sábado, 17 de julho de 2010

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE (REFUTAÇÃO BÍBLICA) - (PARTE 02)

PROSSEGUINDO COM A REFUTAÇÃO BÍBLICA

Todos nós passamos por problemas, por adversidades, sejamos ricos ou pobres, justos ou desonestos. Por maior que seja nossa riqueza ou nossos esforços, não podemos escapar das adversidades da vida e o alívio só pode vir de Deus.

"Cuidado! Que ninguém o seduza com riquezas; não se deixe desviar por suborno, por maior que este seja. Acaso a ua riqueza, ou memo todo o seus grandes esforços, dariam a você apoio e alívio da aflição?" (Jó 36:18-19).

A Teologia da Prosperidade infelizmente se instalou no âmbito da Igreja evangélica de uma forma destruidora. Asseverando que todos nós cristãos somos obrigados a ser ricos e isentos de problemas de saúde, como se fôssemos "super cristãos" ou a "liga da justiça evangélica" (!!), ela vem convencendo um número cada vez maior de irmãos descuidados com a doutrina e imaturos espiritualmente.

Em relação à saúde e às provações, aqueles cristãos que têm chorado constantemente, considerem-se bem-aventurados, pois serão consolados (Mt 5:4). Aqueles que estão cansados e sobrecarregados encontrarão descanso no Senhor (Mt 11:28). Sim, os cristãos passam por muitas dificuldades, ficam doentes e passam por problemas físicos. O apóstolo Paulo ficou doente e passou por dificuldades físicas (Gl 4:14; 2Co 12:7-10), Epafrodito, o seu irmão em Cristo, cooperador e companheiro de LUTAS também passou pela experiência da enfermidade (Fp 2:25-26), o jovem pastor Timóteo, "filho na fé" de Paulo contantemente sofria de uma enfermidade no estômago (1Tm 5:23), Trófimo, possivelmente outro irmão companheiro de ministério de Paulo, não pôde acompanhar o apóstolo em suas viagens e ficou doente em Mileto (2Tm 4:20). Tiago afirmou que quando os crentes ficarem enfermos, devem ser chamados os presbíteros da igreja para intercederem por eles (Tg 5:14). Existe ainda alguma dúvida que os cristãos ficam doentes?

O próprio Senhor Jesus não passou pelas enfermidades (mas recebeu todas elas na cruz por nós), mas sofreu (e muito) em nosso favor (Hb 2:10; 4:7-9) e nos deu o exemplo a ser seguido de que os cristãos foram chamados para também passarem por aflições, por serem discípulos Dele e buscarem uma vida piedosa (1Pe 2:19-21). E por ter dado este exemplo no sofrimento, sentido a profunda dor na Sua própria carne, na Sua natureza humana, Cristo pode ajudar todos que estão em aflição (Hb 2:17-18; 4:14-16). Pensemos bem naquele, Cristo, que exemplarmente suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não nos cansemos e nem desanimemos (Hb 12:3). Bem, vamos prosseguir:

Ao contrário do que afirmam os pregadores da Confissão Positiva, as doenças podem não ser causadas por pecados cometidos, mas terem o propósito de que se manifeste a obra de Deus na vida de um cristão (talvez em Jo 9:3) ou pode ser para a própria glória de Deus como foi a situação de Lázaro, que era grande amigo de Jesus e certamente um de Seus seguidores, no entanto, adoeceu e morreu (vejam Jo 11:4).

O apóstolo Pedro, certa ocasião em suas viagens, foi visitar os cristãos de Lida, onde encontrou um homem paralítico há oito anos chamado Enéias. Pedro, em nome de Jesus, o curou e isso foi um grande testemunho para muitas conversões (At 9:32-35). Enéias provavelmente era um dos cristãos que Pedro foi visitar, no entanto, estava paralítico já há muito tempo e sua cura foi usada por Deus para o bem, para a conversão de muitos. Dorcas, moradora de Jope, era uma piedosa discípula de Cristo, no entanto, ela adoeceu e morreu, mas Pedro milagrosamente pelo poder de Deus a ressuscitou. Este fato também foi usado por Deus para que muitos cressem na mensagem do evangelho (At 9:36-43).

