domingo, 12 de setembro de 2010

A INERRÂNCIA BÍBLICA REFORÇA A DOUTRINA TRINITARIANA


INTRODUÇÃO

Passaremos, então, à defesa da fé na Trindade e Sua doutrina, a qual se encontra esposada em toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. Poderemos, observar e compreender, então, qual é o significado, o que é realmente a Santíssima Trindade. Antes, porém, é de suma importância realizarmos uma defesa da perfeição da Bíblia, pois o conteúdo do nosso estudo daqui por diante será baseado em suas revelações. E, em seguida, estudaremos os atributos de Deus e as limitações humanas.

A infalibilidade bíblica

A Bíblia é a única regra de fé e prática das igrejas cristãs reformadas e, portanto, torna-se de suma importância antes que sejam apresentados quaisquer conceitos bíblicos a respeito da Santíssima Trindade, que se apresente uma defesa da infalibilidade bíblica, ou seja, a completa ausência de erros e contradições no texto sagrado original.

Atualmente contamos com milhares de manuscritos do Antigo e do Novo Testamento que, por sua vez, recebem o apoio da crítica textual, um ramo científico que tem como ferramenta a papirologia, asseverando que a fidelidade destas cópias aos originais bíblicos é praticamente de 100%. Sendo que jamais foi encontrado um erro sequer no texto original, o que nos permite afirmar seguramente que nenhuma doutrina cristã foi adulterada através dos séculos.

Para maiores informações sobre este assunto, por gentileza, acessem outros estudos nossos a este respeito. Com as informações complementares destes estudos, é possível termos um base sólida sobre as evidências da fé cristã e nos prepararmos melhor para estudarmos posteriormente as evidências da doutrina trinitariana. Futuramente, se Deus permitir, traremos um estudo detalhado sobre a questão da crítica textual e a manuscritologia bíblica:

"Evidências textuais da Bíblia":
http://aprendei.blogspot.com/2010/01/atitude-do-verdadeiro-cristao-em.html

"Evidências históricas da Bíblia":
http://aprendei.blogspot.com/2010/01/em-nome-de-jesus-nao-apaguemos-nossa.html

"Evidências proféticas da Bíblia":
http://aprendei.blogspot.com/2010/01/santificacao-e-os-propositos-do-coracao.html

"Evidências da existência de Jesus Cristo":
http://aprendei.blogspot.com/2010/01/no-mundo-e-nao-do-mundo.html

"Lidando com as evidências da fé cristã":
http://aprendei.blogspot.com/2010/01/os-perigos-da-idolatria_03.html

"A atitude do verdadeiro cristão em relação a Bíblia":
http://aprendei.blogspot.com/2010/01/atencao-voce-ja-leu-o-horoscopo-hoje.html

A Bíblia afirma claramente que é a Palavra inspirada de Deus, e que ela é útil para o nosso aprendizado e edificação:

“A revelação das tuas palavras esclarece, e dá entendimento aos simples.” (Sl 119:130).

“A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hb 4:12).

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3:16-17).

“Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” (Rm 15:4).

“Nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo.” (2Pe 1:20b-21).

Deus é perfeito e verdadeiro. Ele jamais erra, mente ou se arrepende em todos os Seus decretos e em todas as Suas obras:

“Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso?” (Jó 11:7).

“Também a Glória de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é homem, para que se arrependa.” (1Sm 15:29).

“Eu, o SENHOR, falo a verdade, e proclamo o que é direito.” (Is 45:19b).

“...o Deus que não pode mentir prometeu, antes dos tempos eternos.” (Tt 1:2).

“...é impossível que Deus minta...” (Hb 6:18).

Já que Deus é perfeito e verdadeiro, consequentemente a Sua Palavra também é perfeita e verdadeira:

“Puríssima é a tua palavra.” (Sl 119:140a).

“Todos os teus mandamentos são verdade.” (Sl 119:151a).

“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (Jo 17:17).

“...a Escritura não pode falhar...” (Jo 10:35).

Ademais, a Palavra do Senhor é eterna, jamais voltará atrás, tudo o que está escrito na Bíblia será cumprido cabalmente:

“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra e a fecundem e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a designei.” (Is 55:10-11).

“Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um i ou til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.” (Mt 5:18; comparem com Lc 16:17).

“Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” (Mt 24:35).

“Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente.” (1Pe 1:24-25a).

Concluímos, inevitavelmente que a Bíblia está isenta de erros. Do contrário, Deus teria cometido um erro, mas Ele jamais comete erros. Mesmo que os seus escritores tenham sido meros seres humanos, sabemos que todos eles falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pe 1:21).

A Bíblia apresenta conceitos verdadeiros em matéria de história, geografia, astronomia e outros ramos da ciência. Se em termos terrenos ela é 100% verdadeira, seguramente é também 100% verdadeira naquilo que afirma sobre os valores espirituais (Jo 3:8-12), pois é divinamente inspirada (2Pe 1:20-21).

A Bíblia é a autoridade máxima em tudo o que ela registra, sejam conceitos morais, espirituais, geográficos, históricos e inclusive científicos. Contudo, ela tem a missão primordial de revelar o plano de Deus para a humanidade e Seu amor por ela, demonstrados em Jesus:

“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de mim.” (Jo 5:39; cf. Jo 3:16).

Para esta missão, portanto, a Bíblia registra fatos ocorridos desde antes da criação do mundo até o destino da humanidade na eternidade com ou sem Deus. Mas, nem sempre registra ensinamentos científicos de forma exaustiva, pois, não é a sua finalidade. Porém, mesmo não sendo detalhista em determinadas áreas do conhecimento, ela é sempre verdadeira naquilo que registra. Devido à sua inspiração divina e consequentemente sua inerrância, podemos confiar na Bíblia plenamente.

Como já vimos, o que Deus diz é verdade (Is 45:19c; Hb 6:18b) e sabemos que contra fatos não há argumentos, como a própria Bíblia já havia expressado:

“Nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade." (2Co 13:8).

A CORRETA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA AUXILIA A ENTENDER A DOUTRINA DA TRINDADE


Noções de interpretação bíblica (hermenêutica bíblica).

Mesmo diante da inerrância bíblica, a natureza falha do ser humano acarreta dificuldades de interpretação do texto sagrado. Muitas pessoas erram por não conhecerem a Bíblia adequadamente (Mt 22:29). Muitas delas precisam de auxílio para compreendê-la (At 8:26-35; comparem com Ne 8:5-8) e outras ainda até mesmo deturpam as verdades bíblicas propositadamente (2Pe 3:14-18).

Sem discernimento bíblico, incorremos no erro de aceitar ensinos e práticas contrários a vontade de Deus (Gl 1:6-9; Ef 4:13-14; 2Pe 3:14-18), sem muitas vezes nem conferirmos se é verdade (At 17:11), adulterando, assim, a verdade bíblica, muitas vezes também subtraindo ou adicionando algo das Escrituras Sagradas (Dt 4:1-2; 12:32; Pv 30:5-6; Ec 3:14; Ap 22:18-19) e indo além do que está escrito (Rm 15:4; 1Co 4:6; 2Tm 3:16-17), perdendo o referencial máximo de conduta e ética e, assim, nos desorientando em uma espécie de escuridão doutrinária por não termos mais a “lâmpada” da Palavra para iluminar os nossos passos (Sl 119:105), quando o correto seria guardarmos no coração a Palavra de Deus para não pecarmos contra Ele (Sl 119:11,112).

Vamos observar o que dois dos maiores apologistas da atualidade (Norman Geisler e Thomaz Howe) têm a nos ensinar sobre como devemos melhor interpretar a Bíblia (livro “Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e ‘Contradições’ da Bíblia”):

“HÁ ERROS NA BÍBLIA? NÃO! Os críticos afirmam que a Bíblia está cheia de erros. Alguns falam até mesmo em milhares de erros. A verdade é que não há nem mesmo um só erro no texto original da Bíblia que tenha sido demonstrado (...)” (p. 13) - “HÁ DIFICULDADES NA BÍBLIA? SIM! Ainda que a Bíblia seja a Palavra de Deus e, como tal, nela não possa haver erro algum, isso não significa que nela não haja dificuldades. Todavia, como Agostinho observou com sabedoria: ‘Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado; mas ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está errada, ou nós não entendemos o que está escrito’. Os erros não se acham na revelação de Deus, mas nas falhas interpretações dos homens” (p.17 – quanto à referência a Agostinho, ver: Agostinho, Reply to Faustus the Manichaean 11.5, em Philio Schaff, A Select Library of the Nicene and Ante-Nicene Fathers of the Christian Church, Grand Rapids: Eerdmans, 1956, vol.4); “A Bíblia é isenta de erros, mas os críticos não são. Todas as alegações feitas nesse sentido baseiam-se em erros cometidos pelos próprios críticos. Tais erros enquadram-se numa das seguintes principais categorias:” (p.18).

Em seguida, os autores demonstram 17 erros de interpretação com os quais devemos tomar cuidado para não cometer em nossa leitura bíblica, porém o erro citado por eles que deve ocupar a nossa atenção neste momento é o erro n.º 5: “Deixar de interpretar passagens difíceis à luz das que são claras”. Eles afirmaram que:

“Algumas passagens das Escrituras são de difícil compreensão. Às vezes a dificuldade é por serem obscuras. Outras vezes a dificuldade está em que uma passagem parece estar ensinando algo contrário ao que uma outra parte da Escritura ensina com clareza” (p. 21).

