sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A DOUTRINA TRINITARIANA NÃO É UMA CONTRADIÇÃO

INTRODUÇÃO

A alegação de muitas pessoas de que existe contradição na doutrina da Trindade é infundada. Os ensinos bíblicos não apenas da Trindade, mas sobre qualquer assunto, na verdade, não se contradizem, eles se complementam. Norman Geisler e Thomas Howe no “Manual popular de dúvidas, enigmas e ‘contradições’ da Bíblia” (p. 376), a este respeito afirmaram o seguinte:

“Mateus 28:18-20 - Como é que três pessoas podem ser Deus, se há um só Deus? Problema: Mateus fala do ‘Pai e do Filho e do Espírito Santo’, todos participando de um ‘nome’. Mas são três pessoas diferentes. Como pode haver três pessoas da Divindade, já que há um único Deus? (Dt 6:4; 1Co 8:6). Solução: Deus é um em essência, mas três em pessoas. Ele tem uma só natureza, mas três centros de consciência. Isto é, há apenas um ‘O Que’ em Deus, mas há três ‘Quem’. Há um só ser, mas são três ‘Eu’. Isso é um mistério, mas não uma contradição. Seria contraditório dizer que Deus é uma só pessoa, mas também três pessoas. Ou que Deus tem uma só natureza, mas também tem três naturezas. Mas declarar, como os cristãos, que Deus é um em essência, eternamente revelado em três pessoas distintas, isso não é uma contradição”.

Vejamos a figura abaixo (em inglês), exemplificando o que acabamos de ver neste artigo acima: Em Deus axiste apenas um "O QUÊ" (WHAT), ou seja, uma substância ou essência, mas três "QUEM" (WHO), ou seja, três "pessoas" ou "personalidades".


No artigo "O Deus Triúno" de Vincent Cheung (Ministério Reformado Internacional), percebemos que o mesmo também defendeu que a doutrina da Trindade não consiste em uma contradição:

“A formulação doutrinal para a Trindade é que Deus é ‘um em essência, e três em pessoa’. Isto não confere uma contradição, visto que não estamos dizendo que Deus é ‘um em essência, e três em essência’, ou que Deus é ‘um em pessoa, e três em pessoa’. Isto é, não estamos dizendo que Deus é um e três no mesmo sentido, mas que Ele é um num sentido, e três em outro sentido. Portanto, não há contradição na doutrina da Trindade” (extraído e traduzido do livro “Prayer and Revelation” (p. 5), por Felipe Sabino de Araújo Neto: fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_cheung.htm).

O escritor Aldo Meneses fez defesa semelhante:

“(...) Com Trindade não queremos dizer que acreditamos em três deuses, pois há somente um Deus único e verdadeiro (Dt 6.4; Is 43.10) que subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Mesmo sendo paradoxal, o ensino não é contraditório. Deus é três e um simultaneamente. Precisamos distinguir os termos ‘pessoa’ e ‘natureza’. As pessoas em Deus são três, mas uma só é sua natureza, que consiste em onipotência, onisciência, onipresença, etc. (...)” (“As Testemunhas de Jeová e a Trindade”, p. 21).

A EXPRESSÃO "TRINDADE" E A BÍBLIA

No “Dicionário Bíblico Universal” encontramos as seguintes considerações sobre a Trindade, entre tantas outras:

“(...) São, pois, estes os dados para a doutrina da Trindade: o reconhecimento de um só Deus, sendo feita, contudo, a distinção, dentro da Divindade, entre Pai, Filho, e Espírito” (fonte: http://www.vivos.com.br/196.htm).

Mas, de onde surgiu o termo “trindade”? Afinal, ele não consta de nenhum texto da Escritura Sagrada. Na verdade, o termo “trindade” foi utilizado pela primeira vez por Tertuliano (160-240 d.C.), no final do segundo século d.C. (veremos a história desta doutrina mais adiante em outras postagens).

"[...] O maior contributo de Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca do mistério trinitário. Criou um vocabulário que passou a fazer parte da linguagem oficial da teologia cristã. Foi ele que introduziu a palavra “Trinitas”, como complemento da “Unitas”. Segundo Tertuliano, Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus porque uma só é a substância, um só estado (status) e um só poder. Mas, por outro lado, distinguem-se, sem separação, pelo grau, pela forma e pela espécie (manifestação). Tertuliano introduz assim o termo “pessoa”, (persona), para significar cada um dos três, considerado individualmente. Este vocabulário passou a vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias [...]" (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tertuliano#A_Trindade).

