sábado, 11 de setembro de 2010

A CONTROVÉRSIA SOBRE A DOUTRINA TRINITARIANA (PARTE 03)

A DOUTRINA DA TRINDADE E O MORMONISMO

Em referência à “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, cujos seus membros são mais conhecidos como os “mórmons”, Robert M. Bowman Jr. em seu livro “Por que devo crer na Trindade” (p. 12), afirmou que:

“(...) Os mórmons que acreditam que são três deuses, alegam crer na Trindade, mas deixam muito claro que rejeitam qualquer forma da doutrina tradicional da Trindade (...)”.





A DOUTRINA DA TRINDADE E O UNICISMO
(fonte da imagem utilizada: http://igrejinha.org.br/blog/?p=736)
"Visão Unicista: A visão unicista de Deus entende haver apenas um Deus, constante à figura de Jesus Cristo, que teria se manifestado como Pai, na criação; Filho na redenção; e Espírito Santo nos dias atuais; ou seja, um Deus Único em três manifestações” (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%ADticas_%C3%A0_doutrina_da_Trindade).

O Rev. William Soto Santiago, do “Ministério Voz da Pedra Angular” (unicista) no livreto “Deus ordena entrar na arca” (p. 17) afirmou que:

"Temos que entrar no Reino de Cristo pela porta, que é Cristo, e assim entrarmos na Igreja de nosso amado Senhor Jesus Cristo através de Seu Espírito Santo, para estarmos dentro da casa de Deus, sendo alimentados pelo servo fiel e prudente de São Mateus, capítulo 24, versículos 42 ao 47”.

Com estas declarações nos parece que esta denominação religiosa é trinitariana, mas em outro livreto, “Atividades Especiais de: Batismo, Santa Ceia e Lavapés” (p. 4), ele afirmou que:

“Como São Pedro disse para eles que fossem batizados? Disse-lhes: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecdos, e recebereis o dom do Espírito Santo. Então por quê Cristo disse: ‘Batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo' e mais adiante Pedro batiza no Nome do Senhor Jesus Cristo? Porque o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo é Senhor Jesus Cristo. Foi por isso que Pedro batizou todos aqueles que creram no Nome do Senhor Jesus Cristo” [o mesmo ensino foi apresentado mais adiante na página 14].

Percebemos, então, que é uma organização “unicista”, pois ignora a ordem de Cristo sobre o batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que constituem a Divindade, tendo apenas Cristo como Deus, em detrimento da primeira e da terceira pessoa da Trindade. Para eles, portanto, Cristo se manifestou como Pai, depois como Filho e depois como o Espírito Santo (!!).

Portanto, vimos até aqui inúmeras críticas não apenas à doutrina da Trindade, mas também ao próprio cristianismo, muitas delas caluniosas e até mesmo blasfemas, oriundas de segmentos do ateísmo, gnosticismo, espiritismo, adventismo, jeovismo, etc. É uma situação preocupante e nos serve de alerta para que busquemos um sadio esclarecimento sobre a Trindade com base na Bíblia Sagrada.

Como já afirmamos, não iremos refutar de maneira sistemática cada uma destas acusações neste ponto do nosso estudo, mas, sim, ao longo do mesmo, através de evidências bíblicas e históricas, sendo que cada uma destas acusações com certeza terá sido desmentida ao final deste trabalho, diante das verdades contidas nas Sagradas Escrituras cristãs, a Bíblia.

A DOUTRINA DA TRINDADE E O CATOLICISMO

Poderemos observar a posição quanto à doutrina da Trindade assumida dentro de vários segmentos religiosos chamados “cristãos”, como o catolicismo (que também denomina a Trindade como Trindade Beatíssima), a igreja ortodoxa grega e as igrejas evangélicas. Sobre o catolicismo e seu comportamento diante da doutrina da Trindade, temos as seguintes considerações, entre outras:

