sábado, 30 de outubro de 2010

ANALOGIAS COTIDIANAS PARA A TRINDADE

INTRODUÇÃO ÀS ANALOGIAS

Depois de verificarmos as evidências bíblicas da atuação das três pessoas da Santíssima Trindade e de que são o mesmo e único Deus e ao mesmo tempo três existências pessoais distintas, vamos estudar inúmeras maneiras de tentar compreender melhor a Trindade.

Inúmeras analogias (comparações) já foram apresentadas não apenas pelos estudiosos do assunto, mas também pela sociedade em geral (na grande parte das vezes por pessoas leigas no assunto) no intuito de trazer alguma compreensão diante do mistério da Trindade, mas veremos que todas as comparações que façamos no intuito de compreender melhor a Deus acabam sendo insuficientes. Como afirmou Wayne Grudem em sua obra “Teologia Sistemática” (p. 176):

“(...) As pessoas já usaram várias analogias retiradas da natureza ou da própria experiência humana para tentar explicar esta doutrina [a trinitariana]. Embora tais analogias sejam úteis num nível elementar de compreensão, todas elas se revelam inadequadas ou ilusórias numa reflexão mais aprofundada (...)” [citação entre colchetes de nossa parte].

Portanto, apesar de insuficientes, para um estudo inicial e uma demonstração mais didática da doutrina trinitariana, as analogias são úteis. Algumas são úteis apenas para conhecermos como o ser humano possui uma concepção da Santíssima Trindade tão equivocada, pois se mostram extremamente distantes da realidade bíblica, chegando a serem absurdamente heréticas. Enquanto que outras já se aproximam mais da realidade, mas nunca uma ou algumas delas atingem o objetivo de expressar realmente como é a Trindade.

Podemos, portanto, distinguir quatro tipos dessas analogias:

01) Analogias cotidianas: exemplos corriqueiros e simplórios de diversas atividades da vida humana;

02) Analogias cosmológicas: exemplos extraídos da criação de Deus;

03) Analogias gráficas: compostas de diagramas didático-ilustrativos; e

04) Analogias artísticas: demonstradas através de desenhos, pinturas e esculturas.

Mas, estudar analogias não nos fará entrar em contradição justamente com aquilo que estudamos anteriormente sobre não tentarmos idealizar a Deus partindo do nosso ponto de vista meramente humano e falho? Sim, de certa forma. Mas, as estudaremos justamente para demonstrar a nossa falibilidade humana. Ademais, as analogias são recursos didáticos para tentarmos elucidar algumas questões trinitárias e todas elas não conseguem atingir o objetivo de compreendermos ao Deus triúno, porque Ele é insondável, como vimos nesta mesma parte mencionada do nosso estudo trinitariano.

Aliás, algumas analogias contradizem essa regra estudada anteriormente, outras não. Algumas são baseadas em nossas meras criações e pontos de vista, outras são baseadas nas revelações bíblicas e podem fornecer uma pequena noção do que ensina a doutrina trinitariana. Portanto estas últimas são válidas conquanto também sejam insuficientes.

Ao final destas postagens sobre analogias todos nós poderemos perceber na prática qual é o proveito que podemos extrair das analogias para a nossa vida.

ANALOGIAS COTIDIANAS PARA A TRINDADE

As analogias cotidianas estão diretamente ligadas ao que observamos anteriormente sobre não idealizarmos a Deus do ponto de vista meramente humano. São oriundas de exemplos das capacidades criativas humanas (dadas por Deus), desenvolvidas em inúmeras atividades cotidianas. Muitas pessoas as utilizam, imaginando que, com elas, possuem bons exemplos da Trindade. Um ledo engano. Elas são extremamente insuficientes e muitas são de pouquíssimo proveito para compreender melhor a Trindade:

1ª) A analogia cotidiana mais rudimentar provavelmente é a do antigo aparelho de som “três em um”, o qual desempenha basicamente três funções: executa CD´s, fitas cassete e estações de rádio. Realmente uma analogia extremamente fraca, utilizada apenas para iniciarmos esse assunto.


