sábado, 18 de setembro de 2010

TRINDADE: MISTÉRIO REVELADO, MAS NÃO DECIFRADO

A SANTÍSSIMA TRINDADE NÃO É O ÚNICO "MISTÉRIO" MENCIONADO NA BÍBLIA

Na Bíblia há outros elementos escriturísticos que são denominados “mistérios” pela própria Bíblia, ou seja, são fatos que estão fora do alcance de nosso entendimento limitado, mas que foram revelados nas Escrituras Sagradas, como, por exemplo, o “mistério da iniqüidade” (2Ts 2:7), o “mistério da piedade” (1Tm 3:16), o “mistério da Sua vontade” (Ef 1:9-10; 3:3-9), o “mistério do Reino de Deus” (Mc 4:11), o grande “mistério do relacionamento de Cristo com Sua Igreja” (cf. Ef 5:32) - Comparem estes textos com Dn 2:28; Rm 11:25; 16:25; 1Co 2:7; 4:1; 13:2; 14:2; 15:51; Ef 6:19; Cl 1:26-27; 2:2.

Sobre este assunto, Robert M. Bowman Jr em seu livro “Por quê devo crer na Trindade” (p. 17), afirmou:

“(...) É verdade que muitos trinitaristas – especialmente entre os católicos, mas também entre os protestantes e ortodoxos – declaram taxativamente que a Trindade não pode ser compreendida e que é, nesse sentido, um ‘mistério’. É válido o aspecto da verdade que estão ressaltando, embora não seja bem exata a sua linguagem. Um ‘mistério’ na linguagem bíblica é geralmente um segredo que antes não era conhecido pelo homem, mas que agora passou a ser revelado, mais do que uma verdade que os homens não conseguem entender. Mesmo assim, esses mistérios tendem a possuir um elemento ‘misterioso’ que não pode ser totalmente entendido pelos homens (...) Dizer que não se pode compreender a Trindade é inexato, também, ou pelo menos passível de equívocos. Os teólogos trinitaristas não querem dar a entender que a Trindade é um absurdo ininteligível. Pelo contrário, apenas querem ressaltar que a Trindade não pode ser totalmente sondada e compreendida pela mente finita do homem. Há uma diferença entre conseguir uma compreensão basicamente correta de alguma coisa e ter uma compreensão completa, integral, total e perfeita da mesma. O modo de muitos teólogos expressarem essa diferença seria declarar que a Trindade pode ser entendida ou ‘apreendida’, mas não ‘compreendida’ (...)”.

Nós, cristãos, realmente confessamos que a doutrina da Trindade não é de fácil compreensão em sua totalidade, mas nem por isso afirmaremos que ela é confusa. É um equívoco rejeitar um aprofundamento nesta doutrina apenas pelo fato de ainda não compreendê-la totalmente. Geralmente aqueles que não a compreendem são os não-crentes, os cristãos ainda imaturos na fé ou aqueles que não se deram ao “trabalho” de acurar melhor sobre esta maravilhosa e indispensável doutrina cristã.

O que podemos observar é que a doutrina da Trindade é um mistério revelado, mas não decifrado. À nós, meros seres humanos finitos e limitados, apenas resta a humilde conduta de aceitar os mistérios da Bíblia, inclusive a Trindade, e exclamar como o salmista Davi diante da grandeza de Deus:

“Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir.” (Sl 139:6).

Sobre a mentalmente inatingível realidade da triunidade divina, Berkhof considerou que:

“A Trindade é um mistério, não somente no sentido bíblico de que se trata de uma verdade anteriormente oculta e depois revelada, mas também no sentido de que o homem não pode compreendê-la e não pode torná-la inteligível. É inteligível em algumas de suas relações e de seus modos de manifestação, mas é ininteligível em sua natureza essencial (...) A real dificuldade está na relação em que as pessoas da Divindade estão com a essência divina e uma com as outras, e essa é uma dificuldade que a igreja não é capaz de remover, podendo apenas tentar reduzí-la as suas apropriadas proporções mediante uma apropriada definição de termos. Ela jamais tentou explicar o mistério da Trindade, mas procurou somente formular a doutrina de modo que fossem evitados os erros que a ameaçam” (“Teologia Sistemática” – p. 85).

