Vamos recorrer inicialmente a Confissão de Fé de Westminster. Sendo que se torna necessário para tal, traçarmos um pequeno histórico sobre a Confissão de Fé, pois iremos utilizá-la em mais dois momentos posteriormente.
Em 12 de junho de 1643 uma grande assembléia de teólogos e eruditos das Escrituras foi convocada pelo Parlamento da Inglaterra para, entre outras coisas, estabelecer os pontos doutrinários da Igreja Cristã Reformada diante de inúmeras heresias que se opunham a sã doutrina bíblica naquele tempo. A Assembléia de Westminster, como ficou conhecida, quando 151 teólogos reunidos na Abadia de Westminster, em Londres (de julho de 1643 a fevereiro de 1649), resultou na promulgação da Confissão de Fé e nos Catecismos (Maior e Breve).
A Confissão, por sua vez, expressa de forma resumida a doutrina trinitariana, no seu capítulo II, que trata “De Deus e da Santíssima Trindade”. Vamos observar neste momento apenas suas primeiras afirmações concernentes aos atributos divinos (artigo 1), mais adiante observamos os artigos 2 e 3. Ressaltamos que a Confissão de Fé não visa ocupar o lugar da Bíblia como única regra de fé e prática, mas servir como declaração da fé reformada diante de heresias, tratando de forma sistemática doutrinas que muitas vezes estão dispersas por toda a Bíblia (Obs: O art. 1º, do cap. 1º da Constituição da I.P.B., por exemplo, referente a “Natureza, governo e fins da Igreja” nos informa que a Confissão de Fé é um “sistema expositivo de doutrina e prática”).
No artigo 1º, do capítulo 2, portanto, a Confissão de Fé de Westminster afirma:
“I) Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões, é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro galardoador dos que o buscam, e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo pecado; de modo algum terá por inocente o culpado” (p. 26).
As referências bíblicas usadas pela Confissão de Fé foram: Gn 17:1; Ex 3:14; 36:6-7; Dt 4:15-16; 6:4; 1Rs 8:27; Ne 9:32-33; Jó 11:7-9; Sl 5:5-6; 92:2; 115:3; 145:3; Pv 16:4; Is 6:3; Jr 10:10; Na 1:2-3Lc 24:39; Jo 6:24; At 14:11,15; Rm 11:36; 16:27; 1Co 8:4,6; Ef 1:11; 1Ts 1:9; 26:14; 1Tm 1:17; Hb 11:6; Tg 1:17; 1Jo 4:8; Ap 4:11.
Portanto, vamos de maneira resumida relembrar alguns atributos divinos, certamente primordiais para o estudo da Trindade:
1º) Deus é único: Jamais devemos nos afastar deste ponto, por mais que pareça a princípio entrar em contradição com a doutrina trinitariana. Jamais vamos perder de vista que o nosso querido Deus é um. Ele é o único e suficiente Deus do universo. Jamais pensemos que adoramos três deuses ou três pessoas que em algum momento se transformaram em um só deus (!). Ao orar a Deus, O contemplemos sempre como uma unidade. Do contrário, poderemos experimentar em algum nível uma confusão mental que pode até mesmo nos afastar do único e verdadeiro Deus, sem saber exatamente com quem estamos falando e adorando.
“Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais e me creiais e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador” (Is 43:10-11; cf. Dt. 6:4; 1Rs 8:60; Is 45:5-6; Jo 5:44; 17:3; Rm 3:30; Gl 3:20; 1Tm 1:17; 6:15; Tg 2:19; Jd 25).
2º) Deus não compartilha a Sua glória com ninguém: “Deus é a Trindade”. Essa afirmação reflete a mais inalterável verdade. Se apenas uma das três pessoas da Trindade estivesse ausente ou não possuísse atributos divinos, então não haveria Deus. Se Jesus fosse um simples ser humano ou o Espírito Santo fosse um tipo de força cósmica ou energia, como muitos afirmam, Deus jamais teria dito:
“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra às imagens de escultura” (Is 42:8; cf. 48:11).
