domingo, 31 de outubro de 2010

ANALOGIAS COSMOLÓGICAS PARA A TRINDADE

Deixando o limitado cotidiano humano, procuremos analogias mais úteis (conquanto também sejam limitadas) para a Santíssima Trindade na Sua própria criação. A Bíblia possui textos que nos auxiliam a avançar um pouco neste ponto do nosso estudo. Observemos o que o apóstolo Paulo declarou. Leiamos Romanos 1:20:

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.” (comparem com Sl 8:1; 19:1-4).


Portanto, os atributos que não podemos visualizar, a essência ou natureza e o poder de Deus sempre puderam ser claramente observados através das obras criadas por Ele. Sendo assim, estudando alguns aspectos da natureza e do universo em geral, poderemos encontrar traços ou marcas de Sua essência deixados propositadamente por Deus.

É uma situação semelhante ao que acontece com diversas atividades humanas. Os autores de obras de arte podem claramente refletir o que pensam e até mesmo suas próprias personalidades em seus trabalhos, seja na pintura, na escultura, etc. Da mesma forma isso ocorre na música, que pode transmitir os sentimentos e o caráter do compositor, mas pode ocorrer em outras inúmeras formas de arte como o cinema, o teatro, etc.

É de vital importância ressaltarmos e relembrarmos também que Deus utiliza inúmeros simbolismos oriundos de Sua própria criação para expressar a Si mesmo e os Seus ricos ensinamentos.

É o que ocorre, por exemplo, com a vida animal: a águia (Is 40:31), a corça (Sl 42:1-2), o cordeiro (Jo 1:29; Ap 5:6), o leão (Ap 5:5), as serpentes, as pombas, as ovelhas e os lobos (Mt 10:16), os gafanhotos (Is 33:4; Ap 9:3,7) e o leite (Ex 3:8; 1Pe 2:2).

É o que ocorre, por exemplo, com os demais elementos da natureza, da vida vegetal, da vida mineral e até mesmo os elementos atmosféricos e meteorológicos: as rochas (Sl 62:2; Mt 7:24), os montes (Dn 2:35; Sl 125:1; Ap 6:4), as árvores (Jr 17:8; Mt 7:17; Jo 15:1), as temperaturas (Ap 3:15-16), o vento (Is 11:15; Jo 3:8; Ef 4:14), as nuvens (Sl 18:11; Ap 1:7), a saraiva (Is 30:30; Ap 8:7), o fogo (Hb 12:29; Ap 2:18), o relâmpago (Mt 24:27; Ap 4:5), o arco-íris (Gn 9:13; Ap 4:3; 10:1), a água (Sl 42:7; Jo 4:14; 7:38; Ap 4:6), as cores (Is 1:18; Jr 4:28; Ap 3:4; 17:4; 19:14) e tantos outros exemplos.

Ora, sabemos que o universo é formado de três elementos principais: tempo, espaço e matéria. Cada um destes elementos, por sua vez, possui também três componentes, como nas representações abaixo:

ESPAÇO: Altura - Largura - Profundidade

TEMPO: Passado - Presente - Futuro


MATÉRIA: Sólido - Líquido – Gasoso

Como qualquer leigo no assunto pode observar, quando nos referimos ao tempo, o passado é diferente do presente, que é diferente do futuro. Cada um deles, porém, é simultâneo. Não existem três “tempos”, mas o tempo é um apenas, ou seja, os três elementos do tempo, presente, passado e futuro desfrutam da mesma essência, todos eles formam o tempo.

Com o espaço também ocorre o mesmo. A altura é diferente da profundidade, que é diferente da largura. Mesmo assim, não existem três “espaços”, mas o espaço é apenas um. As partes que formam o espaço possuem a mesma natureza: todas são “espaço”.

Também temos a matéria que se divide em estado sólido, líquido e gasoso. O sólido não é igual ao líquido, que, por sua vez, não é o mesmo que o gasoso. Mesmo assim, não existem três “matérias”, mas apenas uma. Todos os componentes da matéria possuem a mesma essência: matéria.

(OBS: os exemplos referentes aos três elementos da natureza foram inspirados em matéria do Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã- www.carm.org/Portugues/index.htm).

Temos também como exemplos retirados da criação de Deus: "o trevo de três folhas", "as partes da árvore" (raízes, tronco e ramos), "as partes da laranja" (casca, bagaço e suco) e "os elementos do sol" (calor, luz e gases), entre outros, como a analogia utilizada pelo reformador protestante Lutero:

“Lutero chamava a Trindade uma flor, na qual se pode distinguir a forma, a fragrância, e a sua eficácia medicional.” (A. H. Strong - “Teologia Sistemática, Vol. I”, p. 509).

Na verdade, todos estes exemplos também são insuficientes. Cada membro deles não constitui o todo como na Trindade, onde cada pessoa da Trindade é totalmente Deus. Sem falar de que todos estes exemplos são destituídos de algo que se compare à complexa personalidade da Divindade.

Wayne Grudem apresentou uma analogia complementar:

“Nossas próprias personalidades humanas proporcionam outra débil analogia, que nos pode ser útil na reflexão sobre a Trindade. O homem pode pensar em objetos diferentes fora de si mesmo, e então ele é o sujeito em quem se pensa: nesse caso é ao mesmo tempo sujeito e objeto. Além disso, ele pode refletir sobre as suas idéias sobre si mesmo como uma terceira coisa, nem sujeito nem objeto, mas pensamentos que ele, como sujeito, tem sobre si mesmo como objeto. Quando isso acontece, o sujeito, o objeto e os pensamentos são três coisas distintas. Porém, cada coisa de certo modo inclui todo o seu ser: todo o homem é sujeito, todo o homem é objeto, e os pensamentos (embora num sentido inferior) são pensamentos sobre a totalidade do homem como pessoa.” (Livro: “Teologia Sistemática”, p. 189).

Então, concluir que estas analogias são insuficientes para compreender a natureza triúna de Deus invalida o versículo que vimos no início? É evidente que não. A Bíblia é infalível.

O apóstolo Paulo em sua epístola aos romanos afirmou que os atributos invisíveis, o poder e a essência de Deus são claramente percebidos e reconhecidos e não claramente e totalmente compreendidos.

É possível, sim, contemplar os atributos de Deus através de Sua criação, tendo, assim, uma evidência de Sua existência e um vislumbre de Sua glória, Sua majestade e Seu poder, mas, mesmo assim, não é possível compreender totalmente a essência de Deus, principalmente no que se refere a Sua triunidade, pois Ele é insondável.

Nas próximas postagens continuaremos estudando as analogias utilizadas para tentar compreender a doutrina trinitariana.

Que o Deus triúno seja exaltado para sempre. Amém.

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NOTA: Comparem as analogias cosmológicas deste artigo com http://logoshp.6te.net/trim.htm

sábado, 30 de outubro de 2010

ANALOGIAS COTIDIANAS PARA A TRINDADE

INTRODUÇÃO ÀS ANALOGIAS

Depois de verificarmos as evidências bíblicas da atuação das três pessoas da Santíssima Trindade e de que são o mesmo e único Deus e ao mesmo tempo três existências pessoais distintas, vamos estudar inúmeras maneiras de tentar compreender melhor a Trindade.

Inúmeras analogias (comparações) já foram apresentadas não apenas pelos estudiosos do assunto, mas também pela sociedade em geral (na grande parte das vezes por pessoas leigas no assunto) no intuito de trazer alguma compreensão diante do mistério da Trindade, mas veremos que todas as comparações que façamos no intuito de compreender melhor a Deus acabam sendo insuficientes. Como afirmou Wayne Grudem em sua obra “Teologia Sistemática” (p. 176):

“(...) As pessoas já usaram várias analogias retiradas da natureza ou da própria experiência humana para tentar explicar esta doutrina [a trinitariana]. Embora tais analogias sejam úteis num nível elementar de compreensão, todas elas se revelam inadequadas ou ilusórias numa reflexão mais aprofundada (...)” [citação entre colchetes de nossa parte].

Portanto, apesar de insuficientes, para um estudo inicial e uma demonstração mais didática da doutrina trinitariana, as analogias são úteis. Algumas são úteis apenas para conhecermos como o ser humano possui uma concepção da Santíssima Trindade tão equivocada, pois se mostram extremamente distantes da realidade bíblica, chegando a serem absurdamente heréticas. Enquanto que outras já se aproximam mais da realidade, mas nunca uma ou algumas delas atingem o objetivo de expressar realmente como é a Trindade.

Podemos, portanto, distinguir quatro tipos dessas analogias:

01) Analogias cotidianas: exemplos corriqueiros e simplórios de diversas atividades da vida humana;

02) Analogias cosmológicas: exemplos extraídos da criação de Deus;

03) Analogias gráficas: compostas de diagramas didático-ilustrativos; e

04) Analogias artísticas: demonstradas através de desenhos, pinturas e esculturas.

