Queremos enfatizar um perigo que circula pela Igreja de Cristo que é a influência negativa de várias doutrinas religiosas, principalmente devido ao esquecimento das bases fundamentais da religião protestante contidas na Bíblia.
"Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef 4:14).
Meu caro leitor cristão, seja do Brasil ou de outro país, desejamos lhe fazer uma pergunta intrigante:
Depois de passar a semana em oração e leitura e meditação na Palavra de Deus, você já teve a sensação, ao participar das atividades da igreja, principalmente do culto noturno de domingo, de que o que as pessoas estão ensinando e cantando tem muito pouco em comum com aquilo que você viu e meditou durante a semana?
Você já percebeu esta discrepância na vida cristã? Nós já sentimos, como acreditamos que milhares de outros cristãos também já e se incomodaram com isso. Esse é um "santo incômodo", pois é o Espírito Santo falando conosco. Foi Ele que inspirou a Bíblia e inspira os cristãos a pregarem a Palavra, que é a Sua espada, mas Ele também percebe esta discrepância, seja onde for, pois Ele é onisciente.
É claro que, graças a Deus, essa situação discrepante não é uma regra geral para a Igreja Cristã no mundo, mas muitas vezes parece que aquele alimento espiritual sólido que recebemos durante a semana em nossa leitura bíblica diária não se compara nenhum pouco àquela "água com açúcar" que muitas vezes é pregada e cantada em muitas igrejas. E quando recebemos uma pregação bem fundamentada nas Escrituras, ah, é um alívio reconfortante para as nossas almas, muitas vezes sedentas de ouvir e cantar novamente algo com um pouco mais de respaldo bíblico.
Onde estão as mensagens e os cânticos que falam da necessidade de arrependimento, de perdão de Deus, sobre o pecado, sobre a santificação, sobre a justificação, a regeneração, a vida eterna, etc.? As mensagens e as canções quase sempre enfocam apenas a obrigatoriedade de Deus em nos curar, nos abençoar, nos encher de bens materiais.
A Bíblia, infelizmente, tem assumindo um papel secundário em muitas igrejas evangélicas. Ela está deixando de ser a única regra de fé e prática de muitos crentes e, consequentemente, outras regras estão influenciando a Igreja, distorcendo a fé e a prática de muitos de nós.
O Senhor Jesus afirmou que podemos errar por não ter o conhecimento adequado da Palavra de Deus (Mt 22:29; Jo 20:9).
Aliás, pode até parecer exagero afirmar que a Bíblia está sendo deixada para um segundo plano dentro da Igreja, afinal, ela é lida e estudada dominicalmente e durante a semana. Por que afirmarmos isto?
O que queremos afirmar aqui é que a Bíblia está sendo lida, mas a sua mensagem está sendo distorcida, interpretada de forma equivocada, não existe mais uma atenção para a devida interpretação da Bíblia e para assuntos que exaltam a natureza de Deus, Seus atributos. Muitos setores da Igreja, muitos crentes estão utilizando a Bíblia apenas quando ela está de acordo com suas intenções, mas quando a Bíblia diz algo contra, então é ignorada.
Ou ainda, muitos cristãos não têm maturidade bíblico-doutrinária suficiente e estão sendo enredados por inúmeros "ventos de doutrina" por seus líderes e pela influência da sociedade mundanizante.
Sem discernimento bíblico, incorremos no erro de aceitar ensinos e práticas contrários a vontade de Deus (Gl 1:6-9; Ef 4:13-14; 2Pe 3:14-18), sem muitas vezes nem conferirmos se é verdade como os cristãos de Beréia faziam (At 17:11), adulterando, assim, a verdade bíblica, muitas vezes também subtraindo ou adicionando algo das Escrituras Sagradas (Dt 12:32; Pv 30:5-6; Ec 3:14; Ap 22:18-19) e indo além do que está escrito (Rm 15:4; 1Co 4:6; 2Tm 3:16-17), perdendo o referencial máximo de conduta e ética e, assim, nos desorientando em uma espécie de escuridão doutrinária por não termos mais a “lâmpada” da Palavra para iluminar os nossos passos (Sl 119:105), quando o correto seria guardarmos no coração a Palavra de Deus para não pecarmos contra Ele (Sl 119:11,112).
Onde foi parar o discernimento espiritual que todos nós, cristãos, possuímos, devido ao Espírito Santo que em nós habita? (1Jo 2:20,27; cf. Hb 5:11-14; Fp 1:10; 1Ts 5:21;Tt 2:6).
Quando a Igreja de Cristo se afasta da Bíblia (quando ela se "desbiblializa"), seus membros passam a entoar canções com letras equivocadas, letras que que passam longe do texto sagrado, os cristãos também passam a acreditar que tudo é relativo, que não existe uma Verdade absoluta, eles também passam a defender que o relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo é algo normal, que a troca frequente de namorados deve ser um hábito.
Quando a Igreja de Cristo se afasta da Bíblia (quando ela se "desbiblializa") e quando os pais usam de força física para educar seus filhos – que se usada com sabedoria e prudência, é bíblica – eles passam a ser vistos como violentos e impróprios para educá-los, e podem até mesmo serem processados por educarem seus filhos.