A Revista Defesa da Fé trouxe também interessantes considerações sobre esta questão:

“(...) Alguns grupos sectários que zombam dos trinitarianos afirmam que a Trindade foi um conceito forjado (manipulado) por ‘homens’. Por exemplo: a Sociedade Torre de Vigia, organização das Testemunhas de Jeová, assevera que os primitivos cristãos não tinham consciência nem instruíam seus adeptos da doutrina da Trindade. Querem afirmar, com isso, que a fé na doutrina da Trindade, advogada pelos cristãos, ocorreu por conta de uma heresia doutrinária por volta do século 3º. Se assim fosse, e se a Bíblia não comentasse nada sobre a Trindade, uma pergunta ficaria sem reposta: quem foi o ‘inventor’ dessa doutrina? Uma coisa é certa: não foi inventada por homens. A bem da verdade, se os cristãos quisessem minimizar o suposto ‘problema’ que permeia a compreensão genuína dessa doutrina, seria muito mais fácil alterá-la, manipulá-la ou, então, não reconhecê-la como bíblica. Antes de qualquer coisa, é necessário afirmar que a doutrina da Trindade não tem sua origem nas definições e escritos dos chamados ‘pais da igreja’. Ao contrário. Sempre esteve esposada nas Sagradas Escrituras (...) Analisando as informações históricas referentes ao assunto, podemos afirmar que o termo Trindade foi uma expressão de caráter teológico conferida a Deus por Tertuliano, no final do século 2º. Obviamente que recebeu esta designação porque seus ensinos se encontram em várias partes da Bíblia. Não necessitamos dos chamados ‘pais da igreja’ para justificar a doutrina da Trindade, mas os documentos ou os escritos desses ‘pais’ provam, sem deixar nenhuma sombra de dúvida, que a doutrina da Trindade era ensinada e difundida pelos cristãos da antiguidade” (Maio de 2004, p. 60).

Portanto, embora o vocábulo “trindade” não esteja presente em nenhum versículo da Bíblia, a doutrina da Trindade ou trinitariana (que trata não de um ser unitário, mas trinitário) não foi concebida por homens, como muitos podem imaginar. Na verdade, ela é exaustivamente apresentada na Bíblia, em inúmeras referências, como veremos durante este estudo. Isso se deve ao fato de que o homem não inventou ou descobriu a Trindade.

O que ocorreu foi o desenvolvimento da sua doutrina. É como o caso do cientista Isaac Newton. Ele não descobriu a gravidade, esta foi criada por Deus. Newton apenas desenvolveu a lei concernente à gravidade. Existem muitos outros nomes dados a outras doutrinas, como a escatologia (doutrina dos últimos tempos), a hamartiologia (doutrina do pecado), a angelologia (doutrina dos anjos) e a soteriologia (doutrina da salvação), por exemplo, que não se encontram na Bíblia.

Expressões teológicas usadas para os atributos divinos, como “onisciência”, “onipotência”, “onipresença”, “imanência” e “transcendência”, mas as suas verdades estão claramente expostas nas Escrituras. Da mesma forma ocorre com as expressões “hermenêutica”, “hexegese” e “homilética”, que também não fazem parte do texto sagrado, mas elas são técnicas extremamente úteis para um bom estudo das Sagradas Escrituras.

Ademais, nem mesmo as palavras “sexo” e “política” se encontram na Escritura Sagrada, mas, sim, conceitos e situações que expressam claramente o propósito de Deus para estes assuntos.

Na verdade, nem a própria palavra “Bíblia”, no sentido que conhecemos hoje (como um acervo de livros sagrados inspirados por Deus) se encontra na Bíblia. Nas Sagradas Escrituras não existe uma lista de quais livros são inspirados realmente por Deus e devem fazer parte dela, no entanto, os critérios adotados pela Igreja Cristã para que somente estes livros devessem fazer parte da Bíblia foram extraídos dela mesma, com a direção de Deus.

Finalmente, temos os comentários da conhecida “Bíblia de Estudos de Genebra”:

“Um e Três: Trindade: (...) O Antigo Testamento insiste constantemente na afirmação de que há somente um Deus, o Criador que se revela a si mesmo, que deve ser cultuado e louvado com exclusividade (...) O Novo Testamento concorda (...), mas fala de três agentes pessoais, Pai, Filho e Espírito Santo, que operam juntos para realizar a salvação (...) A formulação histórica da Trindade (do latim trinitas, que significa ‘estado de ser três’) não é uma tentativa de explicá-la, propósito que estaria além da nossa capacidade. Apenas oferece limite e salvaguarda aos nossos pensamentos a respeito desse mistério, que nos confronta, talvez, com o mais difícil pensamento que a mente humana pode elaborar. Não é fácil de entender, mas é verdadeiro (...) Embora a linguagem técnica da teologia posterior não se encontre no Novo Testamento, a fé e o pensamento trinitarianos estão presentes em todas as suas páginas. Nesse sentido, a Trindade, é uma doutrina bíblica (...)” (Nota Teológica, página 837: fonte: http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_genebra.htm).

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