2ª) Outra analogia cotidiana é a de três automóveis que possuem a mesma marca, o mesmo modelo e ano de fabricação, a mesma cor, os mesmos acessórios, etc. Os três são idênticos, são da mesma natureza, por assim dizer. Porém, eles são distintos entre si, devido à individualidade de cada um outorgada pelo número do chassi, da placa e do RENAVAM, por exemplo. (OBS: as imagens abaixo são meramente ilustrativas e não ensejam qualquer alusão à alguma marca ou modelo).

3ª) Outra analogia cotidiana poderia ser um suposto escritório que se dividiria em três atividades: 1º) Imobiliária; 2º) Advocacia; e 3º) Despachante. É a mesma empresa, inclusive funcionando no mesmo local, mas possui três salas diferentes, uma para gerenciar cada ramo de atividade (Obs: estas considerações são ilustrativas e não seguem necessariamente alguma especificação técnica de qualquer setor profissional).

  

4ª) Temos também a analogia dos três elementos básicos de uma partitura musical: melodia, harmonia e andamento (ritmo). Cada elemento é distinto entre si, mas todos fazem parte da escrita musical (obs: existem outros elementos, como por exemplo, a dinâmica ou expressão, a letra, as cifras, a fórmula de compasso que é ligada ao ritmo, a tonalidade que é ligada a harmonia, etc.).


5ª) Uma outra analogia bastante conhecida de todos seria a dos três poderes que constituem o mesmo governo: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Eles são distintos entre si, cada um com a sua função, mas são interdependentes e formam o mesmo sistema de governo.
  


6ª) Uma analogia cotidiana, mas que é mais complexa do que as que já observamos seria a de uma estrada fictícia. Esta estrada passaria por dentro de uma cidade qualquer e por isso seria considerada estrada municipal naquele ponto (estrada municipal “Fulano de tal”, por exemplo), mas, como ela seria uma ligação com outra importante cidade do mesmo Estado da Federação, obviamente ela também seria considerada estadual (SP-000, por exemplo). Contudo, esta estrada não apenas ligaria cidades do mesmo Estado, mas cruzaria a fronteira (fluvial) entre dois Estados da Federação e, portanto, também seria considerada rodovia federal (BR-000, por exemplo).

Sendo assim e considerando que uma das cidades pela qual esta estrada passaria estaria à beira do rio que faz fronteira entre estes dois Estados, na exata localização desta cidade, a mesma estrada poderia ser considerada municipal, estadual e federal ao mesmo tempo (Obs: estas considerações são fictícias e não denotam necessariamente nenhum exemplo ou fazem menção à um possível caso real, inclusive em relação à imagem abaixo).


7ª) Finalmente, um outro exemplo corriqueiro e bastante conhecido por grande parte da população é o da Matemática. Muitas pessoas refutam a doutrina da Trindade utilizando o raciocínio contido nesta ciência, afirmando que “um” mais “um” mais “um” é igual a “três” (1 + 1 + 1 = 3), e então, neste caso, a Trindade seriam três deuses. Mas, por que não usarmos a multiplicação? Ora, sabemos que “um” vezes “um” vezes “um” é igual a “um” (1 X 1 X 1 = 1). (fonte de inspiração deste item: Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã - www.carm.org/Portugues/index.htm). Compare com uma crítica sobre o assunto em http://simplesmente.com/2009/06/01/poder-de-deus).

As analogias cotidianas são pouco proveitosas para uma melhor compreensão da doutrina da Trindade. Elas são limitadas e falhas por serem extraídas de produtos criativos, sim, mas da limitada e falha mente humana, infinitamente aquém da mente de Seu Criador. Elas simplesmente possuem caráter iniciatório neste estudo, servindo de base para um maior aprofundamento posterior, o que faremos a seguir, na próxima postagem, através da criação divina, pois, o mais importante no estudo da Trindade não é procurar exemplos da essência de Deus oriundos de meras invenções humanas, mas nos basearmos nas revelações bíblicas.

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