Mas, estudar analogias não nos fará entrar em contradição justamente com aquilo que estudamos anteriormente sobre não tentarmos idealizar a Deus partindo do nosso ponto de vista meramente humano e falho? Sim, de certa forma. Mas, as estudaremos justamente para demonstrar a nossa falibilidade humana. Ademais, as analogias são recursos didáticos para tentarmos elucidar algumas questões trinitárias e todas elas não conseguem atingir o objetivo de compreendermos ao Deus triúno, porque Ele é insondável, como vimos nesta mesma parte mencionada do nosso estudo trinitariano.

Aliás, algumas analogias contradizem essa regra estudada anteriormente, outras não. Algumas são baseadas em nossas meras criações e pontos de vista, outras são baseadas nas revelações bíblicas e podem fornecer uma pequena noção do que ensina a doutrina trinitariana. Portanto estas últimas são válidas conquanto também sejam insuficientes.

Ao final destas postagens sobre analogias todos nós poderemos perceber na prática qual é o proveito que podemos extrair das analogias para a nossa vida.

ANALOGIAS COTIDIANAS PARA A TRINDADE

As analogias cotidianas estão diretamente ligadas ao que observamos anteriormente sobre não idealizarmos a Deus do ponto de vista meramente humano. São oriundas de exemplos das capacidades criativas humanas (dadas por Deus), desenvolvidas em inúmeras atividades cotidianas. Muitas pessoas as utilizam, imaginando que, com elas, possuem bons exemplos da Trindade. Um ledo engano. Elas são extremamente insuficientes e muitas são de pouquíssimo proveito para compreender melhor a Trindade:

1ª) A analogia cotidiana mais rudimentar provavelmente é a do antigo aparelho de som “três em um”, o qual desempenha basicamente três funções: executa CD´s, fitas cassete e estações de rádio. Realmente uma analogia extremamente fraca, utilizada apenas para iniciarmos esse assunto.


2ª) Outra analogia cotidiana é a de três automóveis que possuem a mesma marca, o mesmo modelo e ano de fabricação, a mesma cor, os mesmos acessórios, etc. Os três são idênticos, são da mesma natureza, por assim dizer. Porém, eles são distintos entre si, devido à individualidade de cada um outorgada pelo número do chassi, da placa e do RENAVAM, por exemplo. (OBS: as imagens abaixo são meramente ilustrativas e não ensejam qualquer alusão à alguma marca ou modelo).

3ª) Outra analogia cotidiana poderia ser um suposto escritório que se dividiria em três atividades: 1º) Imobiliária; 2º) Advocacia; e 3º) Despachante. É a mesma empresa, inclusive funcionando no mesmo local, mas possui três salas diferentes, uma para gerenciar cada ramo de atividade (Obs: estas considerações são ilustrativas e não seguem necessariamente alguma especificação técnica de qualquer setor profissional).

  

4ª) Temos também a analogia dos três elementos básicos de uma partitura musical: melodia, harmonia e andamento (ritmo). Cada elemento é distinto entre si, mas todos fazem parte da escrita musical (obs: existem outros elementos, como por exemplo, a dinâmica ou expressão, a letra, as cifras, a fórmula de compasso que é ligada ao ritmo, a tonalidade que é ligada a harmonia, etc.).


5ª) Uma outra analogia bastante conhecida de todos seria a dos três poderes que constituem o mesmo governo: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Eles são distintos entre si, cada um com a sua função, mas são interdependentes e formam o mesmo sistema de governo.
  


6ª) Uma analogia cotidiana, mas que é mais complexa do que as que já observamos seria a de uma estrada fictícia. Esta estrada passaria por dentro de uma cidade qualquer e por isso seria considerada estrada municipal naquele ponto (estrada municipal “Fulano de tal”, por exemplo), mas, como ela seria uma ligação com outra importante cidade do mesmo Estado da Federação, obviamente ela também seria considerada estadual (SP-000, por exemplo). Contudo, esta estrada não apenas ligaria cidades do mesmo Estado, mas cruzaria a fronteira (fluvial) entre dois Estados da Federação e, portanto, também seria considerada rodovia federal (BR-000, por exemplo).

Sendo assim e considerando que uma das cidades pela qual esta estrada passaria estaria à beira do rio que faz fronteira entre estes dois Estados, na exata localização desta cidade, a mesma estrada poderia ser considerada municipal, estadual e federal ao mesmo tempo (Obs: estas considerações são fictícias e não denotam necessariamente nenhum exemplo ou fazem menção à um possível caso real, inclusive em relação à imagem abaixo).


7ª) Finalmente, um outro exemplo corriqueiro e bastante conhecido por grande parte da população é o da Matemática. Muitas pessoas refutam a doutrina da Trindade utilizando o raciocínio contido nesta ciência, afirmando que “um” mais “um” mais “um” é igual a “três” (1 + 1 + 1 = 3), e então, neste caso, a Trindade seriam três deuses. Mas, por que não usarmos a multiplicação? Ora, sabemos que “um” vezes “um” vezes “um” é igual a “um” (1 X 1 X 1 = 1). (fonte de inspiração deste item: Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã - www.carm.org/Portugues/index.htm). Compare com uma crítica sobre o assunto em http://simplesmente.com/2009/06/01/poder-de-deus).

As analogias cotidianas são pouco proveitosas para uma melhor compreensão da doutrina da Trindade. Elas são limitadas e falhas por serem extraídas de produtos criativos, sim, mas da limitada e falha mente humana, infinitamente aquém da mente de Seu Criador. Elas simplesmente possuem caráter iniciatório neste estudo, servindo de base para um maior aprofundamento posterior, o que faremos a seguir, na próxima postagem, através da criação divina, pois, o mais importante no estudo da Trindade não é procurar exemplos da essência de Deus oriundos de meras invenções humanas, mas nos basearmos nas revelações bíblicas.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

DEUS E AS SUAS TRÊS DISTINÇÕES PESSOAIS

JESUS CRISTO É DEUS, MAS É DISTINTO DO PAI CELESTE

Os seguintes itens, entre outros, nos auxiliarão a observar esta distinção entre Deus Pai e Deus Filho:

1º) Deus Pai falou em vários momentos quando Cristo estava aqui na Terra:

"Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3:16-17; comparem com Mc 1:9-11; Lc 3:21-22; Jo 1:29-34). “Falava ele ainda [Pedro], quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi.” (Mt 17:5; cf. 2Pe 1:17-18). [citação entre colchetes de minha parte]. “Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei.” (Jo 12:27-28).

2º) Além destas, em diversas outras ocasiões, apenas Jesus se dirigiu ao Pai, semelhantemente ao versículo acima, que acabamos de citar:

“Por aquele tempo exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” (Mt 11:25-26; comparem com Lc 10:21; cf. Mc 1:35; Lc 5:16; 6:12; 9:28; 11:1; 22:39-44; 23:34,46; Jo 11:41; 17:17).

3º) Quando Jesus esteve na Terra, o Pai esteve nos céus, mesmo que isso seja apenas uma forma para nós compreerdemos melhor a lições de Cristo, pois sabemos que o Pai estava sempre com Cristo mesmo que também o Pai estivesse no Céu, pois tanto o Pai, como o Filho e o Espírito são onipresentes, pois Deus é onipresente:

“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5:16; comparem com Mt 5:48; 6:9).

4º) Jesus disse que poderia nos confessar ou nos negar diante do Pai, dependendo de nossa atitude para com Ele, Cristo:

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.” (Mt 10:32-33).

5º) Deus Pai é Pai de Jesus e Jesus não é Pai de si mesmo:

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo...” (Ef 1:3a). “A graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor.” (2Jo 3).

6º) Jesus, além de um Ser espiritual, se fez também carne e sangue, estado que permaneceu mesmo depois da ressurreição, enquanto o Pai e o Espírito Santo são seres "apenas" espirituais:

“Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” (Lc 24:39). “Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:23-24).  “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” (Jo 14:16-17; comparem com Jo 14:,26; 15:26; 16:7,15; 19:34).

E mais: 7º) Jesus veio fazer a vontade do Pai e não a Sua (Jo 5:30; 6:38);  8º) Jesus era amado pelo Pai (Jo 10:17-18);  9º) Jesus é o único caminho para o Pai (Jo 14:6); e 10º) Jesus disse “tanto a mim como a meu Pai” (Jo 15:24).

É de suma importância salientarmos que a expressão “Filho de Deus” em nenhum momento significa que Jesus foi criado por Deus Pai ou gerado a partir dEle semelhantemente ao que ocorre a um filho humano comum. Evidentemente se pensássemos assim, seríamos logicamente obrigados a admitir que Jesus, da mesma forma que possui um Pai Celeste, também deveria possuir uma “Mãe Celeste” (!!), o que seria além de um absurdo, uma heresia.  Jesus Cristo não é filho de Deus Pai literalmente falando, no sentido de paternidade que temos em nossa mente humana. Mesmo que seja óbvio que um filho terreno sempre é mais novo que seu pai terreno, como Deus Pai sendo imutável, eterno e infinito poderia ter tido um filho terreno, limitado e mortal, já que neste caso este seu suposto filho herdaria Suas características? Se assim fosse, como explicaríamos que Deus Pai e Deus Filho são igualmente eternos?

