domingo, 22 de agosto de 2010

AS TRAGÉDIAS HUMANAS E A JUSTIÇA DIVINA


Entra ano e sai ano e as tragédias coletivas parecem aumentar. Terremotos, maremotos, nevascas, enchentes, incêndios devastadores, deslizamentos de terra, atentados terroristas, etc. E neste ano, infelizmente, não tem sido diferente. Quanta destruição! Quanto sofrimento! Quantas vidas humanas ceifadas! 


Nestes momentos parece que o nosso único refúgio é apelar para a fé, no intuito de encontrar explicações, mesmo que muitas vezes os responsáveis por algumas dessas tragédias sejam os próprios seres humanos, com o descaso com a natureza ou até mesmo o descaso de algumas autoridades políticas mantendo uma parcela da população em áreas de risco de deslizamentos de terra e enchentes, etc.

O que a Bíblia pode nos instruir sobre este tema tão polêmico? Neste estudo iremos abordar mais detalhadamente apenas um dos diversos aspectos que envolvem esta discussão, ou seja, as tragédias podem ser usadas como uma mensagem divina para que o ser humano "ponha a mão na consciência", isto é, sinta um quebrantamento, admitindo o seu estado de pecador como qualquer outra pessoa, não sendo mais santo do que ninguém, e que, longe de Deus, está condenado à morte e que precisa desesperadamente de Deus para se salvar. OBS: Para conhecer outros aspectos das provações e tragédias à luz da fé cristã, sugerimos a leitura das nossas próximas quatro postagens.

O Senhor Jesus foi confrontado com questionamentos relativos à duas tragédias que ocorreram quando Ele estava aqui na Terra. A forma pela qual o Mestre considerou estas questões pode nos trazer alguns parâmetros para compreender melhor esse assunto.

Vamos analisar o texto de Lucas 13:1-5. Devemos primeiramente visualizar o contexto bíblico. No capítulo anterior, observamos Jesus advertindo as pessoas para que tivessem mais discernimento em relação à alguns assuntos, tais como: hipocrisia humana e providência divina (12:1-12), uso correto dos bens materiais (12:13-34), sobre fidelidade e diligência (12:35-48), alguns fatos quanto ao fim dos tempos (12:49-59), entre outros.

Em seguida (capítulo 13) algumas pessoas questionaram a Jesus quanto a um massacre promovido por Pilatos, que por algum motivo, havia ordenado a chacina de alguns judeus galileus, possivelmente durante os preparativos para as celebrações da Páscoa, misturando o sangue dos sacrifícios com o dos judeus assassinados. Esta tragédia foi obra humana, um massacre (v. 1). As pessoas que levaram estes acontecimentos a Jesus acreditavam que Deus tinha permitido tamanha brutalidade devido ao fato de que as pessoas vítimas destas tragédias eram mais pecadoras que as outras e, portanto, merecedoras de tal juízo divino.

A resposta de Jesus provavelmente calou todos os ouvintes:

“Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas cousas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (vv. 2-3).

Em seguida, Ele acrescentou:

“Ou cuidais que aqueles dezoito, sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (v. 4).

A segunda tragédia, relatada pelo Mestre, foi uma tragédia natural. Em seguida, através de parábola, Cristo ensinou que o povo judeu estava vivendo uma vida espiritual infrutífera e que o juízo de Deus sobre ele, apesar de Sua infinita misericórdia, era certo (vv. 6-9).

O que o Senhor Jesus ensinou nesta passagem é que toda a humanidade não merece viver para sempre, pois todos nós somos pecadores (cf. Rm 3:23; Ef 2:8-10), que ninguém é melhor do que ninguém e que devemos olhar para nós mesmos, nos arrepender e buscar a Deus humildemente, pois poderíamos ter tido o mesmo destino das pessoas atingidas por tantas tragédias.

Muitas vezes perguntamos “Por que tanta coisa ruim acontece com pessoas honestas?”, mas deveríamos perguntar assim: “Por que tanta coisa boa ainda acontece com pessoas ruins?”.

Em vez de exclamarmos: “Como Deus tem sido injusto!”, deveríamos admitir: “Como Deus tem sido misericordioso com a humanidade e não destruiu a todos ainda!!”.

Quem é o ser humano falho e pecador para discutir quais os melhores métodos de justiça com Deus? Muitos vivem em adultério, prostituição, enriquecimento ilícito, preconceitos, maledicências, mentiras, entre tantos outros pecados e depois querem acusar a Deus de ser injusto ou ausente!?

Na maioria das vezes, as pessoas clamam a Deus por saúde e bens materiais e quando os obtém, se afastam dEle, acreditando que está tudo bem. Até que uma tragédia as atinge e elas se revoltam com Deus, como se Ele fosse culpado de tudo ou voltam para Ele clamando por socorro.

Não queremos expressar aqui que não existe nada de bom no ser humano. Pelo contrário, ainda há muita bondade, amor e generosidade dentro das pessoas e podemos sempre observar essa verdade devido ao número de doações e outros diversos tipos de ajuda conseguidas pelo mundo todo para ajudar milhões de famílias carentes e atingidas pelas constantes tragédias coletivas que os meios de comunicação não cansam de mostrar.

E é isso que Deus espera de nós: que nos compadeçamos dos sobreviventes e de tantas pessoas que sofrem não apenas de tragédias naturais, como furacões, inundações, terremotos, etc, mas por tragédias humanas como a fome, as doenças, as chacinas, etc, e que os ajudemos de alguma forma, seja financeiramente, com roupas, alimentos, remédios e inclusive com nossas orações e nosso testemunho cristão (Ef 2:8-10).

Ademais, Deus, em Sua soberana vontade e em Seus justos, eternos e santos propósitos, pode permitir algumas tragédias a fim de que, com a comoção e o quebrantamento da sociedade e o despertar da Igreja em auxílio à estas pessoas, por fim se levante um grande avivamento nas regiões afetadas, no intuito de converter um número muito maior de pessoas do que o número de vítimas, através do testemunho dos cristãos que vivem em todo o mundo.

Muitas vezes, nestas tragédias, ocorre uma maior abertura para receber o evangelho, pois muitos cristãos se dirigem para as regiões atingidas para auxiliar as vítimas e com o seu testemunho podem levar muitas pessoas a receber a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós. Amém.

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Para complementar o nosso estudo, consultem os seguintes links:

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