domingo, 29 de agosto de 2010

O CICLO CRISTÃO DE CONSOLAÇÃO MÚTUA

A adversidade e sofrimento muitas vezes são tão grandes, tão avassaladores que muitos de nós acabam desanimando da carreira cristã e se afastando da comunhão com Deus. Mesmo assim, em Sua eterna misericórdia, o próprio Deus sempre prepara pessoas para estar ao nosso lado e nos trazer o conforto e encorajamento, sejam amigos, irmãos ou familiares.

"Um homem desesperado deve receber a compaixão de seus amigos, muito embora ele tenha abandonado o temor do Todo-poderoso" (Jó 6:14).

Há muitos desanimados, frustrados e feridos emocionalmente dentro de muitas igrejas e famílias evangélicas atualmente e que precisam de amparo. Não apenas dentro dos "limites" evangélicos, mas evidentemente fora da igreja também.

Desde cedo trabalhamos duro para nos sustentar, com honestidade vivemos uma vida de cidadania e patriotismo, frequentamos a igreja, desempenhamos nossos dons e ministérios, em nosso convívio familiar nos esforçamos para sermos bons pais ou mães, filhos, maridos ou esposas, etc. Pelo menos é como deveria ser. Uma boa parcela de nós se doa pelos outros, doa o seu tempo e seus recursos materiais, exorta aqueles imaturos, fortalece aqueles que estão desanimados, intercede pelos enfermos e os visita, insentiva aqueles que sonham e planejam, se alegram com os que se alegram, choram com os que choram, etc., etc.

Mas, de repente, as provações semelhantes que vimos na prática atingirem a vida dessas pessoas que auxiliamos, se viram contra a nossa própria vida e nos atingem furiosamente, friamente e nos derrubam, nos deixam prostrados, desanimados.

Por que? Porque na prática, quando sentimos as dificuldades as quais ajudamos os outros a enfrentarem, terminamos desolados, como se tudo o que ensinamos aos outros fosse mera teoria? Ensinamos a eles como enfrentarem as situações adversas, mas ao passarmos por elas, não conseguimos saber como lidar com elas. Na prática, a teoria é bem diferente não é mesmo?

"Todos temos períodos de bonança. Mar calmo, céu límpido e, assim, deslizamos sem surpresas pela vida. De repente, uma tempestade imprevisível se levanta. À medida que a atravessamos perdemos o fôlego, as reservas se esgotam e  ânimo vacila. A vida nunca é reta, mas é curva e sinuosa [...]" (Augusto Cury; "Treinando a emoção para ser feliz", pp. 144-145).

Praticar aquilo que ensinamos não é fácil quando estamos passando por uma situação difícil. Ser bondoso e caridoso nos momentos de bonança é fácil, o difícil é manter esse caráter quando somos lançados de um lado para o outro pelas ondas desconsertantes do mar agitado da vida cristã. Principalmente quando só olhamos para a força da tempestade e não olhamos fixamente para o Autor da nossa fé, Jesus, que pode fazer a tempestade parar quando Ele quiser ou pode nos tomar pela mão e nos levar através da tempestade até um local de bonança (Mt 4:25-32; Hb 12:1-2). 

Quando acontecem tamanhas provações conosco, tudo parece ser diferente. Nunca imaginamos que algo como aqueles fatos adversos que vimos em nossos amigos, irmãos e familiares, etc. fossem nos atingir. Nós nunca pensamos que possa acontecer conosco, mas apenas sempre com os demais. Na prática é muito mais complicado. Onde teria se escondido toda aquela esperança e aquela fé que demonstrávamos aos que estavam desanimados? Onde foi parar aquela confiança que demonstrávamos em nossa vida piedosa? As seguintes palavras de Elifaz, amigo de Jó refletem exatamente isso:

"Pense bem! Você ensinou a tantos; fortaleceu mãos fracas. Suas palavras davam firmeza aos que tropeçavam; você fortaleceu joelhos vacilantes. Mas agora que se vê em dificuldade, você desanima; quando você é atingido, fica prostrado. Sua vida piedosa não lhe inspira confiança? E o seu procedimento irrepreensível não lhe dá esperança?" (Jó 4:3-6).

Aliás, será que somos realmente um exemplo de vida piedosa? Que cada um de nós avalie sua própria vida diante de Deus. Nós sempre imaginamos que uma vida piedosa e de caridade, de serviço a Deus pode nos isentar de um período de provação em alguns momentos da vida. Do alto de nossa vida piedosa, a provação nos pega de surpresa, no entanto. O texto bíblico a seguir, mostra Jó complementando exatamente esse nosso raciocínio: Jó vivia seguro, próspero e era um homem piedoso, mas a imensa provação pela qual passou o pegou de surpresa, ele não esperava enfrentar tanta dificuldade:

"A verdade é que ninguém dá a mão ao homem arruinado, quando este, em sua aflição, grita por socorro. Não é certo que chorei por causa dos que passavam dificuldade? E que a minha alma se entristeceu por causa dos pobres? Mesmo assim, quando eu esperava o bem, veio o mal; quando eu procurava a luz, vieram trevas. Nunca pára a agitação dentro de mim; dias de sofrimento me confrontam." (Jó 30:24-27; NVI).

Na verdade não devemos fazer o bem esperando apenas receber o bem de volta. Devemos, mesmo em meio aos sofrimentos, confiar em Deus e, consequentemente, praticar o bem. Afinal, fomos salvos pela graça Dele mendiante a fé em Cristo para praticarmos boas obras (Ef 2:8-10):

"...aqueles que sofrem de acordo com a vontade de Deus devem confiar sua vida ao seu fiel Criador e praticar o bem." (1Pe 4:19).

Mas, e então, onde está toda a confiança e esperança que demonstrávamos? Onde foram parar? Na verdade, nós, nestes momentos de grande adversidade, as perdemos praticamente por completo, mas existe uma maneira de as obtermos de volta.

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação. Se somos atribulados, é para consolação e salvação de vocês; se somos consolados, é para consolação de vocês, a qual lhe da paciência para suportarem os mesmos sofrimentos que nós estamos padecendo." (2Co 1:3-6).

Na verdade as forças que tínhamos estavam vindo do Pai  Celeste, o Deus de toda consolação. Se estávamos bem, era porque Deus já havia nos dado força suficiente para nos erguermos de uma situação adversa, mesmo que Ele estivesse usando as vidas de pessoas próximas de nós para isso. Por isso, podíamos consolar os demais. Mas, agora, mais uma vez precisamos deste consolo que vem de Deus ou Ele pode ainda usar aqueles que estão de pé, firmes e sem se abalar, para nos auxiliar e aí a situação se inverte, ficamos do outro lado do ciclo. É o ciclo cristão de consolação mútua. Na verdade essa mútua consolação, esse apoio recíproco deve ser almejado e pode ser vivenciado em qualquer esfera da nossa vida social, não apenas na igreja, mas na família, na escola, no trabalho, etc.

"No mundo instintivo, o individualismo prevalece; no mundo emocional, prevalece a dependência. A competição excessiva destrói a tranquilidade, abate o prazer de viver e debela a eficiência intelectual. O individualismo é amigo da solidão e ambos fecham as portas para a felicidade [...] Às vezes carregamos os outros, outras vezes eles nos carregam. Uma mão lava a outra. A família deve ser uma grande equipe. Os colegas de trabalho devem ser uma grande família. A gestão participativa em qualquer esfera social expande as soluções e transforma o ambiente num oásis. Trabalhar em equipe é uma arte." (Augusto Cury; "Treinando a emoção para ser feliz", p. 51).

Deus é o Deus de nossa consolação. Ele sempre quer nos ver felizes, mesmo que permita provações em nossas vidas. Ele sempre deseja o nosso bem. Ele sempre tem o melhor preparado para nós.

sábado, 28 de agosto de 2010

ALEGREI-ME QUANDO ME DISSERAM: "VAMOS TODOS PASSAR TRIBULAÇÃO"


"Pois o sofrimento não brota do pó, e as dificuldades não nascem do chão. No entanto, o homem nasce para as dificuldades tão certamente como as fagulhas voam para cima. Mas, se fosse comigo, eu apelaria para Deus; apresentaria a ele a minha causa. Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar. Derrama chuva sobre a terra, e envia água sobre os campos. Os humildes, ele os exalta, e traz os que pranteiam a um lugar de segurança." (Jó 5:6-11).

