“E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.” (Jo 1:32-34).
Muitos acreditam que, após a conversão, deve-se buscar também o Espírito Santo, ou seja, segundo esta crença, o Espírito de Deus ainda não habita no recém convertido. Alguns chamam este suposto segundo estágio da carreira cristã de “batismo com o Espírito Santo”, outros chamam de “batismo com fogo” e outros ainda de “a segunda bênção”. Será que as coisas são de fato assim? Ao olharmos para as páginas sagradas, parece que este ensino não foi propagado e nem incentivado pelos apóstolos:
O apóstolo Paulo trouxe inúmeros ensinos que podem nos auxiliar nesta questão:
1º) Todos aqueles que recebem a Jesus em suas vidas são chamados filhos de Deus (Jo 1:12);
2º) Somente quem é filho de Deus é guiado pelo Espírito Santo (Rm 8:12-17);
3º) O Espírito Santo confirma que somos filhos de Deus e nos guia e aqueles que não O possuem, não podem dizer que são de Deus (Rm 8:9,14,16; 1Jo 3:23-24);
4º) Deus envia ao coração dos cristãos o Seu Espírito pelo fato de sermos seus filhos (Gl 4:4-6); Fato que está ligado ao ítem 01;
5º) O Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo são “um” em essência, mesmo possuindo personalidades distintas (2 Co 3:14-18);
6º) Os cristãos podem ser fortalecidos com poder pelo Espírito Santo, no intuito de que Jesus habite ricamente em seus corações (Ef 3:14-17);
7º) Quem possui o Espírito Santo jamais profere uma blasfêmia contra Jesus e é somente através do Espírito que admite-se sinceramente que Jesus Cristo é Senhor de sua vida (1Co 12:3).
O apóstolo Pedro fez uma advertência aos judeus de todas as nações (At 2:5) que presenciaram a descida do Espírito Santo sobre os discípulos no dia de Pentecostes em Jerusalém (vv. 6-13) que, quebrantados diante de sua pregação do evangelho (vv. 14-36), perguntaram: “...que faremos, irmãos?” (v. 37). O apóstolo afirmou: “...arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (v. 38).
Aqui nesta declaração de Pedro ("...e recebereis..."), muitos podem asseverar que ele deixou uma lacuna doutrinária para podermos afirmar que após o arrependimento e conversão, o recebimento do Espírito Santo vem depois, mas não na mesma hora ou logo depois da conversão. Mas vamos ver alguns outros textos que deixam mais claro que o Espírito Santo é dádiva de Deus Pai a todos aqueles que, arrependidos, recebem a Jesus Cristo em suas vidas no momento da conversão, quando se crê verdadeiramente em Cristo, e não um prêmio oferecido àqueles cristãos que alcançam um patamar elevado em sua carreira cristã.
No Capítulo 18 de Atos, Apolo, um judeu alexandrino, eloquente e firme na Palavra de Deus, pregou precisamente a respeito de Jesus em Éfeso, mas conhecia apenas o batismo de arrependimento de pecados realizado por João Batista (vv. 24-28). Após sua partida para Corinto, Paulo chegou em Éfeso e, conhecendo que o Espírito Santo é recebido no momento da conversão de uma pessoa, perguntou à alguns discípulos: “...recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (At 19:2a). Ao saber que eles haviam sido batizados apenas no batismo de João Batista, Paulo os batizou em nome de Jesus e eles receberam o Espírito Santo (vv. 2b-6).
Quando Pedro pregava aos parentes e amigos de Cornélio, em Cesaréia, (At 10:23-28) e falava da grandeza da obra de Deus através da vida de Jesus (vv. 34-41) e sobre a pregação do evangelho (v. 42), ao mencionar que a remissão dos pecados seria recebida por todos aqueles que cressem em Jesus (v. 43), o Espírito Santo desceu imediatamente sobre todos os ouvintes enquanto Pedro falava (v. 44), pois atenderam à pregação do apóstolo e creram em Cristo. No capítulo seguinte, Pedro, se defendendo perante os judeus convertidos e os demais apóstolos e irmãos que estavam na Judéia, quanto à conversão dos gentios (At 11:1), disse que Deus concedeu aos gentios o mesmo dom do Espírito quando todos creram no Senhor Jesus (At 11:16-17).
