sábado, 24 de julho de 2010

O VERDADEIRO AVIVAMENTO (PARTE 01)

INTRODUÇÃO

Muito está se falando atualmente de uma crise doutrinária e comportamental pela qual a igreja evangélica brasileira está passando. Pregações, palestras, aulas, jornais cristãos, revistas, livros, DVDs, sites, blogs, etc. Muitas e muitas pessoas estáo nos alertando para esta crise que assola a Igreja do Senhor Jesus (no Brasil e no exterior). Muitos dizem que a Igreja necessita de uma nova Reforma ou pelo menos que precisa lembrar-se dos fundamentos da Reforma Protestante (e têm razão).

Baseados no que temos visto, lido e ouvido de muitos consagrados pastores e escritores brasileiros e estrangeiros nos últimos tempos, concluímos juntamente com eles, em concordância inevitável, que o que a Igreja de Cristo precisa realmente é de um despertamento, pois ela está morrendo moralmente, socialmente e espiritualmente, ela necessita, portanto, de um avivamento genuinamente bíblico e precisa começar a buscar por este avivamento urgentemente. Aliás, acreditamos que alguns setores da igreja brasileira já iniciaram novamente esta busca. Que Deus nos abençoe.

Muitos podem questionar:

"Mas, por que falarmos de avivamento agora? Por que insistir neste assunto chato de novo? Será mesmo que precisamos de avivamento?"

Sim, precisamos de avivamento, não existe dúvida que sim. E por que? Vamos ressaltar algumas questões aqui de forma resumida e acreditamos que você irá concordar conosco (se ainda não tiver concordado, é evidente). Mas, por que "avivamento" novamente?

Porque a Igreja de Cristo está cada vez mais perdendo sua identidade genuinamente cristã. A Igreja é a luz do mundo, é ela quem deve anunciar a luz de Jesus, o evangelho puro, para salvar este mundo cada vez mais afundado nas trevas. Mas, ao contrário disso, parece que a igreja de Cristo "deu as mãos para o mundo" e ela e o mundo estão indo de "mãos dadas" para a escuridão (há excessões é evidente). Uma visão avassaladora, tremendamente triste. E com certeza está entristecendo muito o coração do próprio Deus. E aquecendo Sua santa ira contra o pecado.

Quais algumas evidências desta crise na Igreja. Ora, são atitudes como:

1) A falta de santificação. Pecados antes repelidos, agora acobertados e alimentados pela Igreja, tais como, mentira, falta de perdão, corrupção, pornografia, homossexualismo, adultério, fornicação, etc.

2) Péssimo testemunho para com a sociedade (item diretamente relacionado com o anterior).

3) "Desbiblialização". Os evangélicos estão cada vez mais imaturos no domínio da Palavra da Verdade, não sabem mais manuseá-la, não sabem mais encontrar os versículos que precisam, não sabem como aplicar corretamente a Bíblia, não sabem interpretá-la. Pior, parece que nem é preciso mais utilizar a Bíblia (o que gera o próximo item).

4) Mitos e misticismo: A Igreja muitas vezes não se apega mais ao que a Bíblia afirma sobre as manifestações espirituais e sobrenaturais, ela não se interessa em discernir os espíritos, o mais importante é que ocorram constantemente manifestações místicas e sobrenaturais dentro da igreja, não importa qual a origem. Se é Deus ou o diabo que estão envolvidos, não importa. O importante é entrar em transe, colar na parede, cantar a mesma música ou o mesmo refrão "1.200 vezes", rir sem parar, correr para lá e para cá, cair todo mundo no chão, pregar a "Palavra" durante 5 minutos e cantar, dançar e pular durante 3 horas e meia. Será que é Deus que está impunsionando essas manifestações? Até que ponto? Será que é o diabo? Será que são meramente manifestações carnais e emocionais humanas? Para uma ala da Igreja parece que não é importante discernir tudo isso.

5) A Igreja cada vez menos Igreja: Sem o uso adequado da Bíblia, a Igreja começa a se assemelhar a qualquer instituição humana, menos a uma Igreja, que é uma instituição divina.

