domingo, 28 de novembro de 2010

TRINDADE ONTOLÓGICA E ECONÔMICA E O CONSELHO INTRATRINITÁRIO

TABELA DEMONSTRATIVA DA "TRINDADE ONTOLÓGICA" E DA "TRINDADE ECONÔMICA"

Sobre a dinâmica existente entre a Trindade ontológica e a econômica, a tabela a seguir demonstra atributos divinos comuns entre as pessoas da Divindade, ou seja, Sua igualdade dentro da mesma essência do Ser divino e outros atributos específicos de uma ou duas pessoas da Divindade, ou seja, a operacionalidade e a subordinação funcional dentro do Ser de Deus para com as obras da Criação, inclusive a humanidade.

Cada atributo apresentado terá sua referência bíblica correspondente como respaldo textual (Obs: a tabela é uma adaptação):


(Fontes inspiradoras: Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã - http://www.carm.org/Portugues/index.htm);
Revista “Defesa da Fé”, jan/2002, pp. 48-51 e ago/2003, p.59 ;
Livro “Seitas e Heresias - Um sinal dos tempos” de Raimundo F. de Oliveira, pp. 83-84).


UMA ANALOGIA DA ECONOMIA TRINITARIANA E O MODELO BÍBLICO DE ESTRUTURA FAMILIAR




É possível estabelecermos uma analogia (comparação) entre a Trindade Econômica, com sua subordinação funcional (e não de essência) com a estrutura familiar bíblica.

Observamos que no casamento (análogo à Trindade e segundo é o propósito de Deus) o homem e a mulher se tornam uma unidade impressionante de duas pessoas literalmente falando, mas que permanecem indivíduos distintos (1Co 6:16-20; Ef 5:31).

Em um certo grau, o relacionamento matrimonial possui uma imagem semelhante ao relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho na Trindade Econômica (cf. 1Co 11:3), ou seja, da mesma forma que o Pai tem autoridade sobre o Filho na economia trinitariana, por ter precedência na eternidade (Trindade ontológica), também o marido possui autoridade sobre a mulher na vida conjugal por ter sido criado primeiro (1Co 11:3, 8-9). Este fato não significa, no entanto, que haja um desmerecimento da parte subordinada. Da mesma forma como o Pai e o Filho são iguais em importância e divindade, também o marido e a mulher são iguais em importância e humanidade.

E, apesar de não estar exposto claramente nas Escrituras Sagradas, a realidade dos filhos, dentro do contexto do casamento, no fato de serem procedentes do pai e da mãe e estarem debaixo da autoridade de ambos é de certa forma semelhante à relação do Espírito Santo com o Pai e com o Filho (procedente e debaixo da autoridade de ambos).

O "CONSELHO INTRATRINITÁRIO"

O Conselho intratrinitário (ou Conselho Eterno) diz respeito às obras que ocorrem e os decretos que são estabelecidos dentro do Ser infinito, eterno e indivisível de Deus (ontológica: relacionamento intratrinitário), que por sua vez, refletem diretamente nos acontecimentos temporais, ou seja, na maneira como o próprio Deus atuou e atua na história humana e da criação (econômica: relacionamento intertrinitário).

No seu livro “As duas naturezas do Redentor”, Héber Carlos de Campos, sabiamente trouxe considerações que nos auxiliam grandemente neste estudo:

“O Conselho Eterno, que é estabelecido entre as Três Pessoas da Trindade, refere-se aos planos do Deus Triúno com respeito à criação, queda e redenção de pecadores, inclusive a Pessoa e a obra do Redentor. Esse plano feito na eternidade tem a ver com o decreto de Deus que abrange todas as coisas que acontecem na história do mundo (...)” (p. 28).
Mais adiante, Héber Campos complementou:

“(...) Diz respeito às Três Pessoas eternas, as únicas existentes desde sempre, que tomaram as decisões com relação a todas as coisas que viriam a acontecer no mundo e na história dos homens, que são chamadas ‘decretos de Deus’ (...)” (p. 29).

Convém mencionar que esta doutrina do Conselho Intratrinitário não é exaustivamente apresentada nas Escrituras, mas deduzida logicamente de inúmeros textos e, por não haver uma afirmação ou nomenclatura explícita no texto sagrado, há muita divergência de termos e considerações entre os teólogos.

Sem o desejo de nos aprofundar neste tema, por carecer de embasamento bíblico mais consistente para tal, poderíamos afirmar por esclarecimento proveniente de outros textos bíblicos que:

1º) Deus Pai é o líder do Conselho Eterno pela Sua própria denominação de “Pai”, tendo assim, na eternidade, precedência na essência trinitária diante do Filho e do Espírito, os quais possuem uma subordinação funcional para com Ele. Pode ser que foi o Pai quem tomou a iniciativa do “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1:26) quando a Trindade criou os seres humanos. Pode ter sido iniciativa do Pai para que a Trindade descesse à Terra para confundir a linguagem do povo de Babel (Gn 11:5-8). Seguramente foi iniciativa do Pai reconciliar-se com os pecadores enviando o Seu Filho (Jo 3:16).

2º) Deus Filho é o executor das decisões do Conselho Eterno. Apesar de não haver diferenças na essência divina, o Filho é tanto executor da criação (Jo 1:3; Cl 1:16) quanto da redenção (Jo 3:16; Ef 1:4-5,11; 3:8-11; comparem com Is 9:6 e Cl 2:3).

3º) Deus Espírito é o comunicador do Conselho Eterno. Ele conhece plenamente e nos revela os mistérios e os conselhos ocultos e as profundezas do Ser de Deus (1Co 2:10-13). Inclusive, dentro da execução das decisões deste Conselho para a redenção da humanidade, o Espírito preparou uma natureza humana para o Redentor (Mt 1:20) e O ungiu com sabedoria e entendimento (Lc 4:18-21; cf. Is 11:2).

Os propósitos divinos são chamados na Bíblia de “conselhos” por estarem alicerçados na sabedoria divina:

“Ó Senhor, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei a ti, e louvarei o teu nome, porque tens feito maravilhas, e tens executado os teus conselhos antigos, fiéis e verdadeiros.” (Is 25:1); “Quem guiou o Espírito do SENHOR? ou, como seu conselheiro, o ensinou?” (Is 40:13, cf. v. 14); “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Rm 11:34).

O Conselho Eterno também fixou as leis para a criação (Jr 31:35-36), sobre a raça humana (At 17:26; cf. Gn 11:7; comparem com Gn 3:22), sobre o envio de um profeta aos pecadores (Is 6:8) e sobre o conteúdo da pregação para a redenção da humanidade (1Co 2:6-7), simplesmente chamado de “desígnios de Deus” (At 20:27).


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Nota: todos os conceitos apresentados acima foram baseados nas declarações de Héber Campos no livro “As duas naturezas do Redentor”, pp. 29 a 47).

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