Ninguém em todo o mundo em sã consciência deseja passar por dificuldades, provações, etc. Ninguém jamais ergue sua voz a Deus e clama de coração: "Dá-me, Senhor, inúmeras provações para que eu possa demonstrar na prática a minha fé por ti, para que o Senhor seja glorificado através da minha tribulação".

É evidentemente que sempre desejamos louvar e agradar a Deus, mas temos a tendência natural de desejarmos que isso ocorra através de situações que nos façam o bem. Obviamente, dificilmente imaginamos realizar esse desejo por meio dos problemas. O desejo de ser feliz constantemente e conquistar a paz está gravado em nossos corações, no fundo de nossa alma e é a nossa luta diária, faz parte de nossa auto-estima, nossa auto-proteção, mas, o que todos nós não podemos negar e nem evitar são justamente as tribulações diárias que cada um de nós precisa enfrentar para amadurecer na fé, nas emoções, no caráter, etc.

Existem diferentes fases pelas quais nós passamos diantes das provações, ou seja, diferentes formas de "enfrentá-las", ou melhor, "reagir" diante delas. Vamos comentar apenas três tipos de comportamento:

Para muitos as provações são motivo de murmuração, eles murmuram em todo lugar, no trabalho, na igreja, na escola e no lar. Murmuram com as pessoas e até mesmo com o próprio Deus. Eles se afastam do convívio sadio com os demais do círculo de amizade, pois gradativamente vão se tornando pessoas "amargas", "rancorosas", "de mal com a vida".

Para muitos as provações são motivo de desespero, eles perdem completamente a direção correta da vida, não conseguem raciocinar corretamente quais decisões tomar, não sabem ou se esqueceram onde encontrar refúgio e consolo e se fecham em sua angústia e isso pode lhes causar com o tempo a tão temida depressão e a síndrome do pânico, por exemplo.

Para poucos, muito poucos, as provações são motivo de alegria. É isso mesmo, ALEGRIA. Eles se sentem felizes por estarem sendo provados por Deus, por terem o privilégio de sofrer por Cristo Jesus. Privilégio de sofrer? É isso mesmo.

Você pode até dizer como o salmista: "Alegrei-me quando me disseram: 'Vamos à casa do SENHOR!'" (Sl 122:1)

Você pode até dizer: "Alegrei-me quando me disseram 'Vamos à um show daquela banda que você gosta'".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Vamos fazer aquela viagem de férias que tanto planejamos'".

Você pode até dizer: "Alegrei-me quando me disseram 'O casal fulano e fulana vão ter um filho'".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Vamos àquele churrasco que o fulano vai oferecer para arrecadar recursos para obras de caridade'".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Você foi finalmente promovido e o seu salário vai duplicar de valor!".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Seus exames só tiveram resultados bons, sua saúde está excelente, não há com o que se preocupar".

Mas dificilmente você ou eu, dificilmente nós dizemos: "Alegrei me quando me disseram: 'Vamos todos passar por tribulações'".

Que ensinamento difícil de praticar não é mesmo? Mas, quem disse que iremos passar por tribulações? A Bíblia, que sempre está certa.

Vamos confessar: quem entre nós consegue diante de uma provação dizer sinceramente a Deus o quanto está feliz por ter sido escolhido por Ele para passar por tamanha prova de vida, pois está tranquilo(a), ciente que é para o seu próprio bem que Ele está permitindo tudo?

Admitamos que muitos de nós conseguem ter este comportamento, sim, mas eles não chegaram a este estágio sozinhos e nem de uma hora para a outra, mas com a força e a sabedoria de Cristo durante algum tempo para amadurecerem espiritualmente. Essa maturidade constantemente informa ao nosso coração que se Deus, que é sempre fiel e justo, que tem todo o poder em Suas mãos, em Sua soberania e conforme a Sua boa, perfeita e agradável vontade decidiu permitir uma prova de fé em nossas vidas através de algumas dificuldades, então devemos encarar essas tribulações como um grande privilégio, uma grande oportunidade de estar mais próximos de Deus e melhorar o nosso caráter ainda mais. Pois é, isso é maturidade cristã, mas como é difícil chegar a este patamar de crescimento espiritual!!

Atualmente prega-se muito pouco a respeito deste assunto nas igrejas evangélicas, parece que está se tornando inconveniente falar sobre problemas, está se tornando mais cômodo pregar a teologia da prosperidade (mesmo que muitas vezes inconscientemente), asseverando que os cristãos devem declarar, determinar e reinvidicar a sua vitória a qualquer preço, determinar e receber a unção da sua prosperidade financeira e na saúde. É mais prazeroso, cômodo e mais conveniente para o nosso ego e para o crescimento numérico (e não qualitativo) da igreja. Isso é imaturidade cristã. Afinal, nós temos realmente a mente de Cristo ou fazemos tudo seguindo só o que está em nossa mente carnal?

Mas é exatamente o contrário que a Palavra de Deus assegura: o cristão passa por tribulações.

Se alegrar nas provações é um estágio de maturidade espiritual que podemos alcançar com a força e a sabedoria de Cristo, é um mandamento bíblico: devemos nos alegrar nas provações. E mais: as provações são motivo de GRANDE alegria. Difícil não é mesmo?

"Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações..." (Tg 1:2a).

É difícil, mas sabemos que Deus não faz nada, absolutamente nada sem um propósito benéfico, inclusive em relação às provações. Ele não é um espírito carrasco e castigador que só envia dificuldades para nos ver sofrer, como se o sofrimento fosse um fim em si mesmo, como muitos podem imaginar. Deus tem tudo sobre o Seu controle soberano, se Ele nos enviou, nos permitiu uma provação e ainda por cima ordena que consideremos essa provação um motivo de grande alegria, é porque Ele vê as circunstâncias da nossa vida, boas ou não, muito além da nossa visão limitada, é porque Ele também é justo e bondoso e tem o propósito de nos tornar pessoas melhores, mais maduras, experientes, perseverantes, com uma fé provada, alicerçada Nele. Por que se alegrar grandemente nas provações então?

"...pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma." (Tg 1:2b-4).

Vejamos ainda o que o apóstolo Paulo ensinou aos romanos (e a todos nós), reforçando ainda mais o ensino de Tiago que acabamos de ver:

"Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu" (Romanos 5:1-5).

Para um estudo mais detalhado desta rica passagem da epístola aos romanos, sugerimos a leitura da nossa postagem "DEUS NUNCA VAI DECEPCIONAR A NOSSA ESPERANÇA NELE", do dia 28/03/2010.

Será que conseguiríamos sentir coragem e nos alegrar em TODAS as tribulações, de maneira TRANSBORDANTE, seguindo assim o exemplo do apóstolo Paulo? Ele afirmou:

"Sinto-me bastante encorajado; minha alegria transborda em todas as tribulações." (2Co 7:4b).

"Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja." (Cl 1:24).

É difícil não é mesmo? Mas, Paulo, mais adiante na segunda epístola aos coríntios, ensina que ALEGRIA e GENEROSIDADE em meio a uma SEVERA TRIBULAÇÃO e na EXTREMA POBREZA é uma GRAÇA que Deus (só Ele mesmo) pode nos conceder. Geralmente fazemos o contrário: na mais severa tribulação e diante de uma crise financeira, por exemplo, nos mostramos entristecidos e cheios de avareza. Portanto, nos alegrar nas provações não é algo que venhamos a conseguir com nossos próprios esforços:

"Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade." (2Co 8:1-2).

Os cristãos de Tessalônica seguiram o exemplo de Paulo. Melhor ainda, se tornaram imitadores do apóstolo e do próprio Senhor Jesus. Com os tessalonicenses também ocorreu algo semelhante ao que ocorreu na Macedônia. Em meio às tribulações, eles conseguiram receber a Palavra com alegria, alegria que foi concedida por Deus, na Pessoa do Espírito Santo:

"De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor, pois, apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo." (1Ts 1:6).

