INTRODUÇÃO
Após estudarmos o que o ateísmo e inúmeras seitas e religiões afirmam sobre a Trindade, após defender a inerrância e infalibilidade bíblica e estudarmos os atributos divinos e as limitações humanas, com todos estes conceitos bem firmados em nossas mentes, chegamos, enfim, acreditamos que melhor preparados, ao segundo ponto mais importante do nosso estudo, ou seja, quando fundamentaremos biblicamente todo o estudo básico da Santíssima Trindade, onde encontraremos o sólido e imutável alicerce doutrinário para a Trindade: o texto sagrado das Escrituras (conceitos avançados serão biblicamente fundamentados posteriormente).
O ponto culminante, o mais importante, será no final do estudo, quando conheceremos ou relembraremos a relevância e a praticidade da doutrina trinitariana, o que nos levará a um conhecimento prático e não meramente teórico do Deus triúno.
Pimeiramente observaremos dezenas e dezenas de referências bíblicas que confirmam a existência e a atuação das três pessoas da Trindade no Antigo e no Novo Testamento e em seguida, nas próximas postagens, analisaremos as evidências de que elas são o mesmo Deus e ao mesmo tempo são distintas entre si, compartilhando algumas conclusões em seguida.
Inicialmente podemos asseverar seguramente que a Trindade não foi esquematizada ou inventada pelos apóstolos. Ela não é uma realidade apenas encontrada no Novo Testamento, nem muito menos podemos imaginar que Deus se transformou numa Trindade para iniciar o período em que ele foi escrito. Ao contrário do que muitos podem imaginar, as evidências bíblicas da Trindade não são uma exclusividade do período da Nova Aliança.
Wayne Grudem afirmou:
“Estudar os ensinamentos bíblicos sobre a Trindade lança forte luz sobre a questão que está no âmago da nossa busca de Deus: como é Deus em si mesmo? Aqui aprendemos que, em si mesmo, no seu próprio ser, Deus existe nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sendo, porém um só Deus. Se Deus existe eternamente em três pessoas, seria surpreendentemente estranho não encontrar indicações da Trindade no Antigo Testamento” (“Teologia Sistemática”, p. 166).
Na realidade, existe uma progressão na revelação trinitária de Deus por toda a Escritura Sagrada, sendo que no Antigo Testamento, como já afirmamos, encontramos evidências da pluralidade divina até que no Novo Testamento nos é apresentada de forma clara a existência das três pessoas da Divindade. Deus, portanto, foi revelando paulatinamente em Sua Palavra a Sua natureza triúna.
O teólogo Charles Hodge, em sua obra “Teologia Sistemática” (p. 336), afirmou, entre outras coisas, que:
“(...) O caráter progressivo da revelação divina se reconhece em relação a todas as grandes doutrinas da Bíblia (...) Tudo o que encontramos desenvolvido na plenitude do Evangelho se encontra em forma rudimentar nos primeiros livros da Bíblia. O que no início se insinua apenas obscuramente, desenvolve-se gradualmente em partes posteriores do volume sagrado, até que a verdade emerge em sua plenitude (...) E é especialmente verdade no que diz respeito à doutrina da Trindade (...)”.
B. B. Warfield, também trouxe uma interessante analogia sobre esta questão da revelação progressiva da Santíssima Trindade nas Escrituras:
“Podemos comparar o Velho Testamento com um salão ricamente mobiliado, mas muito mal iluminado; a introdução de luz nada lhe traz que nele não estivesse antes; mas apresenta mais, põe em relevo com maior nitidez muito do que mal se via anteriormente, ou mesmo não tivesse sido apercebido. O mistério da Trindade não é revelado no Velho Testamento; mas o mistério da Trindade está subentendido na revelação do Velho Testamento, e aqui e acolá é quase possível vê-lo” (“A doutrina Bíblica da Trindade”, pp. 130-131, citada em “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” de Herminsten da Costa, p. 393).
Uma questão que deve ser refutada antes de apresentarmos as evidências vetero-testamentárias da Trindade e que pode gerar dúvidas neste estudo é que muitas pessoas desmerecem o conteúdo do Antigo Testamento, acreditando que seus ensinos são ultrapassados ou que devem ser classificados como “Escritura de segunda classe”. É uma espécie de preconceito escriturístico.