“Essa confusão é generalizada. The Encyclopedia Americana (Enciclopédia Americana) diz que a doutrina da Trindade é tida como estando ‘além da compreensão da razão humana’. Muitos que aceitam a Trindade encaram-na da mesma maneira. O monsenhor Eugene Clark disse: ‘Deus é um só, e Deus é três. Visto que não existe nada igual a isso na criação, não podemos entendê-la, mas apenas aceitá-la.’ O cardeal John O'Connor declarou: ‘Sabemos que é um mistério muito profundo, que ainda nem começamos a entender.’ E o papa João Paulo II fala do ‘insondável mistério de Deus, a Trindade’. Assim, A Dictionary of Religious Knowledge (Dicionário do Conhecimento Religioso) diz: ‘Quanto a precisamente o que é essa doutrina, ou exatamente como deve ser explicada, os trinitaristas ainda não chegaram a um acordo.’ Podemos entender, pois, por que a New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) observa: ‘Há poucos instrutores da teologia trinitária nos seminários católico-romanos que numa ocasião ou noutra não se atormentaram com a pergunta: 'Mas, como é que se pode pregar a Trindade?' E, se a pergunta é sintomática da confusão da parte dos estudantes, talvez não seja menos sintomática de similar confusão da parte de seus mestres.’ Pode-se constatar a veracidade dessa observação por ir a uma biblioteca e examinar livros que apóiam a Trindade. Escreveram-se inúmeras páginas na tentativa de explicá-la. Todavia, depois de passar a duras penas pelo labirinto de confusos termos teológicos e explicações, o investigador ainda não sai satisfeito. Sobre isso, o jesuíta Joseph Bracken diz em seu livro What Are They Saying About the Trinity? (O Que Dizem Sobre a Trindade?): ‘Os sacerdotes que, com muito esforço aprenderam...a Trindade em seus anos de seminário, hesitam por natureza a apresentá-la a seus paroquianos do púlpito, até mesmo no Domingo da Santíssima Trindade...Por que incomodar pessoas com algo que, afinal, de qualquer maneira não entenderiam corretamente?’ Ele diz também: ‘A Trindade é um assunto de crença formal, mas pouco ou nenhum [efeito] tem sobre a cotidiana vida cristã e adoração.’ Não obstante, é ‘a doutrina central’ das igrejas!” (fonte: http://gideoes-ccb.forumeiros.com/estudos-bblicos-f4/o-dogma-da-trindade-t114.htm)

Podemos observar que existe um grau de dificuldade de ensinar e aplicar a doutrina da Trindade no contexto católico romano, mesmo sendo considerada verdadeira e fundamental para o cristianismo.

A DOUTRINA DA TRINDADE E O PROTESTANTISMO

Todos os artigos enfocados até o momento apresentaram as opiniões de diversos segmentos religiosos e suas dificuldades em compreender ou até mesmo em aceitar a doutrina da Trindade. Porém, este fato não quer dizer que esta dificuldade não exista, inclusive, em alguns setores evangélicos (!).

Sobre esta questão, o Pastor Ricardo Barbosa de Sousa, da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, em seu artigo “A Trindade e a Pessoa” (revista “VINDE”, Ano 3 – No. 31 – Junho/1998), afirmou:

"(...) Infelizmente, a grande maioria dos cristãos hoje, são, na prática, monoteístas unitários. Crêem na afirmação dogmática da Trindade, mas na vivência do dia-a-dia a ignoram. Uma parcela significante dos cristãos aceita e acredita em Deus como a Santíssima Trindade, mas ainda não compreendem claramente esta doutrina. É um assunto que, embora considerado irrelevante quanto à sua prática para a vida diária do cristão, está presente na linguagem, nos sacramentos e nas orações. A questão que nos ocupa aqui é o resgate da relevância deste assunto para a vida, o culto, a espiritualidade e a unidade da igreja. Pois sem uma compreensão adequada da relevância da Trindade nestes assuntos que ocupam a nossa fé, corremos o risco de nos perder na tentativa de encontrar respostas para os grandes dilemas da Igreja. O individualismo moderno gerou na consciência humana um processo de fragmentação, de ruptura, não apenas das relações humanas, com também na natureza divina. Nossa percepção de Deus é profundamente afetada pela incapacidade de percebê-lo sem uma ruptura na Sua natureza, da mesma forma como fragmentamos nossas relações pessoais. Um aspecto desse processo de fragmentação pode ser percebido na forma como os cristãos demonstram sua preferência pelas pessoas da Trindade. Nossas divisões podem ser compreendidas pela divisão que criamos no próprio Deus. A pluralidade de pessoas que encontramos na revelação bíblica de Deus, infelizmente, para muitos cristãos, não pode ser compreendida, na prática, como uma unidade. Cremos que é, que se trata de um único Deus, indivisível, mas nossa prática demonstra outra coisa” (fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_ricardo.htm).