Paulo realmente conseguia expressar alegria em meio às situações adversas da vida, ele aprendeu e ensinou que a graça de Deus nos basta, que devemos nos alegrar ainda mais nas tribulações para que o poder de Cristo repouse sobre nós e que o poder se aperfeiçoa nos momentos de fraqueza (2Co 12:9-10) e, mesmo em uma situação injusta como a da prisão por causa de seu testemunho juntamente com Silas, eles cantavam louvores a Deus e oravam em plena meia noite e acorrentados pelos pés a um tronco, depois de terem sido severamente açoitados, testemunhando de sua fé em Deus aos demais presos (At 16:22-25).

E o apóstolo Pedro também ensinou a alegria que pode ser desfrutada mesmo nas tribulações, mais especificamente, por aqueles que desejam seguir a Cristo e praticar o bem:

"Quem há de maltratá-los, se vocês forem zelosos na prática do bem? Todavia, mesmo que venham a sofrer por que praticam a justiça, vocês serão felizes. Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados. Antes, santifiquem a Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." (1Pe 3:14).

"Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria." (1Pe 4:13).

Será que temos usado as tribulações para testemunhar da esperança que está em nós? Mas, como ter esperança diante de tanta tribulação? Na verdade, a esperança começa a ser criada em nós justamente quando passamos por tribulações, como já mencionamos anteriormente. É a escalabilidade do caráter cristão: nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, produz a esperança.

Mas, não é apenas isso que vimos até agora, Deus nos garante que de boa vontade pode nos conceder sabedoria para enfrentar essas provações, se pedirmos com fé, sem duvidar, mesmo que uma provação esteja parecendo estar muito além das nossas forças, o que pode levar muitos a ter a sua fé abalada e começar a duvidar da providência divina (vejam Tg 1:5-8).

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

VENCENDO A SÍNDROME DO PÂNICO E O CAOS EMOCIONAL

(MEU DEPOIMENTO REAL)

"[...] Um dos grandes inimigos produzidos no âmago da alma humana e que causa uma tormenta nas águas da emoção é o medo. Há medo de todos os tipos: medo do amanhã, medo de perder o emprego, medo de falar em público, medo de pessoas, medo do que os outros pensam e falam de si, medo de doenças, medo do fracasso, medo de expressar os pensamentos, medo de ficar sozinho, medo de estar em público, medo do futuro dos filhos, medo do medo, medo da morte. Em psiquiatria, chamamos o medo de fobia. Um dos medos mais marcantes da atualidade e que está atingindo adolescentes, adultos e pessoas idosas é a síndrome do pânico. Nunca o homem teve uma medicina tão avançada e nunca teve tanto medo de morrer [...] Uma das características básicas da síndrome do pânico é a fobia social. O paciente passa a ter medo de ficar em público, de frequentar festas, bancos, reuniões sociais. Tem medo de ter uma crise e ninguém socorrê-lo ou sofrer um vexame em público. Há milhões de pessoas vítimas dessa doença, a qual é totalmente tratável [...]" (Augusto Cury, “Treinando a emoção para ser feliz”, pp. 83-85).

Era a tarde do dia 13 de novembro de 2006. Eu acabara de sair de uma cirurgia simples e graças a Deus deu tudo certo. Foi um sucesso...fisicamente falando, mas, emocionalmente...o que eu jamais iria esperar (e os médicos também) é que eu começara a conviver com uma crise aguda de ansiedade, jamais vivenciada em 33 anos de vida.

Sempre fui uma pessoa tranquila e até certo ponto sempre controlei a ansiedade. Durante alguns dias, contudo, eu atravessei crises intensas de ansiedade, a ponto de precisar me deslocar ao pronto socorro duas vezes. Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, suspeitava que era um problema de pressão alta ou de coração (que parecia querer sair pela boca), mas os médicos me informaram que era simplesmente ansiedade.

Durante alguns dias, em algumas ocasiões eu tive pensamentos depressivos. Tinha ocasiões que sentia uma inquietação aparentemente vinda do nada. Eu tinha ansiedade até pela noite que se aproximava no fim da tarde. Nenhum lugar era bom para ficar, nenhuma posição era boa (sentado, em pé ou deitado), de qualquer forma eu me sentia inquieto, com uma vontade de sair correndo sem parar ou ficar andando sem destino certo até tudo passar.

Tive que trocar de remédio três vezes até encontrar um que me fizesse sentir melhor. Tive que trocar de psiquiatra também (é isso mesmo, psiquiatra)  porque o primeiro que procurei não estava me satisfazendo e eu não melhorava. Seu diagnóstico era que tinha “apenas” ansiedade, até que o segundo profissional que eu procurei, me disse:

“Você está com um quadro clássico de síndrome do pânico”. Que grande susto! O susto, a surpresa foi tão grande que eu comecei já a passar mal automaticamente.

A psiquiatra me orientou a não parar de trabalhar, mas ter muita paciência, pois o tratamento era a longo prazo, bem como procurar uma qualidade de vida melhor, seja com exercícios físicos (que eu não fazia), seja com alimentação adequada (que eu não tinha), com momentos de relaxamento junto a natureza (que eu tinha muito pouco) e com o acompanhamento de um psicólogo (que eu nunca imaginei precisar). A medicação inicial foi mantida e acrescentado mais um remédio.

Tudo era muito diferente para mim, pois, como sempre fui temente a Deus, mesmo com minhas falhas e pecados, nunca havia imaginado que precisaria chegar a este ponto. Eu estava emocionalmente em estagnação, precisava reaprender a sentir, a pensar, a me expressar com mais transparência e não guardar as emoções e a depender mais das pessoas e de Deus.

Eu passei pelos mais variados sintomas neste período, desde fortes dores de cabeça tencionais, tonturas, insônia, sensação de desmaio, sensação de irrealidade, de pânico, irritabilidade, dores musculares muito intensas, tremor nas mãos, coordenação motora afetada, ondas de calor, falta de ar, sensibilidade enorme a ruídos altos e lugares com grande aglomeração de pessoas, entre outros. É difícil descrever qual é o pior de todos eles.

Mas, graças a Deus eu venci esta fase dia após dia, com muita, muita fé nEle e dependência dEle, juntamente com a receita de vida que os médicos me passaram, inclusive o apoio da família. A dose dos remédios gradualmente foi reduzida e com certeza, em nome do Senhor Jesus eu vencerei, depois de quase quatro anos de luta, a etapa final que resta de cerca de um ano ainda.

Com exceção da sensibilidade ao som muito alto (diagnosticada como uma labirintite irritativa), os sintomas praticamente desapareceram, mas eu não posso me descuidar da saúde, para não ter uma recaída, com situações tais como não dormir e não me alimentar direito. Muitos especialistas dizem que síndrome do pânico é uma doença sem cura definitiva, mas que com o tratamento adequado, nós passamos a aprender a lidar e conviver com ela, evitando ou dominando os sintomas.

Eu tenho tido uma experiência diária de vitória com Jesus ao meu lado, com as Suas orientações, com a Sua presença. Hoje eu sei que a cirurgia foi um sucesso do ponto de vista físico, emocional e espiritual.

Neste momento aproveito para fazer um apelo à todos que possuem alguém com síndrome (transtorno) do pânico ou depressão na família, igreja, trabalho ou outro círculo de convivência social:

Por favor e em nome do Senhor Jesus Cristo, não se afastem destas pessoas de maneira preconceituosa (mesmo que inconscientemente) e sempre que tiverem uma oportunidade, transmitam confiança, firmeza, tranquilidade e amizade a elas, pois elas precisam de alguém ao lado transmitindo estes sentimentos por terem perdido temporariamente sua capacidade de auto-confiança, auto-controle, auto-estima, etc. Sem esse apoio será muito difícil o tratamento. Difícilmente as pessoas afetadas conseguirão sozinhas controlar os sintomas e conseguir melhorar.

O que elas estão sentido não é por falta de fé, nem por falta de caráter, não é "frescura", mas é uma doença, e é grave (ou pode se tornar grave) se não for tratada adequadamente. Procurem os profissionais desta área (psiquiatras e psicólogos, por exemplo) e sem barreiras (como eu tive no começo) para que eles possam transmitir o tratamento adequado, que dependerá, por sua vez, do engajamento do próprio paciente e daqueles que o cercam para ser realizado corretamente, podendo ser mais curto ou mais prolongado.

