domingo, 17 de outubro de 2010

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO (PARTE FINAL)

EVIDÊNCIAS NAS EPÍSTOLAS GERAIS

Epístola aos hebreus:

30) Podemos servir a Deus, limpando nossas consciências, através do poder do sangue de Jesus Cristo, que foi oferecido ao Pai por nós, pelo Espírito Santo:

"Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9:14).

Epístola de Judas:

31) Podemos orar com o auxílio do Espírito Santo, nos guardando no amor do Pai, tendo nossa esperança embasada na misericórdia de Jesus:

"Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna." (Jd 20-21).

Primeira epístola de Pedro:

32) Este item está diretamente relacionado ao item 22: A obra salvífica efetuada pelas três pessoas da Trindade: Os cristãos foram eleitos pela presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito Santo, visando a obediência e aspersão do sangue de Jesus, o Filho:

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.” (1Pe 1:1-2).

Primeira epístola de João:

33) No mandamento de Deus Pai em crermos em Jesus Cristo, o Deus Filho e nos amarmos uns aos outros, pois assim, o Deus Espírito Santo permanece em nós, pois foi enviado pelo Pai:

“Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou. E aquele que guarda os seus mandamentos, permanece em Deus, e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu.” (1Jo 3:23-24).

UMA APARENTE EVIDÊNCIA NA PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Existe outra passagem que poderia ser talvez a maior evidência neo-testamentária acerca da Trindade, mas carece de comprovação de autenticidade. Estamos falando de 1º João 5:7 (a versão Almeida Revista e Atualizada traz parte deste texto entre colchetes para expressar a carência de autenticidade do mesmo, cf. v. 8):

“Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um”.

Os teólogos Wayne Grudem e Hermann Bavinck comentaram toda a problemática acerca desta passagem. Grudem afirmou que:

“(...) a tradução (dentro de colchetes, significando que o texto em questão não tem apoio dos melhores manuscritos) que a ARA dá de 1Jo 5.7 não deve ser usada com esse fim [o de comprovar a Trindade] (...) O problema dessa tradução é que ela se baseia num número muito pequeno de manuscritos gregos pouco confiáveis, sendo o mais antigo deles do século XIV d. C. As melhores versões não incluem esse trecho, mas o omitem, como o faz a grande maioria dos manuscritos gregos de todas as tradições textuais de monta, inclusive vários manuscritos bastante confiáveis dos séculos IV e V d. C. e também citações dos pais da igreja, como Ireneu (m. c. 212 d.C.), Tertuliano (m. depois de 220 d.C.) e o grande defensor da Trindade, Atanásio (m. 373 d. C.)” (Grudem, “Teologia Sistemática”, p. 169).

Já Bavinck em “The Doctrine of God” (pp. 265-266), afirmou que:

“A genuinidade do texto de 1Jo 5.7 permanece duvidosa. Ela não é encontrada em quaisquer dos códices gregos, exceto em uns poucos datados do século XVI. Também não aparece em quaisquer dos códices latinos anteriores ao século VIII e está ausente de quase todas as versões. Além disso, nunca é citado pelos pais latinos: Hilário, Ambrósio, Jerônimo, Agostinho, etc. Se é citado ou pressuposto por Tertuliano, ele deve ter existido desde aproximadamente ao ano 190; e se é citado por Cipriano, deve ter sido conhecido por volta do ano 220. Se a Versão Africana continha esse texto – como é sustentando por um manuscrito datado do século V e por outro do século VII – podemos voltar ainda no tempo, porque a Versão Africana data de por volta do ano 160 e foi trazida para a Itália por volta de 250. Com certeza, podemos afirmar que esse texto apareceu nos escritos de Virgílio, por volta de fins do século V. No século XVI, ele foi incluído no N.T. Grego Complutensiano, por Erasmo na terceira edição de sua obra, por Robert Estienne (Estefano), por Teodoro Beza, e no Textus Receptus. Ele não é definitivamente exigido pelo contexto e seria muito difícil explicar a sua omissão e subseqüente desaparecimento. Há ainda alguns que defendem esta passagem como genuína. Em 1897, a questão de se 1 Jo 5.7 pode ser rejeitado com segurança ou pelo menos omitido por ter origem duvidosa foi rejeitada pela Congregação do Santo Ofício, em Roma, decisão essa que foi ratificada pelo papa. Mas aparentemente esse veredicto não resolveu a questão da autenticidade do texto...De qualquer modo, mesmo após essa declaração oficial [da Igreja de Roma], muitos teólogos católicos romanos têm defendido com muitos argumentos a inautenticidade de 1 Jo 5.7” (citado em “O ser de Deus e os seus atributos” de Héber C. Campos, pp. 110-111).

