Longe de desejarmos indicar que denominação evangélica pode ser verdadeiramente chamada de “cristã” e sem o desejo de criticar seja qual for a religião, o nosso real desejo é o de expor ensinamentos bíblicos que certamente nos traçam um caminho seguro para elucidarmos esta questão: Quem pode dizer que é um verdadeiro cristão?
A expressão “cristão” deriva obviamente de “Cristo”, que vem da palavra grega (língua original do Novo Testamento) para “Mashiah” (Messias em hebraico, língua original da maioria do Antigo Testamento), que quer dizer “ungido”.
A primeira vez que os discípulos de Cristo foram denominados cristãos está registrada no livro de Atos, logo no início da Igreja:
“...em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos” (Atos 11:26b; ARA; comparem os outros dois usos da expressão “cristão” no Novo Testamento: apenas em Atos 26:28 e em 1ª Pedro 4:16).
Conquanto que a primeira utilização da expressão “cristãos” data de quase 2.000 anos, inúmeras denominações religiosas atualmente se autodenominam “cristãs”: os evangélicos, os católicos, os espíritas, etc. Devemos, no entanto, refletir se temos sido uma manifestação do cristianismo original.
A grande questão é que o termo “cristão” está assumindo um significado mais amplo e simultaneamente perigoso. Explicamos: Todos aqueles que buscam um comportamento piedoso, caridoso e nunca roubaram ou mataram, por exemplo, se dizem “cristãos” (mas, muitos se esquecem ou não se importam com os demais ensinamentos bíblicos). Em suma, atualmente o significado de “cristão” é de uma pessoa generosa, piedosa, independentemente da crença que ela professa.
Sim, Cristo pregou o amor ao próximo e confirmou a importância dos Dez Mandamentos (Lucas 10:25-37), mas será que ser cristão é apenas isso? Como poderíamos adequadamente e sem nos aprofundar muito nas questões lingüistas e semânticas desta expressão, estabelecer um significado para ela?
Ao olharmos para as páginas sagradas da Bíblia, a Palavra de Deus para os cristãos, entendemos que ser cristão é primeiramente recebermos a Cristo como Senhor e Salvador ao nos arrependermos dos próprios pecados (Lucas 5:32; Atos 2:38) e, como conseqüência, com um coração regenerado por Deus, praticarmos, sim, as boas obras, que por si mesmas não levam ninguém ao Céu, haja vista que a salvação vem pela fé em Jesus Cristo através da graça de Deus, para que ninguém se ensoberbeça (Efésios 2:1-10). Cristão, portanto, é aquele que segue a Cristo, isto é, que faz aquilo que Ele manda, que anda conforme Ele andou (Lucas 6:46; João 15:6; 1ª João 2:6).
Já que mencionamos a Bíblia como a Palavra de Deus para os cristãos, é de suma importância, antes de observarmos qual a atitude os cristãos devem adotar com relação à ela, que se faça um questionamento:
A BÍBLIA É UM LIVRO CONFIÁVEL?
Bem, sabemos e reconhecemos que Deus é perfeito e verdadeiro, Ele jamais erra, mente ou se arrepende em todos os Seus decretos e em todas as Suas obras (Jó 11:7; 1º Samuel 15:29; Isaías 45:19b; Tito 1:2; Hebreus 6:18). E já que Deus é perfeito e verdadeiro, conseqüentemente as Suas palavras refletem a Sua essência, ou seja, a Bíblia também é perfeita e verdadeira (Salmos 119:140a; 151a; João 10:35; 17:17). A Bíblia, aliás, afirma ser a Palavra inspirada de Deus, útil para o nosso aprendizado e edificação (Salmos 119:130; Romanos 15:4; 2º Timóteo 3:16-17; Hebreus 4:12; 2º Pedro 1:20b-21). A Palavra de Deus, inclusive, é eterna, jamais voltará atrás, tudo o que está escrito será cumprido cabalmente (Isaías 55:10-11; Mateus 24:35; Lucas 16:17; 1ª Pedro 1:24-25a).
Contudo, o texto da Bíblia Sagrada que conhecemos é confiável? Como podemos ter certeza de que não houve alterações no texto durante tantos séculos após a sua composição? Todas as evidências textuais, proféticas e científicas apontam para que confiemos plenamente no texto bíblico do qual dispomos atualmente (para conhecer mais detalhadamente estes assuntos, sugerimos a leitura de todos os nossos artigos que tratam deste assunto).