Evidentemente não estou aqui ignorando que algumas vezes certas pessoas se vêem em situações assim por terem levado uma vida cheia de vícios como alcoolismo e drogas (que podem ajudar a desencadear os sintomas) ou talvez por não terem lançado adequadamente sua ansiedade nas mãos de Deus ou talvez até devido à algum grau de influência maligna que se aproveita da fragilidade espiritual e emocional delas.

Mas, é evidente que, independentemente de qual é a causa, certamente os efeitos são claramente físicos, biológicos, segundo especialistas, mais especificamente um desequilíbrio bioquímico no cérebro devido à uma situação de forte estresse prolongado ou de um grande trauma emocional que faz com que os neurotransmissores (responsáveis por todas as nossas atitudes e pensamentos) se desequilibrem.

O grande vilão para o paciente afetado com a síndrome ou transtorno do pânico está dentro dele mesmo. Quando ele passa pela terrível experiência de um ataque de pânico é muito provável que não exista realmente uma ameaça externa, mas é a síndrome atacando de dentro para fora, simulando os sintomas de uma situação de extremo medo. O cérebro dele vive em alerta, como se estivesse sempre preparando essa pessoa para uma fuga ou outro escape. Por isso muitos deles possuem transtorno de sono, pois não conseguem dormir corretamente e suficientemente.

É preciso muita paciência, moderação e zelo em buscar o equilíbrio total da pessoa nas áreas física, emocional e espiritual. Gradativamente a vida voltará ao normal.

Se eu e a minha familia tivéssemos recebido as informações corretas desde o início, certamente eu teria tido um tratamento mais curto do que quatro ou cinco anos e teria sido poupado de muitos sintomas extremamente desagradáveis que pareciam que iam acabar comigo, que atrapalharam minha vida profissional, social e na igreja, mas não sabíamos direito o que estava acontecendo, nem como reagir, como encarar a situação. Para se ter uma ideia, em uma determinada fase eu me sentia tão mal, tão mal que cheguei a pensar que precisaria solicitar a minha aposentadoria por invalidez, ou seja, um grande absurdo para alguém com 33 anos de idade que nunca tinha ficado doente de forma grave.

Graças mais uma vez à providência divina, eu tive o tratamento correto, o esclarecimento de tudo o que estava acontecendo e em nome de Jesus me considero curado da síndrome do pânico.

Quais são alguns fatores que “contribuem” para depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar, entre outros? Para analisar um quadro deste tipo, deve-se levar em conta um complexo somatório de fatores.

As pressões do dia a dia, o acúmulo de stress, a falta de perdão, crise financeira ou sentimental, uma decepção ou frustração, desemprego, culpa, inferioridade, a “ditadura” da beleza, preconceitos sofridos, falta de comunhão com Deus, uma vida sem exercícios físicos (sedentarismo) e sem uma alimentação adequada, entre tantos outros fatores, podem se apresentar em incontáveis combinações e desencadear no nosso corpo reações desagradáveis das mais diversas que podem, por sua vez, chegar a um patamar tão intenso que se tornam incapacitantes, deixando muitas pessoas prostradas e derrotadas. É assunto que precisa ser tratado com discernimento, compreensão, amor e sem preconceitos.

“[...] Toda vez que o homem vive situações que impõem risco à sua vida, tais como um acidente, uma ameaça de morte, uma série de mecanismos involuntários entram em cena para fazer com que ele reaja, seja fugindo ou lutando com seus inimigos. O aumento da freqüência do coração (taquicardia) e o aumento da freqüência respiratória são dois destes mecanismos. Qual o objetivo deles? Fornecer mais nutrientes e oxigênio para as células musculares para que o homem fuja ou lute. Embora a vida seja temporal, limitada, temos mecanismos instintivos que clamam pela continuidade. Chamamos esses mecanismos de stress. Não pense como muitos que o stress é sempre algo doentio. Há um stress normal, uma ansiedade vital, que procura preservar a vida de tudo que impõe riscos a ela. Quando o stress se torna doentio? Quando fabricamos inimigos que não existem; quando nossos colegas de trabalho e nossos familiares se tornam um problema; quando vivemos em função de necessidades sociais não prioritárias; quando gravitamos em função de nossas dívidas e compromissos financeiros; quando não conseguimos aquietar os pensamentos nos finais de semana. Quando vivíamos em sociedades primitivas, nos campos ou nas matas, tínhamos inimigos reais: as serpentes, os leões. Nas sociedades modernas o homem se tornou o pior inimigo do próprio homem. Estamos sujeitos a inimigos reais, como os gerados pelos assaltos e acidentes de trânsito, mas nossos maiores inimigos são os oriundos dos ataques dos pensamentos turbulentos, da competição profissional, dos conflitos sociais. Quando não temos problemas, nós os arrumamos. O stress assume a forma doentia quando acionamos mecanismos normais em situações anormais. Muitos não entendem por que têm nó na garganta, taquicardia, opressão no peito, dor de cabeça. Seus sintomas são psicossomáticos, frutos de uma ansiedade que coloca o corpo sempre em alerta para fugir ou lutar contra os inimigos, que muita vezes são imaginários. Há pessoas que estão sempre em estado de guerra. Para eles, viver não é uma aventura prazerosa, mas perigosa. São eloqüentes e inteligentes, mas não sabem relaxar e andar desarmados nos terrenos da sociedade.” (Augusto Cury, “Treinando a emoção para ser feliz”, pp. 82-83).

O nosso ser é uma essência harmoniosa, deve haver um equilíbrio entre todos os seus componentes, sejam pertencentes ao corpo, às emoções ou à espiritualidade. Se for o caso, procurem profissionais especializados nesta área para melhor orientação.

"[...] A felicidade e a tranquilidade são excelentes remédios para o corpo; a angústia e a ansiedade são drásticos venenos [...] A pior doença é o medo da doença. Quando eliminamos o medo, o sol volta a brilhar [...] O mundo psíquico tem capacidade de atuar no mundo físico mais do que imaginamos. Grande parte das doenças físicas é desencadeada ou descompensada por fatores emocionais. Faça um favor ao seu corpo, ande pelas veredas da felicidade  [...]" (Augusto Cury; livro "Treinando a emoção para ser feliz", p. 55).

Seja o que for que você estiver passando, angústia, depressão, inferioridade, medo, culpa ou outra coisa, seja qual for o local onde você está, um hospital, em casa, viajando, na escola, no trabalho, etc., preste atenção: Deus se importa muito com você, Ele te ama muito, por mais que as circunstâncias possam estar aparentemente demonstrando o contrário.

Não olhe para as circunstâncias, olhe fixamente para o Autor da Fé, Jesus Cristo (Hebreus 12:1-2). Lembre-se que quando o apóstolo Pedro foi se encontrar com Cristo que andava sobre as águas, ele também andou por cima das águas enquanto olhava para Jesus, mas ao olhar para a força do vento, desviou o seu olhar do Mestre e começou a afundar. Jesus o salvou, mas o exortou por sua falta de fé (Mateus 14:25-32).

Pense nas coisas eternas e não nas temporais, nas do Céu e não nas da Terra (Colossenses 3:2), pense em tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama, de virtudes (Filipenses 4:8; Salmos 145:5).

O Pastor Rick Warren comentou como a perspectiva da vida eterna com Deus muda os nossos valores diante das provações (livro “Uma vida com propósitos”):

“Quando você compreender plenamente que há mais na vida que apenas o aqui-e-agora e perceber que a vida é apenas uma preparação para a eternidade, você começará a viver de forma diferente[...] Suas prioridades são reorganizadas [...]” (p. 34). “[...] Assim como os nove meses que você passou no útero de sua mãe não tinham um fim em si, mas eram uma preparação para a vida, também a vida é uma preparação para o que vem a seguir [...]” (p. 36).

E mais: Ame a Deus, a si mesmo e ao próximo (Mateus 22:36-40). Suplique o perdão de Deus (Salmo 130:4; 1ª João 1:9), perdoe a você mesmo e aos outros (Efésios 4:31-32; Colossenses 3:13; Hebreus 12:15).

