domingo, 30 de maio de 2010

IMPUNIDADE: ATÉ QUANDO?

Acredito que muitos de nós estão orando semelhantemente ao profeta Jeremias que disse...

"Tu és justo, SENHOR, quando apresento uma causa diante de ti. Contudo, eu gostaria de discutir contigo sobre a tua justiça. Por que o caminho dos ímpios prospera? Por que todos os traidores vivem sem problemas?" (Jr 12:1; NVI).

O profeta estava estarrecido com a impunidade que verificava em sua época e não desejava acusar Deus de injusto, mas encontrar respostas às suas inquietações e estava certo que poderia encontrá-las com o Todo-Poderoso.

Jó também estava inquieto com a situação de tantas pessoas ímpias que não buscam a Deus, que acreditam que não precisam Dele e muitos deles passam a vida na prosperidade, aparentemente sem ser punidos:

"Por que vivem os ímpios? Por que chegam à velhice e aumentam seu poder? (...) Seus lares estão seguros e livres do medo; a vara de Deus não os vem ferir (...) Os ímpios passam a vida na prosperidade e descem à sepultura em paz. Contudo, dizem eles a Deus: 'Deixa-nos! Não queremos conhecer os teus caminhos. Que é o Todo-poderoso, para que o sirvamos?: Que vantagem temos em orar a Deus?" (Jó 21:7,9,13-15; comparem com 22:17-18).

Com certeza, todos estamos questionando a negligência dos ímpios em relação a Deus e clamando como os salmistas:

"Em sua presunção o ímpio não o busca; não há lugar para Deus em nenhum de seus planos." (Sl 10:4);

"Deus justo, que sondas as mentes e os corações, dá fim à maldade dos ímpios e ao justo dá segurança." (Sl 7:9)

Mas, a situação não mudou depois de séculos e séculos após a vida destes personagens bíblicos: a impunidade ainda é uma preocupante realidade nos dias atuais. Quantas pessoas desonestas, criminosas e corruptas passam anos e anos aumentando o seu patrimônio, livres de punição, incólumes e ignorando o quanto precisam se arrepender e buscar a Deus. Mas eles certamente não querem conhecer a vontade de Deus, pois sabem que ela é contrária aos seus objetivos gananciosos e maléficos.

A maioria das notícias que temos recebido através dos meios de comunicação não é animadora: políticos corruptos que se apropriam ilicitamente do dinheiro do povo, pais que maltratam seus filhos, mulheres abusadas sexualmente, esposas cruelmente espancadas por seus maridos, assaltos, roubos, assassinatos, sequestros, inocentes mortos por balas perdidas, cidades dominadas pelo tráfico de drogas, mortes em acidentes devido a motoristas imprudentes, guerras civis que ocorreram na Europa, América Central e África e o genocídio étnico destes conflitos que levaram a população restante a morrer de fome e doenças, sem mencionarmos as vidas inocentes perdidas em atentados terroristas.

Milhões de pessoas foram injustiçadas ou perderam suas vidas em tantas atrocidades históricas, como a sangrenta inquisição em séculos passados, a violenta, injusta e opressora escravidão dos povos de pela negra, a fúria preconceituosa do nazismo, o holocausto nuclear nas cidades de Hiroshima e Nagasaki e os regimes ditatoriais e assassinos de governantes como Saddam Hussein.

Agora questionamos: Quantos destes crimes tiveram solução? Pouquíssimos culpados foram julgados e presos. Muitas vezes nenhum deles. A justiça humana falhou em muitos destes casos. Será que existe alguma esperança de que a justiça será feita? Até quando a humanidade terá que conviver com tamanha impunidade? Um clima de insegurança e vingança paira no ar. Muitos questionam: “Onde Deus está em tudo isso? Será que Ele nos abandonou?”.

Por outro lado, um antigo ditado popular afirma que “Deus tarda, mas não falha”. Onde está a verdade, afinal? Nós, cristãos, não podemos simplesmente aceitar toda esta injustiça sem buscar solução na Palavra de Deus, como se a nossa fé e o nosso testemunho escorressem como óleo pelos nossos dedos.

A Bíblia afirma:

“Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal.” (Ec 8:11; ARA).