Seria contradição Deus compartilhar Sua glória com um ser humano e uma energia cósmica.
3º) Deus é insondável: É impossível compreender totalmente a natureza de Deus. Por mais que se façam profundas reflexões filosóficas e teológicas, jamais o ser humano conseguirá conceber em sua mente a grandeza imensurável do nosso Deus:
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos. Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Rm 11:33-34; cf. Jó 36:22-26; Is 40:28; 55:8; 1Co 1:18,25; 2:6-16).
4º) Deus é eterno: Deus habita a eternidade e conseqüentemente não sofre a ação do tempo como nós, seres humanos, a Sua existência não é de forma linear ou contínua como a nossa, ela não tem início e nem fim. Mas, Ele não está livre da ação contínua do tempo apenas por ser Todo-Poderoso, mas, principalmente porque foi Ele mesmo quem criou o tempo, Ele é o motivo do tempo existir.
“Eis que Deus é grande e não o podemos compreender; o número dos seus anos não se pode calcular.” (Jó 36:26).
“Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” (Sl 90:2; comparem com Dt 32:40; Sl 102:27; 1Co 2:7; Ef 1:4; 1Tm 1:17; 6:16; Ap 1:8; 15:8).
Complementando este item, na Teologia Sistemática de Augustus H. Strong (Vol. I, p. 412), temos as seguintes afirmações:
“Eternidade é infinitude com relação ao tempo. Implica que a natureza de Deus não está sujeita à lei do tempo. Deus não está no tempo. Mais correto é dizer que o tempo não está em Deus. Apesar de que há sucessão lógica nos pensamentos de Deus, não há sucessão cronológica”.
5º) Deus é espírito: Da mesma forma que Deus não está vinculado aos efeitos do tempo, Ele também não sofre a influência do mundo material, pois Ele é espírito. Ele não está limitado a um determinado local, cidade ou qualquer região do nosso planeta ou do universo (com exceção da natureza humana do Senhor Jesus).
“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:24; cf. v. 21; At 7:48-50; 17:24).
6º) Deus é perfeito: Ele não erra, não se engana ou e nem se arrepende. Ele não mente, pois é a verdade e apenas fala o que é verdade
“Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso?" (Jó 11:7-9).
"Também a Glória de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é homem, para que se arrependa.” (1Sm 15:29).
“Eu, o SENHOR, falo a verdade, e proclamo o que é direito.” (Is 45:19b; cf. Jo 17:17; Hb 6:18; 2Tm 2:13; Tt 1:2).
7º) Deus é infinito: É absolutamente impossível mensurar não somente a existência eterna de Deus, mas a Sua natureza infinita. Ele não tem começo nem fim, já que Ele é um espírito eterno, perfeito, insondável e auto-existente, antes de qualquer coisa criada.
“Mas, de fato habitaria Deus na terra? Eis que os céus, até o céu dos céus, não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei.” (1Rs 8:27).
8º) Deus é onipresente: Ele está em todo o universo, não em um sentido literal, com a Sua essência espalhada por todo ele, mas, de forma misteriosamente multidimensional (entre o mundo espiritual e o material), pois Ele sempre foi e será um espírito infinito e ilimitado, antes de qualquer coisa que Ele mesmo criou, podendo, assim, estar em todas as partes do universo ao mesmo tempo.
Deus é ao mesmo tempo imanente (se relaciona com a criação e participa ativamente da história humana) e transcendente (está acima, separado e independente da Sua criação).
"Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos.” (Is 57:15 cf. Ex 3:7-8; Jó 11:17; 22:12; 33:12; 37:23; Sl 104:27-30; 113:5-7; Jr 23:24; Is 34:14-15; Jo 8:23).
