sábado, 20 de fevereiro de 2010

LIDANDO COM AQUELES QUE SE DESVIARAM DA VERDADE (PARTE 01)

INTRODUÇÃO

“Tendo purificado as vossas almas, pela vossa obediência à verdade...” (1ª Pedro 1:22a).

" ...importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos” (Hebreus 2:1);

As ciências têm comprovado a veracidade da Bíblia, sim, como é o caso da arqueologia e história, entre outras. Mas, elas apenas tecem um pano de fundo no qual confirmam os relatos bíblicos naturais, não podendo comprovar, conseqüentemente a ocorrência de fatos que demandam a fé, ou seja, os relatos bíblicos sobrenaturais.

Todavia, se o contexto histórico cultural da Bíblia é totalmente digno de confiança, por que os assuntos que relacionam o ser humano com o seu Criador não poderiam ser verdade também? Se, em termos terrenos, humanos e proféticos a Bíblia tem se revelado 100% verdadeira, seguramente é também 100% verdadeira naquilo que afirma sobre Deus e os valores espirituais nela contidos. É inteiramente digna de confiança. Como Jesus havia afirmado:

"...nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto, contudo não aceitais o nosso testemunho. Se tratando de coisas terrenas não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:11-12).

E a Bíblia realmente afirma ser a Palavra inspirada de Deus, útil para o nosso aprendizado e edificação (2º Timóteo 3:16-17; 2º Pedro 1:20b-21). Sabemos e reconhecemos (inclusive quase todas as religiões e seitas também reconhecem) que Deus é perfeito e verdadeiro, que Ele jamais erra, mente ou se arrepende (Isaías 45:19b; Tito 1:2).

E, partindo do princípio que Deus é perfeito e verdadeiro, conseqüentemente as Suas palavras refletem a Sua essência, ou seja, a Bíblia também é perfeita e verdadeira (Salmos 119:140a; 151a; João 10:35; 17:17). Além disso, o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, já havia afirmado que é a verdade que liberta (João 8:31-36; 14:6).

E, já que Cristo é a Verdade, seguir a Cristo e Sua Palavra é seguir a verdade, não é mesmo? Então, conseqüentemente, o cristianismo prega a verdade para a humanidade.

Mas, a grande questão que desejamos enfatizar aqui é que muitas pessoas (muito mais do que muitos imaginam), mesmo tendo tido contato com a verdade bíblica, a sã doutrina cristã (até mesmo desde a infância), por inúmeros motivos e em circunstâncias das mais diversas, se desviam desta verdade, deixam de acreditar nos princípios balizares da fé cristã ortodoxa e se deixam enredar por doutrinas adversas à Bíblia:

“Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?” (Gálatas 5:7).

Muitas vezes (ou praticamente em todas as vezes) este desvio doutrinário não ocorre da noite para o dia, mas, sim, paulatinamente, no decorrer dos meses e anos, quando essas pessoas se “decepcionam” com o evangelho ou “pseudo-evangelho” que lhes fora pregado. Diante de tantas lutas que passam e, sem encontrar um alicerce doutrinário sólido ou um acompanhamento de discipulado em suas igrejas, acabam por buscar novas e mais “atraentes” filosofias religiosas, que não passam de pura ilusão e cegueira espiritual engendradas astutamente no seio da Igreja de Cristo pelo seu maior inimigo, Satanás.

É exatamente este o contexto que foi ensinado pelo Mestre dos mestres, o Senhor Jesus Cristo, em sua tão rica e querida parábola do semeador (Lucas 8:5-15). A semente, segundo Cristo, é uma representação da Palavra de Deus que é disseminada por inúmeros tipos de solo, ou seja, pessoas e circunstâncias (v. 11). A semente que caiu à beira do caminho indica as pessoas que ouviram a Palavra, mas o diabo a arrebatou de seus corações para não crerem e serem salvos (v. 12).

A semente que caiu sobre a pedra demonstra as pessoas que ouviram a Palavra e a receberam alegremente, mas como uma planta que não possui raiz, em ocorrendo as provações, se desviam desta Palavra (v. 13). Já a semente que caiu entre os espinhos demonstra as pessoas que ouviram a Palavra e, ao passar do tempo, as preocupações, as riquezas e prazeres da vida sufocaram esta semente, ou seja, impediram que a Palavra de Deus fizesse o efeito edificante e libertador em suas vidas. Essas pessoas não chegam a demonstrar frutos espirituais em suas vidas, elas não amadurecem na fé adequadamente (v. 14).

Finalizando, a semente que caiu na terra boa representa as pessoas que ouviram de bom e reto coração e guardaram a Palavra de Deus em seus corações e refletiram em suas vidas os seus frutos espirituais, perseverantemente (v. 15).