Vejam ainda uma discussão complementar que parece ir contra estas últimas matérias apresentadas: (http://solascriptura-tt.org/Bibliologia-PreservacaoTT/ObservacoesSobreAutenticidade1Joao5_7-Dabney.htm)

Portanto, das 8 epístolas consideradas GERAIS, em 4 encontramos evidências trinitarianas: Hebreus, 1 Pedro, 1 João e Judas e em 4 epístolas não encontramos menções da Trindade: Tiago, 2 Pedro, 2 João e 3 João.

EVIDÊNCIAS EM APOCALIPSE

34) Ressaltamos também a saudação trinitária de Apocalipse 1:4-6, onde lemos:

“João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete espíritos que se acham diante do seu trono, e da parte de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém”.

Aqui o apóstolo e evangelista João saudou as igrejas da Ásia da parte do Pai, do Espírito Santo, que está diante do trono de Deus e de Jesus Cristo, que se ofereceu ao Pai, pelos nossos pecados. O Espírito Santo neste texto é indicado pelos “sete espíritos” (Ap 3:1; 4:5; 5:6), em Sua perfeita plenitude (cf. Is 11:2). É importante destacar que o número sete ocorre 54 vezes em Apocalipse e é associado à inteireza, ao cumprimento e à perfeição (cf. Gn 2:2; Ex 20:10; Lv 14:7; At 6:3).

Sobre esta passagem, J. I. Packer (pastor anglicano) comentou:

“...É assim que lemos a bênção trinitária de 2Coríntios 13.14 [am algumas versões é no v. 13], e a oração por graça e paz do Pai, Espírito e Jesus Cristo em Apocalipse 1.4,5 (teria João colocado o Espírito entre o Pai e o Filho, se não reconhecesse o Espírito como divino no mesmo sentido que eles são?)”.

35) Cristo, o Filho de Deus, ressurreto, diz a igreja de Tiatira, através de uma das cartas que ordena que o apóstolo João escreva:

“Assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 2:28-29).

36) Semelhantemente, Cristo, a igreja de Sardes, diz:

“O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap 3:5-6).

É assaz interessante e edificante perceber que Cristo, como Filho, faz afirmações às igrejas que O incluem juntamente com o Pai Celeste, mas, em seguida exorta que os cristãos atentem para a mensagem do Espírito Santo para essas igrejas (comparem com Ap 3:12-13, 21-22).

37) O Espírito Santo afirma que aqueles cristãos que perseveram na obediência a Deus Pai e na fé em Jesus, o Filho, podem ter a certeza e o consolo de receber no Céu o descanso depois de terem trabalhado arduamente na obra do Senhor:

“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.” (Ap 14:12-13).

38) Nas últimas palavras de Jesus, o Filho, no livro do Apocalipse, sobre a Sua mensagem às igrejas, sobre o anseio desta igreja e do Espírito Santo na volta do Senhor e que se alguém ensinar algo além do que foi transmitido, o Pai irá castigá-lo com as mesmas pragas que o Apocalipse relatou (“Pai” está implícito, pois é Cristo quem está falando):

“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas [...] O Espírito e a noiva dizem: Vem! [...] Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro.” (Ap 22:16a,17a,18b).

Existem muitas outras evidências em Apocalipse, mas mais especificamente evidências da igual participação na Divindade das pessoas do Pai e do Filho, as quais veremos posteriormente.

O "ELO TRINITÁRIO" ENTRE OS TESTAMENTOS

Apresentaremos uma referência do Antigo Testamento que, aliada à duas outras passagens do Novo, formam o que o escritor Aldo Menezes denominou de “elo trinitário entre o Antigo e o Novo Testamento” (livreto: “As Testemunhas de Jeová e a Trindade”, p. 29).

