sábado, 15 de maio de 2010

DETERMINAR OU SUPLICAR?

Em João 14:11-14, Cristo afirmou que se crermos nEle, faremos grandes coisas (v. 12) e se pedirmos algo em Seu nome, o pedido será atendido com o propósito de Deus ser glorificado em Seu Filho, ou seja, no próprio Jesus Cristo:

“E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes alguma cousa em meu nome, eu o farei." (vv. 13-14).

Essa afirmação do Senhor, todavia, não pode ser considerada apenas como se fosse uma fórmula mágica para inserirmos o Seu Santo Nome no fim de nossas orações. Apenas usar esta expressão não é garantia de que tudo o que pedimos nos será concedido.

O que Cristo ensinou é que, devido ao fato de que Ele voltaria para o Céu, junto do Pai (v. 12), os discípulos permaneceriam na Terra dando continuidade na obra da Igreja e orariam pelas mesmas coisas que Cristo desejaria ver realizadas aqui se Ele estivesse pessoalmente entre eles. Seria como se os apóstolos tivessem recebido uma procuração de Jesus autorizando a eles pedirem a Deus em favor de Seu Reino na Terra. Antes de subir ao Céu, portanto, Cristo mostrou que a vontade de Deus está acima da nossa. Em Sua maravilhosa oração sacerdotal registrada no capítulo 17 do evangelho de João, podemos observar a intimidade e o respeito mútuo que existe entre Deus Pai e Deus Filho.

Jesus, mesmo com Seus atributos divinos, em nenhum momento de Sua oração demonstrou arrogância e pretensão. Muito pelo contrário, Ele disse: “Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal” (v. 15); e “Não rogo somente por estes...” (v. 20).

Ele não deu ordens ao Pai, Ele pediu, Ele rogou (comparem com Lc 22:39-46). Muitos de nós em nossas orações acreditamos que podemos determinar o que Deus deve fazer ou não. Muitas pessoas acreditam que se elas determinarem um acontecimento aqui na Terra, Deus, no Céu, confirmará o desejo delas.

Há alguns anos atrás (e acredito que até hoje), por exemplo, muitos evangélicos oravam assim:

“Senhor, nós ligamos aqui na Terra que os milagres irão acontecer entre nós, para que isso seja ligado também no Céu. Nós determinamos, então, que o Senhor vai fazer esses milagres.”

Esse é um exemplo de falha na interpretação das Escrituras, mais precisamente da passagem de Mateus 18:18, que diz:

“Em verdade vos digo que tudo o ligardes na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado no céu.”

Nos versículos anteriores, Cristo disse aos discípulos:

"Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüilo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.” (Mt 18:15-17).

O que Cristo ensinou aos discípulos é como deve ser realizada a disciplina na igreja. No caso de um irmão que tiver cometido um erro contra outro irmão, se este irmão faltoso não possuir disposição para o arrependimento e a reconciliação, mesmo depois de exortado em particular, por duas ou mais pessoas e mesmo depois de o caso ter sido levado aos irmãos da igreja, ele deve ser excluído da membresia (vv. 15-17).

Cristo, então, transmitiu aos apóstolos a autoridade de incluir ou excluir pessoas da comunhão da igreja em nome dEle. Assim, todos aqueles que os apóstolos incluíssem no rol de membros (“tudo o que ligardes na terra”), já teria sido antes arrolado no céu (“terá sido ligado no céu”) e todos aqueles que eles excluíssem da igreja (“tudo o que desligardes na terra”), já teria sido antes desarrolado no Céu (“terá sido desligado no céu”). Comparem com o que Cristo afirmou a Pedro (Mateus 16:19).

Sempre de Deus é que partiria a ação e não dos apóstolos. Em seguida, Jesus afirmou:

"Em verdade também vos digo que, se dois entre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” (vv. 19-20).

Isso está de acordo com a passagem do evangelho de João que vimos anteriormente: o pedido será concedido, pois será feito em nome de Jesus, ou seja, estaremos pedindo algo no lugar de Cristo aqui na Terra, em conformidade com a Sua vontade.

Alguns segmentos evangélicos dos dias atuais poderiam se lembrar de alguns preceitos sobre a soberania de Deus (Sl 115:3). Algumas pessoas parecem que por uma questão de conveniência dão ênfase apenas ao Seu ilimitado poder (Is 43:13; Lc 18:27), se empenhando em campanhas de cura, prosperidade e milagres, marcando o dia e a hora exatos quando Deus, dizem, irá operar. Como se fosse uma “soberania agendada” e não livre.

Aprendamos todos nós com o Mestre Jesus. Nós devemos suplicar, rogar, pedir a Deus, assumindo a nossa posição de filhos amados, que têm um Pai bondoso e Todo-Poderoso, mas, que também é Soberano. Sim, Ele opera milagres e traz prosperidade, mas com quem Ele quer, quando Ele quer e da forma que Ele achar melhor (vejam Rm 15:32a; 1Co 4:19; 16:7).

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