Sobre essa problemática, Ralph L. Smith, em sua obra “Teologia do Antigo Testamento: História, Método e Mensagem” afirmou, entre outras coisas, que:
“Ainda precisamos do Antigo Testamento? Ele ainda tem significado, pertinência e valor religiosos?” [p. 404]; “(...) Os alicerces do cristianismo repousam sobre o Antigo e o Novo Testamentos juntos. Os ‘preparativos’ para a vinda de Jesus Cristo começaram com a primeira revelação do segredo da pessoa de Javé (...)” [p. 408]; “O Novo Testamento considera o Antigo Escritura Sagrada, e de forma alguma entende que seu valor seja limitado. Um cristão não pode considerar o Antigo Testamento Escritura de segunda linha (...)” [p. 409]; “(...) Os cristãos não devem sobrepor o Novo Testamento ao Antigo. Deve-se permitir ao Antigo Testamento que fale em seus próprios termos (...)” [p. 416].
A PLURALIDADE DO SER DIVINO NO ANTIGO TESTAMENTO
Em hebraico existem duas palavras para expressar unidade: echad e yachid.
Neste texto bíblico, echad indica que na unidade da divindade há uma pluralidade (comparem com Gn 2:24; Nm 13:23; Jz 20:8).
Segundo o artigo “A doutrina da Trindade” encontrado no site http://www.christiandefense.org/:
Podemos ainda acrescentar as palavras de Hermann Bavinck como complementação a este ponto do nosso estudo:
Os hebreus poderiam facilmente ter evitado a confusão, usando a forma singular, porém não o fizeram. Poderíamos inferir, então, certamente, que a pluralidade do seu Deus singular era muito importante para eles.
As evidências da pluralidade divina, no entanto, são encontradas desde a criação da humanidade. Em Gênesis 1:26a, encontramos as seguintes declarações:
Semelhantemente a este texto há outros que mencionam a Deus se expressando no plural, como em Gênesis 3:22a, após a desobediência de Adão e Eva:
“Então Disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal”.
E em Gênesis 11:7, no episódio da Torre de Babel:
“Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro”.
Alguns estudiosos afirmam que esta expressão divina trata-se do uso do plural de majestade (majestático), isto é, quando um indivíduo, um rei, por exemplo, fala de si mesmo, mas na forma plural, não revelando, assim, uma pluralidade participativa. Contudo, esta ideia se torna insustentável, pois o plural majestático não existia quando o Antigo Testamento foi escrito, não se encontram exemplos de um rei usando verbos no plural para referir-se a si mesmo.
Outra sugestão apresentada para explicar o uso do plural por Deus é que Ele estava nestas ocasiões falando com anjos. Mas a Bíblia não indica que os anjos participaram da criação do homem, nem foi o homem criado à imagem e semelhança de anjos e nem participaram do episódio da Torre de Babel, apesar do fato de que serafins estavam presentes na visão de Isaías (Is 6), quando Deus indagou: "Quem há de ir por nós?", mas não parece sensato e convincente pensar que Ele estava incluindo esta classificação de anjos como aqueles que juntamente com Deus enviaram aquele profeta em sua missão. A explicação mais biblicamente aceitável é que já nos primeiros capítulos de Gênesis e em Isaías temos indicações da pluralidade de pessoas no próprio Deus.
Não é possível, no entanto, analisando isoladamente Gênesis e Isaías, por exemplo, saber quantas pessoas são e nada encontramos à primeira vista que se aproxime de uma doutrina da Trindade nestes textos, mas seguramente se infere que há mais de uma pessoa nessas declarações. Veremos posteriormente que o Novo Testamento esclareceu essa questão, principalmente referindo-se à visão de Isaías.
Podemos afirmar que as três pessoas da Divindade participaram da criação do homem, pelo fato de que outros trechos das Escrituras afirmam claramente isso. Jesus Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e as invisíveis (Jo 1:1,3; Cl 1:16-17; Hb 1:10) e consequentemente o homem. Mencionando a Cristo, o Filho do amor de Deus Pai e Sua imagem em Colossenses 1:13-15, o apóstolo Paulo afirmou no v. 16b:
“Tudo foi criado por meio dele e para ele”.
Já em Jó 33:4, Eliú declarou:
“O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida”.
Quem criou o homem, então? Deus Pai, Jesus ou Espírito Santo? Se a Bíblia afirma que foi Deus quem criou o homem (Gn 1:26-27), mas que Jesus Cristo e o Espírito Santo também o fizeram, então, podemos afirmar que o homem foi criado pela Santíssima Trindade, ou seja, obviamente por Deus.