Fique próximo(a) das pessoas que você ama e que também te amam. Suplique com fé a Deus a cura de suas enfermidades, sejam elas de qual origem forem, Ele tem todo o poder em Suas mãos e pode te curar (Salmos 41:3; 103:3; Isaías 53:4-6; Mateus 8:17; Tiago 5:15). Amém.

"Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma" (Sl 94:19; NVI).

Que Deus nos abençoe. Amém.

________________________________________
Para complementar o nosso estudo, acessem os seguintes links:

domingo, 22 de agosto de 2010

AS TRAGÉDIAS HUMANAS E A JUSTIÇA DIVINA


Entra ano e sai ano e as tragédias coletivas parecem aumentar. Terremotos, maremotos, nevascas, enchentes, incêndios devastadores, deslizamentos de terra, atentados terroristas, etc. E neste ano, infelizmente, não tem sido diferente. Quanta destruição! Quanto sofrimento! Quantas vidas humanas ceifadas! 


Nestes momentos parece que o nosso único refúgio é apelar para a fé, no intuito de encontrar explicações, mesmo que muitas vezes os responsáveis por algumas dessas tragédias sejam os próprios seres humanos, com o descaso com a natureza ou até mesmo o descaso de algumas autoridades políticas mantendo uma parcela da população em áreas de risco de deslizamentos de terra e enchentes, etc.

O que a Bíblia pode nos instruir sobre este tema tão polêmico? Neste estudo iremos abordar mais detalhadamente apenas um dos diversos aspectos que envolvem esta discussão, ou seja, as tragédias podem ser usadas como uma mensagem divina para que o ser humano "ponha a mão na consciência", isto é, sinta um quebrantamento, admitindo o seu estado de pecador como qualquer outra pessoa, não sendo mais santo do que ninguém, e que, longe de Deus, está condenado à morte e que precisa desesperadamente de Deus para se salvar. OBS: Para conhecer outros aspectos das provações e tragédias à luz da fé cristã, sugerimos a leitura das nossas próximas quatro postagens.

O Senhor Jesus foi confrontado com questionamentos relativos à duas tragédias que ocorreram quando Ele estava aqui na Terra. A forma pela qual o Mestre considerou estas questões pode nos trazer alguns parâmetros para compreender melhor esse assunto.

Vamos analisar o texto de Lucas 13:1-5. Devemos primeiramente visualizar o contexto bíblico. No capítulo anterior, observamos Jesus advertindo as pessoas para que tivessem mais discernimento em relação à alguns assuntos, tais como: hipocrisia humana e providência divina (12:1-12), uso correto dos bens materiais (12:13-34), sobre fidelidade e diligência (12:35-48), alguns fatos quanto ao fim dos tempos (12:49-59), entre outros.

Em seguida (capítulo 13) algumas pessoas questionaram a Jesus quanto a um massacre promovido por Pilatos, que por algum motivo, havia ordenado a chacina de alguns judeus galileus, possivelmente durante os preparativos para as celebrações da Páscoa, misturando o sangue dos sacrifícios com o dos judeus assassinados. Esta tragédia foi obra humana, um massacre (v. 1). As pessoas que levaram estes acontecimentos a Jesus acreditavam que Deus tinha permitido tamanha brutalidade devido ao fato de que as pessoas vítimas destas tragédias eram mais pecadoras que as outras e, portanto, merecedoras de tal juízo divino.

A resposta de Jesus provavelmente calou todos os ouvintes:

“Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas cousas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (vv. 2-3).

Em seguida, Ele acrescentou:

“Ou cuidais que aqueles dezoito, sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (v. 4).

A segunda tragédia, relatada pelo Mestre, foi uma tragédia natural. Em seguida, através de parábola, Cristo ensinou que o povo judeu estava vivendo uma vida espiritual infrutífera e que o juízo de Deus sobre ele, apesar de Sua infinita misericórdia, era certo (vv. 6-9).

O que o Senhor Jesus ensinou nesta passagem é que toda a humanidade não merece viver para sempre, pois todos nós somos pecadores (cf. Rm 3:23; Ef 2:8-10), que ninguém é melhor do que ninguém e que devemos olhar para nós mesmos, nos arrepender e buscar a Deus humildemente, pois poderíamos ter tido o mesmo destino das pessoas atingidas por tantas tragédias.

Muitas vezes perguntamos “Por que tanta coisa ruim acontece com pessoas honestas?”, mas deveríamos perguntar assim: “Por que tanta coisa boa ainda acontece com pessoas ruins?”.

Em vez de exclamarmos: “Como Deus tem sido injusto!”, deveríamos admitir: “Como Deus tem sido misericordioso com a humanidade e não destruiu a todos ainda!!”.

Quem é o ser humano falho e pecador para discutir quais os melhores métodos de justiça com Deus? Muitos vivem em adultério, prostituição, enriquecimento ilícito, preconceitos, maledicências, mentiras, entre tantos outros pecados e depois querem acusar a Deus de ser injusto ou ausente!?

Na maioria das vezes, as pessoas clamam a Deus por saúde e bens materiais e quando os obtém, se afastam dEle, acreditando que está tudo bem. Até que uma tragédia as atinge e elas se revoltam com Deus, como se Ele fosse culpado de tudo ou voltam para Ele clamando por socorro.

Não queremos expressar aqui que não existe nada de bom no ser humano. Pelo contrário, ainda há muita bondade, amor e generosidade dentro das pessoas e podemos sempre observar essa verdade devido ao número de doações e outros diversos tipos de ajuda conseguidas pelo mundo todo para ajudar milhões de famílias carentes e atingidas pelas constantes tragédias coletivas que os meios de comunicação não cansam de mostrar.

E é isso que Deus espera de nós: que nos compadeçamos dos sobreviventes e de tantas pessoas que sofrem não apenas de tragédias naturais, como furacões, inundações, terremotos, etc, mas por tragédias humanas como a fome, as doenças, as chacinas, etc, e que os ajudemos de alguma forma, seja financeiramente, com roupas, alimentos, remédios e inclusive com nossas orações e nosso testemunho cristão (Ef 2:8-10).

Ademais, Deus, em Sua soberana vontade e em Seus justos, eternos e santos propósitos, pode permitir algumas tragédias a fim de que, com a comoção e o quebrantamento da sociedade e o despertar da Igreja em auxílio à estas pessoas, por fim se levante um grande avivamento nas regiões afetadas, no intuito de converter um número muito maior de pessoas do que o número de vítimas, através do testemunho dos cristãos que vivem em todo o mundo.

Muitas vezes, nestas tragédias, ocorre uma maior abertura para receber o evangelho, pois muitos cristãos se dirigem para as regiões atingidas para auxiliar as vítimas e com o seu testemunho podem levar muitas pessoas a receber a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós. Amém.

________________________________________
Para complementar o nosso estudo, consultem os seguintes links:

sábado, 21 de agosto de 2010

A QUESTÃO DO SOFRIMENTO HUMANO

AS PROVAÇÕES SOB OS "OLHOS" DA FÉ CRISTÃ

"E agora esvai-se a minha vida; estou preso a dias de sofrimento. A noite penetra os meus ossos; minhas dores me corroem sem cessar (...) Nunca pára a agitação dentro de mim; dias de sofrimento me confrontam." (Jó 30:16-17,27; NVI)

Existem momentos em nossas vidas que são mais desafiadores do que outros, quando nos deparamos com obstáculos físicos, emocionais e espirituais que, muitas vezes, aos nossos olhos são intransponíveis e aos nossos próprios olhos estas situações nos transformam em criaturas insignificantes e sem força (leiam Números 13:33).

Muitas delas nos colocam em uma aparente estrada sem retorno e que, para piorar, parece estar nos levando a um abismo. Muitos de nós sentimos como se o mundo inteiro estivesse desabando. Em muitos casos, inclusive, parece que Deus não nos vê ou nos abandonou: É o momento da provação.