9º) Deus é onipotente: Ele é Todo-Poderoso. Tudo é possível para Deus (Lc 18:27).
“Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43:13; cf. Jó 25:2; 42:2; 1Cr 29:11-12; Ap 5:11-13).
Contudo, devido à Sua completa perfeição, mesmo podendo fazer qualquer coisa, Ele jamais desejaria realizar algo que contrariasse Sua completa bondade e Sua completa justiça.
10º) Deus é onisciente: Ele sabe de todas as coisas. Não há nenhuma situação que escape aos olhos oniscientes de Deus. Ele conhece cada pensamento e cada atitude dos seres humanos, bem como tudo o que acontece em todo o universo que Ele criou.
“Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem, e vêem todos os seus passos. Não há trevas, nem sombra assaz profunda, onde se escondam os que obram a iniqüidade.” (Jó 34:21-22; cf. Dt 29:29; 1Sm 16:7; Jó 28:24; Dn 2:20-23, Jo 21:17; At 15:18; 1Co 2:10).
11º) Deus é imutável: Em Deus não pode haver diminuição ou acréscimo em Sua essência ou em Seus atributos, pois toda mudança evidentemente é para pior ou para melhor, mas Deus não precisa melhorar e nem irá piorar, pois Ele é eternamente perfeito. O que Deus é, Ele sempre foi e sempre será. Em nenhum momento do tempo houve algum tipo de alteração na natureza ou nos atributos dEle e nem haverá.
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (Tg 1:17; cf. Sl 102:25-27; Ml 3:6).
12º) Deus é soberano: Deus é soberano sobre todas as situações de nossa vida e sobre toda a Sua criação, a despeito de circunstâncias de dificuldades e de provações:
“No céu está o nosso Deus; e tudo faz como lhe agrada.” (Sl 115:3; cf. Ec 7:14; Ef 1:11; Fp 2:13).
E pelo fato de Deus possuir todos estes atributos, entre tantos outros, Ele é absoluto. Ele não está sujeito às regras de tempo (nascimento e morte) ou espaço (altura, largura ou profundidade). Por isso também o apóstolo Paulo afirmou:
"Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente ou do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8:38-39; comparem com Ef 3:17-18).
Em suma, a Santíssima Trindade é a essência de Deus. Ele não se tornou uma Trindade. Ele é a Trindade, pois esta é a Sua natureza eterna, absoluta e imutável. Seria um absurdo pensarmos que Ele deveria mudar a Sua natureza apenas por causa das limitações humanas e suas conjecturas contrárias à eterna Palavra revelada inerrantemente na Bíblia. Aliás, é somente quando estudamos a Santíssima Trindade que podemos confessar que estamos nos aprofundando no conhecimento do único Deus verdadeiro. João Calvino afirmou:
“(...) Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas nEle. Se não nos apegarmos firmemente a isto, não temos nenhum conhecimento do Deus verdadeiro; temos somente o nome de Deus flutuando em nosso cérebro (...)” (“As Institutas da Religião Cristã, – Um resumo – Parte 13, p. 60).
Deus não é um velhinho de barba e cabelos brancos que vive em uma nuvem distante. Ele não é um espírito errante e piedoso que serve apenas para presentear as pessoas. Ele não é uma espécie de gênio da lâmpada que está disponível para satisfazer os caprichos e as tendências egocêntricas humanas e muito menos um mero ser espiritual com poderes cósmicos que divide o domínio do universo com o diabo. Deus está muito, muito além de todos estes conceitos heréticos, simplistas e humanísticos. Deus é muito mais elevado e cheio de glória do que possamos imaginar. Ele está infinitamente acima do que qualquer área do conhecimento humano:
“Ó SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?” (Ex 15:11).
“Levantai-vos, bendizei ao SENHOR vosso Deus de eternidade em eternidade. Então se disse: Bendito seja o nome da tua glória, que ultrapassa todo bendizer e louvor.” (Ne 9:5b).