E QUAL DEVE SER, ENTÃO, A ATITUDE DO CRISTÃO COM RELAÇÃO A BÍBLIA?
No estudo das evidências da Bíblia nos deparamos com um limite orientador: As ciências têm comprovado a Bíblia, sim, como é o caso da arqueologia. Mas, elas apenas tecem um pano de fundo no qual confirmam a veracidade dos relatos bíblicos naturais, mas, em contrapartida, elas não podem comprovar a ocorrência de fatos que demandam a fé, os relatos bíblicos sobrenaturais. A fé é a certeza de fatos que não vemos (Hebreus 11:1).
Os seguidores de Cristo vivem pela fé (Romanos 1:17). Além do mais, vamos refletir: Se o contexto histórico cultural da Bíblia é totalmente digno de confiança, por que os assuntos que relacionam o ser humano com o seu Criador não poderiam ser verdade também? Se, em termos terrenos, humanos e proféticos a Bíblia tem se revelado 100% verdadeira, seguramente é também 100% verdadeira naquilo que afirma sobre Deus e os valores espirituais nela contidos. É inteiramente digna de confiança. Como Jesus havia afirmado:
"...nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto, contudo não aceitais o nosso testemunho. Se tratando de coisas terrenas não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:11-12; ARA).
Portanto, o verdadeiro cristão deve aceitar a Bíblia por inteiro e não utilizar como verdade para a sua vida apenas uma passagem ou outra, conforme a conveniência. Parece exagero? Vejamos. Jesus afirmou:
“Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Lucas 11:23; ARA).
Portanto, QUEM NÃO CONCORDA COM ALGUM ENSINAMENTO DE CRISTO, ESTÁ CONTRA ELE E NÃO PODE SER CHAMADO CRISTÃO, consequentemente.
Mas, Jesus disse mais:
“...se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?” (João 5:46-47; ARA).
Portanto, quem não crê no Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia, que foram escritos por Moisés) não crê também nas palavras de Jesus. E mais, quem não crê nos demais livros do Antigo Testamento não crê também em Jesus. É exatamente isto que o seguinte texto ensina:
“Então lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lucas 24:25-27; ARA; vejam Lucas 11:47-51).
Percebam que o texto afirma que TODOS os profetas, TODA a Escritura Sagrada registrou a respeito dEle, Jesus (vejam Lucas 24:44-46). E o Novo Testamento? Vejamos. Cristo disse:
“Quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (João 13:20; ARA); “Quem vos der ouvidos ouve-me a mim, e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem, porém, me rejeitar rejeita aquele que me enviou” (Lucas 10:16; ARA).
Isso é muito sério. Segundo estas palavras de Cristo, QUEM APRENDE COM OS SEUS APÓSTOLOS, APRENDE OS ENSINAMENTOS DO PRÓPRIO CRISTO, ALIÁS, DO PRÓPRIO PAI CELESTE, que O enviou.
O contrário é verdadeiro também: QUEM NÃO DÁ OUVIDOS ÀS PALAVRAS DOS APÓSTOLOS DE CRISTO, ESTÁ IGNORANDO OS SEUS ENSINAMENTOS E OS DO PRÓPRIO PAI CELESTE.
Portanto, quem rejeita algum ensino do Novo Testamento, rejeita as palavras de Deus. Mas, infelizmente, nos dias de hoje, vemos não apenas muitas pessoas, mas denominações religiosas, evangélicas ou não, negligenciando estas palavras de Jesus. Em outras palavras, existe uma tendência extremamente prejudicial de se assumir como Palavra de Deus sem erros e regra de fé e prática para toda a vida apenas porções da Bíblia conforme a conveniência, apenas quando as convicções e paixões pessoais se coadunam com o que as Escrituras ensinam.
Por exemplo: as denominações religiosas atualmente chamadas “cristãs”, como evangélicos, católicos e espíritas, obviamente acreditam e seguem a Cristo. Mas, quando um trecho ou fato das Escrituras contraria uma de suas crenças, essa referida porção das Escrituras é completamente rechaçada pelos adeptos destes segmentos religiosos. Existem setores religiosos que chegam ao cúmulo de editarem sua própria versão da Bíblia, adulterando suas palavras originais para que os mesmos estejam em conformidade com seu corpo doutrinário. Outros negligenciam totalmente a Bíblia e outros ainda admitem apenas partes dela, utilizando como regra infalível outros escritos.
