domingo, 17 de janeiro de 2010

A QUESTÃO CANÔNICA (A FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO)


Em meados do segundo século a Igreja tinha um conjunto de escritos dos apóstolos de Cristo além da Bíblia em hebraico. Como este novo conjunto de livros veio a existir? Por que a Igreja necessitou do Novo Testamento? Os principais motivos foram:

Primeiro: A Igreja precisava de relatos das testemunhas oculares de Cristo, de suas experiências e de sua fé, pois estavam desaparecendo de cena. Todos os apóstolos, menos João, morreram antes de 70 A.D.. Sendo assim, Marcos registrou o material que ouvira de Pedro usar em suas pregações, e Lucas compilou a vida e o material das pregações de Paulo. Mateus escreveu seu próprio evangelho e João fez o mesmo, provavelmente percebendo que sua morte era iminente;

Segundo: O mundo precisava da história de Jesus e suas mensagens e os primeiros cristãos precisavam da palavra escrita sobre o evangelho para melhor alcançar o mundo, pois o evangelho encontrou no império romano uma forte cultura literária;

Terceiro: Os discípulos precisavam de treinamento e a escrita era vital para o discipulado e a multiplicação de cristãos, pois os missionários após o treinamento se moviam para outros campos;

Quarto: A fé precisava ser propagada: Muitos dos primeiros cristãos acreditavam que Cristo voltaria enquanto estivessem vivos, mas, com o passar do tempo, perceberam que o seu trabalho era para longo prazo e tinham de transmitir sua fé às futuras gerações;

Quinto: A igreja precisava de padrões doutrinários, pois conforme envelhecia e se expandia encontrava diferentes formas de crer e pensar e era necessário discernir a crença correta das erradas e defender a fé evangélica;

Sexto: Os cristãos precisavam de diretrizes práticas para suas igrejas e suas vidas;

Sétimo: A Nova Aliança exigia o Novo Testamento, pois a Antiga Aliança (Antigo Testamento) era o contrato de Deus com a humanidade baseado no sacrifício de animais, sistema sacrificial que foi cumprido com a morte e ressurreição de Jesus.

Os primeiros livros do N.T. a serem colecionados e usados em larga escala foram as cartas de Paulo (cerca de 100 A.D.) e a seguir vieram os evangelhos. O livro de Atos sempre foi reconhecido como uma seqüência do evangelho de Lucas e por questão de ordem foi colocado após os evangelhos.

O restante do N.T. foi escolhido através de diferentes processos: 1º Pedro e 1º João raramente foram questionados. Hebreus foi aceito depois de associado com Paulo (apesar de jamais ter sido comprovada a autoria deste livro). Quando a autoria de 2º Pedro, 2º e 3º João, Tiago, Judas e Apocalipse foi estabelecida, esses livros foram também incluídos na lista.

Após algumas listagens diferentes do mesmo cânon, a que obteve finalmente aprovação em toda a igreja foi estabelecido por Atanásio, bispo de Alexandria, em 367 A.D. Sendo aprovada pelos concílios da igreja reunidos em Hippo Regius em 393 A.D. e Cartago em 397 A.D. e permanece sendo o cânon do nosso Novo Testamento.

Alguns livros, entretanto, já haviam sido reconhecidos como canônicos muito antes disso, nas próprias páginas da Escritura: O apóstolo Paulo usou a palavra “Escritura” para livros pertencentes tanto ao Antigo como ao Novo Testamento, confirmando a autoridade de ambos (1ª Timóteo 5:18).

A primeira referência de Paulo é extraída de Deuteronômio 25:4 e a segunda, das palavras de Jesus no evangelho de Lucas 10:7. Paulo considerava ambos os testamentos como “Escritura” divina. O apóstolo Pedro fez também uso da palavra “Escritura” ao se referir às epístolas de Paulo, confirmando autoridade a elas e colocando-as em pé de igualdade com o Antigo Testamento (2ª Pedro 3:15-16).

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