Acreditamos que todos irão concordar conosco com a seriedade do assunto. Vejamos mais detalhadamente o que acontece em muitas igrejas chamadas evangélicas pelo nosso Brasil e pelo mundo (graças a Deus não é uma regra geral):

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece um centro de umbanda ou centro espírita, devido a rituais que parecem colocar os crentes em transe espiritual ou hipnótico, devido à gestos e danças que mais parecem ter vindo das religiões africanas. Devido também ao exagerado destaque dado à batalha espiritual, com todos vestidos de branco, com expulsões de espíritos malignos ao vivo pela televisão, sessões de descarrego e assim por diante. Só se prega sobre os demônios e se esquece de primeiro glorificar e exaltar a Deus. Sem mencionarmos as superstições, o uso de amuletos e objetos para nos curar, abençoar e proteger, como toalhas, lenços, copos com água, areia da Terra Santa, pedaços da cruz, água do Rio Jordão, do Mar Vermelho, do Rio Eufrates, etc. (alguns nomes são apenas exemplos, não são situações reais).

Às vezes, em alguns lugares, parece que a Igreja é uma boate, apenas uma casa de shows, devido ao virtuosismo, ao som alto e ao espetáculo que se transformou o momento de música, as luzes, as danças, roupas e gestos. Infelizmente os músicos cristãos (muitos, não todos) viraram celebridades, dão autógrafos, cobram cachês milhonários para os seus "shows gospel" e suas turnês, os seus CDs e DVDs não são vistos como ferramentas de edificação e evangelização, mas apenas para massagearem o seu ego de artista. Quando ocorrem danças, muitas vezes a reverência é deixada de lado. Para todos estes "artistas gospel", o aplauso, a glória, o louvor e o elogio são para eles e não para Deus.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece um mosteiro tibetano, pois muitos evangélicos no intuito honesto e sincero de santificar-se acreditam que precisam se afastar de tudo que é do "mundo". Não usam mais roupas da moda, não usam mais joias e sapatos modernos, não lêem mais livros seculares, não vão ao cinema nem ao teatro, não praticam mais esportes no domingo, não assistem televisão, não ouvem mais nenhuma música secular (ou pelo menos pregam que não ouvem), etc. A intenção até que não é tão má assim, mas muitos, apesar disso, continuam com os seus pecados de estimação. Muitos se afastam até mesmo da própria família, pois alguns de seus membros estão afastados da fé ou nunca se converteram realmente, são "beberrões", "fumantes", "maldizentes", etc. Devemos nos afastar do pecado e não dos pecadores. Do contrário, como eles encontrarão a "luz", se nós, que somos a "luz" os deixarmos nas trevas, ainda mais se forem amigos e parentes? Devemos orar por eles e estar próximos deles para fazer a diferença.

Às vezes, em alguns lugares, parece que a Igreja virou um clube ou um circo, pois os crentes não usam mais uma vestimenta discreta, respeitosa, com decência e perderam a reverência pelo culto, por estar na casa do Senhor. É muita conversa, piadas de gosto duvidoso, gritaria e brincadeiras em excesso. E nestes casos, errados são os diáconos e presbíteros se chamarem a atenção de alguém. Existe também muita irreverência em relação à fé que professamos. Muitos acusam as seitas e religiões heréticas de afirmarem "absurdos", "bobagens", mas muitos não sabem definir nem a sua própria fé, nem sabem defendê-la. Muitos estão na Igreja porque não gostam das doutrinas das seitas e não porque realmente acreditam no que a Igreja prega, é apenas por conveniência, são "convencidos" e não "convertidos". Você está na Igreja por que? Por que apenas gosta do que o pastor fala? Apenas por que os seus pais mandaram você ir para a Igreja? Apenas por que seus ancestrais eram oficiais da igreja? Ou você realmente acredita no que prega? Devemos amar a Deus com todo o nosso entendimento também.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece um ringue de luta do tipo "vale tudo", pois muitos crentes perderam a unidade cristã pelo vínculo perfeito do amor e apenas discutem e se desentendem em polêmicas constantes e inúteis, não possuem um mesmo modo de pensar em relação à vida cristã, mesmo que tenham personalidades diferentes, não se perdoam, não se cumprimentam, nem se olham mais. Até mesmo entre os familiares ocorrem manifestações deste tipo. Aliás, a família, a célula da Igreja, está perdendo a importância e está se dissolvendo, parece um "câncer eclesiástico". A vida conjugal termina por motivos fúteis, muitos oficiais de igreja e pastores se separam e se casam várias vezes por motivos banais e continuam nos ministérios, os seus filhos fazem o que quiserem de suas vidas, inclusive em matéria de religião e sexo e assim por diante.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece uma universidade secular, pois muitos e muitos pastores só pensam em pregar com seu vocabulário rebuscado, no seu "cabedal de conhecimento filosófico-teológico", só pensam na teologia, mas esquecem da vida com Deus. O Senhor, para eles, é apenas um alvo de estudo e não de adoração. Suas pregações "fogem" das Escrituras, a pregação de muitos apresenta um mero intelectualismo vazio, eles gostam de apenas recitar filósofos, cientistas e poetas e não mais os apóstolos e profetas. Eles se esquecem que o saber ensoberbece, mas o amor edifica.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece que retornou aos costumes hebreus judaicos, parece que retornou ao Antigo Testamento e à Lei. A Igreja se esqueceu que estamos na era da graça e não da lei, a Igreja se esquece que o Novo Testamento complementa e interpreta o Antigo, apresentando uma nova aliança, uma aliança superior àquela do Antigo Testamento (não que o AT não tenha mais importância, longe disso, ele é tremendamente fundamental e possue lições maravilhosas e atuais). Já desde muitos anos utiliza-se o "shofar", um instrumento usado para anunciar grandes acontecimentos, inclusive em batalhas, mas agora apenas na música, por exemplo, entre outros costumes da cultura judaica. Muitos chegam a se curvar diante de uma réplica da arca da aliança. Muitos costumes em si e o uso de instrumentos musicais antigos não são, à princípio, o problema. A questão é que aparentemente a Igreja de Cristo, mesmo inconscientemente, não quer adotar a Nova Aliança, o Novo Testamento, mas retroceder e ficar atrelada ao Antigo e ainda criar situações novas, extra-bíblicas como a adoração a arca da aliança.