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55:8-9; comparem com Is 40:15-18,22-23; Rm 11:33-36).
Em 12 de junho de 1643 uma grande assembléia de teólogos e eruditos das Escrituras foi convocada pelo Parlamento da Inglaterra para, entre outras coisas, estabelecer os pontos doutrinários da Igreja Cristã Reformada diante de inúmeras heresias que se opunham a sã doutrina bíblica naquele tempo. A Assembléia de Westminster, como ficou conhecida, quando 151 teólogos reunidos na Abadia de Westminster, em Londres (de julho de 1643 a fevereiro de 1649), resultou na promulgação da Confissão de Fé e nos Catecismos (Maior e Breve).
A Confissão, por sua vez, expressa de forma resumida a doutrina trinitariana, no seu capítulo II, que trata “De Deus e da Santíssima Trindade”. Vamos observar neste momento apenas suas primeiras afirmações concernentes aos atributos divinos (artigo 1), mais adiante observamos os artigos 2 e 3. Ressaltamos que a Confissão de Fé não visa ocupar o lugar da Bíblia como única regra de fé e prática, mas servir como declaração da fé reformada diante de heresias, tratando de forma sistemática doutrinas que muitas vezes estão dispersas por toda a Bíblia (Obs: O art. 1º, do cap. 1º da Constituição da I.P.B., por exemplo, referente a “Natureza, governo e fins da Igreja” nos informa que a Confissão de Fé é um “sistema expositivo de doutrina e prática”).
No artigo 1º, do capítulo 2, portanto, a Confissão de Fé de Westminster afirma:
“I) Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões, é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro galardoador dos que o buscam, e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo pecado; de modo algum terá por inocente o culpado” (p. 26).
As referências bíblicas usadas pela Confissão de Fé foram: Gn 17:1; Ex 3:14; 36:6-7; Dt 4:15-16; 6:4; 1Rs 8:27; Ne 9:32-33; Jó 11:7-9; Sl 5:5-6; 92:2; 115:3; 145:3; Pv 16:4; Is 6:3; Jr 10:10; Na 1:2-3Lc 24:39; Jo 6:24; At 14:11,15; Rm 11:36; 16:27; 1Co 8:4,6; Ef 1:11; 1Ts 1:9; 26:14; 1Tm 1:17; Hb 11:6; Tg 1:17; 1Jo 4:8; Ap 4:11.
Portanto, vamos de maneira resumida relembrar alguns atributos divinos, certamente primordiais para o estudo da Trindade:
1º) Deus é único: Jamais devemos nos afastar deste ponto, por mais que pareça a princípio entrar em contradição com a doutrina trinitariana. Jamais vamos perder de vista que o nosso querido Deus é um. Ele é o único e suficiente Deus do universo. Jamais pensemos que adoramos três deuses ou três pessoas que em algum momento se transformaram em um só deus (!). Ao orar a Deus, O contemplemos sempre como uma unidade. Do contrário, poderemos experimentar em algum nível uma confusão mental que pode até mesmo nos afastar do único e verdadeiro Deus, sem saber exatamente com quem estamos falando e adorando.
“Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais e me creiais e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador” (Is 43:10-11; cf. Dt. 6:4; 1Rs 8:60; Is 45:5-6; Jo 5:44; 17:3; Rm 3:30; Gl 3:20; 1Tm 1:17; 6:15; Tg 2:19; Jd 25).
2º) Deus não compartilha a Sua glória com ninguém: “Deus é a Trindade”. Essa afirmação reflete a mais inalterável verdade. Se apenas uma das três pessoas da Trindade estivesse ausente ou não possuísse atributos divinos, então não haveria Deus. Se Jesus fosse um simples ser humano ou o Espírito Santo fosse um tipo de força cósmica ou energia, como muitos afirmam, Deus jamais teria dito:
“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra às imagens de escultura” (Is 42:8; cf. 48:11).
