sábado, 28 de agosto de 2010

ALEGREI-ME QUANDO ME DISSERAM: "VAMOS TODOS PASSAR TRIBULAÇÃO"


"Pois o sofrimento não brota do pó, e as dificuldades não nascem do chão. No entanto, o homem nasce para as dificuldades tão certamente como as fagulhas voam para cima. Mas, se fosse comigo, eu apelaria para Deus; apresentaria a ele a minha causa. Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar. Derrama chuva sobre a terra, e envia água sobre os campos. Os humildes, ele os exalta, e traz os que pranteiam a um lugar de segurança." (Jó 5:6-11).

Ninguém em todo o mundo em sã consciência deseja passar por dificuldades, provações, etc. Ninguém jamais ergue sua voz a Deus e clama de coração: "Dá-me, Senhor, inúmeras provações para que eu possa demonstrar na prática a minha fé por ti, para que o Senhor seja glorificado através da minha tribulação".

É evidentemente que sempre desejamos louvar e agradar a Deus, mas temos a tendência natural de desejarmos que isso ocorra através de situações que nos façam o bem. Obviamente, dificilmente imaginamos realizar esse desejo por meio dos problemas. O desejo de ser feliz constantemente e conquistar a paz está gravado em nossos corações, no fundo de nossa alma e é a nossa luta diária, faz parte de nossa auto-estima, nossa auto-proteção, mas, o que todos nós não podemos negar e nem evitar são justamente as tribulações diárias que cada um de nós precisa enfrentar para amadurecer na fé, nas emoções, no caráter, etc.

Existem diferentes fases pelas quais nós passamos diantes das provações, ou seja, diferentes formas de "enfrentá-las", ou melhor, "reagir" diante delas. Vamos comentar apenas três tipos de comportamento:

Para muitos as provações são motivo de murmuração, eles murmuram em todo lugar, no trabalho, na igreja, na escola e no lar. Murmuram com as pessoas e até mesmo com o próprio Deus. Eles se afastam do convívio sadio com os demais do círculo de amizade, pois gradativamente vão se tornando pessoas "amargas", "rancorosas", "de mal com a vida".

Para muitos as provações são motivo de desespero, eles perdem completamente a direção correta da vida, não conseguem raciocinar corretamente quais decisões tomar, não sabem ou se esqueceram onde encontrar refúgio e consolo e se fecham em sua angústia e isso pode lhes causar com o tempo a tão temida depressão e a síndrome do pânico, por exemplo.

Para poucos, muito poucos, as provações são motivo de alegria. É isso mesmo, ALEGRIA. Eles se sentem felizes por estarem sendo provados por Deus, por terem o privilégio de sofrer por Cristo Jesus. Privilégio de sofrer? É isso mesmo.

Você pode até dizer como o salmista: "Alegrei-me quando me disseram: 'Vamos à casa do SENHOR!'" (Sl 122:1)

Você pode até dizer: "Alegrei-me quando me disseram 'Vamos à um show daquela banda que você gosta'".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Vamos fazer aquela viagem de férias que tanto planejamos'".

Você pode até dizer: "Alegrei-me quando me disseram 'O casal fulano e fulana vão ter um filho'".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Vamos àquele churrasco que o fulano vai oferecer para arrecadar recursos para obras de caridade'".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Você foi finalmente promovido e o seu salário vai duplicar de valor!".

Você pode até dizer: "Alegrei me quando me disseram 'Seus exames só tiveram resultados bons, sua saúde está excelente, não há com o que se preocupar".

Mas dificilmente você ou eu, dificilmente nós dizemos: "Alegrei me quando me disseram: 'Vamos todos passar por tribulações'".

Que ensinamento difícil de praticar não é mesmo? Mas, quem disse que iremos passar por tribulações? A Bíblia, que sempre está certa.

Vamos confessar: quem entre nós consegue diante de uma provação dizer sinceramente a Deus o quanto está feliz por ter sido escolhido por Ele para passar por tamanha prova de vida, pois está tranquilo(a), ciente que é para o seu próprio bem que Ele está permitindo tudo?

Admitamos que muitos de nós conseguem ter este comportamento, sim, mas eles não chegaram a este estágio sozinhos e nem de uma hora para a outra, mas com a força e a sabedoria de Cristo durante algum tempo para amadurecerem espiritualmente. Essa maturidade constantemente informa ao nosso coração que se Deus, que é sempre fiel e justo, que tem todo o poder em Suas mãos, em Sua soberania e conforme a Sua boa, perfeita e agradável vontade decidiu permitir uma prova de fé em nossas vidas através de algumas dificuldades, então devemos encarar essas tribulações como um grande privilégio, uma grande oportunidade de estar mais próximos de Deus e melhorar o nosso caráter ainda mais. Pois é, isso é maturidade cristã, mas como é difícil chegar a este patamar de crescimento espiritual!!

Atualmente prega-se muito pouco a respeito deste assunto nas igrejas evangélicas, parece que está se tornando inconveniente falar sobre problemas, está se tornando mais cômodo pregar a teologia da prosperidade (mesmo que muitas vezes inconscientemente), asseverando que os cristãos devem declarar, determinar e reinvidicar a sua vitória a qualquer preço, determinar e receber a unção da sua prosperidade financeira e na saúde. É mais prazeroso, cômodo e mais conveniente para o nosso ego e para o crescimento numérico (e não qualitativo) da igreja. Isso é imaturidade cristã. Afinal, nós temos realmente a mente de Cristo ou fazemos tudo seguindo só o que está em nossa mente carnal?