Quanto a Igreja de Cristo se afasta da Bíblia (quando ela se "desbiblializa") temas como “missões”, “dízimo e ofertas” e “avivamento” passam a ser enfadonhos e Deus passa a ser uma espécie de “gênio da lâmpada”, como se fosse obrigado a realizar todos os nossos desejos. Os cristãos, então, passam a acreditar e buscar a prosperidade total aqui na Terra, nas áreas física e financeira, se esquecem da herança guardada no Céu, se esquecem da bendita esperança em aguardar o nosso Salvador em Sua gloriosa volta. A "Igreja Militante", então, não quer mais ser um dia a "Igreja Triunfante", ela quer apenas na verdade ser a "Igreja Humanizante", ou seja, ela quer mesmo é permanecer na Terra, nada de Céu, e ser uma instituição humana e não divina, escravizada aos dogmas humanísticos de enriquecimento, egoísmo e prosperidade.
Quando a Igreja de Cristo se afasta da Bíblia (quando ela se "desbiblializa"), seus membros passam a acreditar que uns são mais importantes que os outros, alguns passam a acreditar que são "estrelas", "intocáveis", por ter um talento que outro não tem, alguns outros se dedicam de maneira contumaz na obra do Senhor, mas se esquecem de adorar e servir o Senhor da obra.
Quando a Igreja de Cristo se afasta da Bíblia (quando ela se "desbiblializa"), muitos acreditam na ciência ruim (pois existe a boa ciência) em vez da Bíblia e muitos passam a acreditar que os seres humanos são uma evolução dos macacos, outros passam a acreditar que as histórias bíblicas são meras lendas, alguns passam a duvidar da soberania e da justiça de Deus, que Ele não sabe nada do futuro e passam a acreditar que é a humanidade que faz o seu destino, que salva a si mesma.
O maior exemplo de “desbiblialização” da Igreja ocorreu a partir do 4º século d. C., quando ela permitiu a entrada de incontáveis heresias em seu corpo doutrinário, durante séculos, se afastando gradativamente da pura doutrina bíblica. Devemos, no entanto, tomar como exemplo os idealizadores da reforma protestante, que lutaram para que a Igreja retornasse à “ortodoxia bíblica”, isto é, a Bíblia como único referencial, absoluta, pois é a Palavra escrita e inspirada de Deus (2Pe 1:21; 2Tm 3:16).
Não desejamos aqui diluir a importância do conhecimento científico e também de inúmeros tipos de literatura, como os próprios livros evangélicos, em sua grande maioria (há exceções), escritos por irmãos inspirados e que trazem grande edificação para o Corpo de Cristo, bem como outros gêneros literários, como a poesia e até mesmo os livros escolares. A questão principal que desejamos enfatizar é que, como cristãos, devemos priorizar os ensinamentos divinos transmitidos nas Sagradas Escrituras. As demais fontes de conhecimento, como os exemplos vistos acima, analisadas com o devido discernimento bíblico devem ser consideradas apenas como auxiliares em nosso crescimento intelectual, moral e espiritual (1Ts 5:21).
Quando a Igreja de Cristo se volta para a Palavra de Deus, que é perfeita, sem erros e contradições e expressa a genuína verdade sobre a vida, os seus membros começam a desfrutar um despertamento singular em suas vidas. Mesmo passando por provações, eles não se abalam, pois, estão firmados nas promessas de Deus. Eles se recordam que cada pessoa é um ser infinitamente amado por Ele, que cada parte da Igreja, cada ministério, é igualmente importante, eles se lembram que grande parte da população mundial está vivendo em uma quase total ignorância espiritual, sem Deus, sem o evangelho transformador de Jesus e que é nossa missão levá-lo a elas.
Quando a Igreja de Cristo se volta para a Bíblia, os seus membros passam a ver a vida espiritual de uma forma abrangente, ou seja, todos os aspectos e momentos do viver são assumidos como integrantes da vida cristã, não existindo, então, vários tipos de vida, uma em casa, uma na igreja, uma no trabalho e outra na escola.
Quando a Igreja de Cristo se volta para a Bíblia, os seus membros se lembram como é vital para a carreira cristã ter uma vida de oração constante.
É...acreditamos que todos irão concordar com o que iremos afirmar, pois também já tinham certamente percebido tudo isto que mencionamos: a Igreja de Cristo precisa urgentemente e novamente de um novo despertamento bíblico e prático.
A Igreja de Cristo tem uma origem, um destino, ela tem um dono soberano, ela tem um rol de membros que deve crescer, ela tem uma finalidade, um significado, um propósito e um manual de instruções perfeito, mas ela se afasta a cada dia de tudo isso, pois ela é composta de membros imperfeitos que se esquecem do seu Criador e Proprietário que é eternamente perfeito, ela está perdendo a sua identidade e todos nós, que fazemos parte da Igreja de Cristo, precisamos nos esforçar para revertermos essa situação. Essa é uma das marcas principais de um avivamento genuíno.
Avivamento ou despertamento espiritual é...
QUANDO A IGREJA APRENDE A INTERPRETAR CORRETAMENTE A BÍBLIA E PRATICA CORRETAMENTE O QUE APRENDEU A INTERPRETAR.
Portanto, que busquemos a Deus cada vez mais, em oração, jejum, leitura bíblica e vida piedosa (a começar do autor deste artigo).
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