemos a Deus suplicando discernimento, sabedoria e orientação, pois os dias são maus e não parece que a situação irá melhorar com relação ao mundo. Já desde o ensino básico, os filhos de pais cristãos sofrem com péssimas influências na escola, companhias nada edificantes muitas vezes. Sem mencionarmos o que a mídia escrita, televisiva, a internet, os video-games e o cinema despejam de "lixo cultural" (existem muitas exceções) sobre as crianças, jovens e adolescentes. Por tudo isso, a Igreja, como a família cristã, deve estar alerta e não perder mais as suas tradições (tradição é diferente de tradicionalismo).

Um excelente começo é por em prática um ensino básico encontrado nos salmos, uma parte de um lindo poema da família de Asafe: Transmitir sem interrupção de geração para geração os feitos maravilhosos de Deus e o Seu grandioso poder:

"...o que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos contaram. Não os esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração os louváveis feitos do SENHOR, o seu poder e as maravilhas que fez." (Sl 78:3-4).

Que realmente façamos assim. Amém.
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NOTA: Sobre a data comemorativa mencionada no início do artigo, acessem: