sábado, 25 de dezembro de 2010

JESUS CRISTO: DERROTADO OU VENCEDOR? (PARTE 01)

"...os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos zombavam dele, dizendo: 'Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo! E é o rei de Israel! Desça agora da cruz, e creremos nele. Ele confiou em Deus. Que Deus o salve agora, se dele tem compaixão, pois disse: 'Sou o Filho de Deus'" (Mt 27:41-43).

O maior exemplo do preceito bíblico de que Deus age com um propósito final benéfico utilizando inicialmente uma situação de aparente tragédia ou calamidade vem justamente da maior injustiça já feita a um ser humano (ou melhor, ao Deus Filho, que possuía a natureza humana), através de um assassinato frio e cruel de um inocente, que nunca maltratou ninguém e ensinou o amor ao próximo.

É evidente que todos sabem de quem estamos falando: Jesus Cristo, que quando iniciou o Seu ministério tinha cerca de 30 anos de idade (Lc 3:23) e morreu cedo demais (para os padrões humanos normais), cerca de 3 anos depois, e pior: "assassinado" (de um ponto de vista meramente humano), com 33 anos de idade aproximadamente e muitos podem ficar perplexos com isso.

E mais: para muitos, a morte de Cristo na cruz foi apenas uma demonstração de fraqueza e de derrota da parte Dele.

Muitos aspectos da vida de Cristo não parecem condizer com alguém que um dia viria a ser derrotado.

Jesus se dizia ser o Messias, o Cristo (Jo 4:26; 10:24-25), Ele afirmava ser e foi reconhecido por muitos como o Filho de Deus (Mt 14:33; 16:16; 27:54b; Mc 14:61-62; Jo 5:25; 8:25; 9:35-38; 19:7; Rm 1:4) e até mesmo os demônios sabiam quem Jesus era e se prostravam diante de Sua soberania com medo (Mc 1:34; 3:11; 5:6-7; Lc 8:27-32).

O Espírito Santo esteve presente na vida terrena de Jesus desde o nascimento (Lc 1:35; 3:22; 4:1,14; 10:21; 11:13; At 1:1-2), Jesus já era glorificado pelo Pai Celeste antes mesmo da criação da humanidade (Jo 8:54; 13:31-32; 17:5,24), era o Filho amado que agradava ao Pai (Mt 3:17; 17:5; Lc 3:21-22) e dono de um trono glorioso (Mt 19:28), Ele transmitiu sábios e ricos ensinamentos (Mt cap. 5-7; Jo 13:34-35; 14:1-3,27), mesmo diariamente e de forma aberta e pública, nas sinagogas e nos templos (Mc 14:49; Jo 18:20), que fez com que muitos cressem em Sua mensagem e em Deus (Jo 2:23; 4:42; 8:30; 11:45; 12:42-43) e realizou incontáveis milagres extraordinários diante de todos, fossem os discípulos, o povo ou os fariseus e mestres da Lei, etc. (Mt 9:6-8; 11:4-5; Jo 2:23; 3:2; 6:26; 9:16; 11:38-44).

Jesus era (e é) Rei, Mestre e Senhor (Lc 5:5; 17:13; Jo 3:2; 4:31; 13:13; 18:37; 20:16), Ele é O caminho, A verdade e A vida (Jo 14:6), Ele demonstrou Sua sabedoria, o que admirou a muitos (Mt 13:54; 22:46; Mc 11:18; 12:17,34b; Lc 4:22; Jo 3:11-12; 6:63,68; 7:46; 16:30), demonstrou autoridade (Mt 4:19-20; 21:12-13; Mc 1:22,27; 2:28; Lc 4:32; Jo 1:42; 2:16; 10:27-28; 13:3; 17:1-2), demonstrou a Sua soberania (Jo 15:5,16), poder sobre a matéria criada (Mt 14:19-21; Jo 2:8b,10; 6:5-14), sobre as doenças, enfermidades e tormentos (Mt 4:23-24; 8:1-3; 9:35; 15:30; Jo 5:8-9; 9:6-7), sobre os demônios (Mt 8:16,29-30; Mc 1:24; Lc 4:36; 10:17), sobre a natureza (Mt 8:26-27; 14:25; Mc 4:38-41; Jo 6:19), sobre a vida (Jo 5:21,24-26; 8:51; 10:10b) e a morte (Lc 7:11-15; Jo 4:50; 11:25-26, 38-44).

Ele foi admirado, afamado e seguido pelas multidões (Mt 4:24; 14:14; 15:30; 19:2; 21:8-11; 22:22,33; Mc 7:37; 10:1; Lc 5:15; Jo 12:12-19), chegando às vezes a milhares de pessoas (Lc 12:1), sendo que muitos ouviram fascinados os Seus ensinos e com prazer e alegria mesmo logo de manhã (Mc 12:37b; Lc 13:17; 19:48; 21:38).

Por outro lado, muitos outros aspectos da vida de Cristo parecem indicar que o fracasso poderia ser iminente em Sua vida, diante de tantas dificuldades que Ele passou. Jesus, não apenas utilizou Seus atributos divinos em grandes ensinamentos e milagres extraordinários e nem teve apenas momentos de fama e admiração popular (Lc 4:1-2,36; 5:15; 8:40), mesmo que não as buscasse. Mesmo antes da prisão, vivenciou muitos problemas e conflitos e teve que dar exemplo de tudo o que ensinava (amor, perdão, compreensão, etc.). Ele tinha uma vida muito simples no sentido material, desde o nascimento em situação extremamente pobre (Lc 2:6). Ele tinha aprendido o ofício de carpinteiro (Mc 6:3) e chegou ao ponto de afirmar em certa ocasião que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8:20).