Estes fatos foram registrados pelo discípulo de Cristo e historiador Lucas, que era minuncioso em suas pesquisas (Lc 1:1-4; At 1:1-2), mas que provavelmente não teria sido chamado pelo seu companheiro de viagens e de ministério, o apóstolo Paulo, de "o médico amado" (Cl 4:14) se este apóstolo acreditasse que os cristãos não necessitam de médicos para resolverem seus problemas de saúde e nem deveriam ser médicos. Paulo provavelmente o chamaria de o amado companheiro Lucas, mas talvez nem mencionaria que Lucas era um médico ou nem o teria aceitado como companheiro de ministério, mas, no entanto, percebemos que Lucas estava ao lado de Paulo no ministério evangelistico, quando alguns irmãos companheiros de ministério se separaram cada um para uma cidade para o evangelismo e quando o companheiro de ministério Demas o abandonou por causa do materialismo (2Tm 4:9-12).

Vamos repletir ainda mais: Independentemente se você acredita que alguns dons cessaram ou acredita que todos os dons espirituais ainda estão presentes na vida da Igreja de Cristo, questionamos: Por que o Espírito Santo presentearia alguns cristãos da igreja primitiva com o dom de cura se não existisse enfermos no contexto da Igreja? (vejam 1Co 12:9,28,30). Para que serviria o dom de cura se não existisse cristãos passando por enfermidades? Deus estaria doando algo aos crentes que não teria proveito algum na vida prática da Igreja? Impossível, os dons espirituais eram dados por Deus visando a edificação da Igreja e um fim proveitoso, o bem comum entre os crentes (1Co 12:7; 14:12,26; comparem com Rm 14:19; 15:2; Ef 4:12). Ou será que o dom de cura era visando ser utilizado nos incrédulos já que os cristãos não ficavam doentes? É bastante difícil de acreditar e de encontrar respaldo bíblico para esse questioamento. Mas, será que algum defensor da teologia da prosperidade se candidata a responder essas questões? Existe ainda alguma dúvida se os cristãos passam por enfermidades? Acredito que não.

Vamos prosseguir, então. Portanto, os cristãos se entristecem nas provações (1Pe 1:6), mas devem se lembrar que muitas vezes, a tristeza utilizada de acordo com a vontade de Deus, ao contrário da tristeza conforme o mundo (que leva a morte) pode ter um propósito benéfico visando a salvação das pessoas (2Co 7:9-10). E até mesmo Cristo se entristeceu profundamente de uma forma mortal pela iminência de Sua morte na cruz (Mc 14:34). Os cristãos sofrem de acordo com a vontade de Deus (1Pe 2:20; 3:14; 4:19; comparem com At 9:15-16).

O apóstolo Paulo em sua metáfora do "Corpo de Cristo" para ensinar a unidade dos cristãos, afirmou que "quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele" (1Co 12:26) e nisso não existe apenas a metáfora, é uma aplicação para a vida prática para os crentes. Mas, apesar de tudo isso, os cristãos devem se alegrar nas provações (2Co 7:4b; 8:2; Cl 1:24; 1Ts 1:6; Tg 1:2-4; 1Pe 3:14; 4:13; comparem com At 16:22-25; Fp 1:18-19; 1Ts 1:6b) e serem pacientes nas tribulações (Rm 12:12) e cheios de amor, pois o amor tudo sofre (1Co 13:7). O sofrimento cristão, por Cristo, por mais contraditório que pareça, é um privilégio, privilégio que nos foi concedido juntamente com a fé em Cristo (Fp 1:29). Afinal, tomar a própria "cruz" é dever de quem segue a Cristo (Mt 10:38).

Aliás, quem segue a Cristo, ou seja, O coloca em primeiro lugar em sua vida ao invés de bens materiais e até mesmo de sua própria família, tem a promessa do Senhor que mesmo nesta vida presente terá tudo isso e muitas vezes mais, mas juntamente com estas bênçãos virão as perseguições, mas receberá por fim a vida eterna (Mc 10:29-30). Cristo morreu por nós para que nós vivamos não de forma egoista, mas vivamos para Aquele que morreu e ressuscitou (2Co 5:15).

Os pregadores da teologia da prosperidade utilizam a passagem de Isaías 53:4-5 para justificar a doutrina de que o cristão não pode ficar enfermo, pois, segundo este texto:

"Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nó o consideramos catigado por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi transpassado por causa de nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados."