Enquanto que Adão Carlos Nascimento em seu livreto “A razão da nossa fé” (p. 18), afirmou, entre outras coisas, que:

“(...) Que é Santíssima Trindade? É a coexistência das Três Pessoas na Divindade Única (...) É um mistério que não pode ser explicado nem definido, porque está além do alcance da mente do homem. Em suma: ou aceitamos a Triunidade do Deus Único, ou temos de admitir três deuses na Bíblia. A Bíblia, no entanto, nos ensina com muita clareza que existe um só Deus verdadeiro (1Co 8.5,6; 1Tm 2.5) (...)”

A IMPORTÂNCIA DO NÚMERO TRÊS NA BÍBLIA

O número “três” possui extrema importância no contexto bíblico, ele é aplicado à inúmeras situações e assume simbolicamente inúmeras realidades simplesmente porque reflete uma analogia sagrada com a perfeição que existe na essência de Deus, que é tripessoal (subsiste em três formas pessoais e eternas). Exatamente por este motivo, esta realidade em nenhum momento expressa algum tipo de misticismo ou superstição.

Salientamos, portanto, que não desejamos aqui fundamentar nenhuma “doutrina numerológica” afirmando que o número “três” é mencionado na Bíblia apenas no intuito de trazer “sorte” ou “azar” a quem quer que seja.

Herbert Lockyer trouxe uma extensa lista de narrativas bíblicas na qual o número “três” está inserido e o significado que o mesmo possui biblicamente falando:

Este número tem associação sagrada porque representa a trindade – Pai, filho e Espírito Santo (Mateus 28:19) (...) Aqui, por exemplo, estão alguns exemplos a fim de aguçar o interesse: Três homens apareceram a Abraão (Gênesis 18:2). Três cidades de refúgio (Deuteronômio 4:41). Três vezes por ano (Deuteronômio 16:16). Tríplice bênção sacerdotal (Números 6:24-26). Tríplice clamor dos serafins (Isaías 6:3). Três chamados à terra (Jeremias 22:29). Três vezes ao dia Daniel orava (Daniel 6:13). Três vezes Pedro negou a Cristo (Marcos 14:72). Três medidas de farinha (Mateuis 13:33). Três dias e três noites (Mateus 12:40). Três vezes Pedro viu a visão (Atos 10:16). Três vezes Paulo foi à presença do Senhor por seu espinho (2 Coríntios 12:8). A tríade é uma parte integral da Escrituras, e onde quer que seja encontrada geralmente pode ser vista como o número simbólico do que é divino (como no caso de Paulo da saudação freqüente da graça, misericórdia e paz). Testemunho divino e inteireza divina freqüentemente são enfatizados por este número (...) Assim como três dimensões: comprimento, largura e altura são necessárias para formar um objeto sólido, o número três pode ser tratado como símbolo do cubo, e portanto, representativo do que é sólido, real, substancial, completo e inteiro. Ao todo há quatro números perfeitos que sugerem a inteireza nas Escrituras: Três, representando a perfeição divina. Sete, representando a perfeição espiritual. Dez, representando a perfeição ordinal. Doze, representando a perfeição governamental” [grifos meus] (“Apocalipse: o drama dos séculos”, pp. 226-228).

Ainda em referência ao Apocalipse, sobre os 144.000 salvos de Ap 7:4, o Rev. Hernandes Dias Lopes, apresentou a interpretação pré-milenista histórica/amilenista. Observaremos apenas o trecho onde ele refere-se à Santíssima Trindade:

“(...) O número 144.000 não é estatístico, mas metafórico. Primeiro, o número 3, que significa a Trindade, é multiplicado por 4, que indica a inteira criação, porque os selados virão do Norte e do sul, do Leste e do Oeste. 3 multiplicado por 4 são 12. Portanto, esse número indica: a Trindade (3) operando no universo (4) (...)” [grifos meus]; (“Apocalipse – O futuro chegou”, p. 189).

