domingo, 6 de março de 2011

A ORIGEM DA MORTE

“No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado: porque tu és pó e ao pó tornarás." (Gn 3:19).

No início da criação, Deus e o homem tinham um relacionamento muito próximo (Gn 3:8). O ser humano podia contemplar a essência de Deus face-a-face. Após a desobediência do homem, porém, houve a separação: Deus, o Criador, agora invisível, de um lado (Jo 1:18; 4:24; 1Tm 1:17) e o homem de outro lado, condenado à morte por causa do pecado e à separação eterna de Deus devido à corrupção da natureza humana (Gn 3:10-13; Sl 14.1-3; Mt 15.19-20), juntamente com toda a criação (Gn 3:17-18; Jr 12:4; Rm 8:19-22).

Todos os seres humanos, a partir deste fato, vivem numa dimensão material, separados da essência de Deus, pois, devido à sua natureza extremamente pecaminosa, não suportariam contemplá-la, pois morreriam (Ex 33:17-23). Após a “queda” do homem, Deus se manifestou em todo o restante do Antigo Testamento através de várias formas, mas nunca em Sua essência.

O pecado, portanto, entrou no mundo através de um só homem e com isso a morte foi transmitida para todos os homens, pois a recompensa pelo pecado é a morte (Gn 2:15-17; 3:1-19; Rm 5:12; 6:23; 1Tm 5:6; Tg 1:15).


Muitos podem questionar por que o homem foi condenado à morte apenas por ter comido de um fruto proibido, mas essa questão é mais complexa. Charles C. Ryrie, na Bíblia Anotada, comenta sobre a desobediência dos nossos primeiros pais. Vejamos alguns trechos:

“A pergunta (feita pela serpente: Gn 3:1) foi formulada de modo a sugerir que Deus não fora justo, já que restringira o acesso ao fruto de uma das árvores (...) As três áreas do auto-engano de Eva estavam nas mesmas categorias de tentação encontradas em 1 Jo 2.16. Eva foi enganada; Adão comeu do fruto conscientemente (cf. 1Tm 2:14). O pecado do primeiro casal foi mais do que simplesmente comer um fruto proibido; incluiu desobedecer à palavra revelada de Deus, crer na mentira de Satanás, e colocar suas vontades acima da vontade de Deus” (pp. 10-11; citação minha entre parênteses).

Muitas pessoas atualmente estão confusas em relação à origem da morte pelo simples fato de que não acreditam na narrativa bíblica sobre Adão e Eva. Muitos “estudiosos” acreditam que eles são apenas um mito, uma lenda. Certamente essa é uma estratégia diabólica, anti-cristã, pois, se as pessoas deixarem de acreditar que Adão e Eva foram reais e desobedeceram a Deus, como vão acreditar que podem ser salvas do pecado e da morte pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz?

É importante salientar que Deus expulsou os nossos primeiros pais do jardim do Éden, não apenas como um castigo, mas também, para que eles não caíssem no erro catastrófico de, após terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e terem morrido espiritualmente e sido condenados à morte física devido à sua desobediência (Gn 2:15-17), também comerem do fruto da árvore da vida e condenarem toda a raça humana a viver eternamente num estado de morte (Gn 3:22-24).

Sendo assim, os dias de cada ser humano estão contados e determinados (Jó 14:1-5; Sl 139:16; Pv 16:4; Ec 3:1-2) e quando morremos, nosso corpo (parte material) retrocede ao estado de pó e sua parte imaterial (alma e espírito ou apenas alma ou apenas espírito, dependendo da doutrina), no caso dos cristãos, volta para Deus (Ec 12:1-7).

Mas, ao contrário do que muitos podem imaginar, Deus não tem prazer na morte de ninguém, nem mesmo das pessoas perversas:

“Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? Diz o SENHOR Deus; não desejo eu antes que ele se converta dos seus caminhos, e viva? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o SENHOR Deus. Portanto convertei-vos e vivei.” (Ez 18:23,32; comparem com Jó 34:10-15; 1Tm 2:3-4; 2Pe 3:9).

O próprio inferno não foi preparado inicialmente para as pessoas perversas, mas para o diabo e os seus anjos (Mt 25:41).

Todas as pessoas, sejam elas cristãs ou não, na verdade foram criadas para serem eternas. Deus jamais criou o ser humano para o destruir. Afinal, Ele jamais destruiria alguém que contenha a Sua imagem e semelhança (Gn 1:26-27). Ele mesmo viu que tudo o que tinha criado era muito bom (Gn 1:31).

As almas dos seres humanos foram criadas para serem eternas. Mesmo após a morte, cada ser humano tem seu destino eterno, seja com Deus ou não (Jo 5:24-29; Rm 2:5-16; 2Ts 1:9).

A eternidade faz parte da natureza humana. Por todos estes motivos, ninguém que esteja física, emocional e espiritualmente saudável deseja a própria morte.

O pastor Rick Warren, no seu livro “Uma vida com propósitos”, expressou sabiamente esta questão (cf. Ec 3:11):

“A Bíblia diz que Deus tem (...) plantado a eternidade no coração humano. Você tem o impulso inato de ansiar pela imortalidade. Isso ocorre porque Deus o projetou à sua imagem, para viver eternamente. Embora saibamos que com o tempo todos morreremos, a morte sempre parece anormal e injusta. A razão pela qual sentimos que deveríamos viver para sempre é que Deus condicionou nossa mente com esse desejo!” (p. 33).

Nenhum comentário:

Postar um comentário