O Pastor e Doutor James White (Diretor do Ministério Alfa e Ômega e Pastor da Igreja Batista Reformada) no artigo “A Trindade Esquecida: Resgatando o Cerne da Fé Cristã”, trouxe as seguintes considerações:

“Todavia, nos vemos ainda mais confusos nesse ponto, pois a maioria dos cristãos toma uma posição firme sobre a Trindade e os assuntos fundamentais que levam a ela (a deidade de Cristo, a pessoa do Espírito Santo). Nós não temos comunhão com grupos como os Mórmons e as Testemunhas de Jeová porque eles rejeitam a Trindade e a substituem por um outro conceito. Nós colocamos a própria salvação de uma pessoa sobre a aceitação da doutrina, todavia, se fôssemos ser honestos com nós mesmos, não estamos certos exatamente do por que disso. É o assunto sobre o qual não conversaremos: ninguém ousa questionar a Trindade por medo de ser estigmatizado de um ‘herege’, todavia, temos todas as sortes de questões sobre ela, e não estamos certos de a quem podemos perguntar. Muitos crentes fazem perguntas àqueles que eles pensam serem mais maduros na fé e freqüentemente são confundidos pelas respostas contraditórias que recebem. Decidindo que é melhor permanecer confuso antes do que ter a ortodoxia de alguém questionada, muitos simplesmente deixam o assunto para aquele dia mítico ‘quando eu tiver mais tempo’. E no processo, lançamos fora uma tremenda bênção”

Héber C. Campos em seu livro “O ser de Deus e os seus atributos” (p. 106), afirmou, entre outras coisas, que:

“No seio das igrejas cristãs não há muitos problemas com respeito à personalidade divina, mas há um problema maior do que simplesmente mostrar que Deus é pessoal: mostrar que ele subsiste em três pessoas. Contudo, a despeito da dificuldade desta matéria, é melhor falar da tripersonalidade de Deus do que falar da sua simples personalidade. A grande tarefa da teologia cristã é afirmar, sem apoio de qualquer outro ramo religioso ou filosófico, a misteriosa doutrina da tripersonalidade de Deus. É uma matéria de pura confiança no ensino geral da Santa Escritura, sem qualquer similaridade em outra religião”.

Já a Revista Defesa da Fé trouxe as seguintes considerações a este respeito:

“A doutrina da Trindade é mal compreendida entre os círculos cristãos e, devido à complexidade do termo, seu estudo é abandonado” (edição de agosto de 2003, p. 58).

RAMIFICAÇÕES DO "CRISTIANISMO" CONCORDAM COM A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA TRINITARIANA

Salientamos que setores religiosos chamados “cristãos”, além das igrejas evangélicas, como o catolicismo e a igreja ortodoxa grega concordam com a grande importância que a doutrina da Trindade possui para o cristianismo:

"A IGREJA Católica Romana diz: ‘Trindade é o termo empregado para definir a doutrina central da religião cristã...Assim, nos dizeres do Credo Atanasiano: o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus; e, não obstante, não são três Deuses, mas um só Deus. Nesta Trindade... as Pessoas são coeternas e coiguais: todas são igualmente incriadas e onipotentes.’ - The Catholic Encyclopedia (Enciclopédia Católica). Praticamente todas as outras religiões da cristandade concordam com isso. Por exemplo, a Igreja Ortodoxa Grega também chama a Trindade de ‘doutrina fundamental do cristianismo’, chegando a dizer: ‘Cristãos são aqueles que aceitam a Cristo como Deus.’ No livro Our Orthodox Christian Faith (A Nossa Ortodoxa Fé Cristã), a mesma igreja declara: ‘Deus é trino...O Pai é totalmente Deus. O Filho é totalmente Deus. O Espírito Santo é totalmente Deus’”

“(...) É verdade que muitos trinitaristas – especialmente entre os católicos, mas também entre os protestantes e ortodoxos – declaram taxativamente que a Trindade não pode ser compreendida e que é, nesse sentido, um ‘mistério’ (...)" (Robert M. Bowman Jr. em seu livro “Por quê devo crer na Trindade”- p. 17).

Existem doutrinas que, em alguns de seus elementos, pode existir um certo grau de discussão, devido ao fato de, segundo alguns segmentos cristãos, não serem tratadas de forma exaustiva na Bíblia, como é o caso de elementos da predestinação, da escatologia, da ordenação de mulheres, a guarda do sábado ou do domingo e o batismo infantil. As diversas denominações cristãs realmente divergem doutrinariamente em algumas destas questões.

No entanto, a doutrina da Trindade não se inclui nesta lista de doutrinas discutíveis (não confundamos “discutível” com “sem fundamento bíblico”). Esta doutrina é claramente apresentada nas Escrituras Sagradas (do início ao fim) e, portanto, para estas igrejas que concordam com ela, a mesma é inegociável.

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NOTA: Todos os endereços da internet mencionados nos relatos das controvérsias como referências de citações foram acessados em 29/07/2010.

Para complementar o nosso estudo, acessem:

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