sábado, 3 de julho de 2010

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE: CONCEITOS E OPINIÕES (PARTE 01)

INTRODUÇÃO

Vamos iniciar o nosso estudo verificando os conceitos regitrados em uma grande enciclopédia virtual sobre a Teologia da Prosperidade. Vejamos:

"Teologia da prosperidade, também conhecida como confissão positiva, palavra da fé, movimento da fé e evangelho da saúde e da prosperidade, é um movimento religioso surgido nas primeiras décadas do Século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que os que são verdadeiramente fiéis a Deus devem desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. O pioneiro desse movimento foi o estado-unidense Essek. M Kenyon, enquanto o maior divulgador foi Kenneth Hagin, que influenciou a muitos pregadores nos Estados Unidos que ganharam reconhecimento mundial, como Kenneth Copeland, Benny Hinn, David (Paul) Yonggi Cho, entre outros. A Partir dos anos 70 e 80, a teologia da prosperidade se estendeu a muitos paises, incluindo Portugal, onde se destacou Jorge Tadeu, fundador da Igreja Maná, e também o Brasil. Ao longo dos anos essa doutrina foi abraçada principalmente por igrejas neo-pentecostais. No Brasil, as maiores igrejas desse movimento são a Igreja Universal do Reino de Deus, do Bispo Macedo, a Igreja Internacional da Graça de Deus, do Missionário R.R. Soares (que é cunhado de Edir Macedo), a Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo Apóstolo Waldemiro Santiago, também dissidente da Igreja Universal, a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, fundada pelo casal Estevam e Sônia Hernandes, além da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, de Valnice Milhomens. Além destes movimentos e igrejas, existem também conferencistas intinerantes proclamadores desta doutrina, como Marco Feliciano, Paulo Marcelo, entre muitos outros." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_prosperidade).

Portanto, nesses estudos estaremos tendo contato com uma doutrina que prega que os cristãos devem ser ricos e gozar de plena saúde sempre, sem exceções. Se essas condições não existirem na vida de algum cristão, significa que ele não tem fé ou sua fé é muito pequena ou ainda que ele está em pecado. Será que é verdade mesmo tudo isso? É o que veremos.

Bem, com esse histórico que acabamos de ver, podemos vislumbrar um pouco da origem e do desenvolvimento da pregação da teologia da prosperidade e alguns nomes de seus propagadores, bem como suas igrejas. Temos certeza que os prezados leitores conhecem todos ou quase todos os nomes citados acima.

Agora vamos observar (nas partes 1 e 2 do nosso estudo) o que alguns grandes pregadores e personalidades da esfera cristã protestante da atualidade têm a dizer sobre a Teologia da Prosperidade. Eles são pregadores defensores da sã doutrina, que também lutam contra a teologia da prosperidade:

JOHN PIPER (vídeo postado no http://www.youtube.com/)

"Eu não sei o que você sente em relação à Teologia da Prosperidade, mas eu vou lhe dizer o que eu sinto: ÓDIO. Isso não é o evangelho. E está sendo exportada desde país (EUA) para a Ásia e a África, vendendo um cardápio de benefício aos mais pobres dos pobres. Eles dizem: 'Creiam nesta mensagem e seus porcos não irão morrer e sua esposa não terá abortos e você terá anéis em seus dedos e casacos nas suas costas'. Isto está saindo da América. Pessoas às quais nós deveríamos dar nosso dinheiro, nosso tempo e nossas vidas, invés de vender a eles um monte de esterco que eles insistem em chamar de 'evangelho'. E esta é a razão pela qual a Teologia da Prosperidade é tão horrenda. Qual foi a última vez na qual um americano, um africano ou um asiático jamais disse que Jesus é totalmente satisfatório por causa da BMW que possuía? Nunca. Eles dirão: 'Foi Jesus quem te deu isso? Eu aceito este Jesus'. Isso é IDOLATRIA. Isso não é o Evangelho. Isso é colocar os dons acima de quem deu os dons. Eu vou te dizer o que faz Jesus parecer lindo. É quando você bate seu carro e sua filhinha voa através do pára-brisas...e cai morta na rua...e você diz, em meio a mais profunda dor possível: 'Deus me é suficiente. Ele é bom, Ele cuidará de nós, Ele irá nos satisfazer. Ele nos fará passar por isso. Ele é o nosso TESOURO. A quem tenho eu no céu além de Ti? E na terra, não há nada que eu deseje mais que a Ti. Minha carne e meu coração e minha filhinha desfalecem, mas Tu és a força do meu coração e a minha porção para sempre'. Isso faz Deus parecer Glorioso. Como Deus. Não como alguém que dá carros, segurança e saúde. Oh, como eu oro para que Birmingham (U.K.) seja liberta de Teologia que enfatizam a saúde, a riqueza, a prosperidade; de fato, que a América (U.S.A.) seja liberta. E que a Igreja Cristã seja conhecida por SOFRER por Cristo. Deus é mais glorificado em você quando você está mais satisfeito nele, em meio à dor e pobreza e não em meio à prosperidade".