Outra questão: Mesmo que a Bíblia afirme que todos os cristãos são sacerdotes perante Deus (1Pe 2:9), os músicos evangélicos ainda são considerados "levitas", parece muitas vezes que são vistos como sacerdotes imaculados e sem defeito diante de Deus. Devido a este fato, há uma exagerada consideração para com o ministério de música e para com aqueles que trabalham na igreja como os pastores, em detrimento dos demais ministérios. Todos os ministérios são importantes, fundamentais e são dignos de todo o respeito, como o de diaconia, de evangelização, de ensino, de casais, de jovens, de visitação, de capelania, de intercessão, infantil e inclusive o de música e o pastoral, mas ninguém é melhor ou mais importante do que ninguém perante Deus. É evidente que dentro da estrutura governamental administrativa da Igreja existe uma hierarquia de liderança que merece submissão e respeito, mas, ninguém é intocável ou inacessível ou insubstituível. Nós temos acesso livre ao próprio Deus do universo!

Em seu livro "O que estão fazendo com a Igreja" (p. 160), o Rev. Augustus Nicodemus Lopes, entre outros assuntos, abordou algumas questões problemáticas dentro do ministério de música nas igrejas evangélicas atuais. Em um inteligente texto fictício como sendo uma carta escrita por ele a um jovem pastor sobre o grupo de louvor de sua igreja, em uma das sugestões ele afirmou:

"Procure mostrar que eles não são levitas. Não temos mais levitas hoje. Todo o povo de Deus, cada cristão em particular, é um levita, um sacerdote, como o Novo Testamento ensina. É uma ideia abominável que os membros do grupo de louvor são levitas. Isso reintroduz o conceito que foi abolido na Reforma protestante de que o louvor e o acesso a Deus são prerrogativas de apenas um grupo e não de todo o povo de Deus (...) Tais conceitos apenas servem para que eles se sintam mais especiais do que realmente são e, portanto, intocáveis (...)"

Outra questão é que existe também muita pregação sobre maldições sobre os cristãos, principalmente para aqueles que não dizimarem, parece muitas vezes um "terrorismo emocional". Estamos nos esquecendo que com o sacrifício de Cristo na cruz, em nosso lugar, não existe mais condenação, não existe mais maldição, estamos no tempo da graça, Cristo se fez maldição por nós, Cristo é o fim da Lei, o fim da maldição (Rm 10:4; Gl 3:13,24).