A edição da “Bíblia da Mulher” também trouxe um estudo sobre a Bíblia e sua relação com os números, com uma abordagem semelhante:

“O significado dos números nas Escrituras. Significado Bíblico. 1. Unidade (Gn 2.24); existência independente (Dt 6:4); 2. Uma adição – força, ajuda (Ec 4.9-12); 3. Unidade composta mais simples; o número de Deus (Mt 28.19); 4. O mundo com suas quatro estações e direções (Ap 7.1); 5. A humanidade com as cinco partes dos membros do corpo (Lv 14.14-16); 6. O mal e o fracasso ficam aquém do número sete, que representa a perfeição (Ap 13.18); 7. Perfeição ou plenitude; número que representa a terra coroada pelos céus (Ap 1.4); 10. O dobro de cinco e, portanto, a plenitude humana (Ap 2.10); 12. A manifestação perfeita de Deus de si mesmo à ordem criada (Ap 21.12). Nota: Ao longo das Escrituras, os números, com freqüência, têm sentidos simbólicos e também literais. No livro do Apocalipse, o número sete é especialmente predominante, aparecendo mais de 50 vezes”. [grifos meus] (“A Bíblia da Mulher: Leitura – Devocional – Estudo”, p. 1636).

Mais impressionante é um estudo sobre a molécula da neve e sua relação com o algarismo “três” e também com a existência triúna de Deus:

“O Sr. A J. Pace, desenhista do periódico evangélico ‘Sunday School Times’, fala de sua entrevista com o finado Wilson J. Bentley, perito em microfotografia (fotografar o que se vê através do microscópio). Por mais de um terço de século esse senhor fotografou cristais de neve. Depois de haver fotografado milhares desses cristais ele observou três fatos principais: primeiro, que não havia dois flocos iguais; segundo: todos eram de um padrão formoso; terceiro: todos eram invariavelmente de forma sextavada. Quando lhe perguntaram como se explicava essa simetria sextavada, ele respondeu: ‘Decerto, ninguém sabe senão Deus, mas a minha teoria é a seguinte: Como todos sabem, os cristais de neve são formados de vapor de água à uma temperatura abaixo de zero, e a água se compõe de três moléculas, duas de hidrogênio que se combinam com uma de oxigênio (...) O algarismo três, portanto, figura no assunto desde o começo’ (...) Sua declaração acerca do ‘algarismo três que figura no assunto’ me pôs a pensar. Não seria então que o trino Deus, que modela toda a formosura da criação, rubrica a própria trindade nestas frágeis estrelas de cristal de gelo como quem assina seu nome em sua obra-prima? Ao examinar os flocos de neve ao microscópio, vê-se instantaneamente que o princípio básico da estrutura do floco de neve é o hexágono ou a figura de seis lados, o único exemplo disso a todo o reino da geometria a este respeito (...) Portanto, resultam seis triângulos equiláteros reunidos ao núcleo central (...) Que símbolo sugestivo do trino Deus é o triângulo! Aqui temos unidade: um triângulo, formado de três linhas, cada parte indispensável à integridade do conjunto. A curiosidade agora me impeliu a examinar as referências bíblicas sobre a palavra ‘neve’, e descobri, com grande prazer, este mesmo ‘triângulo’ inerente na Bíblia. Por exemplo, há 21 (3 x 7) referências contendo o substantivo ‘neve’ no Antigo Testamento, e 3 no Novo Testamento, 24 ao todo. Então achei 3 referências que falam da ‘lepra tão branca como a neve’. Três vezes a purificação do pecado é comparada à neve. Achei mais três que falam de roupas ‘tão brancas como a neve’. Três vezes a aparência do Filho de Deus compara-se à neve. Mas a maior surpresa foi ao descobrir que a palavra hebraica, ‘neve’, é composta inteiramente de algarismos ‘três’! É fato, embora não seja geralmente conhecido que, não tendo algarismos, tanto os hebreus como os gregos usavam as letras do seu alfabeto como algarismos. Bastava um olhar casual de um hebreu à palavra SHELEG (palavra hebraica que quer dizer ‘neve’) para ver que ela significa o algarismo 333 (...). No hebraico a primeira letra, que corresponde à nossa ‘SH’, vale 300; a segunda consoante ‘L’ vale 30; e a consoante final, o nosso ‘G’, vale 3. Somando-as, temos 333, três algarismos de três. Curioso, não é verdade? (...)" [grifos meus] (fonte: http://rubens.colli.com.br/?cat=7, texto extraído do livro "Conhecendo as doutrinas da Bíblia" de Myer Pearlman).

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