"Você conhece alguém que não passa por problemas? Eu não conheço. Para alguns falta o pão na mesa; para outros, a alegria na alma. Uns são miseráveis porque lutam desesperadamente para sobreviver, o salário é baixo e não dá para pagar todas as contas no final do mês. Outros são ricos e abastados, mas mendigam o pão da tranquilidade e da felicidade. Todo ser humano passa por turbulências em sua vida. Qual miséria é pior: a física ou a psíquica? Se a miséria física não for dramática a ponto de comprometer as condições mínimas de sobrevivência, não há dúvida de que a miséria psíquica é muito pior do que a miséria física [...] Muitos vivem os desertos dos problemas exteriores ligados ao desemprego, à falta de atendimento médico, às crises financeiras, à rejeição social, doenças na família [...]" (Augusto Cury; "Treinando a emoção para ser feliz", p. 143).

As provações são momentos permitidos por Deus para adquirirmos maturidade emocional e espiritual e fortalecermos a nossa fé. Se estamos passando por uma dificuldade, devemos aproveitar a oportunidade para conhecer os propósitos construtivos para esta situação e aprender preciosas lições que, por sua vez, não devem ser esquecidas quando já tivermos passado por toda a tribulação e estivermos “colhendo os frutos” do que aprendemos.

Não podemos nos esquecer: O PODER SE APERFEIÇOA JUSTAMENTE NO MOMENTO DE FRAQUEZA (2ª Coríntios 12:9-10). Quando estivermos passando por um momento de fraqueza e tribulação é que iremos adquirir forças para vivermos. Não nos entristeçamos, portanto, porque A ALEGRIA DO SENHOR É A NOSSA FORÇA (Neemias 8:10b).

Devemos exclamar como o salmista: “O QUE ME CONSOLA NA MINHA ANGÚSTIA É ISTO: QUE A TUA PALAVRA ME VIVIFICA” (Salmos 119:50). Exatamente, a Palavra de Deus, a Bíblia, pode trazer vida a um coração angustiado e perdido, se, evidentemente, meditarmos e praticarmos o que ela ensina. É essa mesma Palavra que nos ensina que as provações são oportunidades para demonstrar o que está em nosso coração.

Existem ocasiões nas quais Deus nos prova com o propósito de revelar aquilo que está em nosso interior. Como foi o caso do povo de Israel no deserto (Deuteronômio 8:1-8; conforme Provérbios 17:3; Jeremias 12:3; 1ª Pedro 4:12-19). Nestes momentos é que devemos demonstrar a nossa fé e nosso testemunho em Cristo.

Os cristãos são embaixadores de Cristo para o mundo perdido em seus pecados (Mateus 5:14-16; 1ª Pedro 2:9). Cristo nos ensina que aquele que acolher e praticar os Seus mandamentos será comparado a alguém que construiu sua casa sobre a rocha e que ela não foi derrubada mesmo com os ataques da natureza (Mateus 7:24-27) e em 1ª Pedro 5:10 temos a promessa de que, após um breve período de sofrimento, Deus irá nos aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. Elementos que certamente são tremendos testemunhos de vida.

A Bíblia também nos ensina que as provações produzem perseverança, experiência e esperança. Devemos nos alegrar, ser pacientes e buscar a sabedoria de Deus nas provações (Romanos 12:12; 2ª Coríntios 1:4-6; Tiago 1:2-6), pois elas têm o poder de produzir em nós perseverança, experiência e por fim uma esperança que não nos desaponta e nem nos engana, pois o amor de Deus está dentro de nós através do Espírito Santo (Romanos 5:3-5; Tiago 1:3).

Inclusive podemos descansar na certeza de que os sofrimentos que passamos nesta vida não podem ser comparados com o nosso futuro glorioso com Jesus Cristo (Romanos 8:18), quando Deus enxugará de nossos rostos todas as lágrimas e não haverá mais luto, choro ou dor (Isaías 25:8-9; 1ª Coríntios 15:54; Apocalipse 21:4).

Não desanimemos, portanto, mesmo passando por provações. O Senhor Jesus venceu a morte. Se não crermos na ressurreição do Senhor, seremos as pessoas mais infelizes do mundo inteiro e nossa fé será em vão. O nosso encontro com o Senhor Jesus é a nossa maior esperança, esperança de vida eterna sem tristezas, cheia de paz e na presença dAquele que sofreu, morreu e ressuscitou por nos amar infinitamente e hoje estende a mão para nos ajudar (Isaías 53:5; Romanos 5:6-8; 1ª Coríntios 15:55-58; 2ª Coríntios 5:17-21).

OS ATRIBUTOS DE DEUS E AS PROVAÇÕES

"Mas aos que sofrem ele os livra em meio ao sofrimento; em sua aflição ele lhes fala." (Jó 36:15; NVI).

Podemos passar provações por vários motivos e existem ocasiões que podem nos levar à refletir se há algum propósito construtivo e proveitoso por detrás de um determinado problema, principalmente quando a pessoa que está sofrendo é alguém piedoso, justo, íntegro, mas que, mesmo com esse caráter, está passando por uma situação de extrema angústia. Diante de situações como essa muitos começam a murmurar com Deus e até mesmo desacreditar do Seu amor, Sua justiça e Sua fidelidade. Muitos chegam a pensar:

“Se Deus é bondoso, Ele não deveria permitir que passássemos por problemas. Se Ele é Todo-Poderoso, por que Ele não acaba logo com as dificuldades da vida?”.

Duas aparentes contradições surgem à nossa frente.
Destacaremos, então, três verdades fundamentais, entre tantas outras, sobre as provações que revelam os atributos de Deus e podem nos trazer CONFORTO necessário diante dos momentos difíceis da vida:

PRIMEIRA VERDADE: DEUS É SOBERANO SOBRE TODAS AS SITUAÇÕES

Mesmo que muitas vezes não entendamos o propósito de determinada circunstância, Deus sabe de tudo (Deuteronômio 29:29; Daniel 2:20-23), Ele é soberano sobre qualquer situação de nossa vida (1ª Samuel 2:1-10; Filipenses 2:12-13) e nos dá tanto a prosperidade quanto a adversidade segundo Seus propósitos soberanos, sem que, em muitas das vezes, revele o Seu plano para o futuro (Eclesiastes 7:14).

Contudo, é confortante saber que as provações estão sob a mão poderosa do Senhor, pois podemos descansar e esperar no Seu absoluto poder para nos livrar delas quando Ele quiser. Deus pode também usar algumas situações difíceis com o propósito de mostrar o Seu poder e para que Seu nome seja glorificado (João 9:1-3; 11:4; 1ª Pedro 1:6-9; 4:15-16).

Muitas vezes as dificuldades enfrentadas podem ser consequências de pecados que cometemos, seja por negligência ou por falta de conhecimento bíblico e que, apesar da dor, Deus mais uma vez está sendo justo, pois Ele nos disciplina e nos ensina a Sua Palavra com amor, como um pai amoroso faz com seus filhos (Jó 5:17-18; Provérbios 3:11-12; Hebreus 12:5-11). Neste sentido podemos declarar como o salmista: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Salmos 119:71).

SEGUNDA VERDADE: DEUS SE COMPADECE DE NÓS E NOS LIVRA

Mesmo sendo Todo-Poderoso, de ser soberano sobre todo o universo que Ele criou, Deus se importa com os seres humanos (Salmos 121:1-2; 124:8). Ele está sempre acessível, os nossos pecados é que nos separam dEle (Isaías 59:1-2; 1ª Pedro 3:10-12).

Deus é amor e jamais permite provações em nossa vida além de nossas forças, mas nos providencia o livramento necessário para suportá-las (1ª Coríntios 10:12-13) e nos fortalece em qualquer circunstância (Filipenses 4:11-13).

Deus, que é amoroso, jamais nos enviaria provações se Ele não fosse Todo-Poderoso para nos livrar delas.

Ele está sempre perto daqueles que O buscam sinceramente, com humildade e fé (1º Crônicas 28:9; Jeremias 29:11-13; Hebreus 11:6), daqueles que O buscam com o coração quebrantado, Ele se inclina até a nossa pequenez e limitada capacidade (Salmos 34:17-19; 40:1-3; Isaías 57:15; 66:1-2).

Cristo não afirmou que a vida é um “mar de rosas”, mas que passaríamos por aflições e nos convocou a descansar nEle e a aprender com Ele, com o propósito de encontrarmos consolo e paz, pois Ele venceu o mundo (Mateus 11:28-30; João 14:25-27; 16:33). Temos em Cristo o maior exemplo de que Deus se compadece de nós, do que é o amor verdadeiro, do que é sofrer por amor, do que é vencer por amor. Cristo sofreu por amor a nós em obediência ao Deus Pai e venceu todos os desafios propostos a Ele e hoje intercede por nós em nossas lutas e ansiedades.