Piper tem toda a razão, a teologia da prosperidade não é o evangelho de Cristo, não é mesmo. Ela é sim, um "outro evangelho". Ela deve causar repulsa nos cristãos. Ela tem sido propagada dos países ricos para os países pobres, com promessas de vida isenta de sofrimentos e repleta de bens materiais. Segundo Piper, a nossa suficiência, a nossa satisfação, deve estar em Deus, mesmo nos momentos difíceis e angustiantes que certamente virão. Nisso Deus é glorificado e não quando desejamos bens materiais em troca de uma vida de comunhão com Ele, isso é idolatria.

ARIOVALDO RAMOS (Prefácio do livro "Decepcionados com a graça", de Paulo Romeiro).

"A teologia da prosperidade chegou ao Brasil em meados da década de 70, trazendo uma nova concepção sobre a fé. Bastava crer para ter acesso ao 'céu' aqui na terra. Saúde perfeita, excelente moradia, altos salários e poder passaram a ser acessíveis (...) A criatividade sem limite de seus pregadores, reinventando-se continuamente, apresenta novidades irresistíveis àqueles que precisam agarrar se à esperança de uma condição de vida mais digna (...) A cada momento inventa-se uma nova maneira de atrair a atenção e expulsar os maus espíritos, a quem são atribuídos todos os males (...) Ainda que cada movimento financeiro seja chamado de oferta, trata-se, na prática, de pagamento pela bênção. Deus foi transformado num gordo e avaro banqueiro que está pronto a repartir suas benesses para quem pagar bem, assim, o fiel é aquele que paga e o faz pela fé" (p. 11-12).

Errado, muito errado este comportamento dos pregadores da teologia da prosperidade. Ele fazem de tudo, são extremamente criativos para atrair pessoas desesperadas por uma vida melhor, por um milagre na saúde ou nas finanças. Tudo é realizado em nome do dinheiro e não em nome de Jesus. Tudo é uma barganha com Deus, como se isso fosse possível.

RUSSEL SHEDD (Prefácio à primeira edição do livro "Super Crentes" de Paulo Romeiro, na segunda edição, localizada nas pp. 9-10)

"Nada mais importante, em uma conjuntura como esta, do que parar e pensar numa teologia bíblica. Estamos numa hora crítica em que precisamos avaliar e julgar os ensinamentos contundentes dos pregadores da boa vida, isenta de problemas sérios que todo ser humano tem de enfrentar (...) Não somente a experiência do apóstolo Paulo, que teve de aguentar o 'espinho na carne' - por ele mesmo chamado 'mensageiro de Satanás' -, mas também a dos homens mais consagrados da história criam dúvidas sobre uma interpretação que faz de todo sofrimento algo contrário à vontade de Deus. E o que dizer da morte? A paulatina perda das forças pela velhice e a chegada do 'último inimigo' devem também ser repelidas pela 'confissão de fé'?"

Sim, concordamos plenamente com o Dr. Shedd. É hora de refletirmos e começarmos (ou continuarmos) a defender uma teologia bíblica contra estes ensinamentos que parecem continuar ganhando forças mesmo com evidências contra ela tão latentes como o sofrimento de grandes personagens da história cristã e em face do envelhecimento e morte do ser humano.

ALDO MENESES E SILVIA JUSTINO (Editores da "Mundo Cristão" no prefácio à segunda edição do livro "Super Crentes", de Paulo Romeiro, p. 12).