Devemos tomar muita cautela com nossas comparações limitadas e falhas para não termos uma visão equivocada de Deus. Ressaltamos, portanto, que nem tudo o que se aplica aos pais e filhos terrenos pode ser aplicado ao Pai Celeste e ao Seu Filho. Apesar que como o filho humano não é menos humano do que seu pai, o Filho Divino não é menos Deus do que o Pai Divino.

Ressaltamos também que sempre que a expressão “Filho de Deus” surge na Bíblia, na verdade ela está de forma abreviada, pois, ela significa Filho de Deus Pai ou Filho do Pai (cf. 2Jo 3). É uma questão de lógica: já que Jesus é Filho de Deus, a própria expressão “Filho” já expressa que “Deus”, neste caso, é “Deus Pai”, pois todo filho tem um pai.  Jesus Cristo é Filho de Deus Pai no sentido de possuir a mesma essência, a mesma natureza e tendo sido gerado não no tempo e no espaço como nós, mas na eternidade. Ele é Filho devido a uma ordem de precedência na eternidade. É complicado para compreender mais uma vez. Este é mais um mistério dentro da doutrina trinitariana, pois compreender uma realidade baseada ilimitadamente na eternidade infinita é impossível para seres limitados, finitos e mortais.

Alguém gerado na eternidade, na verdade, não tem início e nem fim. A expressão "gerado" é um pobre e limitado recurso didático teológico para tentarmos compreender um pouco da distinção pessoal entre Deus Pai e Deus Filho. Posteriormente iremos considerar mais detidamente essa situação, inclusive em relação ao Espírito Santo para com o Pai e o Filho. Ademais, Cristo é a imagem de Deus Pai, que é invisível (Cl 1:15; Jo 1:18), o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser (Hb 1:1-3a). Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade (Cl 2:8-9). A expressão “filho de” é um recurso de linguagem também usado na Bíblia em Efésios 2:2 para os “filhos da desobediência”, que possuem a mesma natureza da desobediência, isto é, são desobedientes.

Também a expressão “Filho do homem” (cf. Mt 19:28; Lc 5:24) não quer dizer que Jesus era "filho de um homem". Afinal, Ele não teve um pai biológico. Segundo alguns estudiosos, ela quer dizer que Jesus também possui a natureza humana em Seu Ser, mas para outros estudiosos ela também aponta para a Sua divindade. Esse é um tema que poderemos abordar futuramente. Sabemos, no entanto, que os judeus certamente entendiam que Jesus afirmava ser “Filho” de Deus em um sentido metafísico (que transcende a natureza física), pois consideravam blasfêmia o modo como Ele falava de Si mesmo como o Filho de Deus (Mt 26:63; Jo 5:18; 10:36).

Observemos algumas considerações de Hermisten da Costa sobre esta questão:

“(...) O que dificulta nossa compreensão é o fato de entendermos sempre a filiação e a paternidade como tendo um princípio; ou seja, sou pai somente a partir do momento que tenho um filho, e obviamente um filho é filho porque tem um pai: A paternidade está para a filiação como esta para aquela. Ambos (pai e filho) são o que são, só enquanto são um para o outro. Todavia, há certas expressões empregadas pela própria Bíblia que se constituem numa forma figurada de falar: Tiago e João são chamados ‘filhos do trovão’ (Mc 3.17); José é chamado ‘filho da exortação ou consolação’ (At 4.36); Jesus fala de ‘filho da paz’ (Lc 10.6); Paulo fala dos ‘filhos da luz’ (Ef 5.8) etc. Estes exemplos não significam que um trovão gerou Tiago e João, mas, sim, que eles procediam como tal (vd. Lc 9.54); o mesmo se aplica a Barnabé, que era de fato um consolador (vd. At 9.26, 27) e exortador (At 11.23). De semelhante modo, os filhos da luz e da paz são aqueles que procuram viver em paz (Rm 12.18) e refletir a luz de Cristo em seu comportamento diário (Jo 8.12; Mt 5.14-16).” (Livro “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”, p. 254).

Jesus não é Filho de Deus assim como nós somos. Essa relação de Cristo com o Pai é única. Por isso na chamada oração dominical Ele ensinou aos discípulos “Vós orareis assim: Pai nosso”. Ele não disse “Nós oraremos assim” (cf. Mt 6:9).

“Quando falamos da eternidade do Filho, queremos dizer também de sua eternidade como Filho; a relação filial entre o Deus Filho e o Deus Pai sempre foi e sempre será assim; não foi forjada, criada ou assumida. Não houve na eternidade nenhum ‘momento’ em que o Filho não fosse Filho, o Pai não fosse Pai e o Espírito não fosse Espírito. A Trindade coexiste eternamente como tal.” [p. 254]. “É oportuno lembrar que, quando a Bíblia nos fala de Jesus Cristo como primogênito de Deus, obviamente não se refere à sua suposta criação, mas, sim, à sua honra. A primogenitura também é usada desta forma, e no caso de Jesus Cristo indica sua prioridade, supremacia, honra, herança e governo (Ex 4.22; Sl 89.27; Jr 31.9; Rm 8.29; Cl 1.15-18; Hb 1.1, 2). Por isso, os crentes são chamados ‘primogênitos’, porque alcançaram a primogenitura em Cristo (Hb 12.23). Os crentes em Cristo uniram-se a uma família de primogênitos, da qual Cristo é o Filho maior e eterno (Hb 1.5-8), sendo o modelo do que seremos (Rm 8.29).” [p. 255]; (Hermisten da Costa; Livro “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”).

O ESPÍRITO SANTO É DEUS, MAS É DISTINTO DE JESUS CRISTO E DE DEUS PAI

Os seguintes itens nos auxiliarão a observar esta distinção:

1º) O Espírito Santo é um outro Consolador, procedente do Pai e do Filho:

"Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14:26; comparem com Lc 24:49; Jo 5:32; 14:16-17; 15:26; 16:7,13).

2º) Era necessário que Jesus voltasse para o Pai, para que o Espírito Santo viesse:

“Mas eu digo a verdade: Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.” (Jo 16:7; comparem com Jo 14:16,26).

3º) O Filho fora enviado antes que o Espírito Santo viesse:

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20:21-22; cf. Jo 3:16; At 1:7-8; 2:1-4).

4º) O Espírito Santo deu ordens aos apóstolos, não foi Jesus e nem o Deus Pai:

“E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” (At 13:2; comparem com At 10:19-20).

E mais:  5º) O Espírito Santo não veio falar de si mesmo ou glorificar a si mesmo, mas, sim, a Jesus (Jo 16:7-15); e 6º) A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi a prova de que Jesus havia chegado ao Céu, onde assentou-se à destra do Deus Pai (Jo 7:39; At 2:33-34).

Portanto, Deus Pai, em Sua natureza, é espírito (Jo 4:24) e Ele é santo (Is 9:3), mas o Espírito Santo é claramente distinto dEle como espírito. Deus é um espírito por natureza, mas em Sua essência eterna e indivisível subsiste o Espírito, que sonda as profundezas do Ser de Deus (1Co 2:11). Mas apesar de ser distinto do Pai e também do Filho, o Espírito Santo mantém o mais íntimo relacionamento com ambos (como observaremos mais adiante).

CONCLUSÕES DESTA PARTE

À vista de tudo o que observamos como evidências bíblicas da Santíssima Trindade, desejamos enfatizar mais uma vez a importância de interpretarmos corretamente as Escrituras para compreendermos a doutrina trinitariana.

À título de recapitulação, observamos até aqui as evidências da existência e da operação das chamadas “três pessoas da Trindade”: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, tanto no Antigo como no Novo Testamento e demonstramos também as evidências de que as três pessoas são Deus e que, inclusive, são pessoas distintas entre si.

Poderia, no entanto, surgir uma interpretação equivocada asseverando que partindo da premissa de que cada pessoa da Trindade é Deus, então haveria três deuses, o que contrariaria o ensino de que há somente um único e verdadeiro Deus no universo. Torna-se, então, de primordial importância unir dois ensinos bíblicos básicos em um mesmo contexto doutrinário, já que as Escrituras Sagradas jamais se contradizem entre si:

Primeiramente, há somente um Deus; e em segundo lugar, Deus subsiste em três formas pessoais igualmente eternas e gloriosas.