Já o Pastor e Doutor James C. Denison (de origem batista) no livro “Sete questões cruciais sobre a Bíblia” (pp. 203-204) afirmou que:

“(...) Em vista da palavra de Deus ser coerente e plenamente inspirada, a melhor maneira de entender qualquer passagem isolada é interpretar esse texto à luz de toda a Escritura. Em todo o nosso estudo bíblico devemos comparar passagem com passagem, interpretando a parte pelo todo. Cinco princípios importantes repousam sobre este pressuposto orientador. Primeiro, as passagens menos claras devem ser interpretadas à luz de textos mais claros. Devemos estudar as partes difíceis das Escrituras de acordo com seus claros ensinos (...) Segundo, nenhuma grande doutrina deve basear-se em apenas um versículo ou um pequeno conjunto deles (...) Terceiro, as passagens breves devem ser estudadas à luz de passagens mais longas (...) Quarto, quando uma doutrina é ensinada em vários trechos da Bíblia, ela se aplica a todos os tempos e culturas (...)”.

A doutrina da Trindade não contraria nenhum destes quatro primeiros princípios. Passagens muito claras principalmente no Novo Testamento confirmam a doutrina trinitariana, que, por sua vez, não é baseada em um pequeno conjunto de versículos ou textos curtos, obscuros ou de difícil interpretação, mas em dezenas e dezenas de textos longos e claros, de fácil interpretação (com raríssimas exceções, como o caso de 1Co 8:6 que afirma que só o Pai é Deus e só Jesus é Senhor), tanto do Antigo como do Novo Testamento, o que a faz uma doutrina aplicável para todos os tempos e todas as culturas. Quando estudarmos posteriormente as evidências da doutrina trinitariana tanto no Antigo como no Novo Testamento, essas afirmações se tornarão mais claras em nossas mentes.

Contudo, desejamos dar mais ênfase no quinto ponto. O Dr. Denison afirmou em seguida (p. 205):

“(...) Quinto, se duas declarações bíblicas parecem contradizer-se em termos humanos, devemos aceitar ambas. A verdade divina não está presa à lógica humana e deve ser muitas vezes expressa declarando duas verdades aparentemente opostas. Isto é chamado de ‘antinomia’ – aceitação de dois princípios que parecem excluir-se mutuamente, mas são independentemente verdadeiros (...) Em vista da Escritura interpretar a Escritura, todos os princípios bíblicos são verdadeiros, mesmo quanto transcendem a nossa lógica humana (...)” (este quinto item será de grande utilidade nas postagens sobre as três "pessoas" da Divindade, em breve).

A doutrina trinitariana depende grandemente desta quinta regra de interpretação bíblica, ou seja, seguindo os parâmetros da ANTINOMIA e aceitando em nossas vidas que a verdade divina não está vinculada à nossa lógica meramente humana e falha, poderemos ler, aceitar e compreender os versículos de toda a Escritura Sagrada que afirmam explicitamente que Deus é único, sim, mas implicitamente que Ele subsiste em três formas pessoais e distinas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esses versículos jamais se excluem mutuamente, mesmo parecendo que se contradizem, mas eles são mutuamente complementares.

Os autores bíblicos, mesmo impelidos pelo Espírito Santo jamais tiveram a intenção de apresentar explicita e claramente a doutrina trinitariana em forma de teologia sistemática, demonstrando esta doutrina em todos os textos bíblicos que a apontavam. Podemos inferir que essa não era a preocupação dos escritores bíblicos na época que escreveram seus livros, para eles sempre esteve claro, inspirados pelo próprio Deus, que Deus é único, mas o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Somente séculos depois dos livros do Novo Testamento serem escritos e do inicio da Igreja, quando surgiram inúmeras acusações e heresias contra principalmente a divindade de Cristo e do Espírito Santo, passou-se a se tornar necessária a exposição explícita e teologicamente sistemática da doutrina trinitariana, no propósito de fundamentar a doutrina, preparar apologeticamente os cristãos e refutar tais heresias com eficácia.

Portanto, em toda leitura bíblica que fizermos, devemos manter este padrão de interpretação expresso nas declarações que vimos nestes dois últimos livros. Estas técnicas de interpretação nos auxiliarão no estudo da doutrina trinitariana e de qualquer outra parte da Bíblia.

Ademais, qualquer pensamento que se levante contrário aos ensinamentos divinos deve ser refutado (At 17:11; 2Co 10:3-5). Aliás, o destino de “evidências” que ocasionalmente surgem contra a Bíblia e que causam alvoroço nos meios científico, acadêmico e eclesiástico certamente é o de serem desmascaradas. As pessoas envolvidas nesta busca contra a Palavra de Deus (mesmo que muitas vezes involuntariamente) necessitam saber que:

“Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” (Pv 30:5-6).

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