Mas esta verdade também é mencionada em Mateus 8:17 e 1 Pedro 2:24 e cada uma parece interpretar o texto de Isaías de uma forma diferente: um como se fossemos "sarados fisicamente" e o outro como se fossemos "sarados espiritualmente". Vamos observar algumas sábias considerações sobre esta questão:

"No hebraico a palavra 'sarar' (em hebraico, napha), pode se referir à cura física ou espiritual. O contexto deve determinar se um dos sentidos ou ambos são empregados. Por exemplo, em 1Pe 2:24, Pedro se refere à cura espiritual (citando a Septuaginta), e em Mateus 8:17, Mateus se refere à cura física (citando o texto hebraico massorético) [...] Pedro enfatiza o aspecto espitirtual da expiação de Cristo (1Pe 2:24). Nada se diz aqui sobre a cura física do crente. Em contrapartida, Mateus realmente fala da cura física (Mt 8:17). Assim, Mateus está mostrando que, quando Jesus curava, isto era outro sinal da profecia messiânica cumprida. Mateus concluiu que, ao curar muitas pessoas fisicamente, Jesus cumpria a profecia de Isaías, provando assim o seu direito de declarar ser o Messias (veja Lc 7:19-23)" (John Ankerberg e John Weldon no livro "The Facts on the False Teachings in the Church, pp. 33-34, citado no livro "Super Crentes" de Paulo Romeiro, p. 51, segunda edição).

Portanto, a passagem mencionada de Isaías não desejava afirmar que jamais os cristãos enfrentariam a enfermidade, mas a verdade é que, seja fisica ou espiritualmente, somos sarados por Deus, através do sacrifício de Cristo. O Senhor Jesus possui toda autoridade, inclusive sobre as doenças, e exatamente por este fato e conforme a Sua soberana vontade, Ele pode permitir que um de Seus discípulos experimente temporariamente um momento de provação face à enfermidade com um propósito benéfico (talvez seja o caso em 2Co 12:7-10).

O apóstolo Paulo foi tremendamente usado por Deus como instrumento escolhido para testemunhar de Cristo aos gentios e Deus tinha um propósito tão grande para Paulo que o arrebatou ao terceiro Céu e o concedeu visões e revelações, o fez ouvir coisas que não se pode dizer aos seres humanos normalmente (2Co 12:1-4). Paulo frequentemente é considerado pelo cristianismo, depois de Cristo, o maior missionário da história, ele é responsável pela maioria dos livros do Novo Testamento e certamente os seus escritos, inspirados por Deus, influenciaram séculos de história da Igreja. No entanto, ele não teve uma vida de regalias materiais e nem recebeu um tipo de isenção de enfermidades da parte de Deus, pelo contrário, o próprio Cristo disse por ocasião do chamado de Paulo: "Mostrarei a ele o quanto deve sofrer pelo meu nome" (At 9:15-16).

Podemos observar em dezenas de versículos os relatos de lutas e sofrimentos do apóstolo Paulo: foram perseguições, noites sem dormir, fome e sede, enfermidade, prisões, açoites, apedrejamento, naufrágios e até picada de cobra que o apóstolo passou e algumas vezes chegou próximo da morte (At 14:19-20; 20:23; cap.27, 28:1-10; 1Co 15:30; 2Co 1:8; 4:8-12; 6:3-10; 7:4b; 11:23-27; Gl 4:14; 1Ts 2:2; 2Tm 2:8-9; 3:10-12; 4:16-17), sem mencionar o misterioso "espinho na carne" usado por Deus para evitar que Paulo se vangloriasse com o seu arrebatamento ao Paraíso, situação que fez Paulo pedir três vez a Deus para que o libertasse, mas Deus afirmou que Sua graça era suficiente para o apóstolo e que o Seu poder se aperfeiçoa justamente nos momentos de fraqueza (2Co 12:7-9).