Estes dois ensinos aparentemente contraditórios não devem ser refutados, mas aceitos. E para reforçar esta declaração de que devemos aceitar estes dois ensinos bíblicos aparentemente contraditórios, lembremos de um dos princípios de interpretação bíblica que estudamos anteriormente: a antinomia:

“Se duas declarações bíblicas parecem contradizer-se em termos humanos, devemos aceitar ambas. A verdade divina não está presa à lógica humana e deve ser muitas vezes expressa declarando duas verdades aparentemente opostas. Isto é chamado de ‘antinomia’ – aceitação de dois princípios que parecem excluir-se mutuamente, mas são independentemente verdadeiros. (...) Em vista da Escritura interpretar a Escritura, todos os princípios bíblicos são verdadeiros, mesmo quanto transcendem a nossa lógica humana (...)” (Dr. James C. Denison, “Sete questões cruciais sobre a Bíblia”, pp. 203-204).

Portanto, não nos esqueçamos: a Palavra de Deus não está vinculada ou submetida à lógica humana. Apenas pelo fato de que duas ou mais verdades da Bíblia parecem a princípio contradizer-se, não devemos perder a confiabilidade na perfeição bíblica (como vimos anteriormente). Já estudamos anteriormente também que Deus e Seus pensamentos e palavras estão em uma posição muito, muito além das limitadas conjecturas humanas.

Várias outras doutrinas bíblicas precisam do apoio da ANTINOMIA para as compreendermos melhor. Não é muito fácil. Aliás, muitas vezes é complicado.

É o caso da conciliação entre a total soberania de Deus sobre o querer e o realizar dos seres humanos, que por sua vez sempre são responsáveis pelas suas decisões tomadas por sua livre escolha.

É o caso também da união das naturezas divina e humana de Cristo, que possui 100% de ambas ao mesmo tempo, unidas, mas não misturadas ou confundidas.

É o caso também da realidade do Reino de Deus. Cristo, ao habitar entre nós, "inaugurou" o Reino de Deus entre nós, mas o Reino ainda não se concretizou plenamente, o que ocorrerá apenas na segunda vinda do Senhor. Nesse sentido, vivemos de certa maneira ao mesmo tempo no "agora" e "ainda não".

Finalmente, por exemplo, é o caso da destruição da morte. Cristo venceu a morte ao ressuscitar em poder, mas, apesar disso, ainda morremos. Isso se deve ao fato de que Cristo, ao ressuscitar, nos permitiu (por crermos Nele) ser ressuscitados em glória semelhantemente como Ele foi, e isso deu sentido a nossa fé, fé no Senhor que vive para sempre, que nos ressuscitará e que não foi derrotado pela morte. Mas, a morte ainda é o último inimigo a ser definitivamente derrotado, o que ocorrerá também na segunda vinda do Senhor.

Vamos encerrar, então, esta parte, repetindo o ensino bíblico sobre a unidade de Deus e unindo-o ao ensino sobre as três pessoas da Divindade que acabamos de estudar.

Portanto, Deus é uma única essência que subsiste em três formas pessoais.

Jamais pensemos que adoramos três deuses ou que adoramos três pessoas que um dia se tornaram divinas (!!). Deus é eternamente a Trindade. Cada pessoa da Trindade é totalmente Deus e totalmente digna de glória e adoração. Além disso, Deus não compartilha a Sua glória com ninguém, como já asseveramos diversas vezes (Is 42:8; 48:11).

Que o Deus triúno seja glorificado para sempre!! Amém.

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Nota: Os itens numerados desta parte que foram utilizados para exemplificar as distinções pessoais do Ser de Deus foram inspirados na edição da Revista Defesa da Fé de janeiro de 2002, pp. 48-49; as transcrições dos versículos são de minha parte.

Como complementação do nosso estudo, acessem:

domingo, 24 de outubro de 2010

A PLENA DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO

Além de todas as evidências acerca da divindade do Espírito Santo que demonstramos nas postagens anteriores no Antigo Testamento, queremos apresentar muitas outras, agora em sua esmagadora maioria, neo-testamentárias.

O Espírito Santo possui os mesmos atributos do Pai e do Filho. Entre outras coisas, Ele é:

Eterno:

"Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9:14).

Onipotente:

"...e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder." (Lc 24:46-49).

Neste versículo, a menção de Cristo ao fato de os discípulos serem revestidos de poder, é evidente que a expressão "poder" é diretamente relacionada ao Espírito Santo. Vejam ainda esta tão conhecida referência:

“Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:7-8).

Se o Espírito Santo não fosse também Todo-poderoso igualmente a Cristo e ao Pai, certamente Ele não poderia conceder poder e capacidade aos discípulos para uma missão tão importante que vem do coração de Deus que é a evangelização das nações.

E o que dizer, então, do poder sobrenatural e milagroso do Espírito Santo para gerar o menino Deus, Jesus, sem a intervenção de alguém que seria o pai biológico, mas apenas utilizando o Seu poder e a natureza humana de Maria? (mas sem pecados). Vejam Mt 1:18-24: no v. 18a: "Maria achou-se grávida do Espírito Santo" e no v. 20, um anjo do Senhor informou a José que a criança que Maria aguardava foi gerada pelo Espírito Santo; comparem com Lc 1:35).

Se o Espírito Santo não fosse Todo-poderoso, Deus Pai iria permitir que o Espírito gerasse em Maria a união da natureza divina de Seu querido Filho com a natureza humana (mas sem pecados), com o sublime propósito de Seu coração de revelar o Salvador da humanidade?

Onipresente:

"Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face." (Sl 139:7).

Aliás, essa referência acima não é só evidência da onipresença do Espírito, mas da Sua Divindade. Davi estava falando com Deus Pai. Ele indagou em qual lugar ele poderia se esconder do Espírito de Deus Pai ("do teu Espírito"), que é o Espírito Santo, e em seguida indagou para onde fugiria da face de Deus Pai ("da tua face"). Se Davi estivesse tão somente mencionando o Espírito, na segunda indagação ele teria usado a expressão "da face dele" ou "da sua face", conjugando a frase na terceira pessoa do singular, mas ele usou "da tua face", na segunda pessoa do singular. Portanto, se esconder do Espírito Santo de Deus, se fosse possível, seria se esconder da face de Deus.

Onisciente:

"Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo." (1Co 2:10-16).

Ademais, o Espírito Santo participou da criação (Jó 33:4) e da redenção (Jo 3:3-5). Além disso, o Espírito Santo não é uma energia cósmica, Ele tem personalidade: Ele fala (Ap 2:7), testifica (Jo 15:26), intercede (Rm 8:26), ensina (Jo 14:26), ordena (At 13:2), guia (Rm 8:14), pode ser entristecido (Is 63:10; Ef 4:30). É possível rebelar-se contra Ele (Is 63:10), blasfemar contra Ele (Mt 12:31-32), resistí-Lo (Gn 6:3), apagá-Lo (1Ts 5:19). Posteriormente também iremos mencionar outras funções, outros atributos e comportamentos do Espírito.

Continuando, portanto, sabemos que é possível mentir contra Ele, o Espírito, o que é o mesmo que mentir para Deus. Aliás, essa referência bíblica a seguir é uma das maiores evidências da divindade do Espírito Santo:

“Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5:3-4).

Mas, há muito mais evidências da Divindade do Espírito Santo:

Paulo afirmou que o cristão é santuário de Deus e que Seu Espírito nele habita:

“Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3:16; comparem com 1Co 6:19).

Ele também afirmou que todos aqueles que são direcionados pelo Espírito Santo são filhos de Deus:

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Rm 8:14; comparem com vv. 15-17).

Paulo não afirmaria estas verdades sobre o Espírito Santo se não cresse que Ele é Deus e não uma mera energia cósmica usada por Deus (inclusive quem não nascer da água e do Espírito não entra do Reino de Deus, cf. Jo 3:5-8).

O Espírito Santo é colocado nas Escrituras em igualdade com as demais pessoas da Divindade, o Pai e o Filho, pois, é também em Seu nome que somos batizados (Mt 28:19) e somos abençoados (2Co 13:13). Sem mencionar a saudação trinitária encontrada em Apocalipse 1:4-6 (conforme mencionamos anteriormente). Se Deus não compartilha a Sua glória com ninguém, se o Espírito não fosse Deus, o Pai permitiria que Ele participasse dessa obra conjuntamente com Ele o Seu Filho amado?

Aliás, como mencionamos anteriormente, nada além do que alguém igual a Deus poderia sondar e conhecer profundamente o próprio Deus, como é o caso do espírito do homem que é o único, humanamente falando, que pode conhecer o que está dentro do homem (1Co 2:11). O espírito do homem é o próprio homem e o Espírito de Deus é o próprio Deus.

Além disso, como já mencionamos também, a blasfêmia contra o Espírito Santo é pecado imperdoável:

"Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo nem no porvir." (Mt 12:31-32).

Será que se o Espírito Santo fosse apenas uma energia de Deus ou qualquer outra coisa senão o próprio Deus, Jesus teria afirmado isso? É evidente que o Espírito Santo é Deus, pois só poderíamos blasfemar se o nome do próprio Deus ou Sua santa obra estivessem sendo o alvo de nossas eventuais afirmações blasfemas. Se o Espírito não fosse Deus, será que Cristo teria dirigido palavras de exortação tão fortes e impactantes? Deus Pai permitiria toda essa glória ao Espírito Santo se este não fosse uma pessoa da Divindade? Afinal, Deus não compartilha Sua glória com ninguém, como já afirmamos várias vezes anteriormente em outras postagens.