Facilmente, portanto, podemos verificar nas expressões apostólicas "recebestes o Espírito quando crestes" e "Deus concedeu o Espírito quando todos creram no Senhor" que as pessoas recebem o Espírito Santo quando se convertem a Cristo e não em um estágio posterior em sua santificação e carreira cristã.
Como observamos no item n.º 5 no início deste artigo, se Jesus Cristo e o Espírito Santo possuem a mesma essência divina (2Co 3:14-18), aqueles que apregoam o posterior batismo com o Espírito, estão na verdade afirmando que a Trindade sofre uma espécie de separação no momento da conversão de alguém, ou seja, segundo eles, Jesus viria habitar na pessoa convertida, enquanto o Espírito Santo aguardaria o momento oportuno para o “batismo com fogo”. É evidente, no entanto, que quem recebe a Cristo em seu coração, também recebe o Espírito Santo.
É evidente que existe o batismo com o Espírito Santo (Mt 3:11), mas ele ocorre no momento da conversão. Portanto, já somos batizados com o Espírito Santo. O que devemos buscar é a Sua plenitude (At 4:31; 7:55; 9:17), pela santificação, buscando realizar a vontade de Deus (1Ts 4:3), através de Sua Palavra, louvando sinceramente ao Senhor, com hinos e cânticos, com gratidão a Deus e submissão entre os irmãos (Ef 5:17-21), não “apagando” o Seu poder em nós com os nossos pecados (1Ts 5:19).
Devemos buscar o fortalecimento do nosso interior com o poder do Espírito, para que Cristo habite ricamente em nós, pela fé, fazendo com que vivamos em amor, para que compreendamos a grandeza do amor de Cristo. Dessa forma, seremos tomados pela plenitude de Deus (Ef 3:14-19) e transbordaremos do Espírito Santo (At 13:52).
Mas, e então, o batismo com fogo é um sinal de avivamento? Bem, já que o batismo com fogo é o recebimento do Espírito Santo na vida de uma pessoa que se converte a Cristo, podemos afirmar que, observando isoladamente algumas conversões (ou batismos com fogo), elas podem não categorizar um avivamento, pelo menos ainda, elas são um sinal milagroso e poderoso da mão do Senhor na vida da igreja através da pregação do evangelho, resgatando muitas pessoas das garras do pecado, da morte e de Satanás, levando-as a uma vida abundante em Cristo e para a eternidade com Deus.
Mas, deve-se analisar todo o contexto da igreja e reconhecer os demais sinais de genuíno avivamento, para podermos seguramente afirmar que estas conversões são sinais de um avivamento. Afinal, conversões (batismos com fogo) devem ser uma rotina sobrenatural e natural na igreja cristã que prega e vive a Palavra, não precisamos aguardar o avivamento para esperar que elas ocorram, mesmo sabendo que milhares poderão acontecer.
Vemos na passagem de Atos 2:42-47 que na vida avivada da igreja apostólica do primeiro século, o Senhor acrescentava à igreja diariamente as pessoas que iam se convertendo. Em pouco tempo, o número de 120 pessoas, os apóstolos e discípulos de Jesus, inclusive a mãe do Senhor, que aguardavam em oração perseverante a vinda do Espírito Santo, passou para mais de 8.000, após milhares de conversões (batismos com fogo) com as pregações dos apóstolos cheias da unção do Espírito. Vejam em Atos 1:13-15 as 120 pessoas iniciais, em Atos 2:41 a conversão de aproximadamente 3.000 pessoas e em Atos 4:4 cerca de mais 5.000 conversões.
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Link complementar:
irmão Cláudio, que observação!!!!
ResponderExcluirmaravilhoso artigo...(esse será um dos que vou usar no Informativo... se Deus quiser)
um dia vou escrever assim...
"Um dia vou escrever assim" ?? Meu caro, não espere por este dia, pois ele já chegou há muito tempo, pois você já escreve excelentemente bem e é a inspiração na defesa da sã doutrina para a atual Igreja cristã, ávida de ouvir uma mensagem com conteúdo ortodoxo e ao mesmo tempo devocional. Grande abraço.
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