sábado, 18 de dezembro de 2010

AS BÊNÇÃOS DA COMUNHÃO COM O DEUS TRIÚNO

Todo ser humano é essencialmente religioso, mais cedo ou mais tarde em sua vida ele se entrega, se rende a alguma crença para se aproximar de Deus.

Já que a Bíblia é perfeita, pois é a Palavra de Deus e Deus é perfeito, precisamos nos render à Santíssima Trindade que é a essência única de Deus revelada nas Escrituras Sagradas. Do contrário, nos renderemos a algum tipo de culto ou credo herético pagão, que por melhor intencionado que for, estará nos afastando do verdadeiro Deus, que se revelou na Bíblia.

“(...) Render-se a Deus não é a melhor maneira de viver, é a única maneira de viver; nada mais funciona. Todas as outras vias levam à frustração, decepção e autodestruição (...) Se Deus tiver de fazer uma profunda obra em sua vida, ela começará por aqui. Então entregue tudo a Deus (...)” (Rick Warren, “Uma vida com propósitos”, p. 74).

Essa rendição total a Deus, que é triúno, enseja um relacionamento de total confiança com as pessoas da Santíssima Trindade:

“(...) Ao fazer essa confissão [no Deus Triúno] o cristão expressa o fato de que Deus é o Deus vivo e verdadeiro, que é o Deus Pai, Filho e Espírito, o Deus de sua confiança, a quem ele tem se rendido inteiramente, e em que ele descansa com todo o seu coração. Deus é o Deus de sua vida e de sua salvação. Como Pai, Filho e Espírito, Deus o criou, redimiu-o, santificou-o e glorificou-o. O cristão deve tudo a Ele. É sua alegria e prazer que ele possa crer nesse Deus, confiar nEle e esperar tudo dEle.” (Bavinck, “Teologia Sistemática”, p. 156); [citação entre colchetes de minha parte].

Nada do que Deus revela na Bíblia é por acaso. A doutrina da Trindade nos revela não somente o quanto Deus é singular e poderoso, mas também o Seu infinito amor para conosco e Seu desejo de realizar uma profunda e permanente obra em nosso viver. Só alcançamos este entendimento quando buscamos uma amizade, um relacionamento com o Deus Triúno. Mesmo que não tenhamos ainda compreendido completamente a doutrina trinitariana, o mais importante é buscar a Deus acima de tudo:

“(...) Ter amizade com Deus só é possível por causa da graça de Deus e do sacrifício de Jesus (...) Um antigo hino diz ‘Quão bondoso amigo é Cristo’, mas na verdade Deus nos convida a desfrutar da amizade e da companhia das três pessoas da Trindade: nosso Pai, o Filho e o Espírito Santo (...)” (Rick Warren, “Uma vida com propósitos”, p. 77).

Sem fé em Deus, realmente é difícil imaginar uma amizade entre o Deus perfeito e uma criatura imperfeita, mas como afirmamos anteriormente sobre o nosso Mediador, Cristo, graças à Sua encarnação e Sua intercessão por nós ao Pai, este relacionamento é perfeitamente possível. Sem mencionarmos a direção constante do Espírito Santo em nosso viver.

É aceitando e vivendo este amor de Deus em profundo relacionamento com Sua natureza triúna, que poderemos conhecê-Lo cada vez melhor, destruindo, assim, todas as barreiras que existam em nosso ser e que estejam impedindo a nossa comunhão com Ele, tais como o medo, o orgulho (representando o pecado de uma maneira geral) e a falta de entendimento:

“Existem três barreiras que impedem a nossa total rendição a Deus: medo, orgulho e falta de compreensão (...) Você não irá se render a Deus, a menos que confie nele, mas você não tem como confiar nele até que o conheça melhor. O medo impede que nos rendamos, mas o amor lança fora todo o medo. Quanto mais você se der conta do quanto Deus o ama, mais fácil será você se render (...) Uma segunda barreira para a total rendição é o nosso orgulho. Não queremos admitir que somos apenas criaturas e que não estamos no controle de coisa nenhuma (...) Não somos Deus nem jamais seremos; somos humanos! É quando tentamos ser Deus que acabamos mais parecidos com Satanás, o qual quis a mesma coisa (...) Render-se não é suprimir a própria personalidade; Deus quer utilizar sua personalidade singular. Em vez de diminuí-la, render-se a aprimora (...)” (Rick Warren, “Uma vida com propósitos”, pp. 70-71).

Após eliminarmos de nosso viver as barreiras que temos com Deus, atingimos um desenvolvimento do nosso caráter, agora transformado diariamente por Ele, e em conseqüência, podemos auxiliar as pessoas que estão afastadas de Deus, atingindo, assim, um patamar muito mais elevado dentro dos Seus propósitos para a humanidade: uma sociedade mais santa e justa, entregue confiadamente em Suas soberanas mãos.

O processo se dá com o desenrolar destas três etapas:

1ª) Entendemos que Deus nos ama, então, perdemos todo o medo;

2ª) Então conhecemos mais a Deus e nos rendemos a Ele, nos tornando pessoas melhores; e

3ª) Podemos contribuir na edificação de uma sociedade melhor.

Esta dinâmica comportamental dentro dos propósitos de Deus para a humanidade, envolvendo Seu relacionamento com a Igreja e com a sociedade, só é possível com o exercício do amor. Ele deu o exemplo maior de amor, é iniciativa dEle nos amar e em conseqüência, devemos nos amar e levar este amor à sociedade. Mas, como podemos realizar esta obra?

É permanecendo firmes em comunhão com Cristo, o Senhor da Igreja, em uma relação de total dependência de Seus mandamentos e de Seu amor, que poderemos ver realizados os Seus propósitos através de nossas realizações. Assim, como o Filho, guardou os mandamentos e permaneceu no amor de Deus Pai.

Observemos o texto de João 15:5-17:

"Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15:5, comparem com vv. 1,16).

E com a obediência aos mandamentos divinos, os nossos desejos se realizam (v. 7, cf. v. 16). Para que, frutificando em nossas realizações como discípulos escolhidos do Senhor Jesus, Deus Pai seja glorificado (v. 8; cf. v. 16). E com o propósito de que não vivamos uma vida medíocre e frustrada, mas para que a alegria de Cristo esteja conosco e a nossa alegria seja completa (v. 11).

Mas, qual é o mandamento que Cristo nos deu? Que nos amemos uns aos outros, da mesma forma como Ele nos amou (v. 12, cf. v. 17; comparem com 1Pe 4:8). E este amor de Cristo, a ponto de morrer em nosso lugar, é o vínculo necessário para um perfeito relacionamento nosso com Deus (cf. Cl 3:14), a ponto de sermos chamados de Seus amigos, a ponto do Filho não ocultar a vontade do Pai, mas revelá-la a nós, em sinal de amizade (vv. 13-15).

No entanto, o vínculo perfeito do amor entre Deus e os homens, revelado em Cristo, não pode ficar restrito à Igreja, mas, ser estendido à sociedade, para que os que crerem sejam batizados em nome de Deus, ou seja, em nome da Trindade (Mt 28:19). Para executar esta missão, a Igreja deve voltar-se para o seu Senhor, ela carece de um urgente avivamento, ela está espiritualmente enferma e sonolenta. Como ela vai pregar sobre alguém com o qual não se relaciona direito? Como poderemos falar sobre Deus se não orarmos, lermos a Bíblia, jejuarmos ou vivermos uma vida piedosa e de testemunho? Será que as nossas palavras estão refletindo mesmo a vontade de Deus?

Podemos observar, mais adiante, no contexto do capítulo 17 do mesmo evangelho de João que devemos refletir em nós como Igreja de Cristo, a unidade existente no Ser de Deus, o que redundará em testemunho tal que o mundo crerá no amor de Deus (Jo 17:21-22).

Não devemos criticar a doutrina da Trindade, devido à alguma dificuldade de aprendizado, mas, nos curvar diante de Deus, admitindo, que somos “crianças espirituais”, ainda imaturos demais no conhecimento de Deus. Muitos acreditam no poder de Deus para curar, para restaurar e até ressuscitar os mortos, mas, não conseguem acreditar que Ele é poderoso e soberano o suficiente para ser uma Trindade!

Busquemos uma comunhão íntima com Deus, diária, peçamos a Ele sabedoria diante de Sua Palavra revelada e nos arrependamos dos nossos pecados. Deixemos um pouco de lado a vida moderna tão materialista e automatizada e reservemos momentos para nos aquietar, buscar a Deus e desfrutar de Sua maravilhosa presença:

“Então me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” (Jr 29:12-13; cf. Sl 16:11; 25:14; At 2:28).

Deus jamais nos convocou a que O compreendêssemos totalmente, mas, sim, para que tivéssemos fé e confiança nEle, buscando-O sempre em primeiro lugar:

“Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino [do Pai Celeste] e a sua justiça, e todas estas coisas [alimentação e vestuário] vos serão acrescentadas.” (Mt 6:33; cf. vv. 25-34; Ap 2:4-5b); [citações entre colchetes de minha parte].

"[...] A razão se vê diante de uma pedra de tropeço quando confrontada pela natureza paradoxal da doutrina trinitariana. “Mas”, asseverou Martinho Lutero, de modo enérgico, “posto que se baseie claramente nas Escrituras, a razão precisa conservar-se em silêncio sobre o assunto; devemos tão somente crer.Por isso, o papel da razão é o de auxiliar, e nunca de dominar (atitude racionalista), a entender as Escrituras, especialmente no tocante à formulação da doutrina da Trindade. Não estamos, pois, tentando explicar Deus, mas, sim, considerar as evidências históricas que estabelecem a identidade de Jesus como homem e também como Deus (em virtude dos seus atos milagrosos e do seu caráter divino) e, ainda, “incorporar a verdade que Jesus tornou válida no que diz respeito ao seu relacionamento eterno com Deus Pai e com Deus Espírito Santo [...]” (fonte: http://adca.org.br/site/modules/articles/article.php?id=6).

Devemos glorificar e exaltar a Deus por aquilo que Ele é: insondável (Rm 11:33-34) e permitir que os mistérios da vida, ocultos nEle, sejam desvendados de acordo com Sua vontade:

"As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” (Dt 29:29; comparem com Dn 2:22; Lc 8:17; 12:2; Cl 2:1-4; Rm 16:25-27; 1Co 2:6-9; Ef 1:9).

Isto é confiança e humildade diante de Deus. Atitudes que são frutos de um coração que busca verdadeiramente a Ele, não pelo que Ele pode oferecer, mas por tudo aquilo que Ele é, sem que, no entanto, se procure compreender todos os mistérios da vida primeiro (e sempre do ponto de vista humanístico filosófico).

Deus é misteriosamente revelado, mas, não completamente decifrado.

Podemos afirmar que, metaforicamente, toda a Palavra revelada no Antigo e no Novo Testamento paulatinamente foi fornecendo como que peças de um glorioso “quebra-cabeças” até que o cânon das Escrituras foi finalizado e a última peça “encaixada” pelo livro do Apocalipse. A questão é que não conseguimos compreender completamente a figura que nos foi revelada neste “quebra-cabeças”, podemos “apenas” crer nela.

Finalmente, desejamos apresentar as sábias palavras de Eugene H. Peterson com respeito ao nosso relacionamento prático com as três pessoas da Trindade (livro: "A maldição do Cristo genérico - A banalização de Jesus na espiritualidade atual").

"A noção de 'Trindade' é a formulação teológica que fornece a estrutura mais adequada para manter as conversas sobre a vida cristã coerentes, focadas e pessoais. Desde o início, a comunidade cristã percebeu que tudo a nosso respeito - adorar e aprender, conversar e ouvir, ensinar e pregar, obedecer e decidir, trabalhar e brincar, comer e dormir - se desenrola no 'território' da Trindade, ou seja, na presença e no meio das operaçõe de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Se a presença e a operação de Deus não forem entendidas como o que define quem somos e o que estamo fazendo, nada será entendido e vivido corretamente" [p. 19]; (...) "Na verdade, trata-se de nosso empreendimento intelectual mais exuberante sobre Deus. A Trindade é a tentativa conceitual de dar coerência a Deus conforme ele é revelado diversamente como Pai, Filho e Espírito Santo nas Escrituras: Deus é intensamente pessoal; é Deus única e exclusivamente em relacionamentos. A Trindade não é uma tentativa de explicar ou definir Deus por meio de abstrações (ainda que, em parte, seja isso também), mas um testemunho de que Deus se revela pessoal, em relacionamentos pessoais. A consequência prática desse fato é que Deus nos resgatou das especulações dos metafísicos e nos trouxe ousadamente para uma comunidade de homens, mulheres e crianças chamados a ter essa vida comum de amor, uma vida exremamente pessoal, na qual experimentam a si mesmos em termos pessoais de amor, perdão, esperança e desejo. Descobrimos, sob a imagem da Trindade, que não conhecemos Deus ao defini-lo, mas ao sermos amados por ele e ao correspondermos a esse amor." [p. 20]

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