Portanto, Paulo, que não cobiçava os bens materiais de seus filhos na fé em troca de seu trabalho ministerial, mas amorosamente e de boa vontade se desgastava por eles (2Co 12:14-15), mais do que qualquer cristão de sua época, sabia na prática e ensinou que Deus é Deus de toda a consolação e nos consola em nossas tribulações (2Co 1:3-4), que Ele é fiel, nos fortalece e nos guarda do Maligno (2Ts 3:3), que ele, Paulo, poderia se alegrar nos momentos de fraqueza para que o poder de Cristo estivesse com ele (2Co 12:9-10) e ensinou que as provações e todas as outras situações de nossa vida cooperam para o nosso bem com um propósito benéfico, elas estão sob o controle do Senhor (Rm 8:28) e que nem mesmo a morte pode nos separar do amor de Deus que é demonstrado em sua plenitude em Jesus Cristo, por isso não somos apenas vencedores, somos MAIS do que vencedores, à despeito das provações, pois Deus, dentro dos propósitos do Seu plano de salvação, realiza tudo sempre a nosso favor e, portanto, ninguém poderá estar contra nós ou nos condenar (Rm 8:28-39).

Vocês já ouviram os propagadores da teologia da prosperidade mencionarem essa faceta da vida do apóstolo Paulo? Acredito que não. Todas estas situações exemplares e ensinamentos deste apóstolo refutam, destroem todo o alicerce da pregação desta falsa teologia.

E mais: Os cristãos devem suportar as dificuldades com perseverança e fé (2Tm 2:3; 4:5; 2Ts 1:4), inclusive como sendo uma disciplina permitida por Deus para o seu aperfeiçoamento, para o bem deles, para que possam ser chamados filhos legítimos de Deus e participar de Sua santidade (Hb 12:7-10) e como prova do justo juízo de Deus que deseja que sejamos considerados dignos de Seu Reino e dará o alívio das tribulações na segunda vinda do Senhor Jesus (2Ts 1:4-7). Inclusive é necessário que passemos por muitas provações para entrarmos no Reino de Deus (At 14:22). Devemos fortalecermos e animarmos uns aos outros nas tribulações (Cl 4:8,11; 1Ts 3:2-3; 5:14; 2Tm 2:3; comparem com Fm 7; Hb 10:25), "levarmos" os fardos pesados uns dos outros (Gl 6:2) e prosseguir para o alvo a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo (Fp 3:14; Cl 2:18), pois a nossa cidadania é o Céu (Fp 3:20), os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que será revelada em nós no fim dos tempos (Rm 8:18). Já que somos filhos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, devemos participar dos Seus sofrimentos para que participemos de Sua glória (Rm 8:17). Algum de vocês já ouviu um apologista da teologia da prosperidade mencionando estes preceitos?

Mas, o que dizer da argumentação de que todos estes casos que vimos até aqui de que cristãos padecendo de sofrimentos e doenças poderiam ser devido à fauta de fé ou até mesmo à influência do poder de Satanás? Quem pode nos orientar sobre esta questão, principalmente sobre as enfermidades é B. J. Oropeza, no livro '99 Perguntas sobre anjos, demônios e batalha espiritual":

"[...] O Novo Testamento apresenta muitos exemplos de demônios que causam enfermidade. Jesus expulsou um demônio de epilepsia de um rapaz (Mt 17:14-21; Mc 9:14-29, 33; Lc 9:37-43). Expulsou demônios de pessoas que eram cegas e mudas (Mt 9:32-34. 12:22; Lc 11:14-15) e expulsou demônios de pessoas que sofriam de insanidade (Mt 8:28-34; Mc 5:1-20; Lc 8:26-39). No entanto, não devemos achar que todos os casos de cegueira, epilepsia ou outras enfermidades sejam resultado de atividade demoníaca. Curar enfermidades e expulsar demônios nem sempre é a mesma coisa (Mc 1:34; Mt 8:16; Lc 7:21; At 5:16; 8:7). Quamdo oram por enfermos, os cristãos devem evitar aquilo que muitos operadores de milagres fazem. A menos que tenham claras evidências de que estão lidando com de mônios, não devem dirigir-se diretamente à epilepsia, ao câncer ou a qualquer outra moléstia como se se tratasse de um demônio inteligente, capaz de atender à repreensão. Um endermidade impessoal não nos pode ouvir! Se presunçosamente afirmarmos que uma enfermidade tem origem demoníaca e a pessoa pela qual oramos não for curada, parecerá que o diabo prevaleceu. Há uma maneira melhor de orar pelos enfermos. Devemos tirar a atenção da enfermidade em si, do nosso próprio poder e pedir a Deus que cure o indivíduo por meio de Cristo [...]" (pp. 79-80). [...] "Alguns espíritos nem sequer são mencionados nas Escrituras, mas mesmo assim com frequencia ouvimos os televangelistas repreendendo-os . Os 'espíritos' mais populares estão relacionado a enfermidades, atividades pecaminosas ou hábitos indesejáveis, como 'espírito de câncer', 'espírito de alcoolismo', 'espírito de tabagismo' e 'espírito de masturbação'. Alguns deles beiram o ridículo, como 'espírito de esquecimento', 'espírito de alergia' e 'espírito de roer as unhas' [...] A maior parte desses 'espíritos' tem explicações naturais [...] Muitas enfermidades e muitos vícios podem de fato ser causados por demônios, mas isso não é verdade em todos os casos [....]" (pp. 138-139).