Seria contradição Deus compartilhar Sua glória com um ser humano e uma energia cósmica.
3º) Deus é insondável: É impossível compreender totalmente a natureza de Deus. Por mais que se façam profundas reflexões filosóficas e teológicas, jamais o ser humano conseguirá conceber em sua mente a grandeza imensurável do nosso Deus:
“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos. Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Rm 11:33-34; cf. Jó 36:22-26; Is 40:28; 55:8; 1Co 1:18,25; 2:6-16).
4º) Deus é eterno: Deus habita a eternidade e conseqüentemente não sofre a ação do tempo como nós, seres humanos, a Sua existência não é de forma linear ou contínua como a nossa, ela não tem início e nem fim. Mas, Ele não está livre da ação contínua do tempo apenas por ser Todo-Poderoso, mas, principalmente porque foi Ele mesmo quem criou o tempo, Ele é o motivo do tempo existir.
“Eis que Deus é grande e não o podemos compreender; o número dos seus anos não se pode calcular.” (Jó 36:26).
“Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” (Sl 90:2; comparem com Dt 32:40; Sl 102:27; 1Co 2:7; Ef 1:4; 1Tm 1:17; 6:16; Ap 1:8; 15:8).
Complementando este item, na Teologia Sistemática de Augustus H. Strong (Vol. I, p. 412), temos as seguintes afirmações:
“Eternidade é infinitude com relação ao tempo. Implica que a natureza de Deus não está sujeita à lei do tempo. Deus não está no tempo. Mais correto é dizer que o tempo não está em Deus. Apesar de que há sucessão lógica nos pensamentos de Deus, não há sucessão cronológica”.
5º) Deus é espírito: Da mesma forma que Deus não está vinculado aos efeitos do tempo, Ele também não sofre a influência do mundo material, pois Ele é espírito. Ele não está limitado a um determinado local, cidade ou qualquer região do nosso planeta ou do universo (com exceção da natureza humana do Senhor Jesus).
“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:24; cf. v. 21; At 7:48-50; 17:24).
6º) Deus é perfeito: Ele não erra, não se engana ou e nem se arrepende. Ele não mente, pois é a verdade e apenas fala o que é verdade
“Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso?" (Jó 11:7-9).
"Também a Glória de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é homem, para que se arrependa.” (1Sm 15:29).
“Eu, o SENHOR, falo a verdade, e proclamo o que é direito.” (Is 45:19b; cf. Jo 17:17; Hb 6:18; 2Tm 2:13; Tt 1:2).
7º) Deus é infinito: É absolutamente impossível mensurar não somente a existência eterna de Deus, mas a Sua natureza infinita. Ele não tem começo nem fim, já que Ele é um espírito eterno, perfeito, insondável e auto-existente, antes de qualquer coisa criada.
“Mas, de fato habitaria Deus na terra? Eis que os céus, até o céu dos céus, não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei.” (1Rs 8:27).
8º) Deus é onipresente: Ele está em todo o universo, não em um sentido literal, com a Sua essência espalhada por todo ele, mas, de forma misteriosamente multidimensional (entre o mundo espiritual e o material), pois Ele sempre foi e será um espírito infinito e ilimitado, antes de qualquer coisa que Ele mesmo criou, podendo, assim, estar em todas as partes do universo ao mesmo tempo.
Deus é ao mesmo tempo imanente (se relaciona com a criação e participa ativamente da história humana) e transcendente (está acima, separado e independente da Sua criação).
"Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos.” (Is 57:15 cf. Ex 3:7-8; Jó 11:17; 22:12; 33:12; 37:23; Sl 104:27-30; 113:5-7; Jr 23:24; Is 34:14-15; Jo 8:23).
9º) Deus é onipotente: Ele é Todo-Poderoso. Tudo é possível para Deus (Lc 18:27).
“Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43:13; cf. Jó 25:2; 42:2; 1Cr 29:11-12; Ap 5:11-13).
