sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ADORANDO AS TRÊS "PESSOAS" DA TRINDADE

Podemos adorar as três pessoas da Santíssima Trindade? Vejamos.

O Pai procura para Si adoradores que O adorem em espírito e em verdade, ou seja, que sejam autênticos e não materialistas e o Filho deve ser adorado e honrado da mesma forma como ao Pai:

“Mas vem a hora, e já chegou, quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.” (Jo 4:23; cf. v. 24); 

 “...a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.” (Jo 5:23; Mt 14:33; comparem com 9:35-38; 20:28; Ap 5:11-13; 7:9-12).

Mesmo que não haja uma menção bíblica direta a orarmos ao Espírito ou adorarmos o Espírito, sendo Ele a totalidade do Ser divino, assim como o Pai e o Filho, seria um tanto quanto conflitante e discutível imaginarmos não poder adorá-Lo. Seria como não poder adorar a Deus! 

Mesmo o Espírito Santo sendo glorioso (1Pe 4:14) e tendo a missão de glorificar e testemunhar a Cristo e não a Si mesmo (Jo 15:26; 16:13-14), Ele é digno de honra, glória e adoração, igualmente como o Pai e o Filho.

De que maneira, afinal, adoramos o Espírito Santo? As considerações do Rev. Hermisten da Costa certamente podem nos auxiliar nesta questão:

“O ministério do Espírito só pode ser compreendido e avaliado de modo correto dentro da perspectiva cristocêntrica; um enfoque sem esta consideração consiste num esquecimento do Espírito por maior que seja nosso desejo de ‘reabilitá-lo’ à igreja. Quando a igreja compreende adequadamente quem é Cristo e seu ministério, ela honra o Espírito, porque este conhecimento só pode ser alcançado por obra de Deus (Mt 11.27; 16.17) e é o Espírito de Deus que nos conduz à verdadeira compreensão de Cristo. A confissão de Cristo por parte da igreja é, de certa forma, a glória do Espírito (Jo 14.26; 15.26; 16.13-15; 1Co 12.3).” (“Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo”, p. 383).

Portanto, nós prestamos a devida adoração ao Espírito Santo quando:

1º) Compreendemos o ministério e a Pessoa de Cristo;

2º) Quando obedecemos a Palavra de Deus, pois é a espada do Espírito (Ef 6:18; cf. 2Pe 1:21); 

3º) Quando nos enchemos do Espírito. De que maneira? Falando entre nós com salmos, hinos e cânticos, com gratidão ao Pai, em nome de Jesus e em sujeição uns aos outros (Ef 5:18-21; cf. Cl 3:15-17);

4º) Quando evitamos uma vida pecaminosa (Gl 5:16-26) para não O entristecermos (Ef 4:30) e, assim, desenvolvermos o fruto do Espírito (Gl 5:22-23); e

5º) Quando exercitamos os dons espirituais concedidos pelo Espírito (Rm 12; 1Co 12; Ef 4).

Não apresentaremos um novo elemento à Pneumatologia, a doutrina do Espírito Santo (e nem estamos aptos para tal missão), mas, baseados no que já estudamos, a questão de adorar o Espírito na forma de cântico ou hino pode eventualmente gerar um certo grau de sadia discussão (afinal, a adoração ou o louvor através da música é uma forma de oração).

Muitas pessoas acreditam que podemos entoar hinos e cânticos ao Espírito seja qual for a letra, com petições inclusive. Outras podem concluir que a letra deve ser composta apenas de adoração e louvor (o que a Bíblia jamais proibiu) e não de petições (que, conforme o modelo bíblico, devem ser dirigidas ao Pai ou ao Filho).

De fato, as tarefas do Espírito Santo, entre outras, são a de glorificar a Jesus e interceder por nós ao Pai em nossos corações. Do contrário, Ele intercederia por Ele mesmo! Por outro lado, Cristo também intercede por nós ao Pai no Céu e referências bíblicas mencionam uma busca a Cristo em oração.

Em seu livro "Destinados para a glória", pp. 37-38, o Rev. Hernandes Dias Lopes, comentou sobre a intercessão ao Pai realizada por Cristo e pelo Espírito:

"[...] Precisamos compreender que cada pessoa da Santíssima Trindade tem um lugar singular e distinto na oração. Por meio de Cristo, temos acesso ao Pai pelo Espírito Santo. A oração é dirigida ao Pai, por meio do Filho, pelo Espírito Santo. Temos dois intercessores na Trindade: O Espírito Santo e Jesus. O Espírito intercede em nós, assim como Jesus intercede por nós. Jesus é o intercessor no céu, enquanto o Espírito é o intercessor na Terra. Jesus intercede por nós à destra do Pai, ao passo que o Espírito intercede por nós dentro de nós. Jesus é o nosso intercessor forense e legal, e o Espírito é o nosso intercessor existencial [...]"

Mais adiante, na p. 45, ele salientou que:

"[...] A mente do Espírito está afinada com a mente do Pai. Não há conflito na Trindade. O Espírito nunca intercede por uma causa contrária à vontade do Pai [...]"

Em suma, já que o Novo Testamento não é detalhista e exaustivo quanto à forma de culto do período apostólico, principalmente no tocante à esta questão e pelo fato de jamais ter proibido falarmos com o Espírito Santo, é mais sensato que esta questão seja orientada por Deus soberanamente ao coração de cada um de nós.

É relevante ressaltar que não existem restrições ou facções em Deus. Se adoramos ao Pai ou a Cristo, isso não quer dizer que não estamos adorando o Espírito. Não podemos nos esquecer que Deus é uma única e indivisível essência. Quando nos dirigimos a uma das pessoas da Trindade, não estamos excluindo as outras, tirando a glória delas e muito menos causando ciúme entre elas. Cada pessoa da Trindade é totalmente Deus. De uma certa forma, quando adoramos o Pai ou o Filho ou o Espírito Santo, estamos adorando as demais pessoas. Mesmo distintas, uma pessoa misteriosamente habita na outra, participa da existência da outra.

É evidente que podemos louvar e orar ao nosso único Deus sem nos dirigirmos especificamente a uma das pessoas da Trindade (Lc 18:1; At 4:21,23-31; 1Tm 1:17). E mesmo que oremos especificamente ao Pai ou ao Filho, não estamos falando com uma parte ou um terço do Ser divino, e menos ainda com um ser inferiorizado, mas, sim, com Deus em Sua totalidade.

Em outras palavras, portanto, devemos adorar as três pessoas da Santíssima Trindade, pois elas são o nosso único Deus, digno de toda adoração, honra e louvor.

“Um e Três: Trindade: (...) Praticamente falando, a doutrina da Trindade exige que demos honra igual a cada uma das três Pessoas na unidade do Deus único (...)” (Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra, Nota Teológica, página 837 (http://www.monergismo.com/).

"A Doxologia da igreja ao que está assentado no trono (Ap 4:10-11). João fala sobre três coisas importantes: Primeiro, o objeto da adoração. Os remidos adorarão Àquele que vive pelos séculos dos séculos. Também adoram o Espírito Santo (1:4-5; 4:5). Igualmente adoram o Cordeiro (5:12,13) (...) João é chamado ao céu para ver o trono e o Entronizado. O trono de Deus está no centro do universo (...) Todo o louvor e glória são dirigidos Àquele que está assentado no trono.” (Rev. Hernandes Dias Lopes: “Apocalipse – O futuro chegou”, p. 158).

Portanto, que o nosso querido Deus triúno seja adorado pelos séculos dos séculos. Amém.

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