E mais, da mesma maneira como o Pai e o Filho são considerados “Senhor” (Mt 6:9-13; 11:25; Rm 1:4), o Espírito Santo também o é. Quem traz um esclarecimento sobre esta questão é, mais uma vez, Wayne Grudem:

“Embora tantas passagens distingam claramente o Espírito Santo dos outros membros da Trindade, 2Coríntios 3.17 se revela um versículo desconcertante: ‘Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade’. Os intérpretes muitas vezes supõem que ‘Senhor’ aqui só pode ser Cristo, pois Paulo usa freqüentemente ‘Senhor’ para se referir a Cristo. Mas provavelmente não é esse o caso aqui, pois a gramática e o contexto nos fornecem bons argumentos para dizer que esse versículo tem melhor tradução com o Espírito Santo como sujeiro: ‘Ora, o Espírito é o Senhor...’. Nesse caso, Paulo estaria dizendo que o Espírito Santo é também ‘Javé’ (ou ‘Jeová’), o Senhor do Antigo Testamento (repare o claro pano de fundo do Antigo Testamento que se revela nesse contexto, a partir do v. 7). Teologicamente, isso seria bastante aceitável, pois sem dúvida se pode dizer que assim como Deus Pai é ‘Senhor’ e Deus Filho é ‘Senhor’ (no pleno sentido de ‘Senhor’ no Antigo Testamento como nome de Deus), também o Espírito Santo é chamado ‘Senhor’ no Antigo Testamento - e é o Espírito Santo que nos manifesta especialmente a presença do Senhor na era da nova aliança.” (livro: “Teologia Sistemática”, p. 171).

Uma ocasião que parece claramente evidenciar que o Espírito Santo é Senhor foi quando Pedro teve a visão do grande lençol que descia do céu com toda espécie de animais criados por Deus (At 10:9-12). Uma voz lhe disse: "Lentante-se, mate e coma" (At 10:13). Pedro respondeu: "De modo algum Senhor, jamais comi algo impuro" (v. 14). A mesma voz falou outra vez: "O que Deus purificou não considere imundo" (v. 15). E a voz não exortou a Pedro por ter sido chamada de "Senhor". Isso aconteceu três vezes até que o lençol foi recolhido ao céu (v. 16).

No entanto, em seguida, vemos que o Espírito Santo falou com Pedro, dando algumas instruções (v. 19) e se Ele deu ordens a Pedro, só pode ser pelo fato de que Ele é Senhor. E mais: o Espírito ordenou a Pedro sem hesitar seguir três homens que haviam acabado de chegar, pois Ele, o Espírito, os havia enviado (v. 20).

Será que quem falava antes com Pedro era um anjo ou o próprio Senhor Jesus ou até mesmo o Pai Celeste e depois foi o Espírito Santo? Não parece ser isso que o texto sugere, parece mais sensato acreditar que Pedro conversou com a mesma pessoa da Divindade o tempo todo. Portanto, se está aqui implícito que o Espírito Santo era (e é) o Senhor que falava com Pedro, temos mais uma evidência da divindade do Espírito Santo.

Não podemos deixar de mencionar que no início da Igreja vemos claramente a direção soberana do Deus e Senhor Espírito Santo sobre os cristãos, Ele falou e deu instruções aos discípulos e apóstolos de Cristo (At 8:29; 10:19; 11:12; 13:2; 15:28; 20:21-22; 21:4,11), os capacitou no testemunho do evangelho do Senhor Jesus (At 6:10), os encorajou (At 9:31), os chamou e os enviou para a obra de Deus Pai (At 10:20; 13:3-4; 20:22) e determinou onde não era para pregar (At 16:6-7).

Alguém ainda duvida que o Espírito Santo é Senhor e Deus?

sábado, 23 de outubro de 2010

A PLENA DIVINDADE DE JESUS CRISTO

Certamente esta doutrina dentro da doutrina trinitariana foi exaustivamente combatida e criticada através dos séculos pelos antitrinitaristas, juntamente com a Divindade do Espírito, e veremos em algumas partes deste estudo, essas acusações contra a Divindade do Salvador e do Espírito Santo. Citaremos inúmeras evidências do Novo Testamento. Para as evidências no Antigo Testamento, sugerimos a leitura das nossas postagens anteriores.

O interessante é que a nossa sociedade todo ano no Natal (que está se aproximando), que é quando uma parte significativa se lembra que Jesus existe, canta com os pulmões à toda força "bate o sino pequenino, sino de Belém, já nasceu o Deus-menino para o nosso bem", mas parece que praticamente ninguém faz a menor ideia do que significa a expressão "Deus-menino".

Depois do término de todo este estudo, espero em Cristo que toda e qualquer dúvida ou crítica contra a Divindade do Salvador e do Espírito tenham caído por terra. Amém. Em caso negativo, porém, estaremos à disposição para auxiliar a dirimir essas dúvidas.

Portanto, entre outros atributos do Pai e do Espírito Santo, Cristo é...

Onipotente:

"Seguiram os onze discípulos para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra." (Mt 28:16-18; comparem com Ap 1:8).

Se Jesus não possuísse plena Divindade, idêntica ao Pai, certamente Ele teria repreendido Seus discípulos que o adoraram ao vê-lo, mas Ele aceitou adoração.

Onipresente:

"E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas." (Ef 1:22-23),

Onisciente

Jesus sabia exatamente o que as pessoas pensavam:

"Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração?" (Mt 9:4; comparem com Mt 12:25; Mc 2:8a; Lc 5:22; 6:8; 9:47; 11:17; Jo 1:47-50; 13:19; 37-38; 18:4).

Ele conhecia os pensamentos ruins das pessoas e não se confiava muito a elas (Jo 2:24-25; 6:67; comparem com Mt 22:18; Mc 12:15).

Imutável:

"Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre." (Hb 13:8).

E mais:

Cristo, assim como o Pai, já era glorioso antes da criação do mundo:

"E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo." (Jo 17:5; comparem com o v. 24).

O Filho, Cristo Jesus, assumiu a natureza humana, estava no princípio com Deus como o Verbo (a Palavra). Ele não só estava com Deus, mas também era (e é) Deus, Ele subsistia (e subsiste) em forma de Deus:

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (Jo 1:1). “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus.” (Fp 2:5-6).

Jesus é o Deus unigênito que está em comunhão de essência com o Pai (no seio do Pai) e O revelou ao mundo (cf. Jo 14:8-9):

“Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” (Jo 1:18).

Ele é a imagem de Deus Pai, que é invisível:

“Dando graças ao Pai que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.” (Cl 1:12-15).

Cristo é o resplendor da glória e a expressão exata de Deus Pai. Percebam que Cristo não é parecido, semelhante a Deus Pai, mas é a EXPRESSÃO EXATA Dele. Portanto, Cristo é igual, é idêntico ao Pai em divindade, majestade e glória:

"Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser.” (Hb 1:1-3a).

O próprio Deus Pai declara o Filho como Deus:

“Mas, acerca do Filho: o teu trono, ó Deus, é para todo o sempre, e: Cetro de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.” (Hb 1:8-9).

Cristo é o Emanuel, o Deus conosco:

“Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” (Mt 1:23; cf. Is 7:14).

Cristo é chamado de Deus Forte:

“Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da paz.” (Is 9:6).

Cristo é Deus bendito para todo o sempre:

“Deles [dos israelitas, cf. v. 4] são os patriarcas e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém.” (Rm 9:5). [citação entre colchetes de minha parte].

No corpo físico de Jesus Cristo habita ou reside toda a plenitude da Divindade. Notem: o texto inerrante diz: "toda" a plenitude e não parte dela:

"Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” (Cl 2:8-9).

Jesus Cristo é o nosso grande Deus e Salvador:

“...aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.” (Tt 2:13). "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo." (2Pe 1:1).

Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna:

“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1Jo 5:20).

O cético discípulo Tomé sem hesitação afirmou diante do Cristo ressurreto: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20:28), o que, certamente, não foi uma interjeição, pois os judeus não empregavam este tipo de linguagem.

Sobre esta expressão, A. H. Strong afirmou:

“(...) Porque não foi repreendida por Cristo, equivale a uma declaração da sua parte como reivindicação da divindade.” (“Teologia Sistemática – Vol. I”, p. 455).