Easa é mais uma demonstração da progressividade da revelação da vontade divina aos homens contida nas Escrituras. Somente analisando o Novo Testamento, encontramos essa conexão maravilhosa das pessoas da Trindade com o Antigo Testamento. Aqui, Deus mais uma vez se expressa no plural (comparem Gn 1:26; 11:7; Nm 6:24-26; Dn 9:19; Is 33:22; Ap 4:8). O texto que desejamos enfatizar é o de Isaías 6:1-9 (interpretado à luz do Novo Testamento):

“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado. Depois disto ouvi a voz do SENHOR, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais”.

Algumas observações importantes devem ser feitas sobre esta passagem:

PRIMEIRA: No v. 8 ocorre mais uma forma plural, “quem há de ir por nós?”. Afirmar que o profeta subentendeu que Deus falava no plural, pois incluiu os anjos não é correto porque em outras ocasiões, quando não só o ser humano estava presente, mas até anjos, a forma permaneceu no singular (Gn 18:21-22), pois neste caso, apenas um membro da Trindade estava presente, enquanto que na visão de Isaías aparecem os três, o que se verifica inclusive pela tríplice expressão: “Santo, Santo, Santo”;

SEGUNDA: Deus Pai estava ali: A visão da glória divina implica logicamente a presença do próprio Deus, o Pai, que é implicitamente mencionado no v. 1;

TERCEIRA: Jesus Cristo em Seu estado pré-encarnado estava ali. Podemos afirmar isso diante da passagem de João 12:36-41. Pelo contexto que veremos, no v. 41, o texto revela que Isaías afirmou tais coisas quando viu a glória de Jesus.

“Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Jesus disse estas coisas e, retirando-se, ocultou-se deles. E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele; para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso não podiam crer, por que Isaías disse ainda: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, e se convertam e sejam por mim curados. Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito”.

QUARTA: O Espírito Santo estava na visão de Isaías. Podemos afirmar isto devido às inspiradas declarações do apóstolo Paulo em Atos 28:25-27, especialmente no v. 25b, incluindo o v. 10 de Isaías 6:

“E havendo discordância entre eles, despediram-se, dizendo Paulo estas palavras: Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías, quando disse: Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido ouvireis, e não entendereis; vendo vereis, e não percebereis, porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente, e fecharam os seus olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados”.

CONCLUSÕES DESTA PARTE

Portanto, observamos até aqui textos bíblicos (do Antigo e do Novo Testamento) que comprovam claramente a existência e a atuação das três pessoas da Trindade. Mas, vamos ponderar: à partir da realidade de que as três pessoas da Trindade existem, já que elas são o único e verdadeiro Deus (como afirma a doutrina trinitariana), quais são os textos bíblicos mais claros que comprovam esta verdade? E mais: e os textos que comprovam que as três pessoas são distintas entre si? É o que veremos nas próximas postagens.

Depois de tantas referências bíblicas, vetero e neo-tetamentárias (muitas dezenas e dezenas de versículos bastante claros) que apontam a manifestação, obra e comportamento das chamadas três pessoas da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo e depois de verificar em todas essas referências que nenhuma outra pessoa criada ou anjo, por mais santos que fossem ou qualquer outra coisa ou criatura do universo participou da obra de Deus de criação e salvação da humanidade, inclusive batizar e abençoar os cristãos, mas tão somente participaram estas três pessoas, e sabendo que Deus jamais compartilharia essa glória com mais ninguém, mas somente com alguém que fosse Deus, e mesmo utilizando o critério da ANTINOMIA, ou seja, conciliando versículos aparentemente contraditórios, mas que são complementares (os que mostram as três pessoas da Divindade e os que afirmam a unicidade de Deus), mesmo depois de tantas evidências será que muitas pessoas ainda possuem dúvidas na veracidade e autenticidade da doutrina trinitariana?

Sem problema. Se dúvidas e críticas ainda persistem em muitos corações e mentes sobre a doutrina trinitariana, esperamos que com as próximas postagens, todas elas, em nome de Jesus, caiam por terra, pois serão evidências ainda mais claras e diretas da Divindade de Cristo e do Espírito Santo e de que as três pessoas da Divindade são o único Deus e ao mesmo tempo subsistem de forma distinta uma das outras.

Que o nosso Deus triúno seja glorificado eternamente. Amém.

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