Jesus já sabia quais dos Seus discípulos não creriam Nele e qual deles O trairia (Jo 6:64; 13:11), Ele sabia que muitos não conseguiam entender a sua mensagem (Jo 8:43), Ele enfrentou a incredulidade de muitos judeus (p. ex.: Lc 8:52-55), mesmo diante dos milagres Dele (Mc 3:3-5; Jo 12:37), Ele enfrentou até mesmo a falta de fé Nele, falta de discernimento e de maturidade espiritual por parte dos Seus próprios discípulos (Mt 17:14-17; 28:17; Mc 9:30-32; 10:13-14; 16:10-14; Lc 9:44-45, 54-55; 17:5; 18:34; 24:25; Jo 12:16; 20:9), que inclusive O abandonaram no momento de Sua prisão (Jo 16:31-32). Ele enfrentou oposição e falta de fé por parte de Sua própria família (Mc 3:20-21; Jo 7:3-5).

Ele sabia que muitos atribuíam erroneamente os Seus milagres ao poder de Satanás (Mt 12:24; Mc 3:22; Jo 7:20) e até blasfemaram, dizendo que Cristo estava endemoninhado e havia enlouquecido (Jo 10:20). Ele escapou de uma imensa multidão que queria O proclamar Profeta antes do momento certo (Jo 6:14; comparem com Mc 1:45) e escapou também quando muitos outros tentaram apedrejá-Lo (Jo 8:59) e também prendê-Lo (Jo 7:30) e certa ocasião precisou se manter em segredo mesmo em uma grande festa (Jo 7:10-11), mas nem sempre conseguiu manter em segredo a Sua presença (Mc 7:24).

Jesus já sabia que muitos judeus e os fariseus e mestres da Lei o odiavam (Jo 7:7; 14:24) e planejavam flagrar Jesus em alguma atitude errada e matá-Lo (Mc 14:1; Lc 11:53-54; 19:47-48; 20:19-26; 22:2; Jo 7:19,25; comparem com Mc 11:18), até porque Cristo com autoridade pronunciou muitas severas advertências contra os pecados deles (Mt 23:1-39; Mc 12:38-40; Lc 11:37-52), o que deve ter certamente contribuido para aumentar todo o ódio que sentiam por Ele, mas não conseguiram apanhá-Lo em flagrante transgressão em nenhuma palavra que Ele disse (vejam cf. Lc 20:26,39).

E em se falando em dificuldades as quais Cristo vivenciou, não podemos deixar de mencionar a tremenda angústia que Ele sentiu na véspera de Sua crucificação ao orar ao Pai no Jardim do Getsêmani (Mc 14:34; Mt 26:36-46), sabendo da profunda dor que sentiria devido à crucificação e a terrível separação temporária da presença do Pai Celeste devido ao fato de que todos os pecados da humanidade seriam lançados sobre Ele (Mt 27:46) e sabemos que Deus não tem comunhão com o pecado (Jó 34:10-12; Sl 5:4).

Então, por que? Por que? Por que com tantas insinuações de que o povo e as autoridades (uma grande parte) não compreendia o ministério de Jesus e não nutria simpatia por Ele, mas ódio, e sabendo do sofrimento que viria pela frente, Ele não previu que conseguiriam prendê-Lo, espancá-Lo e matá-Lo?

Afinal, por que? Muitas pessoas, sem conhecer e compreender toda a história da salvação e o poder de Deus, podem questionar por que mesmo depois de todas aquelas demonstrações de poder, sabedoria, autoridade e aprovação pública por parte do Salvador, ainda conseguiram prendê-Lo com facilidade (Jo 18:12).

E mais: nenhum dos Seus servos lutou para impedir que os líderes religiosos judeus O prendessem (Lc 22:52-54; Jo 18:36). E para piorar, bateram e cuspiram Nele (Mt 26:67; Jo 18:22), tentaram depor falsamente contra Ele (Mt 26:59-60; Mc 14:55-56), O mantiveram amarrado (Mt 27:2; Jo 18:24), tomaram a decisão unânime de condenar Jesus à morte (Mt 27:1) e conseguiram levar os romanos, mesmo que estes O considerassem inocente (Mt 27:24b; Lc 23:4,13-15,22; Jo 18:38; 19:4,6b) a O violentar cruelmente com açoites e zombar Dele (Mt 27:39-44; Mc 15:15-20; Lc 22:63; 23:11; Jo 19:1-3) e crucificá-Lo (Mc 15:15; Jo 19:16,23).

Por que Deus permitiu esse "final" tão trágico? Afinal, Jesus não era onisciente? Jesus sabia exatamente o que a pessoas pensavam (Mt 9:4; 12:25; Mc 2:8a; Lc 5:22; 6:8; 9:47; 11:17; Jo 1:47-50; 13:19; 37-38; 18:4). Ele conhecia os pensamentos bons e ruins das pessoas e não se confiava muito a elas (Jo 2:24-25; 6:67; comparem com Mt 22:18; Mc 12:15).

Mas será que foi assim mesmo? Jesus não teve como evitar? Que tragédia não é mesmo?! Mas, será que foi uma tragédia? Será que Jesus foi pego de surpresa e foi derrotado?

Então, diante de tantas "evidências" não nos parece que Ele foi derrotado? Ou será que Ele foi (e é) um vencedor? É o que vamos estudar na próxima postagem.

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