Enquanto que Wayne Grudem, descrevendo todo o contexto desta declaração de Tomé, trouxe as seguintes considerações:

“João 20.28, no seu contexto, também é uma sólida prova em favor da divindade de Cristo. Tomé duvidava dos relatos dos outros discípulos, de que haviam visto Jesus ressuscitado, e disse que não acreditaria se não visse as marcas dos cravos nas mãos de Jesus e não lhe tocasse com a mão na ferida do lado (Jo 20.25). Então Jesus apareceu novamente aos discípulos, estando agora Tomé com eles. Disse a Tomé: ‘Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente’ (Jo 20.27). Diante disso, lemos: ‘Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu’ (Jo 20.28). Aqui Tomé chama Jesus de ‘Deus meu’. A narrativa mostra que tanto João no modo como escreveu o seu evangelho quanto o próprio Jesus aprovam o que Tomé disse e incentivam todos os que ouviram falar de Tomé a crer nas mesmas coisas em que Tomé creu. Jesus imediatamente disse a Tomé: ‘Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram’ (Jo 20.29). Quanto a João, esse é o momento dramático mais forte do evangelho, pois ele logo a seguir diz ao leitor - já no versículo seguinte – que esta é a razão pela qual ele o escreveu: ‘Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome’ (Jo 20:30-31) (...)” (“Teologia Sistemática”, p. 172).

Ainda como evidências da divindade do Salvador, podemos citar também que três escritores do Novo Testamento aplicaram a Cristo verdades de Deus escritas no Antigo Testamento:

1) Em Mateus 3:3, por exemplo, lemos: “Preparai o caminho do Senhor”, que é uma citação livre, parafraseada de Isaías 40:3: “Preparai...o caminho de Yahweh (SENHOR)...”.

2) Semelhantemente, em Efésios 4:7-8, Paulo realizou uma aplicação do que o Salmo 68:8 afirma sobre Cristo, com a expressão “levaste cativo o cativeiro”.

3) E o apóstolo Pedro em sua primeira epístola afirmou: “santificai a Cristo em vossos corações” (1Pe 3:15), tomando emprestado a linguagem de Isaías 8:13: “Ao SENHOR dos Exércitos santificai...”.

Em seu estilo inconfundível, o famoso escritor cristão C.S. Lewis dirigiu uma impactante palavra exortativa àquelas pessoas que não acreditam na divindade de Jesus e O consideram apenas como um mestre moral:

“(...) Alguém que fosse meramente um homem e dissesse o tipo de coisas que Jesus disse nunca seria um grande mestre moral. Ou ele seria um lunático ou seria um demônio do inferno. Logo, você deve tomar sua decisão. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus; ou ele era um louco ou algo pior. Você pode considerá-lo um tolo, pode cuspir nele ou matá-lo como um demônio, ou você pode prostrar-se aos seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Todavia, não apresentemos essa adulação sem sentido sobre ele ser um grande mestre humano.” (“Mere Christianity”, Nova York: Touchstone, 1980, p.56).

Tudo bem, a Bíblia claramente afirma a Divindade de Cristo, mas questionamos: Cristo sabia que era o Messias, o Filho de Deus Pai e afirmou ser Deus?

Bem, para a cultura judaica da época, afirmar ser o Filho de Deus era o mesmo que dizer ser o próprio Deus (vejam Jo 10:30-33). Jesus, por Sua vez, afirmou para a mulher samaritana ser Ele o Cristo, o Messias (Jo 4:25-26). Certa vez os judeus o confrontaram solicitando para que afirmasse sinceramente ser Ele o Messias. Ele respondeu que já tinha afirmado, mas eles não acreditaram (Jo 10:23-25). Até os demônios temiam a Cristo e reconheceram ser Ele o Filho de Deus (Lc 4:41; 8:28-29).

No julgamento de Cristo, antes da crucificação, o sumo sacerdote O interrogou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Bendito?”. Qual foi a resposta de Jesus? “Eu sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu” (Mc 14:61-64).

Pedro afirmou a Cristo que os discípulos acreditavam ser Ele o Filho do Deus vivo. Cristo não o exortou como em outras situações, mas, disse que Pedro era bem-aventurado porque o Pai Celeste o tinha revelado a verdade (Mt 16:15-17; comparem com Mt 3:16-17; 17:5; Mc 1:9-11; Lc 3:21-22; 1Jo 5:9-12).

Aliás, Cristo evidentemente sabia que era Deus. Ele aceitou adoração (Mt 8:2; 14:33; Jo 9:35-39; 20:27-29; comparem com Hb 1:5-6,14). Quando um dos dez leprosos curados por Jesus se prostrou em sinal de adoração e gratidão diante dEle, Cristo não o exortou pela atitude, mas, perguntou ao ex-leproso onde estavam os outros que não vieram dar glória a Deus (Lc 17:12-18).

Repetindo um trecho deste estudo que apresentamos anteriormente, vejamos mais uma vez Cristo aceitando a adoração dos apóstolos:

"Seguiram os onze discípulos para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra." (Mt 28:16-18; comparem com Ap 1:8).

Se Jesus não possuísse plena Divindade, idêntica ao Pai, certamente Ele teria repreendido Seus discípulos que O adoraram ao vê-Lo, mas Ele aceitou adoração.

Será que alguém ainda continua com dúvida que Jesus Cristo é Deus? O problema, na verdade, não é que as pessoas não acreditam que possam existir evidências, mas o problema é uma questão de vontade de aceitar. As pessoas, sejam céticas ou até mesmo crentes, geralmente não querem aceitar a Divindade de Cristo ou ainda têm barreiras com o assunto, por imaturidade doutrinária, orgulho espiritual ou neglicência escriturística.

Confesso que a Divindade de Cristo e do Espírito Santo até há alguns anos atrás não estavam muito "cristalizadas", firmadas em minha mente, mesmo eu tendo nascido e crescido em um lar cristão. Eu precisei de um certo tempo de oração, leitura bíblica, meditação, conselhos e pesquisa do assunto ao material teológico disponível para compreender finalmente essas verdades tão maravilhosas e fundamentais para a nossa vida cristã.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A PLENA DIVINDADE DO PAI CELESTE

INTRODUÇÃO

Já demonstramos dezenas e dezenas de referências bíblicas que atestam de forma clara a existência das três pessoas divinas como sendo o único Deus, mas, no Antigo Testamento sem a revelação clara e aberta de quem é a segunda pessoa.

É evidente que só podemos afirmar que o que encontramos implicitamente no Antigo Testamento podemos chamar de primeira pessoa, segunda pessoa e de terceira pessoa da Trindade porque o Novo Testamento já as revelou como tal.

E também já demonstramos a atuação clara e aberta das três pessoas da Trindade no Novo Testamento sendo o único Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.  E foi possível observar que é o mesmo Deus único e que subisiste em três formas pessoais idênticas, mas distintas (para uma parte daqueles que lêem e discutem sobre este estudo). Mas, a grande parte destas evidências já demonstrada até aqui não é suficientemente clara para muitas pessoas, cristãs ou céticas, e, segundo muitas, nem é exaustiva em comprovar essa realidade trinitária de que essas três pessoas são realmente o único Deus e ao mesmo tempo são distintas entre si.

Estas supostas evidências (segundo muitos críticos) são apenas inferências (deduções) óbvias, lógicas e teológicas conforme a análise do contexto geral biblico. Em parte muitos têm razão, pois para assegurarmos 100% de comprovação bíblica sobre a doutrina trinitariana, é mais sensato ainda demonstrarmos mais algumas dezenas de evidências. E é o que faremos a seguir.

Mas, antes mesmo de citarmos as claras e indiscutíveis evidências das distinções entre as pessoas da Trindade, é necessário que se mencione as claras e indiscutíveis evidências da plena divindade de cada uma delas.

EVIDÊNCIAS DA DIVINDADE DAS TRÊS PESSOAS DA TRINDADE

A divindade do Pai, à propósito, dificilmente tem sido questionada na história do cristianismo., o que não ocorreu com a divindade do Filho e do Espírito Santo, que frequentemente são postas em descrédito por diversas seitas, religiões e críticos antitrinitaristas.

01) O PAI CELESTE É DEUS (CONHECENDO MELHOR A PESSOA DO PAI E SUA PATERNIDADE)

Quais as evidências de que o Pai Celeste é realmente Deus e quais as Suas "funções", "atributos" ou "atribuições"? A Igreja atualmente fala e canta tanto a respeito do Pai, de Jesus e do Espírito Santo (mesmo que algumas igrejas ainda resistam ao Espírito), mas a respeito do Pai Celeste, é evidente que ninguém na igreja desconfia de Sua divindade, mas será que lembramos quem é Ele realmente e qual é a Sua obra?

Citaremos inúmeras evidências do Novo Testamento. Para as evidências no Antigo Testamento, sugerimos a leitura das nossas postagens anteriores.

Ele é o Pai de todos os crentes em Cristo:

“Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.” (Gl 3:26).

Ele é o Pai da Igreja e dos cristãos porque o amor dEle pelo Filho os alcança:

"Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus. Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai." (Jo 16:27). "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo." (Jo 17:24).

Ele é abençoador e é o Autor da eleição:

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.” (Ef 1:3-5).