Ora, em nenhum destes casos que citamos, onde temos mencionado as doenças, os textos bíblicos deixam alguma mínima menção de que aquelas enfermidades foram devido a fauta de fé daqueles irmãos ou obras de Satanás. Acreditamos que o apóstolo Paulo teria mencionado em algum momento e principalmente porque são casos ocorridos no tempo da Nova Aliança. Sim, o Novo Testamento registra alguns casos de doenças causadas por demônios, no entanto, todos eles foram ainda no tempo dominado pela Lei e não pela Graça de Deus. Parece difícil ou até impossível afirmar categoricamente que com a morte de Cristo, essa possibilidade de um demônio causar doença exista na Igreja. Um cristão jamais pode ficar possesso de um espírito maligno, pois ele é habitação, templo, santuário do Espírito Santo de Deus (Rm 8:11; 1Co 3:16; 6:19), ele é morada de Deus por Seu Espírito (Ef 2:22), ele pertence à Cristo (Rm 8:9; 1Co 6:15), em sua conversão, ele se uniu ao Senhor, ele é um espírito com Ele (1Co 6:17; comparem com 1Jo 4:13), o cristão foi comprado por alto preço, seu corpo nem é dele mesmo, mas de Deus (1Co 6:15a,19-20), o cristão faz parte de uma geração eleita, nação santa, ele é propriedade EXCLUSIVA de Deus (1Pe 2:9; comparem com 1Co 1:21-22; Tt 2:14), ele é nascido de Deus e não está mais dominado pelo pecado, Deus o protege e o Maligno não o atinge (1Jo 5:18), pois o cristão, em nome de Jesus, vence os espíritos que não são de Deus, pois maior é Aquele que está em nós do que aquele que está no mundo (1Jo 4:1-4; 5:19).

Por todos estes fatores, uma enfermidade causada por demônios ou ação satânica em um cristão autêntico parece ser impossível de acreditar. Podemos inferir esta argumentação dessas passagens que mencionamos, mas a situação em si não é descrita detalhadamente no NT. Pode ter ocorrido com Paulo (2Co 12:7-10), mas, mesmo que isso tenha ocorrido, analisando todo o contexto da passagem, verificamos que a suposta enfermidade estava sempre no controle do Senhor (comparem com Jó 2:4-7).

E aqui vamos repetir a reflexão que fizemos na parte 2/5 deste esutdo, justamente sobre estes questionamentos que acabamos de ponderar:

"Quantos de nós, cristãos, temos passado por tantas agruras e 'tempestades' nesta vida à despeito de nossa comunhão zeloza e em confissão de pecados para com Deus?! Se concordamos com a teologia da prosperidade, milhares e até milhões de nós, cristãos, então, estaremos com uma fé minúscula ou inexistente (neste caso nem seremos salvos realmente!!) ou estamos debaixo do poder de Satanás? Não, não, está tudo errado! Não é isso que a Palavra de Deus [...]"