Como sempre a Bíblia tem razão. Já que não é executada logo a sentença contra a iniquidade humana, os homens estão inclinados a cometer os seus delitos continuadamente. Existe até mesmo um ditado popular bastante conhecido no nosso país que diz que “aqui tudo acaba em pizza”, referindo-se à impunidade. Mas, com Deus isso não é verdade. Com Deus nada "acaba em pizza". Ele é justo. Sua justiça é a justiça perfeita.

Notem que a Bíblia não está afirmando que Deus ignora o que acontece, ela ensina que existe uma sentença decretada por Deus contra a iniquidade, mas, ela ainda não foi executada por Ele (vv. 12-13). Essa é uma boa notícia de Deus para nós: no lugar da justiça, tem reinado a maldade (Ec 5:8; 7:7; 8:9b), mas Ele julgará o perverso no tempo determinado (vejam Jó 24:1-25; 31:2-3; Pv 11:31; Ec 3:15-16; 4:1; Is 5:18-23; 10:1-4; 2Pe 2:9).

"Pois Deus vê o caminho dos homens; ele enxerga cada um dos seus passos. Não há sombra densa o bastante, onde os que fazem o mal possam esconder-se. Deus não precisa de maior tempo para examinar os homens e levá-los à sua presença para julgamento. Sem depender de investigações, ele destrói os poderosos e coloca outros em seu lugar." (Jó 34:21-24; NVI).

Mesmo que tenhamos que aguardar o juízo final sabemos que todas as pessoas estão ao alcance dos olhos divinos (Pv 15:3,11; Hb 4:13) e todas as atitudes que o ser humano “semeia” aqui nesta vida, sejam boas ou más, delas ele “colhe” resultados no futuro (Pv 12:14; Gl 6:7-10).

Muitos criminosos, por exemplo, pagam por seus crimes aqui mesmo na Terra, pois, Deus usa as autoridades humanas para puní-los (Rm 13:1-5; 1Pe 2:13-15). Alguns crimes, porém, ainda estão ocultos e somente posteriormente serão manifestos (1Tm 5:24; cf. Ec 12:14; Mt 10:26; Lc 12:2-3).

Mesmo os crimes já julgados e condenados pela justiça humana, bem como aqueles que permanecerem impunes serão revelados e julgados por Deus.

Hoje nós vemos a história de forma incompleta, como que através de um vidro embaçado. Mas, temos que ter fé, atentando para a eternidade e não para o que temos visto (2Co 4:8-18; 5:1-10), sabendo que todas as injustiças, sem exceção, serão reparadas uma a uma, quando cada ser humano de todas as nações e de todas as eras for julgado por cada uma de suas atitudes e receberá a recompensa devida no fim dos tempos (Ec 11:9; Rm 14:10-12; 2Co 5:10; Jd 15; Ap 20:11-13).

É importante salientar que não estamos mencionando quem vai para o Céu ou para o inferno, mas a retribuição que cada um receberá de Deus conforme as suas atitudes, seja crente ou não crente. Com o Senhor Jesus Cristo, o Rei dos reis, está a recompensa conforme as obras de cada um (Ap 2:23b; 22:11-12; cf Is 40:10). Não podemos, porém, afirmar com precisão quais serão estas recompensas, pois, a Bíblia não entra em detalhes sobre este assunto.

Devido a tudo o que observamos, não devemos alimentar desejos vingativos em nossos corações, pois, a vingança não é nossa, ela pertence a Deus (Dt 32:35a; cf. Rm 12:17-21; Ap 6:9-11).

Entretanto, não devemos nos acomodar com a impunidade, mas, confiar em Deus, clamar a Ele por paciência, consolo e justiça para as nossas vidas e a de todos aqueles que têm sido injustiçados (Mt 5:4,6,10-12; 11:28-30) e com uma vida piedosa (1Tm 4:7b-8; 2Pe 1:5-7) e de testemunho (Mt 5:13-16; 1Pe 2:11-17), procurarmos melhorar a nossa sociedade, orarmos pelas autoridades constituídas e obedecê-las (Rm 13:1-8; 1Tm 2:1-4; Tt 3:1) e mostrar ao mundo que Deus é justo e não abandonou a humanidade (Sl 145:10-20; At 10:34;35; 14:14-17).

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