De forma clara e ampla é fundamentado nas Escrituras Sagradas o preceito de que Deus decreta o destino das pessoas com base em Sua soberania e misericórdia (cf. Pv 16:4; Mt 20:16; 24:31; Mc 13:20; Jo 6:44; At 13:48; 22:14; Rm 8:29-30,33; 11:2-7; Ef 1:4-5,11, Cl 3:12; 2Ts 2:13; 2Tm 1:9; 1Pe 1:1-2, 2:9a; 2Pe 1:10).
Mesmo assim quando se pensa em predestinação ou eleição incondicional, tal doutrina se transforma em alvo de críticas ardorosas e da repulsa até mesmos de muitos crentes experientes (comparem com Lc 4.25-30).
A Bíblia afirma que Deus conhece os que lhe pertencem (2Tm 2:19; cf. Jo 10:27). Mas, Deus não os conhece porque previu que poderiam se salvar, devido ao caráter ou a receptividade deles ao Espírito Santo, mas, pelo fato de que foi Ele mesmo quem os escolheu. Não somos nós que, alcançando um determinado patamar de discernimento espiritual em nossas vidas, escolhemos “aceitar” a Cristo. Somos salvos pela graça de Deus mediante a fé em Jesus. É um dom de Deus, não depende de nossas virtudes, para que ninguém se ensoberbeça.
Deus nos deu vida espiritual, enquanto estávamos mortos em nossa natureza pecaminosa (Jr 17:9), pois, mortos espirituais não possuem discernimento para saber se precisam de salvação, eles estão acomodados em seus pecados e qualquer que seja o seu conceito acerca da salvação, ele será insuficiente (2Tm 3:1-9,13). Deus nos salvou por ser rico em misericórdia e amor e para mostrar aos séculos após a primeira vinda de Cristo, a suprema riqueza da Sua graça.
Somos salvos em Cristo Jesus, para as boas obras e não pelas boas obras, preparadas de antemão por Deus, para que as pratiquemos (Ef 2:1-10; cf. Jo 6:44; 10:16,27-29; 15:16; At 3:16b; Rm 9:11; 2Tm 1:9; Tt 3:4-6).
Glória a Deus porque a iniciativa da salvação partiu dEle, se dependesse dos seres humanos, jamais alguém seria salvo. Foi Deus quem nos amou primeiro (1Jo 4:19; cf. Dt 7:7; Rm 5:8; 6:23; 11:6).
Mas, se a salvação é dada por Deus, então é uma imposição? Muitas pessoas podem até questionar:
“Que livre escolha temos, se somos forçados a aceitar a Jesus, para não irmos para o inferno?”
Não se deve pensar desta forma. A graça de Deus é irresistível, os Seus dons são irrevogáveis e Ele dará a salvação aos predestinados, sendo que nenhum jamais se perderá (Is 14:27; 55:11; Jo 10:16,27-29; 17:20; Rm 11:27-29; Ap 3:4-5).
Contudo, o recebimento da salvação não é forçado, as pessoas recebem a Cristo confessando a Ele como Senhor e Salvador espontaneamente ao sentir o toque irresistível e transformador do Espírito Santo (Lc 9:23; Jo 10:27-29; 16:8-11; Rm 10:8-12,17; 1Co 12:3; Tt 3:4-6).
Aqueles que pensam em “usar” a fé em Jesus como “trampolim” para o Céu e fugirem do inferno ou que acreditam que possuem algum poder, talento ou bens materiais que permitem salvá-los ou os capacitam a buscar a Deus, fracassam em suas convicções. A predestinação é um golpe certeiro de Deus na soberba e nos insuficientes e egocêntricos esforços religiosos humanos.
E se Deus não faz acepção de pessoas (cf. Rm 2:11), porque, então, Ele predestinou apenas uma parcela da humanidade para a salvação? Ele não foi injusto? É evidente que não (Sl 145:17). Deus é soberano para eleger quem será salvo (Rm 9:14-18; cf Fp 2:13).
Toda a humanidade está debaixo do poder do pecado, não há distinção, todos carecem da glória de Deus (Rm 3:21-23), mas, Ele, em Sua infinita misericórdia e amor escolheu uma parte desta humanidade pecadora para receber a salvação, independente de cor, raça ou poder aquisitivo (At 10:34-35; 1Co 1:21-24; 6:9-11; Cl 3:5-17), sem que ninguém mereça. Isso é a graça de Deus. Ele não escolheu entre uma humanidade perfeita e santa, alguns para receberem a salvação. Isso seria injustiça.
Ademais, quem somos nós para discutir com Deus os Seus critérios? (Is 45:9-11; Rm 9:20-23; 1Co 1:27). É correto nos preocupar com aqueles que ainda não conhecem a Jesus e levarmos o evangelho a eles (Mt 9:36-38; 2Co 4:4; 1Ts 1:4-5; 2:7-8), mas, se algumas destas pessoas são ou não predestinadas, devemos deixar esta questão nas mãos soberanas, justas e amorosas de Deus (Dt 29:29; Ec 11:5; 1Co 2:11).
Já que mencionamos a evangelização, existe um outro questionamento que muitos fazem acerca da predestinação: “Se todas as pessoas predestinadas receberão a salvação, por que devemos evangelizar? Afinal, mais cedo ou mais tarde a graça de Deus irá alcançá-las!”. Esse pensamento é equivocado. A soberania divina não exclui as responsabilidades humanas.
A predestinação necessita da evangelização, é o método decretado por Deus para que a salvação chegue aos descrentes. Somos salvos para as boas obras, e isso requer testemunho (Ef 2:9-10; 1Pe 2:9). A fé em Cristo que salva os homens vem da pregação da Palavra de Deus (Rm 10:8-17; 1Co 2:18-31). O apóstolo Paulo, mesmo escrevendo sobre a predestinação, afirmou que suportava todas as coisas por causa daqueles que foram eleitos para que eles também alcançassem a salvação em Cristo (2Tm 2:10).
Os eleitos de Deus são de todas as nações e de todas as eras e é através da pregação do evangelho que a salvação alcançou e alcançará a todos estes predestinados. E, então, virá o fim (Mt 24:14; Ap 7:9-10).
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