Devemos nos alegrar, pois a Palavra diz que somos co-participantes dos sofrimentos de Cristo (1ª Pedro 4:12-19). O relacionamento entre o cristão e o Senhor Jesus é tão íntimo que, quando somos atacados, Jesus é atacado. Quando Paulo, ainda como o perseguidor da Igreja, teve um encontro com Cristo no caminho de Damasco, o Senhor não perguntou à ele “Saulo, por que você está perseguindo os cristãos?”, mas a indagação foi “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4).

Tocar em um cristão é como tocar na “menina dos olhos” de Deus (comparem com Salmos 17:8 e Zacarias 2:8).

Jesus sofreu e venceu primeiro para que pudéssemos nos aproximar dEle com confiança e alcançarmos o socorro no momento certo. Ninguém melhor do Jesus sabe o que é sofrer e vencer (Hebreus 2:17-18; 4:15-16).

TERCEIRA VERDADE: OS ATRIBUTOS DE DEUS SÃO IRREVOGÁVEIS

Não devemos jamais esquecer que, independentemente das circunstâncias, os atributos de Deus jamais serão “manchados”. Ele sempre será amoroso, fiel, justo e benigno (Jó 1:21-22; 8:3; Salmos 145:13b). Devemos buscar o conforto na Palavra que nos ensina que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28) e que somos mais do que vencedores pelo amor infinito e incondicional que Ele tem por nós e que nada, absolutamente nada, pode nos separar desse amor (Romanos 8:31-39).

Devemos entregar a Deus nossos problemas, nossas ansiedades e descansar nEle (Mateus 6:25-34; 11:28-30; Filipenses 4:5-8). Ele tem o poder de reverter um estado de calamidade e desespero em paz e bênçãos, como foi com José no Egito (Gênesis 50:19-20; comparem com Jó 5:17-18; 8:5-7; 42:10-12; Salmos 30:10-12). Só Ele pode dar paz e alegria duradouras, mais ninguém (Salmo 16:11; João 14:27; 16:22; Filipenses 4:7).

domingo, 15 de agosto de 2010

A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO INTERCESSÓRIA

Neste estudo desejamos enfatizar a oração intercessória e seus propósitos.

O patriarca hebreu Abraão é um dos primeiros exemplos de oração intercessória nas Escrituras, quando ousada e humildemente arrazoou com Deus sobre a Sua vontade de destruir a cidade de Sodoma (Gn 18:16-33). Salomão, Samuel, Daniel e Esdras são exemplos de homens de Deus que intercederam pela nação de Israel (1Sm 12:23; 2Cr 6:1-18; 7:1-15; Dn 9:3-21; Ed 9:5-15; 10:1).

No Novo Testamento, temos o exemplo do apóstolo Paulo, que pediu a intercessão dos cristãos de várias igrejas.

Aos romanos:

“Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor” (Rm 15:30).

Aos coríntios:

“...ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor” (2Co 1:11a).

Aos colossenses:

“Suplicai ao mesmo tempo também por nós” (Cl 4:3a; cf. Fp 1:19; 1Ts 5:25; 2Ts 3:1-2).

Em contrapartida, Paulo expressou inúmeras vezes o seu chamado a interceder.

Pelos efésios:

“Não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações” (Ef 1:16; cf. 3:13-16).

Pelos filipenses:

“Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações” (Fp 1:3-4; cf. Cl 1:3,9; 1Ts 1:2-3; 3:9-10; 2Ts 1:11-12; 2Tm 1:3; Fm 4-6).

Antes de continuarmos, desejo deixar aqui o meu testemunho sobre este assunto tão fundamental e edificante:

Como muitos sabem eu estava me submetendo a um tratamento contra um câncer e me submeti a uma bem sucedida cirurgia há aproximadamente cinco meses atrás que extirpou totalmente do meu corpo aquele tumor maligno para sempre, em nome de Jesus. Amém.

O que quero enfatizar é que não só a minha igreja local e muitas outras daqui de P. Prudente, mas outras igrejas do Estado, como em Rancharia, Dracena, Pres. Epitácio, Porto Feliz, Itatinga, Suzano, São Caetano do Sul, São Paulo-SP, também de fora do Estado, como em Cuiabá-MT, Arapongas-PR, Londrina-PR, Apucarana-PR, Marilândia do Sul-PR, etc., sem falar dos irmãos missionários em outros países e sem mencionar aquelas pesssoas do nosso convívio, que mesmo não sendo crentes, afirmaram que intercederam e ainda intercedem por mim, pela minha total recuperação.

Tem sido uma experiência maravilhosamente edificante e marcante saber que tantas pessoas tem orado por mim ao Pai Celeste e, com certeza, é notória, a Sua resposta afirmativa, pois o meu tratamento pós operatório tem sido um sucesso após o outro.

Bem, voltando ao que dizíamos anteriormente:

Depois que o apóstolo descreveu aos efésios a importância do uso da “armadura” de Deus (Ef 6:13-17), ele exortou para que, juntamente com todas estas atitudes recomendadas para lutarmos contra as forças das trevas (vv. 11-12), estivéssemos orando perseverantemente a Deus o tempo todo, através do Espírito Santo, vigiando e intercedendo por todos os crentes (v. 18).

No capítulo 5 da epístola de Tiago, temos um ensino fundamental sobre a oração e intercessão entre os irmãos em Cristo:

“Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor” (v. 13-14).

Aqui Tiago exorta a que oremos pelos enfermos, nos alegremos juntamente com os irmãos que estão alegres, cantando louvores. Ele afirma também que os líderes da igreja podem orar sobre o enfermo e usar óleo para ungí-lo em nome do Senhor. Entretanto, não é o óleo que poderá curar este irmão, mas, sim a oração com fé e a vontade de Deus:

“E a oração de fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (v. 15).

Então, se orarmos e o irmão enfermo for curado, os seus pecados também serão perdoados? Mas, e onde fica o arrependimento e a confissão de pecados? É justamente esses comportamentos que Tiago está ensinando, para que os pecados sejam perdoados por Deus:

“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (v. 16).

A confissão de erros cometidos contra Deus e contra as pessoas é ensinada como comportamento fundamental para a comunhão eficaz entre o povo de Deus. A oração de fé tem grande poder, devido ao fato de estar fundamentada nestes ensinamentos bíblicos.

A intercessão pode abranger não apenas o âmbito da igreja, mas, também a sociedade. No âmbito social, Paulo trouxe um ensino prático. Em 1º Timóteo 2:1-4, Paulo exortou que fosse utilizada na igreja a intercessão e gratidão em favor de todas as pessoas, inclusive autoridades constituídas:

“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade” (vv. 1-2a; cf. Tt 3:1; 1Pe 2:11-17).

Mas, qual é a consequência para as nossas vidas se cultivarmos esse comportamento? A sequência do texto nos esclarece:

“Para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito” (v. 2b).

E com qual propósito devemos buscar essa realidade para nós? Para agradarmos ao nosso Deus (v. 3). Por que Deus estabeleceu estes procedimentos dos cristãos para com todas as pessoas da sociedade, inclusive as autoridades? Para testemunhar dEle às pessoas, para que elas alcancem a salvação e o conhecimento da verdade (v. 4). Paulo, então, mais adiante, convocou a igreja a cultivar a prática da oração em todos os lugares, com santidade, sem ira e sem animosidade (1Tm 2:8).

Portanto, a prática da intercessão e da gratidão a Deus por todos os homens, inclusive as autoridades, pode nos proporcionar uma vida mansa, piedosa e respeitosa, sendo agradáveis a Deus, pois com um testemunho de vida santa e pacífica, pessoas podem vir a conhecê-Lo e serem salvas. Portanto, a oração intercessória é uma ferramenta vital dentro dos planos de Deus, tanto para a edificação de Sua Igreja, como para a edificação do Seu Reino aqui na Terra.