Esta realidade fica ainda mais evidente quando nos defrontamos com textos como Jó 35:10, Salmo 149:2, Eclesiastes 12:1 e Isaías 54:5, nos quais a tradução para a língua portuguesa apresenta “Criador” no singular, mas o texto original hebraico apresenta o termo no plural: Criadores.
Após estudarmos o que o ateísmo e inúmeras seitas e religiões afirmam sobre a Trindade, após defender a inerrância e infalibilidade bíblica e estudarmos os atributos divinos e as limitações humanas, com todos estes conceitos bem firmados em nossas mentes, chegamos, enfim, acreditamos que melhor preparados, ao segundo ponto mais importante do nosso estudo, ou seja, quando fundamentaremos biblicamente todo o estudo básico da Santíssima Trindade, onde encontraremos o sólido e imutável alicerce doutrinário para a Trindade: o texto sagrado das Escrituras (conceitos avançados serão biblicamente fundamentados posteriormente).
O ponto culminante, o mais importante, será no final do estudo, quando conheceremos ou relembraremos a relevância e a praticidade da doutrina trinitariana, o que nos levará a um conhecimento prático e não meramente teórico do Deus triúno.
Pimeiramente observaremos dezenas e dezenas de referências bíblicas que confirmam a existência e a atuação das três pessoas da Trindade no Antigo e no Novo Testamento e em seguida, nas próximas postagens, analisaremos as evidências de que elas são o mesmo Deus e ao mesmo tempo são distintas entre si, compartilhando algumas conclusões em seguida.
Inicialmente podemos asseverar seguramente que a Trindade não foi esquematizada ou inventada pelos apóstolos. Ela não é uma realidade apenas encontrada no Novo Testamento, nem muito menos podemos imaginar que Deus se transformou numa Trindade para iniciar o período em que ele foi escrito. Ao contrário do que muitos podem imaginar, as evidências bíblicas da Trindade não são uma exclusividade do período da Nova Aliança.
Wayne Grudem afirmou:
“Estudar os ensinamentos bíblicos sobre a Trindade lança forte luz sobre a questão que está no âmago da nossa busca de Deus: como é Deus em si mesmo? Aqui aprendemos que, em si mesmo, no seu próprio ser, Deus existe nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, sendo, porém um só Deus. Se Deus existe eternamente em três pessoas, seria surpreendentemente estranho não encontrar indicações da Trindade no Antigo Testamento” (“Teologia Sistemática”, p. 166).
Na realidade, existe uma progressão na revelação trinitária de Deus por toda a Escritura Sagrada, sendo que no Antigo Testamento, como já afirmamos, encontramos evidências da pluralidade divina até que no Novo Testamento nos é apresentada de forma clara a existência das três pessoas da Divindade. Deus, portanto, foi revelando paulatinamente em Sua Palavra a Sua natureza triúna.
O teólogo Charles Hodge, em sua obra “Teologia Sistemática” (p. 336), afirmou, entre outras coisas, que:
“(...) O caráter progressivo da revelação divina se reconhece em relação a todas as grandes doutrinas da Bíblia (...) Tudo o que encontramos desenvolvido na plenitude do Evangelho se encontra em forma rudimentar nos primeiros livros da Bíblia. O que no início se insinua apenas obscuramente, desenvolve-se gradualmente em partes posteriores do volume sagrado, até que a verdade emerge em sua plenitude (...) E é especialmente verdade no que diz respeito à doutrina da Trindade (...)”.
B. B. Warfield, também trouxe uma interessante analogia sobre esta questão da revelação progressiva da Santíssima Trindade nas Escrituras:
“Podemos comparar o Velho Testamento com um salão ricamente mobiliado, mas muito mal iluminado; a introdução de luz nada lhe traz que nele não estivesse antes; mas apresenta mais, põe em relevo com maior nitidez muito do que mal se via anteriormente, ou mesmo não tivesse sido apercebido. O mistério da Trindade não é revelado no Velho Testamento; mas o mistério da Trindade está subentendido na revelação do Velho Testamento, e aqui e acolá é quase possível vê-lo” (“A doutrina Bíblica da Trindade”, pp. 130-131, citada em “Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo” de Herminsten da Costa, p. 393).