"(...) a aplicação da teologia da prosperidade não gerou uma igreja rica e poderosa; produziu, sim, líderes ricos, poderosos e gananciosos, e cada vez mais distanciados da simplicidade de Cristo, energando a vida piedosa como meio de ganho. Ávidos pelo poder, criaram megaigrejas, compraram mansões, tornaram-se celebridades. O poder os corrompeu. Sua teologia não produziu crentes melhores, mas crentes doentes, confusos e em eterno conflito, pois estes não viam os resultados práticos da aplicação dos princípios que faziam de seus líderes o que eles mesmo queriam ser."

E aqui temos mais um motivo para defendermos a sã doutrina da Cruz de Cristo, a simplicidade do evangelho do Senhor contra essa teologia herética: a teologia da prosperidade na verdade não fez prosperar a igreja, mas sim, os seus líderes. Isso é completamente contrário com o propósito de Deus para a Sua Igreja. O que "prosperou" na verdade foi ilusão e confusão na mente de milhares de cristãos, os quais não viram nenhum fruto positivo ou resultado satisfatoriamente prático de tudo o que ouviram sobre essa teologia. Isso é triste e muito sério.

CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas)

"O IBGE trouxe uma constatação chocante para a ideologia dos propagadores da teologia da prosperidade no Brasil... Foi comprovado, no último censo de 2006, que os evangélicos são os que mais contribuem com a sua religião, apesar disso, são os religiosos mais pobres do País. Ou seja, essa teologia na prática não funciona. Bem, com a palavra os pregadores da prosperidade! Essa é uma das doutrinas principais pregada por todos esses movimentos. Trata-se de uma substituição do Evangelho da Graça, pelo “evangelho” da ganância. Oral Roberts, um dos principais pregadores dessa heresia, chegou a escrever um livro intitulado How i learned Jesus Was Not Poor (“Como aprendi que Jesus Não foi Pobre”) É comum ouvimos da boca dos pregadores da prosperidade coisas do tipo: “Você é filho do Rei, não tem por que levar uma vida derrotada.” A principio uma frase dessas pode até pode parecer ortodoxa. Mas, o que muitos talvez não saibam, é que para esses pregadores, “vida derrotada”=ser pobre, ter dificuldades financeiras, ficar doente etc.T.L Osborn, ensina em seu livro Curai Enfermos e Expulsai Demônios , que Paulo jamais esteve doente contradizendo o seguinte texto: ”E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física. E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus”(Gal.4.13,14). É interessante saber que Osborn no começo de seu ministério se apoiou em líderes heréticos como William Marrion Branham. T. L. Osborn, no folheto intitulado Um Homem Chamado William Branham, escreveu o seguinte: "Esta geração está incumbida: uma geração na qual Deus tem caminhado em carne humana na forma de um Profeta. Deus tem visitado seu povo. Porque Um grande Profeta Tem-se Levantado entre Nós". Osborn trata a pessoa de Branham como se fosse o próprio Deus. Em outro lugar no mesmo folheto, diz: "Deus tem enviado o irmão Branham no século 20 e tem feito a mesma coisa. Deus em carne, novamente passando por nossos caminhos, e muitos não o conheceram. Eles tampouco o teriam conhecido se tivessem vivido no tempo em que Deus cruzou seus caminhos no corpo chamado Jesus, o Cristo." A teologia da prosperidade une o fútil ao desagradável, ou seja, é uma mistura de ganância e comodismo. Os adeptos da teologia da prosperidade acham que nós temos direito de reivindicarmos o que quisermos de Deus, esquecendo da soberania divina (...)"

As considerações do CACP vêm colaborar com a conclusão que já vínhamos formulando: a teologia da prosperidade só produziu uma grande quantidade de cristãos pobres. Paradoxalmente, eles foram os que mais contribuíram para as suas igrejas, mas, infelizmente, continuaram pobres ou pelo menos não melhoram sua condição financeira. Isso é constatado cientificamente pelo IBGE, não é apenas uma opinião infundada de nossa parte.

Pregando inverdades, claramente desmentidas pela Bíblia, como por exemplo que o apóstolo Paulo nunca ficou doente, que Jesus nunca foi pobre e pregando contra a soberania de Deus, eles estão enganando e deixando na pobreza material e espiritual uma parcela significativa da igreja evangélica brasileira. Não é para ficarmos preocupados com tudo isso?