O Pai, além de eleger, selou os cristãos:

"Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará. Porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo." (Jo 6:27)

O Pai, além de selar, leva os cristãos a conhecer Cristo:

"Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim, e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora [...] E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu, pelo contrário, eu o ressuscitarei no última dia [...] Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo 6:37,39,44).

O Pai é o comissionador e quem enviou o Filho, movido por um intenso amor, como o Pão do Céu para dar vida ao mundo:

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3:16). "Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis [...] Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu repeito de que o Pai me enviou." (Jo 5:19-20,36). "Respondeu-lhes Jesus: a obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado [...] Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo [...] Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede." (Jo 6:29,33,35).

O Pai deseja que todos aqueles que crêem no Filho, tenham vida eterna:

"De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo 6:40).

Ele é disciplinador de Seus filhos, para que participemos de Sua santidade:

"É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? [...] Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade." (Hb 12:7,9,10)

Ele é o nosso ensinador, se ouvimos e aprendemos tudo o que vem da parte Dele:

"Está escrito nos profetas: E serão ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim." (Jo 6:45-46; cf. Is 54:13).

O Pai nos concede Sua graça e Sua paz:

"A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo." (Rm 1:7).

Ele é o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação:

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus." (2Co 1:3-4).

O Pai vivifica e ressuscita os mortos, bem como também o Filho:

"Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a querm quer." (Jo 5:21).

Assim sendo, o Pai concedeu ao Filho ter a vida em Si mesmo, assim como Ele tem a vida em Si mesmo:

"Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo." (Jo 5:26).

O Pai, juntamente com o Filho, enviou o Espírito Santo:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós [...] Isto vos tenho dito, estando ainda convosco; mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." (Jo 14:16-17,25-26). "Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim." (Jo 15:26; comparem ainda com Jo 16:7,13).

Pertence ao Pai também o beneplácito (consentimento ou aprovação):

"Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo." (Ef 1:4; comparem com os vv. 9 e 11).

Ao Pai, de forma especial, pertence o poder, o reino e a glória:

"[...] pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!" (Mt 6:13b).

Cristo não O chama apenas de Pai, mas também de Deus:

"Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27:46). "Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus." (Jo 20:17)

O próprio Cristo é chamado "Cristo de Deus":

"Mas vós, perguntou ele, quem dizeis que eu sou? Então, falou Pedro e disse: És o Cristo de Deus." (Lc 9:20; comparem com 1Co 3:23; Ap 12:10).

O Pai confiou ao Filho todo o julgamento, para que todos honrem o Filho da mesma forma como o Pai deve ser honrado:

"E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento, a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honra o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou." (Jo 5:22-23).

Aliás, o Pai confiou não apenas todo o julgamento ao Filho, como também todas as coisas:

"O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos." (Jo 3:35).

Mas, o Pai reservou para Sua exclusiva autoridade o tempo determinado para o fim das eras:

"Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai." (Mt 24:36). “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1:7-8).

O Pai está trabalhando constantemente, assim como o Filho:

"Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (Jo 5:17).

O Pai, que é espírito, procura adoradores que O adorem em espírito e em verdade:

"[...] Mulher, podes crer-me, que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai [...] Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:21,23,24).

Depois de tantas evidências, será que restam dúvidas ainda de que o Pai Celeste é Deus? Acredito que não. Como afirmamos, a Divindade do Pai nunca foi um grande problema para a defesa da fé cristã protestante, dificilmente ela foi contestada, o que não ocorreu com o Filho e o Espírito.

Hermisten da Costa trouxe sábias considerações quanto a paternidade de Deus no livro “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”:

A paternidade de Deus é amplamente ensinada no Novo Testamento. Paulo, por exemplo, em todas as suas epístolas reafirma este fato (Rm 1.7; 1Co 1.3; 2Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; Cl 1.2; 1Ts 1.1; 2Ts 1.2; 1Tm 1.2; 2Tm 1.2; Tt 1.4; Fm 3). A paternidade divina é entendida como um ato de intenso amor para com os homens que se encontravam num estado de total depravação e miséria (Jo 3.16; 1Jo 3.1) (...)” (p. 130).

Em seguida, Hermisten forneceu uma edificante relação de adjetivos referentes à paternidade de Deus para que compreendamos melhor o seu sentido (p. 131):

“1) Pai Glorioso: Jo 17.1-5; Ef 1.17; 2) Pai Santo: Jo 17.11; 3) Pai Justo: Jo 17.25; 4) Pai Perfeito: Mt 5.48; 5) Pai Misericordioso: Lc 6.36; 2Co 1.3; 6) Pai Gracioso: Mt 7.11; Rm 1.7; Tg 1.17; 7) Pai Fiel no Cumprimento de suas Promessas: Dt 7.6-9; Lc 24.49; At 1.4, 8; At 2.1ss.; 14ss.; 8) Pai que escolhe seus filhos adotivos: Jo 6.37, 44, 65; Ef 1.3, 4; 2Ts 2.13; 9) Pai Incansável: Jo 5.17; 10) Pai Onisciente e Todo-Poderoso: Mc 13.32; 14.36; 11) Pai que envia seu Filho para salvar seu povo: 1Jo 4.14; Jo 17.6-26; 12) Pai Auto-existente: Jo 5.26; 13) Pai livre em seus atos: Jo 5.21; Rm 9.14-29; 11.33-36; 14) Pai que se revela através do Filho: Mt 11.27”.

domingo, 17 de outubro de 2010

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO (PARTE FINAL)

EVIDÊNCIAS NAS EPÍSTOLAS GERAIS

Epístola aos hebreus:

30) Podemos servir a Deus, limpando nossas consciências, através do poder do sangue de Jesus Cristo, que foi oferecido ao Pai por nós, pelo Espírito Santo:

"Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9:14).

Epístola de Judas:

31) Podemos orar com o auxílio do Espírito Santo, nos guardando no amor do Pai, tendo nossa esperança embasada na misericórdia de Jesus:

"Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna." (Jd 20-21).

Primeira epístola de Pedro:

32) Este item está diretamente relacionado ao item 22: A obra salvífica efetuada pelas três pessoas da Trindade: Os cristãos foram eleitos pela presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito Santo, visando a obediência e aspersão do sangue de Jesus, o Filho:

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (1Pe 1:1-2).

Primeira epístola de João:

33) No mandamento de Deus Pai em crermos em Jesus Cristo, o Deus Filho e nos amarmos uns aos outros, pois assim, o Deus Espírito Santo permanece em nós, pois foi enviado pelo Pai:

“Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. E aquele que guarda os seus mandamentos, permanece em Deus, e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu.” (1Jo 3:23-24).

UMA APARENTE EVIDÊNCIA NA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Existe outra passagem que poderia ser talvez a maior evidência neo-testamentária acerca da Trindade, mas carece de comprovação de autenticidade. Estamos falando de 1º João 5:7 (a versão Almeida Revista e Atualizada traz parte deste texto entre colchetes para expressar a carência de autenticidade do mesmo, cf. v. 8):

“Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um”.

Os teólogos Wayne Grudem e Hermann Bavinck comentaram toda a problemática acerca desta passagem. Grudem afirmou que:

“(...) a tradução (dentro de colchetes, significando que o texto em questão não tem apoio dos melhores manuscritos) que a ARA dá de 1Jo 5.7 não deve ser usada com esse fim [o de comprovar a Trindade] (...) O problema dessa tradução é que ela se baseia num número muito pequeno de manuscritos gregos pouco confiáveis, sendo o mais antigo deles do século XIV d. C. As melhores versões não incluem esse trecho, mas o omitem, como o faz a grande maioria dos manuscritos gregos de todas as tradições textuais de monta, inclusive vários manuscritos bastante confiáveis dos séculos IV e V d. C. e também citações dos pais da igreja, como Ireneu (m. c. 212 d.C.), Tertuliano (m. depois de 220 d.C.) e o grande defensor da Trindade, Atanásio (m. 373 d. C.)” (Grudem, “Teologia Sistemática”, p. 169).

Já Bavinck em “The Doctrine of God” (pp. 265-266), afirmou que:

“A genuinidade do texto de 1Jo 5.7 permanece duvidosa. Ela não é encontrada em quaisquer dos códices gregos, exceto em uns poucos datados do século XVI. Também não aparece em quaisquer dos códices latinos anteriores ao século VIII e está ausente de quase todas as versões. Além disso, nunca é citado pelos pais latinos: Hilário, Ambrósio, Jerônimo, Agostinho, etc. Se é citado ou pressuposto por Tertuliano, ele deve ter existido desde aproximadamente ao ano 190; e se é citado por Cipriano, deve ter sido conhecido por volta do ano 220. Se a Versão Africana continha esse texto – como é sustentando por um manuscrito datado do século V e por outro do século VII – podemos voltar ainda no tempo, porque a Versão Africana data de por volta do ano 160 e foi trazida para a Itália por volta de 250. Com certeza, podemos afirmar que esse texto apareceu nos escritos de Virgílio, por volta de fins do século V. No século XVI, ele foi incluído no N.T. Grego Complutensiano, por Erasmo na terceira edição de sua obra, por Robert Estienne (Estefano), por Teodoro Beza, e no Textus Receptus. Ele não é definitivamente exigido pelo contexto e seria muito difícil explicar a sua omissão e subseqüente desaparecimento. Há ainda alguns que defendem esta passagem como genuína. Em 1897, a questão de se 1 Jo 5.7 pode ser rejeitado com segurança ou pelo menos omitido por ter origem duvidosa foi rejeitada pela Congregação do Santo Ofício, em Roma, decisão essa que foi ratificada pelo papa. Mas aparentemente esse veredicto não resolveu a questão da autenticidade do texto...De qualquer modo, mesmo após essa declaração oficial [da Igreja de Roma], muitos teólogos católicos romanos têm defendido com muitos argumentos a inautenticidade de 1 Jo 5.7” (citado em “O ser de Deus e os seus atributos” de Héber C. Campos, pp. 110-111).