Mas é exatamente o contrário que a Palavra de Deus assegura: o cristão passa por tribulações.

Se alegrar nas provações é um estágio de maturidade espiritual que podemos alcançar com a força e a sabedoria de Cristo, é um mandamento bíblico: devemos nos alegrar nas provações. E mais: as provações são motivo de GRANDE alegria. Difícil não é mesmo?

"Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações..." (Tg 1:2a).

É difícil, mas sabemos que Deus não faz nada, absolutamente nada sem um propósito benéfico, inclusive em relação às provações. Ele não é um espírito carrasco e castigador que só envia dificuldades para nos ver sofrer, como se o sofrimento fosse um fim em si mesmo, como muitos podem imaginar. Deus tem tudo sobre o Seu controle soberano, se Ele nos enviou, nos permitiu uma provação e ainda por cima ordena que consideremos essa provação um motivo de grande alegria, é porque Ele vê as circunstâncias da nossa vida, boas ou não, muito além da nossa visão limitada, é porque Ele também é justo e bondoso e tem o propósito de nos tornar pessoas melhores, mais maduras, experientes, perseverantes, com uma fé provada, alicerçada Nele. Por que se alegrar grandemente nas provações então?

"...pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma." (Tg 1:2b-4).

Vejamos ainda o que o apóstolo Paulo ensinou aos romanos (e a todos nós), reforçando ainda mais o ensino de Tiago que acabamos de ver:

"Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu" (Romanos 5:1-5).

Para um estudo mais detalhado desta rica passagem da epístola aos romanos, sugerimos a leitura da nossa postagem "DEUS NUNCA VAI DECEPCIONAR A NOSSA ESPERANÇA NELE", do dia 28/03/2010.

Será que conseguiríamos sentir coragem e nos alegrar em TODAS as tribulações, de maneira TRANSBORDANTE, seguindo assim o exemplo do apóstolo Paulo? Ele afirmou:

"Sinto-me bastante encorajado; minha alegria transborda em todas as tribulações." (2Co 7:4b).

"Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja." (Cl 1:24).

É difícil não é mesmo? Mas, Paulo, mais adiante na segunda epístola aos coríntios, ensina que ALEGRIA e GENEROSIDADE em meio a uma SEVERA TRIBULAÇÃO e na EXTREMA POBREZA é uma GRAÇA que Deus (só Ele mesmo) pode nos conceder. Geralmente fazemos o contrário: na mais severa tribulação e diante de uma crise financeira, por exemplo, nos mostramos entristecidos e cheios de avareza. Portanto, nos alegrar nas provações não é algo que venhamos a conseguir com nossos próprios esforços:

"Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade." (2Co 8:1-2).

Os cristãos de Tessalônica seguiram o exemplo de Paulo. Melhor ainda, se tornaram imitadores do apóstolo e do próprio Senhor Jesus. Com os tessalonicenses também ocorreu algo semelhante ao que ocorreu na Macedônia. Em meio às tribulações, eles conseguiram receber a Palavra com alegria, alegria que foi concedida por Deus, na Pessoa do Espírito Santo:

"De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor, pois, apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo." (1Ts 1:6).

Paulo realmente conseguia expressar alegria em meio às situações adversas da vida, ele aprendeu e ensinou que a graça de Deus nos basta, que devemos nos alegrar ainda mais nas tribulações para que o poder de Cristo repouse sobre nós e que o poder se aperfeiçoa nos momentos de fraqueza (2Co 12:9-10) e, mesmo em uma situação injusta como a da prisão por causa de seu testemunho juntamente com Silas, eles cantavam louvores a Deus e oravam em plena meia noite e acorrentados pelos pés a um tronco, depois de terem sido severamente açoitados, testemunhando de sua fé em Deus aos demais presos (At 16:22-25).

E o apóstolo Pedro também ensinou a alegria que pode ser desfrutada mesmo nas tribulações, mais especificamente, por aqueles que desejam seguir a Cristo e praticar o bem:

"Quem há de maltratá-los, se vocês forem zelosos na prática do bem? Todavia, mesmo que venham a sofrer por que praticam a justiça, vocês serão felizes. Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados. Antes, santifiquem a Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." (1Pe 3:14).

"Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria." (1Pe 4:13).

Será que temos usado as tribulações para testemunhar da esperança que está em nós? Mas, como ter esperança diante de tanta tribulação? Na verdade, a esperança começa a ser criada em nós justamente quando passamos por tribulações, como já mencionamos anteriormente. É a escalabilidade do caráter cristão: nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, produz a esperança.

Mas, não é apenas isso que vimos até agora, Deus nos garante que de boa vontade pode nos conceder sabedoria para enfrentar essas provações, se pedirmos com fé, sem duvidar, mesmo que uma provação esteja parecendo estar muito além das nossas forças, o que pode levar muitos a ter a sua fé abalada e começar a duvidar da providência divina (vejam Tg 1:5-8).

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