Certamente o maior exemplo de intercessão vem do próprio Senhor Jesus. Com humildade diante de Deus Pai, Ele rogou por nós e por aqueles que virão a se converter e se unir a Sua Igreja através da pregação do evangelho (Jo 17:1-26).

sábado, 14 de agosto de 2010

ORANDO PELOS NOSSOS PLANOS DE ACORDO COM A VONTADE DE DEUS


“Senhor, ensina-nos a orar...” (Lc 11.1; ARA)

Muitas pessoas diante de seus planejamentos frustrados se deixam levar por questionamentos como:

“Para que orar, se Deus nunca responde as minhas orações? Eu planejo várias coisas, mas nenhuma dá certo!!”.

Será que estamos pedindo corretamente a Deus? Será que conhecemos o propósito de Deus para a oração?

Precisamos ter em mente que a oração é o meio pelo qual nos aproximamos de Deus, para adorar, suplicar, interceder, agradecer, enfim, estarmos principalmente em comunhão com Ele. A principal bênção da oração é estar em intimidade com Deus e Sua vontade. Ele quer ter um relacionamento conosco.

Um dos propósitos principais do sacrifício de Cristo por nós na cruz foi o de deixar livre o caminho entre nós pecadores (agora sendo santificados diariamente) e o nosso Pai celestial, eternamente, totalmente santo (Ef 2:18; cf. Hb 4:14-16). O próprio Jesus, na tão querida oração do “Pai nosso” nos ensina a colocar a vontade do Pai acima da nossa, em submissão e adoração (Mt 6:9-13).

Nossos planos devem estar submissos ao eterno plano de Deus. Muitos deles não dão certo, pois não procuramos saber antes qual é a vontade dEle para nós. O apóstolo João enfatizou essa verdade em uma de suas epístolas:

“E esta é a confiança que temos para com ele, se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito” (1Jo 5:14-15; ARA).

As nossas petições serão atendidas se estiverem de acordo com a vontade dEle. É Ele quem efetua em nós tanto o desejar como o realizar, segundo a Sua vontade (Fp 2:13).

Quantas vezes realizamos planos sem antes questionar se estão dentro da vontade de Deus? Na epístola de Tiago temos uma severa exortação a quem não planeja sua vida de acordo com o querer de Deus:

“Ouçam agora, vocês que dizem: 'Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro'. Vocês nem sabem o que lhes sucederá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: 'Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo'. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna” (Tg 4:13-16; NVI).

Mesmo que nossos planos, projetos e intenções sejam bons, muitas vezes Deus tem um outro plano para aquele momento ou circunstância (Pv 16:9; cf. Pv 5:21; 16:1; 19:21; Jó 22:23-28). Paulo pediu a Deus três vezes para que fosse afastado dele o chamado “espinho na carne”, talvez um problema físico permitido por Deus, que o apóstolo recebeu para não se ensoberbecer após o seu arrebatamento ao Céu e as visões que teve (2Co 12:1-8).

Paulo, entretanto, não foi atendido, mas relatou o que ouviu do próprio Deus: “Então ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Co 12:9a). E, então, concluiu com humildade e reverência: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12:9b; ARA; cf. v. 10).

Outras vezes pensamos que estamos confiando, mas na verdade ficamos cobrando de Deus respostas imediatas e murmurando (Is 45:8-12), pois às vezes Deus parece demorar em responder (Sl 77:5-13; Ec 7:10; Lc 18:7). Muitas outras vezes não recebemos nada, pois, não aprendemos a orar corretamente ainda ou pedimos algo a Deus que está em desacordo com ensinos de Sua Palavra. Tiago nos adverte que não devemos pedir algo para esbanjar em nossos próprios prazeres (Tg 4:3).

Na história de Josué, temos um episódio que demonstra que quando pedimos a Deus justamente algo que Ele está planejando realizar, milagres acontecem. Josué orou e o Sol parou. Esse milagre durou quase um dia inteiro (Js 10:12-14). Deus atendeu ao pedido de Josué, pois era de Sua soberana vontade dar a vitória a Israel naquela batalha e não porque Josué tinha algum poder em si mesmo (v. 14).

A oração pode apresentar três resultados diferentes. Ao clamarmos a Deus por Sua intervenção diante de uma situação, se a petição estiver de acordo com Sua vontade, ou o Senhor nos atenderá (Js 10:12-14; 2Cr 1:7-12) ou fará que aguardemos um tempo (Lc 18:7; Jo 11:1-44). Se o pedido for contrário a Sua vontade, Ele mostrará que devemos mudar as nossas intenções (Jo 16:8; Rm 8:26; 2Co 12:1-10).

Portanto, como podemos aprender a orar adequadamente? Com o auxílio do Espírito Santo. É Ele quem nos ensina a orar (Rm 8:26; Jo 14:26) e intercede por nós naquilo que está de acordo com a vontade de Deus (Rm 8:27; Sl 143:10).

Devemos buscar a vontade de Deus antes de planejar algo para nós, pois a instrução adequada para os nossos caminhos só pode vir dEle, de acordo com os seus eternos propósitos para nós:

“Ao homem que teme ao Senhor, ele o instruirá no caminho que deve escolher” (Sl 25:12; ARA - cf. v. 14; comparem com Is 48:17);

"Eu o instruirei e o ensinarei no caminho que você deve seguir; eu o aconselharei e cuidarei de você." (Sl 32:8; NVI);

"Mas os planos do SENHOR permanecem para sempre, os propósitos do seu coração, por todas as gerações." (Sl 33:11; NVI; comparem com Sl 92:5);

"Clamo ao Deus Altíssimo, a Deus, que para comigo cumpre o seu propósito." (Sl 57:2; NVI);

"Ensina-me o teu caminho, SENHOR, para que eu ande na tua verdade; dá-me um coração inteiramente fiel, para que eu tema o teu nome." (Sl 86:11; NVI);

"Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria. Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a obra de nossas mãos!" (Sl 90:12,17; NVI).

Deus tem um plano eterno para a oração. Ela pode ser utilizada dentro da vontade soberana de Deus com muitas finalidades.

Portanto, oremos intensamente pelos nossos planos , mas não nos esqueçamos de planejar com a orientação do Senhor. Para encerrar, vamos deixar alguns sábios e edificantes versículos do livro de Provérbios que nos ensinarão como devemos realizar nossos planos (a versão utilizada é a NVI):

"Confie no SENHOR de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o SENHOR em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas. Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema o SENHOR e evite o mal" (Pv 3:5-7).

"O SENHOR vê os caminhos do homem e examina todos os seus passos" (Pv 5:21).

"Ao homem pertencem os planos do coração, mas do SENHOR vem a resposta da língua. Todos os caminhos do homem parecem puros, mas o SENHOR avalia o espírito. Consagre ao SENHOR tudo o que você faz, e os seus planos serão bem sucedidos. O SENHOR faz tudo com um propósito; até os ímpios para o dia do castigo" (Pv 16:1-4).

"Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o SENHOR determina os seus passos" (Pv 16:9).

"A sorte é lançada no colo, mas a decisão vem do SENHOR" (Pv 16:33).

"Ouça conselhos e aceite instruções, e acabará sendo sábio. Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do SENHOR" (Pv 19:20-21).

"Os conselhos são importantes para quem quiser fazer planos..." (Pv 20:18a).

"Os passos do homem são dirigidos pelo SENHOR. Como poderia alguém discernir o seu próprio caminho?" (Pv 20:24).

"Todos os caminhos do homem lhe parecem justos, mas o SENHOR pesa o coração" (Pv 21:2).

"Os planos bem elaborados levam à fartura; mas o apressado sempre acaba na miséria" (Pv 21:5).

"Não há sabedoria alguma, nem discernimento algum, nem plano algum que possa opor-se ao SENHOR" (Pv 21:30).

"Não se gabe do dia de amanhã, pois você não sabe o que este ou aquele dia poderá trazer" (Pv 27:1).

Nem precisamos dizer mais nada. A Palavra de Deus fala por si só. Devemos adimitir, como o profeta Jeremias, que o nosso futuro está nas mãos de Deus e não em nossas próprias mãos:

"Eu sei, SENHOR, que não está nas mãos do homem o seu futuro; não compete ao homem dirigir os seus passos." (Jr 10:23).

Que Deus nos abençoe em nossos planos. Amém.