domingo, 10 de abril de 2011

REGRAS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA (PARTE 02)

A BÍBLIA NÃO APROVA TUDO AQUILO QUE ELA REGISTRA

A Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento ordena aos filhos de Deus, aos discípulos de Cristo que eles sejam "santos", ou seja, "separados para Deus" em relação ao pecado que corrompe o mundo em que vivemos, para que sejam "luz" para este mundo em "trevas".

No entanto, à despeito de tantas ordens com respeito ao comportamento santo e que seja dado pela Igreja um bom testemunho ao mundo, parece que encontramos exemplos de comportamento nada recomendáveis por parte de alguns, senão muitos personagens bíblicos.

Muitas pessoas podem questionar:

"Que coisa horrível! Abraão mentiu? Jacó amou mais ao seu filho José do que os outros? Ele não sabia que isso é prejudicial na educação dos filhos? E Davi, então, ele adulterou!! O Rei Saul consultou uma médium? Alguns dos doze apóstolos duvidaram de Jesus mesmo depois de passar tanto tempo com Ele e ver Sua sabedoria em ensinar e ver Seus poderosos feitos! Pedro teve preconceito de alguns irmãos! Paulo e Barnabé tiveram uma discussão tão séria a ponto de se separarem no ministério? Isso tudo não pode estar escrito na Bíblia! A Bíblia não manda que sejamos santos e tenhamos um bom testemunho? Desta maneira, a Bíblia está entrando em contradição!"

Esses questionamentos acima podem ser muito comum entre muitas pessoas, até mesmo dos cristãos, mas é equivocado, é uma conhecida "falácia" de interpretação.

Não nos esqueçamos jamais, portanto, que sempre que lermos, estudarmos e meditarmos na Bíblia de uma importante regra de hermenêutica bíblica (interpretação):

A Bíblia não aprova tudo aquilo que ela registra.

É isso mesmo. Vamos repetir? A Bíblia não aprova tudo aquilo que ela registra.

Sim, apesar de toda a Palavra de Deus ser verdadeira (como já temos estudado inúmeras vezes em nossas postagens), é equivocado de nossa parte imaginar que ela recomenda todas as atitudes que ela registra.

Muitos de nós já caíram ou caem ainda neste equívoco quando se deparam com relatos de pecados cometidos inclusive pelos patriarcas de Israel, grandes personagens, grandes heróis, que geralmente são tidos com a maior honra por nós e suas histórias são contadas nas escolas bíblicas dominicais desde os mais novos alunos até os mais antigos.

Mas, atenção: Sim, devemos admirar tudo o que eles fizeram de bom e a importância que tiveram na história, sendo usados por Deus, mas devemos nos lembrar que eles eram falhos também e que Jesus Cristo é o nosso modelo máximo de conduta perfeita.

Antes de comentarmos mais sobre o assunto, vejamos o que Norman Geisler e Tomas Howe afirmaram no seu livro "Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e 'Contradições' da Bíblia" (p. 26), que contribuem consideravelmente para tudo o que estamos estudando:

"É um erro admitir que tudo o que a Bíblia contém seja recomendado por ela. Toda a Bíblia é verdadeira (Jo 17:17), mas ela regitra algumas mentiras, como por exemplo as de Satanás (Gn 3:4, conforme Jo 8:44) e a de Raabe (Js 2:4. A inspiração está sobre toda a Bíblia de forma tão completa e abrangente que ela registra com exatidão e verdade até mesmo as mentiras e os erros dos que pecaram. A verdade, na Bíblia, encontra-se no que ela revela, não em tudo que ela registra. Sem que se faça esta distinção, pode-se concluir de maneira errada que a Bíblia ensina imoralidade, porque ela narra o pecado de Davi (2 Sm 11:4); ou que ela promove a poligamia, porque regitra o caso de Salomão (1 Rs 11:3); ou que ela ensina o ateísmo, por citar o tolo que diz 'Não há Deus' (Sl 14:1)."

É exatamente pelo fato de sempre dizer a verdade que a Bíblia relata episódios e comportamentos nada recomendáveis àqueles que querem seguir a Cristo. A Bíblia não esconde atitudes pouco recomendáveis de seus personagens como fazem algumas bibliografias modernas. Foi o que ela fez, por exemplo, com Davi (2Sm 11:4) e Salomão (1Rs 11:3), como vimos acima.

Deus sempre diz a verdade e como a Bíblia é a Sua Palavra, ou seja, revela tudo o que Ele deseja dizer e ensinar para nós, Ele inspirou os autores bíblicos a narrarem, de uma maneira impressionantemente harmônica, todo o Seu plano de salvação para a humanidade, desde a criação até a consumação da história, o que deveria incluir a história dos hebreus e dos judeus, bem como da igreja primitiva, todos eles homens e mulheres pecadores e falhos, com exceção de Jesus.

Deus poderia ter odernado a que os escritores inspirados por Ele não registrassem esses acontecimentos vergonhosos? Na Sua soberania sim, mas Ele não estaria sendo 100% justo e verdadeiro , mas estaria revelando a história apenas parcialmente, apenas o lado positivo da vida e não o negativo, omitindo fatos importantes, acarretando em uma ilusão. Deus, portanto, não poderia permitir que justamente a Sua Palavra adulterasse a realidade, mentindo para os seus leitores, indo de encontro e negando os Seus atributos de verdade e justiça, por exemplo, o que é impossível.

Na verdade, tudo o que foi registrado na Bíblia é para a nossa edificação, para que aprendamos com estes relatos, aprendamos com os erros destes personagens, mas, não os imitemos nestes casos:

"Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes ds Escrituras, mantenhamos a nossa esperança." (Rm 15:4).

"Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra." (1Tm 3:16).

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