Vejam ainda uma discussão complementar que parece ir contra estas últimas matérias apresentadas: (http://solascriptura-tt.org/Bibliologia-PreservacaoTT/ObservacoesSobreAutenticidade1Joao5_7-Dabney.htm)

Portanto, das 8 epístolas consideradas GERAIS, em 4 encontramos evidências trinitarianas: Hebreus, 1 Pedro, 1 João e Judas e em 4 epístolas não encontramos menções da Trindade: Tiago, 2 Pedro, 2 João e 3 João.

EVIDÊNCIAS EM APOCALIPSE

34) Ressaltamos também a saudação trinitária de Apocalipse 1:4-6, onde lemos:

“João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete espíritos que se acham diante do seu trono, e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém”.

Aqui o apóstolo e evangelista João saudou as igrejas da Ásia da parte do Pai, do Espírito Santo, que está diante do trono de Deus e de Jesus Cristo, que se ofereceu ao Pai, pelos nossos pecados. O Espírito Santo neste texto é indicado pelos “sete espíritos” (Ap 3:1; 4:5; 5:6), em Sua perfeita plenitude (cf. Is 11:2). É importante destacar que o número sete ocorre 54 vezes em Apocalipse e é associado à inteireza, ao cumprimento e à perfeição (cf. Gn 2:2; Ex 20:10; Lv 14:7; At 6:3).

Sobre esta passagem, J. I. Packer (pastor anglicano) comentou:

“...É assim que lemos a bênção trinitária de 2Coríntios 13.14 [am algumas versões é no v. 13], e a oração por graça e paz do Pai, Espírito e Jesus Cristo em Apocalipse 1.4,5 (teria João colocado o Espírito entre o Pai e o Filho, se não reconhecesse o Espírito como divino no mesmo sentido que eles são?)”.

35) Cristo, o Filho de Deus, ressurreto, diz a igreja de Tiatira, através de uma das cartas que ordena que o apóstolo João escreva:

“Assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 2:28-29).

36) Semelhantemente, Cristo, a igreja de Sardes, diz:

“O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 3:5-6).

É assaz interessante e edificante perceber que Cristo, como Filho, faz afirmações às igrejas que O incluem juntamente com o Pai Celeste, mas, em seguida exorta que os cristãos atentem para a mensagem do Espírito Santo para essas igrejas (comparem com Ap 3:12-13, 21-22).

37) O Espírito Santo afirma que aqueles cristãos que perseveram na obediência a Deus Pai e na fé em Jesus, o Filho, podem ter a certeza e o consolo de receber no Céu o descanso depois de terem trabalhado arduamente na obra do Senhor:

“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.” (Ap 14:12-13).

38) Nas últimas palavras de Jesus, o Filho, no livro do Apocalipse, sobre a Sua mensagem às igrejas, sobre o anseio desta igreja e do Espírito Santo na volta do Senhor e que se alguém ensinar algo além do que foi transmitido, o Pai irá castigá-lo com as mesmas pragas que o Apocalipse relatou (“Pai” está implícito, pois é Cristo quem está falando):

“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas [...] O Espírito e a noiva dizem: Vem! [...] Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro.” (Ap 22:16a,17a,18b).

Existem muitas outras evidências em Apocalipse, mas mais especificamente evidências da igual participação na Divindade das pessoas do Pai e do Filho, as quais veremos posteriormente.

O "ELO TRINITÁRIO" ENTRE OS TESTAMENTOS

Apresentaremos uma referência do Antigo Testamento que, aliada à duas outras passagens do Novo, formam o que o escritor Aldo Menezes denominou de “elo trinitário entre o Antigo e o Novo Testamento” (livreto: “As Testemunhas de Jeová e a Trindade”, p. 29).

Easa é mais uma demonstração da progressividade da revelação da vontade divina aos homens contida nas Escrituras. Somente analisando o Novo Testamento, encontramos essa conexão maravilhosa das pessoas da Trindade com o Antigo Testamento. Aqui, Deus mais uma vez se expressa no plural (comparem Gn 1:26; 11:7; Nm 6:24-26; Dn 9:19; Is 33:22; Ap 4:8). O texto que desejamos enfatizar é o de Isaías 6:1-9 (interpretado à luz do Novo Testamento):

“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado. Depois disto ouvi a voz do SENHOR, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais”.

Algumas observações importantes devem ser feitas sobre esta passagem:

PRIMEIRA: No v. 8 ocorre mais uma forma plural, “quem há de ir por nós?”. Afirmar que o profeta subentendeu que Deus falava no plural, pois incluiu os anjos não é correto porque em outras ocasiões, quando não só o ser humano estava presente, mas até anjos, a forma permaneceu no singular (Gn 18:21-22), pois neste caso, apenas um membro da Trindade estava presente, enquanto que na visão de Isaías aparecem os três, o que se verifica inclusive pela tríplice expressão: “Santo, Santo, Santo”;

SEGUNDA: Deus Pai estava ali: A visão da glória divina implica logicamente a presença do próprio Deus, o Pai, que é implicitamente mencionado no v. 1;

TERCEIRA: Jesus Cristo em Seu estado pré-encarnado estava ali. Podemos afirmar isso diante da passagem de João 12:36-41. Pelo contexto que veremos, no v. 41, o texto revela que Isaías afirmou tais coisas quando viu a glória de Jesus.

“Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Jesus disse estas coisas e, retirando-se, ocultou-se deles. E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele; para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, por que Isaías disse ainda: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, e se convertam e sejam por mim curados. Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito”.

QUARTA: O Espírito Santo estava na visão de Isaías. Podemos afirmar isto devido às inspiradas declarações do apóstolo Paulo em Atos 28:25-27, especialmente no v. 25b, incluindo o v. 10 de Isaías 6:

“E havendo discordância entre eles, despediram-se, dizendo Paulo estas palavras: Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías, quando disse: Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido ouvireis, e não entendereis; vendo vereis, e não percebereis, porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente, e fecharam os seus olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados”.

CONCLUSÕES DESTA PARTE

Portanto, observamos até aqui textos bíblicos (do Antigo e do Novo Testamento) que comprovam claramente a existência e a atuação das três pessoas da Trindade. Mas, vamos ponderar: à partir da realidade de que as três pessoas da Trindade existem, já que elas são o único e verdadeiro Deus (como afirma a doutrina trinitariana), quais são os textos bíblicos mais claros que comprovam esta verdade? E mais: e os textos que comprovam que as três pessoas são distintas entre si? É o que veremos nas próximas postagens.

Depois de tantas referências bíblicas, vetero e neo-tetamentárias (muitas dezenas e dezenas de versículos bastante claros) que apontam a manifestação, obra e comportamento das chamadas três pessoas da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo e depois de verificar em todas essas referências que nenhuma outra pessoa criada ou anjo, por mais santos que fossem ou qualquer outra coisa ou criatura do universo participou da obra de Deus de criação e salvação da humanidade, inclusive batizar e abençoar os cristãos, mas tão somente participaram estas três pessoas, e sabendo que Deus jamais compartilharia essa glória com mais ninguém, mas somente com alguém que fosse Deus, e mesmo utilizando o critério da ANTINOMIA, ou seja, conciliando versículos aparentemente contraditórios, mas que são complementares (os que mostram as três pessoas da Divindade e os que afirmam a unicidade de Deus), mesmo depois de tantas evidências será que muitas pessoas ainda possuem dúvidas na veracidade e autenticidade da doutrina trinitariana?

Sem problema. Se dúvidas e críticas ainda persistem em muitos corações e mentes sobre a doutrina trinitariana, esperamos que com as próximas postagens, todas elas, em nome de Jesus, caiam por terra, pois serão evidências ainda mais claras e diretas da Divindade de Cristo e do Espírito Santo e de que as três pessoas da Divindade são o único Deus e ao mesmo tempo subsistem de forma distinta uma das outras.

Que o nosso Deus triúno seja glorificado eternamente. Amém.