Será que esta é uma atitude sensata? Cada um de nós, seja de qual segmento religioso for, deve avaliar qual tem sido o nosso posicionamento pessoal em relação à Bíblia e se ela inteira é para nós a fiel e perfeita Palavra de Deus (e de fato ela o é). Se admitimos outros escritos como infalíveis no lugar da Bíblia, devemos avaliar se eles realmente expressam a perfeita vontade de Deus (já de antemão podemos ressaltar que infalível só mesmo a Bíblia, pois muitas vezes estas obras possuem erros e contradições doutrinárias, científicas, históricas e proféticas, e Deus não erra).
Afinal, o que é mais sensato: Criarmos os nossos próprios dogmas e o nosso próprio deus (justamente nós que somos imperfeitos e falhos) ou aceitar a revelação escrita e inerrante vinda do único, suficiente e perfeito Deus do universo, mesmo que não a entendamos perfeitamente?
Aceitar algo apenas por partes parece ser uma atitude ilógica também. Por acaso, nós amamos nossos filhos apenas em parte? Quando eles nos desobedecem nós deixamos de amá-los ou eles deixam de ser nossos filhos? Por acaso, nós amamos nossas esposas dependendo daquilo que elas falam ou praticam? Nosso amor não deve ser incondicional? É certo que sim. Semelhantemente desta maneira deve ser o nosso amor a Deus e à Sua Palavra.
Partindo do pressuposto que a Escritura Sagrada é perfeita e inteiramente útil para a nossa edificação e aprendizagem, deve ser, conseqüentemente, inteiramente adotada como regra de fé e prática para a nossa vida e não deve ser adulterada ou negligenciada apenas pelo fato de que nos incomoda em algum ensinamento atacando justamente os nossos pecados e enganos ou simplesmente pelo fato de não termos ainda compreendido o sentido e a aplicação de um determinado texto bíblico. É preciso, sim, ter um bom esclarecimento sobre diversas técnicas de interpretação bíblica para podermos discernir exatamente qual a vontade de Deus para nós (sugerimos os nossos estudos sobre regras de interpretação bíblica para maiores detalhes).
CONCLUSÕES
Será que a Bíblia está envolvida quando se afirma popularmente que “papel aceita tudo”? Até certo ponto este ditado popular está correto. Simplesmente escrever irresponsavelmente algo não torna o texto confiável. Muitos (não todos) documentos antigos e contemporâneos contém inúmeros equívocos em seu conteúdo, seja no campo histórico, no campo moral, social ou outro qualquer (não estamos aqui desvalorizando os diversos estilos literários, apenas afirmando que a Bíblia deve estar sempre em primeiro plano como autoridade máxima em favor da verdade). Ademais, o que atesta a veracidade e confiabilidade de um texto são três principais fatores:
1º) Qual a origem da mensagem?
2º) Quem a escreveu é confiável? e
3º) Os fatos corroboram para a confiabilidade do texto?
É evidente que a Bíblia é aprovada com louvor nestes requisitos (e em quaisquer outros que venham a testá-la). Sua mensagem vem do coração do próprio Deus (sem comentários). Os seus escritores foram escolhidos e inspirados pelo próprio Deus (sem comentários). Os fatos científicos e históricos têm dia-a-dia atestado a confiabilidade das Escrituras Sagradas cristãs (estudaremos dezenas de evidências em outros de nossos estudos, sugerimos a leitura dos mesmos).
E então, somos cristãos ou não? Seguimos a Cristo realmente? Somos guiados pela Palavra inerrante de Cristo ou pela palavra de pessoas que imaginam estar seguindo-O, mas estão sinceramente enganadas? (palavras que podem estar nos levando a uma ilusão espiritual e religiosa extremamente danosa para as nossas vidas e para o nosso futuro).
Pensemos nisso e coloquemos em prática a Palavra de Deus. Não permitamos que preconceitos e dificuldades de compreensão nos afastem da verdade revelada por Deus a nós em Sua Palavra.
Que a Bíblia seja para nós realmente a nossa única regra de fé e prática em nosso cotidiano, não a deixemos em um canto da casa apenas como um amuleto ou objeto de adoração (!). Não a utilizemos para julgar os outros e não julgar primeiramente a nós mesmos.
Independente se a nossa Bíblia está rasgada, amassada, cheia de "orelhas", toda grifada e anotada ou ainda está como nova, comecemos (ou continuemos) a utilizá-la como ferramenta de transformação de nossas vidas, de nossa família e da sociedade como um todo.
Que Deus nos abençoe. Amém.
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