sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO (PARTE 01)

INTRODUÇÃO

Depois de apresentarmos dezenas e dezenas de referências vetero-testamentárias sobre a atuação das três pessoas da Divindade, passaremos às evidências neo-testamentárias da Trindade e perceberemos de forma muito mais clara a Sua atuação na era da nova aliança. Observemos em quais situações e contextos estas evidências surgem:

EVIDÊNCIAS NOS QUATRO EVANGELHOS

01) No nascimento de Cristo, chamado de Filho de Deus, o Altíssimo, ou seja, evidentemente Deus Pai, que envolveu Maria com poder ao descer sobre ela o Espírito Santo:

“Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.” (Lc 1:35).

Comparem este relato de Lucas com o que afirmou Mateus, também revelando a atuação da Trindade no nascimento de Cristo, pois em Mt 1:18, narrando o nascimento de Jesus Cristo (v. 18a), afirmou que "Maria achou-se grávida do Espírito Santo", enquanto que no v. 20, um anjo do Senhor (Senhor que muito provavelmente pode ser identificado como Senhor Deus e Pai) informou a José que a criança que Maria aguardava foi gerada pelo Espírito Santo.

Em seguida, no v. 21, o anjo afirma que o nome da criança deveria ser Jesus para cumprir a profecia do Senhor (Senhor que, mais uma vez, muito provavelmente pode ser identificado como Senhor Deus e Pai), profecia que atribuia a esta criança a designação de "Deus conosco", apontando para a Divindade de Cristo, como Filho de Deus (vejam ainda os vv. 24-25).

02) No batismo de Cristo, quando a voz vinda do Céu o chamou de Filho amado e o Espírito Santo desceu em forma de pomba sobre Cristo. Vejamos como relatou Mateus:

“Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” (Mt 3:16-17).

Comparem, a seguir, a mesma narrativa do batismo de Jesus, nos outros três evangelhos e verifiquem como eles estão em consonância em relatar a atuação da Trindade nesta ocasião também:

"Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por João foi batizado no rio Jordão. Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba sobre ele. Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo." (Mc 1:9-11).

"E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo". (Lc 3:21-22).

"No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo [...] E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho tetificado que ele é o Filho de Deus." (Jo 1:29, 32-34).

Podemos notar, portanto, que mesmo narrando alguns detalhes diferentes, mas que se complementam, ao se referir a esta ocasião, os evangelistas relataram a atuação da Trindade. E mais: Mateus afirmou que quem desceu em forma de pomba foi o "Espírito de Deus" e Marcos e João afirmaram que foi o "Espírito". Se algum crítico antitrinitarista ficou em dúvida acreditando que não foi o Espírito Santo, Lucas tirou essa dúvida afirmando que foi o "Espírito Santo" que desceu em forma de pomba, ou seja, todos eles mencionaram a mesma pessoa da Divindade. Apesar de que João citou "Espírito" nos vv. 32-33a, mas já no v. 33b, ele disse "Espírito Santo". Unindo o final do v. 33b com o v. 34, foi como se ele dissesse "o Filho de Deus Pai batiza com o Espírito Santo".

03) Na grande comissão missionária para a evangelização das nações como testemunho de Jesus Cristo, pelo poder do Espírito Santo que fora enviado pelo Pai:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28:19).

Esse versículo do fim do evangelho de Mateus, certamente é o mais conhecido quando se menciona a doutrina trinitariana. Fica mais do que evidente a existência das três pessoas da Divindade e que são o mesmo Deus, pois Deus não compartilharia essa glória de batizar discípulos Seus de todas as nações com mais ninguém que não "participasse" da natureza divina, ou melhor, que fosse Deus. Cristo disse "em nome" e não "nos nomes". Portanto, Pai, Filho e Espírito Santo representam o nome de Deus. Mas, complementando a grande comissão, temos outros versículos que apontam a Trindade na obra evangelistica das nações:

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20:21-22).

"...e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder." (Lc 24:46-49).

Neste último versículo, a menção de Cristo ao fato de os discípulos serem revestidos de poder, é evidente que a expressão "poder" é diretamente relacionada ao Espírito Santo. Fica mais clara ainda essa verdade se compararmos este último versículo com o contexto daqueles versículos mencionados anteriormente.

04) Semelhantemente a estes versículos, temos a garantia de Cristo de que o Espírito Santo seria enviado pelo Pai:

“Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14:26).

05) A lição de Cristo que o Pai pode presentar com o Espírito Santo aqueles que lhe pedirem. São palavras de Jesus, o Deus Filho (Lc 11:5):

"Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" (Lc 11:13).

06) As palavras de João Batista acerca das pessoas da Trindade: Deus Pai envia seus mensageiros para levarem as Suas Palavras, pois Ele não dá o Espírito Santo por medida ou "sem limitações" (NVI) e ama Seu Filho e confiou às mãos Dele todas as coisas:

"Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida. O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos." (Jo 3:34-35).

EVIDÊNCIAS NO LIVRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS

07) Essa referência está diretamente relacionada ao item 3, sobre a grande comissão missionária: Jesus, o Deus Filho ensinou que Deus Pai em Sua soberania estabeleceu tempos e épocas específicos para realizar os Seus propósitos e que, em relação a obra missionária, Deus Espírito Santo revestiria a Igreja de poder para pregar o evangelho:

“Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:7-8).

08) Nas diversas declarações evangelisticas do apóstolo Pedro:

Deus Pai ressuscitou a Jesus, Seu Filho, O exaltando à Sua direita e delegou autoridade a Cristo para que derramasse o Espírito Santo sobre os discípulos e apóstolos:

“A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.” (At 2:32-33).

Quem se arrependesse com a pregação do evangelho seria batizado em nome de Jesus e receberia o Espírito Santo, uma promessa para todos aqueles que Deus Pai chamar:

"Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos o que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar." (At 2:38-39).

O próximo texto une essas duas verdades anteriores:

"O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem." (At 5:30-32).

09) Em um exemplo maravilhoso de oração ocorrida na igreja apostólica, realizada quando os apóstolos Pedro e João haviam sido libertados do sinédrio após a cura milagrosa de um paralítico, sendo que os mesmos foram ameaçados pelas autoridades judaicas a não mais proclamarem o nome do Senhor Jesus (At 4:1-22). Após contarem a igreja o ocorrido, eles oraram a Deus, unânimes (v. 23):

"Ouvindo isto, unânimes levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram.” (At 4:24-28).

É possível claramente perceber que a oração foi direcionada ao Pai que, através do Espírito, inspirou uma profecia sobre Cristo, o Seu Ungido (vv. 24-27), para que se realizasse o que Ele, o Pai, havia predestinado na eternidade (v. 28).

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