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece uma empresa ou instituição financeira, um banco ou a bolsa de valores, pois só se fala em dinheiro, como aplicar, como investir, como poupar. A pregação com respeito a dízimos e ofertas se torna tão incisiva ao ponto de se esquecer das doutrinas mais importantes, como a da salvação. Há evangélicos que chegam a dizer que os incrédulos precisam vir para a Igreja para dar o dízimo e, só assim, Deus mudará a vida deles. Que absurdo!! Sim, a contribuição é importantíssima para a vida do cristão, daquele que teve seu coração transformado por Jesus, ela é inclusive um dom espiritual e ela é fundamental para a Igreja, mas, antes de tudo, e a salvação e o arrependimento dos pecados onde ficam nisto tudo? Muitas igrejas prezam mais os seus "templos nababescos" e os salários exorbitantes dos pastores e se esquecem de investir em evangelismo e missões que é a missão fundamental da Igreja. Muitos se esquecem da vida simples e sem mordomias que tiveram os apóstolos e o próprio Senhor Jesus.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece um desfile de modas. Poderíamos chamar esse fenômeno de "Gospel Fashion Week"? Muitos membros só desejam mostrar suas roupas novas e caras, roupas "de marca" e criticam as roupas dos outros, os "caretas" que não estão "na moda", não acompanham as tendências. Muitos se esquecem que a moda é uma questão cultural, social e pode ser usada desde que não "atropele" a decência, a reverência, o respeito, etc.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece um encontro de celebridades inconsequentes. São artistas, jogadores de futebol, atores, etc., ou ex-drogados, ex-homossexual, ex-prostituta, ex..., ex..., sobre os quais não julgaremos jamais sua genuína conversão, Deus conhece o coração de todos e acreditamos que todos podem se converter e a Palavra deve ser pregada a todos. A questão é que muitas igrejas estão recebendo estas pessoas sem pregar-lhes o evangelho verdadeiro. A preocupação única, nestes casos, é a de tornar a Igreja famosa, respeitada e visada pela sociedade em detrimento do arrependimento dos pecados. E então a sociedade vê muitos deles afirmando que se converteram, quando na verdade, não se converteram e estão dando um péssimo testemunho. O importante para eles é atrair os membros ainda não convertidos das diversas "tribos" urbanas para a igreja, sejam hyppies, "metaleiros", surfistas, esqueitistas, ex-drogados, tatuados, atletas, etc.. Mais uma vez a intenção é muito boa, todos são bem-vindos, mas, em muitos casos, a mensagem do evangelho puro, o verdadeiro alimento espiritual sólido vira um mentiroso mingal infernal.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece mais a "Liga da Justiça". Ou seja, parece que só existem super-heróis na Igreja, só se prega a prosperidade nas finanças e na saúde, só se fala que o crente não pode sofrer, não pode ficar doente, não pode entrar em depressão, que o poder está nele e não em Deus, que ele deve ser milhonário, etc. Se alguém sofre ou fica doente, é acusado de pecado, de falta de fé, que nem crente ele(a) é, etc. Muitos se esquecem de exemplos de grandes homens de Deus do Antigo Testamento que passaram por momentos de grande fraqueza e tristeza como Davi, Elias, Ezequias, etc. Muitos se esquecem dos exemplos de verdadeiros cristãos da história do Novo Testamento que ficaram doentes e foram perseguidos, violentados e martirizados como os apóstolos Paulo, Pedro, Tiago, etc. Não parece que essa tal de Teologia da Prosperidade foi pregada por eles e muito menos pelo Senhor Jesus, que nasceu entre os animais de uma pobre estrebaria, que nem tinha um lugar para reclinar a cabeça, cuja própria família não acreditou Nele à princípio e que depois foi covardemente abandonado pelos seus discípulos, torturado e morto pelo seu próprio povo. Apesar de tudo isso eles eram derrotados? Muito pelo contrário, foram nestes momentos de fraqueza e pobreza que eles encontraram a força de Deus e a vitória.

Às vezes, em alguns lugares, a Igreja parece um avião UTI desgovernado, pois só se fala em curas, em milagres. Não se prega mais sobre a salvação, arrependimento, a vida eterna, etc., muitos pastores só pensam em encher seus templos de pessoas doentes e realizar seus shows de cura televisivos. E o pior de tudo é que neste afã, os líderes destas igrejas "atropelam" a soberania de Deus (como se isso fosse possível). Tudo tem hora marcada. Em tal dia e em tal hora, dizem, haverá cura e libertação, etc. É como se existisse uma "soberania agendada". Ninguém se importa em orar e se santificar e pedir a Deus primeiro para que, quando Ele quiser, da forma que Ele quiser e SE Ele quiser, ocorram essas manifestações. Tudo é DETERMINADO e não mais SUPLICADO.

Na próxima postagem, observaremos algumas sugestões do que podem vir a ser soluções para esta situação caótica que observamos.

Que Deus nos abençoe ricamente, nos dê discernimento para o que é bom e nos dê proteção contra os ataques furiosos, astutos e invejosos do maligno, enquanto buscamos a Sua vontade, a Sua exaltação e a Sua glória. Amém.

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