Uma questão que deve ser refutada antes de apresentarmos as evidências vetero-testamentárias da Trindade e que pode gerar dúvidas neste estudo é que muitas pessoas desmerecem o conteúdo do Antigo Testamento, acreditando que seus ensinos são ultrapassados ou que devem ser classificados como “Escritura de segunda classe”. É uma espécie de preconceito escriturístico.
Sobre essa problemática, Ralph L. Smith, em sua obra “Teologia do Antigo Testamento: História, Método e Mensagem” afirmou, entre outras coisas, que:
“Ainda precisamos do Antigo Testamento? Ele ainda tem significado, pertinência e valor religiosos?” [p. 404]; “(...) Os alicerces do cristianismo repousam sobre o Antigo e o Novo Testamentos juntos. Os ‘preparativos’ para a vinda de Jesus Cristo começaram com a primeira revelação do segredo da pessoa de Javé (...)” [p. 408]; “O Novo Testamento considera o Antigo Escritura Sagrada, e de forma alguma entende que seu valor seja limitado. Um cristão não pode considerar o Antigo Testamento Escritura de segunda linha (...)” [p. 409]; “(...) Os cristãos não devem sobrepor o Novo Testamento ao Antigo. Deve-se permitir ao Antigo Testamento que fale em seus próprios termos (...)” [p. 416].
Portanto, o Antigo Testamento possui a mesma condição de Escritura Sagrada inspirada por Deus que o Novo Testamento. O que ocorre é que o Novo Testamento apresenta a Nova Aliança em Cristo, uma aliança superior a aliança do Antigo Testamento, pois Cristo satisfez cabalmente as exigências da Lei, o que nenhum ser humano teria sido capaz (vejam, por exemplo: At 13:38-39; Rm 3:31; 5:15,20; 7:6,12; 8:3-4; 10:4; Gl 3:11,13,17,19,24-25; Hb 7:12,18,22; 8:6-7,13; 9:6-10; 10:5-14;12:24).
O Novo Testamento complementa e interpreta o Antigo Testamento, mas jamais o denigre ou o anula. Pelo contrário, inúmeros ensinos e personagens do Antigo são confirmados pelos apóstolos e pelo próprio Senhor Jesus no Novo Testamento. Ademais, toda a Bíblia forma um mesmo contexto harmoniosamente inspirado e inerrante, sendo que um Testamento não pode ser desconsiderado em detrimento do outro (Rm 15:4; 2Tm 3:16; 2Pe 1:21).
A PLURALIDADE DO SER DIVINO NO ANTIGO TESTAMENTO
Evidências da pluralidade da essência divina e atividades das três pessoas da Divindade
Em hebraico existem duas palavras para expressar unidade: echad e yachid.
A primeira palavra demonstra uma unidade composta ou plural, como, por exemplo, em Gênesis 2:24 diz que o homem e a mulher seriam uma (echad) só carne, ou seja, dois e um. A segunda expressão apresenta uma unidade absoluta, isto é, aquela que não permite pluralidade, como por exemplo, em Juízes 11:34 que diz que Jefté tinha uma única (yachid) filha. É justamente a primeira palavra (echad) que denota uma unidade composta que foi empregada em Deuteronômio 6:4, onde lemos:
"Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único [echad] SENHOR” (comparem com Mc 12:29). [citação entre colchetes de nossa parte].
Neste texto bíblico, echad indica que na unidade da divindade há uma pluralidade (comparem com Gn 2:24; Nm 13:23; Jz 20:8).
Segundo o artigo “A doutrina da Trindade” encontrado no site http://www.christiandefense.org/:
"Nesta passagem os judeus empenharam grande atenção e é uma das quatro passagens que eles escrevem em seus filactérios (sobre a palavra Elohim, Simeon Ben Joachi disse: ‘Venha e veja o mistério da palavra Elohim: há três graus e cada grau é por si mesmo único e mesmo assim são todos um, unidos em um e não divididos’)”.
Podemos ainda acrescentar as palavras de Hermann Bavinck como complementação a este ponto do nosso estudo:
“Mas essa unidade ou unicidade de Deus é, de acordo com a Escritura e com a confissão da Igreja, não uma unidade vazia, nem solitária, mas cheia de vida e força. Ela envolve diferença, ou distinção, ou diversidade. É essa diversidade que se expressa nas três pessoas do Ser de Deus” (“Teologia Sistemática”, p. 171).