Indo para o livro aos Hebreus, o que dizer de muitos personagens da tão conhecida "galeria da fé"? (capítulo 11). Observem quanta perseguição, sofrimento e até mesmo martírios!! Os pregadores da teologia da prosperidade, ou melhor teologia da mediocridade, certamente evitam pregar sobre este texto por razões óbvias. Quem comentou sabiamente sobre esta situação foi o Pastor Caio Fábio:

"À medida que se parte para a ênfase do ter, perde-se o ser. Isso porque a fé cristã é uma fé baseada totalmente no ser. Em Hebreus 11:1-40 temos um texto que afirma a fé. Do v. 1 ao 35 se fala daqueles que foram (ser) e tiveram (possuir, conquistar), como Abraão, que foi e teve [...] No entanto, já do v.35 em diante fala-se daqueles que foram e não tiveram [...] Vejo os irmãos adeptos da teologia da prosperidade afirmando o ter. Peço então a eles que leiam Hebreus 11, tentando mostrar-lhes que a fé profunda, genuína, nem sempre é a fé que garante o ter, mas é sempre fé que garante o ser. O interessante é que do 35 em diante é que se fala dos homens ds quais 'o mundo não era digno' [...] Não estou dizendo com isto que não possamos ter. Ao contrário, o próprio texto de Hebreus mostra que é possível e é bom ser e ter. No entanto, quando a busca do ter é o alvo da vida, o ser se desvanece." (Livro "A crise de ser e ter", pp. 26-27, citado no livro "Super Crentes", de Paulo Romeiro, p. 72, segunda edição).

E em se falando em fé, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11:6) e a fé é a certeza em algo que se espera e é prova de coisas que não vemos (Hb 11:1). Sendo assim, como vamos agradar a Deus se estamos presos apenas a coisas materiais? Ou nos esquecemos que a nossa amizade com as coisas do mundo gera inimizade com Deus? (vejam Tg 4:4; 1Jo 2:16-17; comparem com Rm 12:1-2; 1Co 7:31).

Os pregadores apologistas da Teologia da Prosperidade e seus seguidores parecem que se enquadram em uma situação encontrada no livro de Isaías, uma palavra de exortação vinda do próprio Deus. Eles deveriam se sentir exortados por essa mensagem de Isaías e não usarem fora do contexto como pretexto outra passagem do mesmo profeta, no capítulo 53, como dissemos anteriormente:

"Esse povo é rebelde; são filhos mentirosos, filhos que não querem saber da instrução do Senhor. Eles dizem aos videntes: 'Não tenham mais visões!' e aos profetas: 'Não nos revelem o que é certo! Falem-nos coisas agradáveis, profetizem ilusões. Deixem esse caminho, abandonem essa vereda, e parem de confrontar-nos com o Santo de Israel'" (Is 30:9-11).

Mesmo que agora no tempo da Nova Aliança a revelação de Deus tenha se completado com a vinda de Jesus Cristo e a confecção do Novo Testamento e que a mensagem de Deus não seja mais entregue através de profetas da mesma forma inspirada inerrante e autoridade divina que no Antigo Testamento, a vertente eclesiástica da teologia da prosperidade parece não desejar mais conhecer a verdadeira instrução do Senhor, a sã doutrina, através dos pregadores não corrompidos doutrinariamente dos dias de hoje, verdadeiros profetas de Deus usados para exortar esta nossa geração que se corrompe cada dia mais. Os que pertencem a esta vertente seguidora da teologia da prosperidade, portanto, parecem dizer aos pregadores da sã doutrina:

"Não preguem o que é certo. Preguem aquilo que é agradável, mesmo sendo errado. Não preguem sobre o sofrimento cristão, mesmo que a pregação provoque uma ilusão na mente das pessoas".

Eles parecem estar como que com coceiras nos ouvidos, desejando ajuntar para eles mesmos pessoas que os digam, que preguem apenas aquilo que está conforme suas próprias opiniões. Será que não foi exatamente isso que o apóstolo Paulo profetizou que iria ocorrer?

"Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja moderado em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério." (2Tm 4:1-5).

Percebam que Paulo advertiu que mesmo em contato com pessoas que se recusam a ouvir a verdade, mas apenas ouvir o que querem, mesmo que sejam ilusões, devemos continuar pregando a verdade, repreendendo, corrijindo e exortando com paciência e base bíblica. O mesmo apóstolo também trouxe uma advertência semelhante sobre falsos mestres aos efésios por ocasião de sua partida (At 20:28-30). E o apóstolo Pedro também fez semelhante exortação profética contra os falsos mestres (2Pe 2:1-2).

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