Vocês desejam ver exemplos práticos de que a teologia da prosperidade não funciona? Ironicamente os exemplos vêm justamente daqueles que a pregaram. Vamos continuar apresentando abaixo a mesma matéria do CACP:

"(...) Alguns dias atrás, recebi um e-mail, que continha um material da pesquisadora de religiões Mary Schultz mostrando como terminaram alguns dos grandes pregadores da prosperidade e da saúde perfeita. observem: 1. E. W. Kennyon faleceu vitima de um tumor maligno. 2. John Wimber e seu filho Chris morreram de câncer. 3. A . A. Allen morreu de alcoolismo. 4. John Lake morreu de um colapso. 5. Gordon Lindsey morreu do coração. 6. O cunhado de Kenneth Haigin morreu de câncer. 7. O mesmo aconteceu à sua irmã. 8. Sua esposa foi operada e o próprio Haigin usou óculos até morrer. 9. Kathryn Khulmann morreu do coração. 10. Daisy Osborne morreu de câncer, jurando que havia sido curada. 11. Jamie Buckingham morreu de câncer. 12. Fred Price conseguiu uma quimioterapia para a sua esposa. 13. John Osteen procurou ajuda médica para curar o câncer da esposa. 14. A esposa de Charles Capps fez tratamento médico de câncer e também Joyce Meyer. 15. Mack Timberlake está se tratando de um câncer na garganta. 16. R. W. Shambach fez quatro pontes safenas. 17. O Profeta Keith Greyton morreu de AIDS. Isso é uma prova convincente não são bem assim como pregam entusiasticamente esses “profetas” do materialismo. Por ai percebe-se que não vivem o que pregam!" (fonte: http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=453&menu=7&submenu=4)

Impressionante não é mesmo!! Vamos continuar com importantes considerações e opiniões:

AUGUSTUS NICODEMUS LOPES (livro "O que estão fazendo com a Igreja").

"(...) Os neopentecostais a que me refiro nesse capítulo são os pastores de igrejas e denominações tradicionais e conservadoras que adotaram ideias e práticas típicas do movimento neopentecostal, na expectativa de verem crescer numericamente as igrejas que pastoreiam (...) Eles permanecem filiados a essas denominações, estão ligados aos seus concílios, mas abraçam ideias e práticas dos neopentecostais, as quais são geralmente distintas daquelas que suas denominações, pelo menos oficialmente, aceitam (...) Outros, viraram neopentecostais já dentro das igrejas históricas movidos pela pressão de fazer sua igreja crescer. A lógica é simples: os neopentecostais estão crescendo muito no Brasil. O que eles têm que eu não tenho? Qual a causa desse crescimento? Em que eles acreditam e o que praticam? E a resposta parece simples: batismo com fogo, batalha espiritual, expulsão de demônios, sinais e prodígios, unção com óleo, teologia da prosperidade, danças litúrgicas, coreografias, cultos de descarrego, quebra de maldições, línguas, profecias e visões, e por aí vai. Assim, muitos pastores, líderes e obreiros presbiterianos e de outras denominações históricas resolveram adotar esse cardápio, ou parte dele, na expectativa de fazer a sua igreja crescer, exatamente como crescem as igrejas dos neopentecostais (...)" (pp. 169-170) [grifo meu]

Aqui o Rev. Augustus nos traz uma outra faceta deste contexto da pregação da teologia da prosperidade que também nos traz muita preocupação. A ala mais conhecida como tradicional ou conservadora da igreja evangélica brasileira muitas vezes utiliza os mesmos métodos das igrejas neopentecostais na avidez de atrair um grande número de pessoas, mesmo em prejuízo da verdadeira evangelização que outrora tanto prezavam, tudo em nome do "espetáculo", do "show", "da barulheira santa" que quase ensurdece muitos fieis, inclusive os idosos, sem mencionar a pregação desgastante para os fieis, abusiva, herética e sem limites em relação aos dízimos e ofertas, etc. Isso tudo também não é preocupante? É certo que sim.

Na próxima postagem veremos mais considerações e opiniões, desta fez especificamente de Paulo Romeiro, possivelmente o escritor brasileiro que mais refutou biblicamente a teologia da prosperidade e as demais heresias do movimento da Confissão Positiva em seus livros.

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