Contudo, devido à Sua completa perfeição, mesmo podendo fazer qualquer coisa, Ele jamais desejaria realizar algo que contrariasse Sua completa bondade e Sua completa justiça.
10º) Deus é onisciente: Ele sabe de todas as coisas. Não há nenhuma situação que escape aos olhos oniscientes de Deus. Ele conhece cada pensamento e cada atitude dos seres humanos, bem como tudo o que acontece em todo o universo que Ele criou.
“Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem, e vêem todos os seus passos. Não há trevas, nem sombra assaz profunda, onde se escondam os que obram a iniqüidade.” (Jó 34:21-22; cf. Dt 29:29; 1Sm 16:7; Jó 28:24; Dn 2:20-23, Jo 21:17; At 15:18; 1Co 2:10).
11º) Deus é imutável: Em Deus não pode haver diminuição ou acréscimo em Sua essência ou em Seus atributos, pois toda mudança evidentemente é para pior ou para melhor, mas Deus não precisa melhorar e nem irá piorar, pois Ele é eternamente perfeito. O que Deus é, Ele sempre foi e sempre será. Em nenhum momento do tempo houve algum tipo de alteração na natureza ou nos atributos dEle e nem haverá.
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (Tg 1:17; cf. Sl 102:25-27; Ml 3:6).
12º) Deus é soberano: Deus é soberano sobre todas as situações de nossa vida e sobre toda a Sua criação, a despeito de circunstâncias de dificuldades e de provações:
“No céu está o nosso Deus; e tudo faz como lhe agrada.” (Sl 115:3; cf. Ec 7:14; Ef 1:11; Fp 2:13).
E pelo fato de Deus possuir todos estes atributos, entre tantos outros, Ele é absoluto. Ele não está sujeito às regras de tempo (nascimento e morte) ou espaço (altura, largura ou profundidade). Por isso também o apóstolo Paulo afirmou:
"Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente ou do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8:38-39; comparem com Ef 3:17-18).
Em suma, a Santíssima Trindade é a essência de Deus. Ele não se tornou uma Trindade. Ele é a Trindade, pois esta é a Sua natureza eterna, absoluta e imutável. Seria um absurdo pensarmos que Ele deveria mudar a Sua natureza apenas por causa das limitações humanas e suas conjecturas contrárias à eterna Palavra revelada inerrantemente na Bíblia. Aliás, é somente quando estudamos a Santíssima Trindade que podemos confessar que estamos nos aprofundando no conhecimento do único Deus verdadeiro. João Calvino afirmou:
“(...) Ele não somente nos diz que é Uno, mas sim que três pessoas devem ser conhecidas e distinguidas nEle. Se não nos apegarmos firmemente a isto, não temos nenhum conhecimento do Deus verdadeiro; temos somente o nome de Deus flutuando em nosso cérebro (...)” (“As Institutas da Religião Cristã, – Um resumo – Parte 13, p. 60).
Deus não é um velhinho de barba e cabelos brancos que vive em uma nuvem distante. Ele não é um espírito errante e piedoso que serve apenas para presentear as pessoas. Ele não é uma espécie de gênio da lâmpada que está disponível para satisfazer os caprichos e as tendências egocêntricas humanas e muito menos um mero ser espiritual com poderes cósmicos que divide o domínio do universo com o diabo. Deus está muito, muito além de todos estes conceitos heréticos, simplistas e humanísticos. Deus é muito mais elevado e cheio de glória do que possamos imaginar. Ele está infinitamente acima do que qualquer área do conhecimento humano:
“Ó SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?” (Ex 15:11).
“Levantai-vos, bendizei ao SENHOR vosso Deus de eternidade em eternidade. Então se disse: Bendito seja o nome da tua glória, que ultrapassa todo bendizer e louvor.” (Ne 9:5b).
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55:8-9; comparem com Is 40:15-18,22-23; Rm 11:33-36).
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