Observamos, assim, as origens claras e inegáveis de muitas seitas e cultos heréticos indicadas pelo próprio Senhor da Igreja, Jesus. Estas são as origens de muitos desvios da fé cristã que se iniciam por uma ou mais pessoas até ver-se formado um forte e bem preparado grupo sectário de pessoas zelosas e honestas (em sua imensa maioria), mas, infelizmente, sinceramente iludidas em relação à verdade suprema e eterna revelada nas Escrituras Sagradas.

A "FÓRMULA PAULINA" PARA LIDAR COM OS DESVIADOS

Observemos o que o inspirado apóstolo Paulo nos ensinou sobre como se comportar com pessoas que se desviaram da verdade da fé cristã. Será que devemos agir com intolerância e impaciência? Ou devemos “isolá-las” completamente do nosso convívio? O texto que queremos salientar é este:


“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e, sim, deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua vontade” (2ª Timóteo 2:24-26).

Vamos, então, extrair alguns ricos ensinamentos destas palavras do apóstolo dos gentios:

1ª) Somos servos do Senhor?

Primeiramente é este o ponto que devemos zelar: será que somos mesmo servos do Senhor? Paulo disse: “...é necessário que o servo do Senhor...”. Ora, se vamos dialogar com alguém sobre sua religião, sobre suas crenças e práticas ritualísticas que, segundo o nosso entendimento, estão em desacordo com a Bíblia, devemos olhar para nós mesmos e analisar até que ponto temos realmente servido ao Senhor Jesus e à Sua Palavra, com humildade, reverência e dedicação. Conhecemos realmente a vontade do nosso Mestre e a praticamos?

Ou será que no fundo, escondido em nossos corações, o que realmente desejamos é que Ele, o Senhor dos senhores, o Soberano Criador e Sustentador do universo seja o nosso servo? É evidente que este pensamento é o mais absurdo e herético que poderíamos possuir, mas, devemos analisar se muitas práticas e doutrinas apregoadas por nós evangélicos têm, mesmo que subliminarmente, sugerido exatamente isso (neste caso, somos nós que estamos nos desviando da verdade. É preciso cuidado).

2ª) Sem contendas:

Não. Nada de contendas. Se somos servos do Senhor, não devemos viver em contendas. Se existe algo que pode ocorrer em uma “discussão” religiosa é a contenda, o acalorado confronto de palavras, com até mesmo a elevação do tom de voz e sem que haja uma finalidade edificante e proveitosa. Ninguém, nestes casos, chega a um ponto em comum (mesmo porque as crenças são diferentes entre si) e muitas vezes todos falam ao mesmo tempo. A Bíblia nos adverte contra as contendas:

“Como abrir-se da represa, assim é o começo da contenda; desiste, pois, antes que haja rixas.” (Provérbios 17:14);

“Honroso é para o homem o desviar-se de contendas, mas todo insensato se mete em rixas.” (Provérbios 20:3; comparem com 1ª Timóteo 1:3-7; 6:20-21).

Hoje, como nunca antes, os ditados que dizem que “religião não se discute” e que "cada um possui a sua verdade" estão em evidência em nossa sociedade, apregoados, mesmo que de maneira velada, aos quatro cantos pela mídia. Mas, podemos, sim, “discutir” religião, se, evidentemente, obedecermos os princípios da Palavra do Senhor para um sadio diálogo com as pessoas que professam outra prática religiosa.

Neste caso, “discutir” não é sinônimo de “contender” e nem de “ofender mutuamente”, mas, sim, “dialogar”, “trocar idéias e informações amigavelmente” sem obrigar que todos se “convertam” à sua crença religiosa (devemos desejar ardentemente a conversão das pessoas e orar por isso, mas, se elas vão realmente se converter, essa questão está nas mãos dEle).

3ª) Brandura para com TODOS:

Se somos servos do Senhor, não podemos viver em contendas, mas, termos um espírito brando, que, por sua vez, possui a capacidade de desviar a raiva em uma discussão. É isso que o sábio Salomão ensinou, pois, ele sabia que “a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Provérbios 15:1; veja a mansidão como parte do "fruto do Espírito" em Gálatas 5:22-23; comparem com Provérbios 16:24; 18:20-21).

E mais, a instrução de Paulo é que sejamos brandos para com quantas pessoas? Uma? Dez? Cem? Mil? Não, devemos ser “brandos para com todos”. Mais uma vez: TODOS.


Será que refletimos brandura em nosso caráter apenas enquanto estamos sendo confirmados e aceitos em nossas palavras? E se formos contrariados o que fazemos?

O que Jesus fazia quando alguém o interpelava no intuito de O testar? O que Ele fazia quando alguém não concordava com Ele?

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