E embora os hebreus adorassem o único e verdadeiro Deus, a sua utilização de nomes no plural para se referir a Ele aparentemente gerou confusão em seus vizinhos politeístas. Quando os Israelitas levaram a Arca da Aliança ao acampamento preparado para enfrentar os filisteus, encontramos o seguinte relato:
“E se atemorizaram os filisteus e disseram: os deuses vieram ao arraial. E diziam mais: Ai de nós! Que tal jamais sucedeu antes. Ai de nós! Quem nos livrará destes grandiosos deuses? São os deuses que feriram aos egípcios com toda sorte de pragas no deserto” (1Sm 4:7-8.)
Os hebreus poderiam facilmente ter evitado a confusão, usando a forma singular, porém não o fizeram. Poderíamos inferir, então, certamente, que a pluralidade do seu Deus singular era muito importante para eles.
Há referências bíblicas vetero-testamentárias que indicam (ou sugerem) a pluralidade de pessoas na Divindade pela tríplice repetição do nome Iavé, como, por exemplo: Nm 6:24-26; Dn 9:19; Is 6:3; 33:22; comparem com Ap 4:8. Pode parecer coincidência, mas acreditamos que nada nas Escrituras Sagradas tenha sido escrito sem um propósito específico (Rm 15:4; 2Tm 3:16).
As evidências da pluralidade divina, no entanto, são encontradas desde a criação da humanidade. Em Gênesis 1:26a, encontramos as seguintes declarações:
Semelhantemente a este texto há outros que mencionam a Deus se expressando no plural, como em Gênesis 3:22a, após a desobediência de Adão e Eva:
“Então Disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal”.
E em Gênesis 11:7, no episódio da Torre de Babel:
“Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro”.
Alguns estudiosos afirmam que esta expressão divina trata-se do uso do plural de majestade (majestático), isto é, quando um indivíduo, um rei, por exemplo, fala de si mesmo, mas na forma plural, não revelando, assim, uma pluralidade participativa. Contudo, esta ideia se torna insustentável, pois o plural majestático não existia quando o Antigo Testamento foi escrito, não se encontram exemplos de um rei usando verbos no plural para referir-se a si mesmo.
Outra sugestão apresentada para explicar o uso do plural por Deus é que Ele estava nestas ocasiões falando com anjos. Mas a Bíblia não indica que os anjos participaram da criação do homem, nem foi o homem criado à imagem e semelhança de anjos e nem participaram do episódio da Torre de Babel, apesar do fato de que serafins estavam presentes na visão de Isaías (Is 6), quando Deus indagou: "Quem há de ir por nós?", mas não parece sensato e convincente pensar que Ele estava incluindo esta classificação de anjos como aqueles que juntamente com Deus enviaram aquele profeta em sua missão. A explicação mais biblicamente aceitável é que já nos primeiros capítulos de Gênesis e em Isaías temos indicações da pluralidade de pessoas no próprio Deus.
Não é possível, no entanto, analisando isoladamente Gênesis e Isaías, por exemplo, saber quantas pessoas são e nada encontramos à primeira vista que se aproxime de uma doutrina da Trindade nestes textos, mas seguramente se infere que há mais de uma pessoa nessas declarações. Veremos posteriormente que o Novo Testamento esclareceu essa questão, principalmente referindo-se à visão de Isaías.
Podemos afirmar que as três pessoas da Divindade participaram da criação do homem, pelo fato de que outros trechos das Escrituras afirmam claramente isso. Jesus Cristo também criou todas as coisas, as visíveis e as invisíveis (Jo 1:1,3; Cl 1:16-17; Hb 1:10) e consequentemente o homem. Mencionando a Cristo, o Filho do amor de Deus Pai e Sua imagem em Colossenses 1:13-15, o apóstolo Paulo afirmou no v. 16b:
“Tudo foi criado por meio dele e para ele”.
Já em Jó 33:4, Eliú declarou:
“O Espírito de Deus me fez; e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida”.
Quem criou o homem, então? Deus Pai, Jesus ou Espírito Santo? Se a Bíblia afirma que foi Deus quem criou o homem (Gn 1:26-27), mas que Jesus Cristo e o Espírito Santo também o fizeram, então, podemos afirmar que o homem foi criado pela Santíssima Trindade, ou seja, obviamente por Deus.
Esta realidade fica ainda mais evidente quando nos defrontamos com textos como Jó 35:10, Salmo 149:2, Eclesiastes 12:1 e Isaías 54:5, nos quais a tradução para a língua portuguesa apresenta “Criador” no singular, mas o texto original hebraico apresenta o termo no plural: Criadores.
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